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Capítulo 12

O som de risadas infantis ecoava pelos corredores da ala norte do hospital Senju. Desabituados com aquela demonstração de empolgação, todos os funcionários arranjavam um pretexto para ir até o quarto ocupado por diversas crianças solitárias e normalmente tristonhas. Surpresos observavam os rostinhos sorridentes dos pequenos que pulavam e imitavam duas marionetes que eram manipuladas com maestria por um homem ruivo enquanto a responsável pela ala estava sentada sobre uma das camas admirando a euforia das crianças.

Sakura observava maravilhada a transformação dos pequenos. Tomara a decisão certa ao deixar a desconfiança de lado e permitir que Sasori visitasse as crianças. Sabia que ele utilizava as crianças para se reaproximar, mas, naquele momento, vendo os pequenos brincando com animação pela primeira vez desde que concordara em participar daquele projeto, Sakura lhe era eternamente grata.

– Senhora Uchiha, o horário de visitas acabou. – Informou uma enfermeira que lamentava ter de dar aquela notícia. Era visível que a visita daquele homem operara um verdadeiro milagre no local.

Em coro as crianças se queixaram e cercaram o ruivo com pedidos para que não fosse. Queriam mais da magia que os dedos finos tinham sobre as criaturas de madeira.

– Pede pra ele ficar tia Sakura. – Suplicou uma menina de enormes olhos negros, rosto magro e longos cabelos negros agarrando as mãos de Sakura.

Sakura acariciou os cabelos negros de Mizu, um sorriso bondoso nos lábios, enquanto imaginava se um filho seu com Sasuke seria tão bonito quanto à menina.

Vinha pensando muito nisso nos últimos dias devido há algumas lembranças do começo do casamento. Por causa delas sabia que Sasuke sempre sonhara com filhos e, tirando a primeira lembrança, não conseguia saber o porquê de não os terem.

Antes que Sakura pudesse dizer qualquer coisa, Sasori se manifestou.

– Amanhã eu volto. – Prometeu enquanto guardada as duas marionetes em uma grande maleta.

Com muito custo às crianças deixaram Sasori sair.

– Podemos conversar? - Sakura perguntou ao acompanha-lo.

– Claro.

– Fazia tempo que não me divertia tanto.

– Elas também se divertiram.

Ficaram em um silêncio total até chegarem a grande cantina do hospital que estava parcialmente vazia. Sakura sentou e aguardou Sasori sentar antes de recomeçar a conversa.

– Obrigada por proporcionar um pouco de alegria as crianças, mas, se o fez para me reconquistar não acho que seja uma boa ideia que retorne.

Sasori a observou com atenção.

– Diz isso por causa do seu marido?

– Sim. – Confirmou sentindo uma ponta de vergonha. A atitude de Sasori, mesmo que com interesse suspeito, lhe agradara. – Sasuke não vai gostar de te ver por aqui e não vai adiantar dizer que você veio visitar um suposto amigo internado e passou por acaso na ala em que trabalho.

Sasori riu.

– Vejo que continua esperta.

Sakura sorriu.

– Sempre.

Sasori respirou fundo e, rápido, capturou a mão esquerda da rósea de modo que pudesse ver o anel que cercava o anelar da ex-namorada.

– Então sabe que não desisto fácil. – Seus olhos procuraram os verdes que o encaravam com espanto. – Podemos continuar de onde paramos. – Começou com a voz carregada de sensualidade levando a mão da Uchiha aos lábios e beijando os dedos finos. – Éramos perfeitos juntos.

Com o olhar sobre a mão que Sasori beijava, Sakura sorriu minimamente, sorriso que só fez aumentar com o passar dos segundos até virar uma risada alta o bastante para atrair olhares das pessoas que os cercavam.

Intrigado, Sasori parou de beijar sua mão e a fitou.

Sakura não conseguia parar de rir e levou ambas as mãos aos lábios para conter o som. Quando finalmente seu controle retornou, enxugou algumas lágrimas que se formaram em seus olhos e olhou para Sasori com um sorriso condescendente.

– Sasori, não esqueci tudo o que aconteceu durante nosso namoro, somente o fim dele, que por acaso recobrei há pouco tempo. – Informou. – Por isso sei que "Éramos perfeitos" está bem longe da verdade. Você me conduzia com seu charme e eu o seguia como uma tola apaixonada, até o dia em que você desapareceu sem levar em consideração os meus sentimentos e o quanto isso me faria sofrer. – Levantou a mão para impedi-lo de falar e continuou. – Não lhe cobro nada. – Suspirou e desviou o olhar para um ponto qualquer do salão. – Pelo pouco que lembro e pelo que me disseram até agora, agi da mesma forma quando me casei com Sasuke... Até pior pelo que ouvi... – Voltou a fitar Sasori ao completar. - Mas ele não vai desaparecer.

