Capítulo 6
Sakura se levantou, fez sua higiene matinal, vestiu uma camiseta qualquer que achou no closet e andou sonolenta até a cozinha. Sentia um pouco de fome e Matsuri com certeza ainda não chegara, não tinha a menor intenção de esperar ela chegar para comer algo, por isso abriu a geladeira e procurou algo comestível, encontrando vários ingredientes perfeitos para se fazer um sanduíche. Estava preparando seu lanche quando Sasuke entrou na cozinha, vestia um terno escuro e segurava uma pasta que colocou sobre a mesa antes de ir até a cafeteira para se servir de café, depois se encostou na pia e ficou observando com atenção cada gesto que ela fazia.
Ter aqueles olhos negros penetrantes sobre sua pessoa causava pequenos arrepios pela pele de Sakura, que ainda ressentida pelo dia anterior tentou ignora-lo, sem saber ao certo porque se incomodara por não receber um beijo do marido arrogante.
"Fora o fato dele ser lindo, ter um olhar matador e possuir um sorriso que te derrete por dentro?".
- Cala a boca!- Ordenou ao seu pensamento fora de hora.
- O que disse?- Perguntou Sasuke com uma sobrancelha levantada.
- Nada.- Encarou Sasuke com raiva, a culpa era dele por ficar olhando-a fixamente.- O que foi? Nunca me viu antes?
- Preparando algo sozinha não.- Apontou para o sanduíche.
- É só um sanduíche, nada elaborado... não sou uma dondoca como a senhora Uchiha deve ser.
Viu Sasuke sorrir de canto com suas palavras ferinas, o homem não se abalava fácil pelo que podia perceber.
- Desculpe, deveria ter dito que desde que nos mudamos para esse apartamento nunca a vi nesse recinto.
- Se acostume então.- Retrucou dando de ombros antes de completar com o olhar atravessado.- Aposto que você também não entrar aqui muitas vezes.
- Na verdade sim, meu café não se faz sozinho.- Retrucou arrogante.
- A Matsuri que faz o café.
Percebeu pela expressão dele que não sabia de quem ela falava.
- A empregada.- Bufou irritada.- Não sabe nem o nome da mulher que lava e passa pra você?
Sasuke sorriu com o olhar fixo em Sakura, que logo esperou uma resposta áspera.
- Ela chega praticamente na hora que estou de saída, só a conheço de vista.- Retrucou sorvendo seu café antes de completar com pouco caso.- Além disso foi você que a contratou, trocando de empregada pela milionésima vez desde que nos casamos, então não achei necessário decorar o nome dela.
"Legal, recebeu o troco do senhor iceberg tentador", fez uma careta pelo pensamento incomodo.
Respirou fundo e foi até a cafeteira encher seu copo com o café que Sasuke dizia ter preparado, ainda duvidava dele, não que fosse ganhar algo mentindo, mas era difícil imaginar alguém tão empertigado fazendo qualquer coisa sem um empregado do lado.
- Não acho que deveria beber esse café.- Sasuke opinou com o olhar cravado nela.
- Porque? Só porque o senhor mandão quer?- Resmungou irritada tomando o café em um gole só, para logo depois cuspir tudo na pia.
- Só porque gosto do café forte e sem açúcar e você não.- Explicou ele com um sorriso abusado no rosto os braços cruzados na frente do corpo.
- Devia ter me avisado antes.- Se queixou com raiva.
- Você parecia tão confiante.
Emburrada procurou por algo para beber na geladeira que tirasse o gosto amargo em sua boca, pegou um suco de laranja e colocou em seu copo antes de se sentar e comer seu lanche fazendo questão de ignorar novamente e com mais determinação seu marido, não que fosse fácil, tinha que admitir que o homem possui uma presença máscula irresistível.