– Como pode ter tanta certeza disso se estavam prestes a se divorciar?

– Quem disse isso? – Sakura perguntou com interesse.

– Li na revista que fotografou o nosso encontro. – Mentiu.

– Ah! Bem... É só fofoca... – Disse sem muita certeza.

– E se não for? – Sasori voltou a segurar sua mão e acariciou seu pulso. – Sei que errei, mas quero me redimir, posso provar que sou a melhor escolha.

– Sou fiel Sasori. – Puxou a mão e o encarou com seriedade. – Fui a você no passado e agora sou ao meu marido, Sasuke Uchiha.

– E ele é fiel a você?

Olhou pensativa para Sasori. Sabia que ele usava sua insegurança para plantar a dúvida e assim conseguir o que queria: ela. Era engraçado, mas conseguia ver semelhanças entre as atitudes do Akasuma e de Sasuke. Ambos não mediam esforços para conseguir o que queriam e normalmente usavam de charme para isso. Sasuke fizera de tudo para reconquista-la e não duvidava que Sasori fosse capaz de fazer o mesmo. Mas existia uma diferença muito importante que a manteria ao lado do Uchiha enquanto este quisesse.

– Eu amo o meu marido. – Revelou com um sorriso apaixonado. – E sei que ele me ama, de forma controladora e reservada, mas que não deixa de ser amor. Pode visitar as crianças quantas vezes desejar, mas somente se por elas e pela minha amizade, nada mais. – Sentenciou sem deixar o sorriso se apagar.

Levou alguns minutos para Sasori conseguir pensar em algo para dizer e quando o fez sua voz estava carregada de admiração.

– Você não mudou em nada. – Declarou vendo na mulher a sua frente à garota que um dia namorará. Uma jovem que tinha a capacidade de coloca-lo em seu devido lugar enquanto sustentava um sorriso gentil nos lábios rosados.

Sakura fez uma careta e riu.

– Na verdade eu regredi no tempo.

– Não o suficiente para voltar a me amar.

– Não.

Sasori aspirou uma grande massa de ar e se levantou, sendo seguido pela rósea.

– Admito minha derrota. – Pronunciou acrescentando com um sorriso sedutor. – Se o Uchiha não te der o devido valor saiba que estarei a sua disposição.

– Torço para que você encontre alguém que te dê o devido valor.

– Nossa!- Sasori levou a mão ao peito e fez uma careta de dor. - Você não perde uma. Posso pelo menos receber um selinho de despedida?

– Nem pensar seu abusado!

Com a face corada, Sakura riu e deu um tapinha no ombro do Akasuma que a acompanhou na risada. Para Sasori era como voltar no tempo, quando Sakura alegrava seus dias com seu sorriso fácil, suas repreensões gentis e a constante mania de bater em seu ombro quando se sentia envergonhada ou ofendida. Porém, dessa vez o amor da rósea já não lhe pertencia.

– Atrapalho?

Ainda sorrindo se voltaram para Tsunade que olhava de um para o outro com desconfiança.

– Lógico que não Tsu. - Respondeu Sasori pegando a maleta do chão. – Nos vemos amanhã Sakura. – Disse antes de se afastar rumo à saída da cantina.

– Sakura Uchiha sente-se!

Pega de surpresa pelo tom de comando de Tsunade, Sakura afundou o corpo na cadeira.

– Mad...

– Cale-se! – Tsunade exigiu ao sentar em frente à afilhada. – Agora eu que irei falar. Porque permitiu que esse homem passasse a tarde aqui? – Sakura abriu a boca para responder, mas Tsunade ignorou e continuou. – Sabe o que cochicham pelos corredores? Que o amante de Sakura Uchiha veio visita-la. O que pensa que Sasuke pensará disso? Pois te digo mocinha, ele não vai gostar e com toda razão. Você é uma mulher casada e tem de agir como tal... – Sakura se encolhia cada vez mais na cadeira, tanto pela bronca quanto por Tsunade chamar a atenção de todos, pois gritava a plenos pulmões toda a sua revolta. – Sua mãe já dizia que esse rapaz só lhe traria problemas. Mas você ouviu? Não, claro que não...

– Mamãe nunca aprovou nenhum dos meus namorados. – Sakura reclamou na defensiva. O que sabia ser inútil, quando Tsunade repreendia alguém o que se seguia era uma discussão de mão única onde à vítima devia permanecer muda e concordar com tudo.

Porém suas palavras pareceram alcançar os ouvidos da Senju que diminuiu o tom de voz ao retrucar.

– Ela aprovou o Uchiha. Não que eu tenha concordado com a opinião dela na época, mas agora percebo que estava certa.

Confusa Sakura franziu o cenho ao recordar uma das primeiras informações que recebera da Senju.

– Você disse que a minha mãe morreu há cinco anos, então como ela aprovou o Sasuke? Pelas minhas contas ele ainda era noivo de outra e me rejeitava.

– Nunca entendi o raciocínio da *Mebuki... Ela sabia que Sasuke namorava uma garota de outra cidade e algumas vezes presenciou ele te destratar, mas mesmo assim, no dia da formatura do colegial de vocês, ela te incentivou a chamar o Uchiha pra dançar e, enquanto observava vocês rodopiarem pela pista, disse que era uma pena que gostasse de outra porque ele era um homem digno e seria um bom marido. – Tsunade relembrou com o olhar vago. – Ela nunca fez nada para acabar com a sua obsessão pelo Uchiha, de certa forma até incentivou, em várias ocasiões a ouvi dizer que se você tivesse uma chance deveria agarra-la com força.

– Não parece algo que ela diria. – Murmurou Sakura recordando o quanto Mebuki Haruno era inflexível quando o assunto era homens, sempre afirmando que todos eram traidores em potencial, destruindo seus relacionamentos por ciúmes sem sentido e a aconselhando a nunca acreditar nos homens. Riu internamente com desgosto, era irônico que após anos criticando a atitude de sua mãe houvesse pensado e agido da mesma forma com o próprio marido.

– Verdade... Ah, mas não mude de assunto. O que Sasori fazia aqui afinal?

– Nada demais, veio visitar um amigo e decidiu me ajudar a animar as crianças.

– Esse amigo está internado em que quarto?

– Não sei.

– E ele pretende voltar? – Era uma pergunta retórica, afinal Tsunade ouvira o Akasuma prometer retornar, então Sakura somente confirmou com um leve movimento de cabeça.

Tsunade a encarou com uma veia pulsante de irritação na testa.

Sakura sorriu com doçura e endereçou a Senju seu olhar mais meigo e inocente. Isso sempre funcionava... Porém não funcionou, o segundo round começou com seu nome completo, o que por si só não era bom sinal.

– Sakura Uchiha, ficou maluca? Não adianta vir com essa cara de pobre coitada pra cima de mim. O que Sasuke dirá quando souber disso, já pensou em como vai explicar algo assim?

– Bem... Não, mas...

– Não existe "mas...", ele vai ficar furioso e com razão.

– A principio talvez, mas ele vai entender.

– Entender o que?

Ficou muda, na verdade dissera aquilo apenas por dizer, porque pensara que Tsunade não lhe daria ouvidos. Nem mesmo ela sabia o que diria ao marido e nem tinha vontade de imaginar. Podia despejar a notícia na hora do jantar quando ele tivesse com a boca cheia e não pudesse esbravejar. "Ah, sim! E mata-lo engasgado". Cala a boca pensamento inconveniente.

O jeito seria aguardar e deixar que a conversa ocorresse naturalmente, o que isso significava Sakura não fazia a menor ideia, mas era a única coisa coerente que conseguia pensar tendo os olhos faiscantes de Tsunade sobre si. Torcia para que Sasuke fosse mais compreensivo.

*S2*

Com sua costumeira empolgação, Naruto entrou sem bater na sala de Sasuke e se largou na cadeira em frente à mesa do amigo.

– Como está a primeira semana sem a coisa ruim por perto?

Sasuke ergueu os olhos negros dos papéis que examinava e encarou o sócio sem muito interesse.

– Falta serviço na sua sala? Tenho o suficiente para nós dois se precisar.

– Mal humorado como sempre. – Comentou Naruto com um falso biquinho de ressentimento. – Só queria comemorar o ar puro da empresa. – Respirou fundo e adornou o rosto com um sorriso gigante. – Sinta isso Sasuke, é maravilhoso.

– Naruto, eu tenho uma pilha de documentos para revisar e nenhum tempo pra perder com bobagens. – Retrucou voltando a atenção para os documentos em suas mãos. Porém Naruto os puxou e o encarou com olhos suplicantes.

– Ah, Sasuke, já é hora do almoço, a melhor hora do dia. Vamos almoçar em algum lugar que sirva ramen.

– Vai pra casa almoçar com a sua esposa e me deixe em paz.

– A Hina está no seu apartamento cuidando da tal decoração e disse que iria almoçar por lá.

– Então vá lhe fazer companhia. – Aconselhou irritado enquanto recuperava os documentos. - Sabe muito bem que pode entrar na minha casa quando quiser.

– Tenha dó de mim. – Suplicou erguendo o corpo da cadeira para enumerar com os dedos. - Não aguento mais ouvir sobre papel de parede, carpete, quadros e bilhões de coisas que não me interessam nem um pouco. Além disso, o humor da Hina parece montanha russa, numa hora está animada, de repente começa a chorar... – Calou ao reparar em uma valise preta pousada no chão ao lado da poltrona do Uchiha. – Cara, isso é o que imagino?