Internamente Sasuke se incomodava com a nova personalidade da esposa, ou antiga, não tinha certeza se Sakura era assim antes de conhece-lo. Do que tinha certeza era que a senhora Uchiha, como Sakura preferia dizer, nunca o trataria daquela forma. Pensar que antes ele que a ignorava tornava aquela situação ainda mais incomoda. Não que tivesse feito isso de propósito ou não se importasse com a esposa, como todos pareciam achar, apenas se acostumara em ser o centro do mundo dela sem fazer esforço.
- Vou mandar o motorista da minha empresa trazer o cartão de crédito para você e acompanha-la nas compras.- Ele disse após um tempo de silêncio.
- Não quero um guarda-costas.- Sakura resmungou sem desviar os olhos verdes do sanduíche que terminava de comer.
- Ir sozinha está fora de questão, você não reconhecera metade das ruas de Tókio.
- Posso pedir pra Matsuri me acompanhar.- Opinou olhando Sasuke com atenção.- Aposto que ela ira aceitar.
Sasuke não viu porque negar, até porque tinha a impressão que Sakura era capaz de sair sozinha.
- Tudo bem, mas Takamoto ira acompanha-las como motorista pelo menos.
- Mas vai ter que ficar só no carro, não quero ninguém me seguindo.
Sasuke tinha que admitir que odiava ser contrariado, principalmente se fosse por Sakura.
- Concordo.- Resmungou contra vontade.
- Ótimo.- Riu ao perceber que Sasuke mesmo concordando não aprovava seu pedido.
- O que foi?
- Gosto de ver a sua cara quando contrariado é muito fo...- Cobriu a boca com as mãos para conter as palavras que se seguiriam.
"Ops, quase que falo que o acho fofo".
- Muito fo... o quê?
- Folgado.- Disse apressada.- Ah, esquece, já tá quase na hora de você ir trabalhar.
Se levantou e o segurou pela mão para logo depois puxa-lo em direção a sala.
- Porque a pressa?- Sasuke quis saber se deixando levar até a porta do apartamento.
Com os olhos negros percorria as pernas da esposa que a camiseta não cobria, o desejo de ter aquelas pernas em volta de sua cintura fazendo uma parte de sua anatomia latejar.
- Quanto mais rápido sair por aquela porta, mas rápido poderei sair para as minhas compras.- Sakura respondeu chamando sua atenção para o brilho brincalhão em seus olhos verdes.
- Mereço um beijo por ser tão generoso financeiramente pelo menos.
Apoiando as mãos nos ombros do marido, Sakura o beijou rapidamente na face, mas ao tentar se afastar ele a segurou pela cintura assustando-a.
- Preferia um mais íntimo.
Seus rostos estavam próximos, Sakura conseguia sentir a respiração quente e com cheiro de café em sua face. Admitia que a vontade de beija-lo começava a crescer em seu interior, mas dar o braço a torcer não era uma opção, não sabia bem porque, mas gostava de ter o controle da situação.
Sorriu e com ar sensual deslizou seu dedo indicador sob os lábios finos do marido.
- Após confirmar se é realmente bondoso como diz, prometo que lhe darei.
Se surpreendeu quando, aceitando a provocação, Sasuke a estreitou ainda mais em seus braços, as mãos deslizando por suas costas, deixando Sakura consciente de que por baixo da camiseta não usava nada além de suas peça íntimas.
- Oh, nossa!- Ouviram Matsuri exclamar após abrir a porta e dar de frente para o casal abraçado.
Sem se abalar com a presença de Matsuri a olha-los, Sasuke se inclinou e sussurrou com a voz rouca:
- Irei cobrar, Sakura.
Depois se afastou e saiu sem olhar para trás.
- Desculpe se atrapalhei, senhora.
- Não precisa se desculpar.- "Precisa sim, corte pela metade o salário dela", ordenou seu pensamento revoltado com a interrupção, mas Sakura fez questão de ignora-lo.- Ah, Matsuri preciso de um favor seu.
- Qual senhora?
- Quero que me acompanhe em umas compras mais tarde. Claro que se passar do seu horário irei pagar a diferença.
- Sem problema, senhora.
- Me chame só de Sakura.- Pediu com um sorriso.- Vou me trocar, vestir pela última vez uma daquelas roupas horrorosas para sair apresentável.- Anunciou indo para seu quarto.
* S2 *
Após horas tratando só de negócios, Sasuke parou para almoçar com o sócio em um restaurante perto da empresa. Gostava daquele tempo longe dos documentos, reuniões e problemas em geral, embora seus pensamentos estivessem longe de descansar e nem mesmo a conversa fiada de Naruto, que se sentara a sua frente, conseguia mudar sua mente de direção.
- Sakura deve estar lotando o carro de sacolas de roupas.- Falou após respirar fundo.
- Isso te preocupa?
Olhou confuso para o amigo por um momento para logo depois se dar conta que pensara alto.
- Esqueça.
Naruto riu e Sasuke o encarou sem entender a reação do loiro.
- Está curioso em saber que tipo de roupa ela comprou, tô certo.
- Não é nada disso.- Negou veemente, sabendo que era justamente isso que o preocupava.- Confio no bom gosto dela.
Mesmo após falar isso, não conseguiu parar de pensar que teoricamente Sakura pensava que tinha dezessete anos. Que tipo de roupa uma adolescente com um cartão de crédito sem limite compraria? Deveria ter acompanhado ela para garantir pelo menos algumas peças adequadas para reuniões e festas sociais.
- Fala a verdade, teme.- Naruto apoiou o queixo na mão.- Lembro que a Sakura adorava roupas em tons de rosa,em vez daquelas coisas escuras que ela comprou depois de se casar, e algumas eram bem curtas e justas.- Naruto sorriu com malícia.- Lembra a roupa que ela usou na formatura do colegial?
Sasuke tentou se lembrar, mas nada lhe vinha a mente, na época mal a olhava, quanto mais prestar atenção em que roupa ela usava.
- Você lembra?- Sasuke quis saber estranhando o sorriso do sócio.
- Ah, claro que sim, era um vestido que deixava as coxas dela a mostra... e que coxas!
Sasuke pegou o celular.
- Acho que devo ligar para Hinata e pedir que prepare seu enterro.- Ameaçou com o olhar atravessado.
- Só tô brincando.- Retrucou Naruto se inclinando sobre a mesa para tentar pegar o celular da mão do amigo.- A Hina anda muito sensível, qualquer coisa começa a chorar, então nem pense nissa, dobe.
Sasuke o olhou contrariado.
- Então não fique lembrando do que não deve, baka.
Naruto riu voltando a se ajeitar em seu lugar.
- Esta com ciúmes?
- Claro que não, só não gosto dos seus comentários idiotas.
- Sei...
- Deixe de pensar bobagens.- Resmungou Sasuke querendo mudar o foco da conversa.- Estive pensando e decidi que poderíamos jantar os quatro juntos, se Hinata concordar.
- Quando?
- Amanhã.
- Pode ser lá em casa?
- Quer estar pronto para o caso da Sakura agredir a Hinata novamente?
- Tinha pensado em apresentar as crianças para a Sakura, para ver se ela se recorda de algo, mas agora que você falou isso...- Naruto riu meio sem graça.
Sasuke sorriu de canto pelo embaraço do amigo, mas no fundo tinha certas dúvidas sobre colocar Sakura perto de Hinata.
* S2 *
Depois de horas passando de loja em loja, comprando roupas, sapatos e tudo que gostasse Sakura pediu ao motorista que as levasse a um endereço que marcara em uma folha de papel, em alguns minutos pararam em frente a uma galeria, Sakura desceu do carro e junto com Matsuri entrou no local, observando todos que passavam de um lado para o outro.
Matsuri ao seu lado não entendia o porque de estarem naquele local, principalmente porque Sakura parecia mais interessada nas pessoas do local do que nos diversos tipos de obras de arte. Andaram até uma parte onde havia marionetes penduradas por toda parte em diversas posições e tamanhos. Matsuri observou todas impressionada com a beleza de algumas que pareciam vivas de tão perfeitas.
- Sakura? É você mesmo?- Ouviu uma voz grave chamar a rósea a suas costas.
Ao se virar admirou um homem alto, de cabelos vermelhos e muito bonito vindo na direção delas.
- Sasori...- Sussurrou Sakura com os olhos fixos no homem que a envolveu em um abraço forte.
- A quanto tempo.- Ele a olhou de cima a baixo.- Está muito bonita.
- Obrigada.- Sakura se afastou um pouco.- Li sobre a exposição de suas obras nessa galeria em uma revista, fico feliz que tenha alcançado seus sonhos.
- Realmente... mas ainda falta uma boneca na minha coleção.- Dizendo isso, Sasori acariciou o rosto de Sakura que o fitou maravilhada.
O tempo parecia ter sido um grande aliado de Sasori, não mudara em nada, o mesmo jeito sensual de trata-la que a deixara louca de paixão por ele.
Matsuri tossiu para chamar a atenção dos dois.
Sakura se afastou de Sasori constrangida, tentando lembrasse que fora ali apenas fazer algumas perguntas sobre o fim do relacionamento deles, queria entender o que a fizera troca-lo pelo Uchiha.
- Essa é minha amiga Matsuri.- Apresentou a morena que a encarou surpresa pelo tratamento.
- Prazer em conhece-la.- Sasori declarou beijando a face de Matsuri causando um leve rubor na jovem.
- E esse é...
- Um tolo que deixou essa princesa escapulir.- Sasori pronunciou com um sorriso conquistador direcionado a rósea.
- ...um velho amigo, Sasori.- Sakura completou fingindo não ter ouvido o que ele dissera.
Matsuri olhou de um para o outro, muito surpresa por Sakura ter ido ao encontro de outro homem que parecia ter sido muito mais que um mero amigo da rósea, pelo menos era o que dava pra perceber pelo jeito que os olhos castanhos claros fitavam a senhora Uchiha.
Um toque insistente ecoou, Sakura percebeu que era o celular que Takamoto lhe entregara junto do cartão, pegou atrapalhada o objeto e apertou o botão que o motorista indicara ser o para atender as ligações. Não se surpreendeu ao ouvir a voz de Sasuke do outro lado da linha, se afastou um pouco sem graça de perto de Sasori e Matsuri.
- Sasuke... o que quer?
Tentou controlar a impressão de que era uma esposa infiel por estar naquele lugar sem que Sasuke soubesse.
- Já terminou suas compras?
- Sim, logo irei para casa.- "Depois de conversar com meu ex por algumas horas".
- Ótimo, estou indo para casa também.
Olhou para o relógio em seu pulso.
- Mas... ainda é cedo.
- Nos sábados a empresa fecha mais cedo.
Teria de voltar para casa antes do que pretendia lamentou.
- Entendo...- Se virou para onde deixara Matsuri e Sasori e se surpreendeu ao perceber que ele não tirava os olhos de cima dela.
- Tem algo errado acontecendo, Sakura?
- Não, claro que não, porque perguntou isso?- Riu nervosa.
- Sua voz esta estranha, parece nervosa.
- É impressão sua.- Garantiu segurando a vontade de se confessar.- É... as novidades do dia, as compras, esse celular, nunca tive um antes... ou não lembro de ter tido... você entendeu...
- Hum... entendo.- Pela voz dele, Sakura percebeu que ele não engulira suas palavras.- Na verdade liguei pra dizer que combinei de jantar na casa do Naruto no domingo.- Ele anunciou fazendo Sakura sorrir.
- Que ótimo, quero muito rever a Hinata.
- Daqui meia hora devo chegar em casa, nos vemos lá.
- Sim.
Encerrou a ligação e andou de volta para perto de Matsuri e Sasori.
- Tenho que ir para casa.
- Quando poderemos nos ver de novo?- Sasori quis saber se aproximando de Sakura e segurando a mão da rósea entre as suas.
- Não sei se devemos...
- Pelo velhos tempos.- Sasori propôs acariciando o pulso dela.- Que tal amanhã nesse mesmo horário?
- Não posso, tenho outro compromisso.
- Segunda então?
- Tudo bem.- Separou sua mão das do ruivo.- Agora temos de ir.
Puxou Matsuri em direção a saída.
- Eu posso ficar por aqui e pegar um ônibus para casa.- Matsuri declarou ao chegarem no local em que Takamoto estacionara o carro.
- Tem certeza? Eu peço para o Takamoto te levar até sua casa.
- Não é preciso.
- Tudo bem, obrigada por me acompanhar no dia de hoje e...- Respirou fundo antes de pedir com suplica.- Não diga nada ao Sasuke sobre o Sasori... Não que eu tenha feito algo errado, só que ele não vai entender...
- Não vou falar nada ao senhor Uchiha.
- Obrigada, você é um anjo, Matsuri.
Beijou a face da nova amiga e entrou no carro acenando em despedida.
* S2 *
Andando rapidamente entre várias cabines da redação de uma das revistas de maior circulação de Tóquio, Matsuri só parou ao chegar em uma onde uma mulher de longos cabelos loiros presos em um rabo de cavalo ocupava. A mulher se encontrava sentada em frente a um computador e digitava rapidamente no teclado um texto que tomava forma na tela muito concentrada.
- Ino?
- Que bom ve-la.- Declarou Ino se levantando para abraçar a morena.- Se esta aqui é porque tem novidades muito importantes imagino.
- Sim, acontece que Saku... a senhora Uchiha marcou um encontro com outro homem.
Ino sorriu, ouvindo atenta tudo que Matsuri contava, cada vez mais satisfeita, finalmente, após tanto tempo teria a sua vingança.
- Obrigada, Matsuri, terá uma grande recompensa.
- O que pretende fazer?
- Porque quer saber?
Apertando os lábios, Matsuri preferiu não responder. Como dizer a maior inimiga de Sakura Uchiha que sentia a consciência pesada pelo que contara?
- Como vai, Mat?
Sorriu para um homem de cabelo ruivo curto, olhos verde-água e uma kanji que significa amor tatuado na testa, no passado ele tinha sido seu namorado.
- Bem, Gaara.
Ino se interpôs entre eles e sorriu para o ruivo ajeitando uma mecha loira que caia sobre um de seus olhos azuis.
- Matsuri já está de saída, não é verdade?- Se voltou para a morena ainda com um sorriso nos lábios, embora seus olhos não transmitissem a mesma alegria.
- Sim.
Após Matsuri se despedir, Gaara fitou Ino com dureza.
- Posso crer que conseguiu algo contra a Uchiha?
- Está certo.
- Até quando vai levar essa briga idiota em frente?
- Até a Sakura pedir perdão.
Um sorriso fraco se desenhou nos lábios de Gaara.
- Isso foi a mais de um ano, creio que é hora de esquecer.
- Nunca vou perdoar a humilhação que passei por culpa do ciúmes anormal dela.- Ino retrucou ácida.- Você não estava aqui, por isso não sabe o que passei.
- Nem a Uchiha deve saber, pelo que ouvi falar ela perdeu a memória.
- Acontece que eu lembro.- Resmungou voltando a se sentar e prestar a atenção no computador.
Como poderia esquecer a vergonha que passara diante de seus superiores quando Sakura fora no seu local de trabalho insinuar aos berros que sabia de seu caso inexistente com o marido dela? Ou apagar da memória que após isso fora tachada de inadequada para o cargo de redator-chefe? Era claro que perdera o posto devido o chilique da Uchiha.
- Não vai conseguir me impedir.- Avisou ao ruivo que continuava ao seu lado.
- Nem quero.- Gaara garantiu dando de ombros antes de apontar para a tela do computador.- Quando terminara esse artigo?
- Daqui alguns minutos levo a sua mesa.
Observou de canto Gaara andar devagar até a sala que ocupava no fim do corredor. Tinha que assumir que ter perdido o cargo tinha tido suas vantagens, principalmente por terem contratado um redator-chefe muito atraente, embora sério demais. Era impressionante que graças a Gaara conhecera Matsuri, conseguindo arranjar um jeito de coloca-la dentro da casa de Sakura para vigiar a Uchiha e informa-la de qualquer passo errado da mesma, não que fosse difícil já que a rósea trocava de empregada a toda hora.
Um sorriso libidinoso se moldou em seus lábios com o pensamento de que logo teria muito tempo a disposição, assim que terminasse de se vingar de Sakura Uchiha, e poderia começar um novo plano, dessa vez para conquistar um certo ruivo charmoso que conhecia.
* S2 *
Sentada no sofá da sala ao lado de Sasuke, Sakura ficou impressionada com o interesse dele em suas compras, eram tantas as perguntas sobre o que comprara que pensava em pegar as dezenas de sacola e mostrar tudo a ele, nunca imaginara conhecer um homem que se interessasse por compras daquela forma. Assim que ele pisara os pés dentro do apartamento dera uma olhada tão intensa no vestido novo que ela usava que chegara a sentir a face esquentar tamanha vergonha diante daqueles olhos negros como a noite fixos em seu corpo, chegara a se arrepender por não usar um sutiã, pois tivera o ligeiro pensamento infantil de que ele pudesse ter visão de raio-x. Sasuke não dissera nada contra a roupa, mas pode perceber que não gostara do comprimento, pois perguntara com a voz seca se as outras roupas eram do mesmo tamanho e ao receber a noticia que algumas eram torceu levemente a boca. Para Sakura isso era o mesmo que dizer: "Me arrependo de ter fornecido o dinheiro".
Estava tão concentrada em falar sobre o que comprara e defender o tamanho de suas novas roupas que ficou sem fala quando de repente Sasuke mudou o foco da conversa.
- Takamoto me disse que foram a uma galeria após as compras.
Após um breve silêncio, que Sakura torcia para Sasuke não ter percebido, declarou tensa:
- Eu... gosto de arte.
- Nunca me falou isso.- Os olhos negros pareciam ler sua alma.
- Agora falei.- Declarou dando de ombros.- Porque não falamos de outra coisa? Por exemplo, porque nos casamos? Quer dizer, todos parecem achar inacreditável nosso casamento, então fiquei imaginando porque nos casamos.
- Hum...- Sasuke estranhou a expressão aflita que cobriu o rosto de Sakura, mas decidiu voltar aquele assunto depois.- Eu tinha que me casar um dia e você me pareceu perfeita.
- O que posso entender por perfeita?- Quis saber atenta.
- Nos eventos que participávamos juntos sempre era elegante, educada, uma boa anfitriã.
- Esse é seu ideal de esposa?
- Havia outras coisas que me atraiam.
- Quais?
Sasuke se aproximou com a agilidade de um felino, surpreendendo Sakura ao segurar sua cintura e a puxar para cima do colo dele antes de deslizar a ponta da língua pelo contorno dos lábios tentadores de Sakura, que esperou ansiosa o beijo que se seguiria, mas Sasuke a fez inclinar a cabeça pra trás e deslizou os lábios na pele delicada do pescoço da esposa de forma sensual fazendo Sakura agarra-lo pelos ombros. Quando por fim capturou os lábios cheios e rosados de Sakura, ela já estava totalmente entregue e abriu os lábios ansiosa em sentir o contato da língua dele contra a sua. O beijo foi intenso e ao se afastarem sem ar Sakura ficou imóvel, os olhos verdes concentrados em fitar as orbes ônix do marido, sentindo uma das mãos másculas acariciar suas costas enquanto a outra deslizava devagar por sua face.
- Lembra do que me prometeu hoje de manhã?
- Sim...
- Fui muito generoso, correto?
Balançou a cabeça em sinal afirmativo um momento antes de ter os lábios sugados com vontade por Sasuke. Afundou os dedos nos cabelos negros dele, puxando-o em desespero contra si, uma quentura gostosa possuindo seu corpo, louca para sentir sua pele contra a dele, talvez por isso não forneceu nenhuma resistência quando ele puxou seu vestido pra cima até despi-la. Ao contrário, procurou ansiosa os botões da camisa dele se atrapalhando ao desabotoar tamanha ansiedade e gemendo vitoriosa ao conseguir jogar a camisa pra longe e abraçar Sasuke, que por sua vez jogou seu peso sobre ela, forçando-a a se inclinar para trás e se deitar no sofá com ele sobre ela, os lábios descendo pelo colo de Sakura até abocanhar um dos seios com luxúria, arrancando gemidos cada vez mais altos de Sakura.
- Nosso casamento funciona desse jeito.- Sasuke murmurou antes de voltar a possuir seus lábios.
Aquelas palavras causaram uma sensação estranha em Sakura que sentiu uma tontura e como num filme uma cena tomou conta de sua mente.
*S2*
Estava sobre sua cama, vestia uma camisola preta curta e um lençol cobria seus pés, os olhos ardiam enquanto lia algumas folhas, que escondeu rápida debaixo do travesseiro ao se assustar com o toque do telefone em cima do criado mudo, atendeu a ligação apressada.
- Sasuke?
- Jura que imaginou que fosse ele?- A risada do outro lado da linha a irritou.- Ele deve estar com a amante.
- Isso é mentira sua.- Gritou sentindo a garganta travar diante da vontade de enorme de chorar.
- Mentira? Será que não tem provas o suficiente.- A mulher riu ainda mais alto.- Acontece que esta tão acostumada com mentiras que é incapaz de enxergar a verdade, é assim que seu casamento funciona, com mentiras.
Logo depois a ligação foi encerrada e uma dor intensa tomou conta de seu peito, as lágrimas descendo rapidamente por sua face.
*S2*
As sensações daquela lembrança foram tão fortes que Sakura afastou Sasuke em desespero, um dor aguda no peito fazendo com que tivesse vontade de chorar, pegou o vestido caido do lado do sofá e o colocou rápida.
- Você tinha uma amante.- Sakura declarou furiosa.
- O quê?- Sasuke olhou para a esposa confuso com a inesperada reação dela.
- Eu lembrei que você tem uma amante e que passava todo seu tempo com ela.
Ao perceber que Sasuke pretendia se aproximar, Sakura se encolheu no sofá para evitar que ele voltasse a toca-la.
Frustrado Sasuke desistiu de chegar mais perto da esposa do que seria necessário, embora isso lhe custasse muito pois sentia o corpo ardendo de desejo pelo que quase conseguira a alguns instantes atrás.
- Seja lá que lembrança tenha tido, nunca te trai.
- Uma mulher me disse que você estava com outra.
- Que mulher?
- Como vou saber, era só uma voz de mulher no telefone da qual não lembro de ter ouvido antes.
- Percebe o quanto isso é absurdo.
- Ah, sei.- Sakura o encarou desconfiada.- Isso explica porque lhe telefonava todos os dias.
- Você fazia isso por ser desconfiada, mas nunca dei motivos.
- Nunca fui do tipo que tira conclusões sem ter um bom motivo.
- No meu caso tirou.
- Que seja, vou dormir.
Se levantou, mas foi seguida por Sasuke que a segurou pelo braço.
- É sério, Sakura, não havia outra.
Puxou o braço com força e foi para seu quarto, fechando a porta e deslizando as costas contra a madeira. Sentia uma sensação de fracasso tomar conta de seu corpo. Em um minuto estava no paraíso e de repente foi jogada com força de volta a realidade. Ouviu passos ecoarem pelo corredor e logo depois o som de uma porta sendo fechada com brusquidão. Afundou a cabeça entre os joelhos chorando, pelo tempo que não se recordava, pela sensação que aquela pequena lembrança causara e por perceber que seja o que fizera no passado nunca se sentira amada de verdade.
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