Sasuke moveu os olhos na direção que o Uzumaki apontava com euforia.

– Quando veio falar dos detalhes da decoração e mostrar o orçamento, Hinata comentou que Sakura queria um mural de fotos. - Deu de ombros antes de voltar à atenção para os papéis a sua frente.

– Não acredito que pegou os álbuns. – Murmurou ainda sobre o efeito da surpresa.

Sasuke encarou o sócio segurando a vontade de rir de sua cara de espanto.

– Não há motivo para continuar a guarda-los agora que Sakura está equilibrada.

– Sakura nunca foi uma desequilibrada, só estava enciumada. E convenhamos, ela tinha razão.

– Sobre Karin talvez, mas não sobre Ino, Hinata e demais mulheres que tiveram a infelicidade de atravessar o meu caminho.

Com contragosto Naruto concordou e sentou.

– Contou que Karin se demitiu?

– Não. - Respondeu sucinto. Após o encontro com Sasori, em que a esposa praticamente se jogara entre os dois, percebera que falar sobre a demissão de Karin e aconselhar Sakura a se afastar do Akasuna só atrairia mais problemas.

– Por quê? Ela ficaria muito feliz com a novidade.

– Duvido. - Sasuke soltou um riso contrafeito. – Quase posso ouvi-la reclamar que permitir isso para obriga-la a se afastar do ex.

– Mas não foi por isso? – Naruto perguntou confuso.

– Sim, mas ela não precisa saber disso baka.

Naruto gargalhou ignorando a expressão assassina do amigo. Ver Sasuke Uchiha rastejando aos pés de Sakura ao mesmo tempo em que tentava manter, inutilmente, seu orgulho intacto era hilário. Definitivamente as coisas mudaram.

*S2*

Batendo o pé direito incessantemente no lustroso piso de madeira da recepção do elegante prédio em que morava o maior traidor de todos os tempos, Karin não ocultava seu nervosismo.

Consultou o relógio de pulso pela enésima vez desde que passara pelas portas de eletrônicas. Já se passara meia hora e nada. Sabia que tanta demora em permitir sua passagem era proposital. Ele nunca gostara dela. Censurava-se por ter demorado tanto a perceber esse fato e por um dia ter acreditado nas mentiras daquele verme egocêntrico.

Andou até a bancada da recepcionista.

– Não dá pra ser mais rápida e liberar a minha entrada?

– Senhora...

– Senhorita. – Corrigiu completando com arrogância. - Futura esposa de Sasuke Uchiha.

A mulher de cabelo roxo azulado curto e olhos âmbar levantou uma fina sobrancelha antes de olhar Karin de cima a baixo, para logo depois executar o processo inverso até encarar os irados olhos vermelhos com uma expressão neutra e brinda-la com seu melhor sorriso, muito embora as palavras que saíram por seus lábios transbordassem sarcasmo.

– Informei a sua presença duas vezes, como a senhorita pediu, porém foi solicitado que aguardasse aqui na recepção até segunda ordem.

– Miserável! – Karin esbravejou. Bufando irritada ignorou o enorme sofá marrom e encostou-se a uma pilastra lançando olhares furiosos à recepcionista.

Sabia que a culpa não era daquela serviçal inútil, mas a raiva dominava cada fibra de seu corpo fazendo com que desejasse esganar qualquer um que passasse a sua frente, em especial a maldita criatura que lhe roubara o amor de Sasuke e o miserável que morava na cobertura daquele prédio.

Zangada lançou um olhar para as catracas que a separava dos elevadores, desejava ter coragem para pula-las. Apertou os punhos para conter-se, respirou longamente e abriu a bolsa de onde retirou seu celular. Havia muito que fazer e ficar parada aguardando que uma solução caísse do céu e tendo ideias loucas não eram opções viáveis. Discou rapidamente o número de Sasori.

– Conseguiu fazer o que combinamos? – Perguntou após ouvir a voz dele.

– De certa forma...

– O que quer dizer com "De certa forma"?

– Sakura não me parece à esposa infeliz que descreveu.

Karin ajeitou os óculos com impaciência.

– Ela sabe disfarçar. Ficou muito tempo distante para que de uma hora para a outra ela lhe revele algo íntimo.

– Não acho que seja isso. Uma das últimas coisas de que lembra é que éramos namorados, isso me torna mais íntimo que o Uchiha. E ela disse com todas as letras que ama o marido.

– É mentira. Esse casamento está fadado ao fracasso desde o princípio.

Ouviu a recepcionista chama-la.

– Tenho que desligar. Telefonarei mais tarde.

Sem esperar resposta, Karin encerrou a ligação e caminhou rebolando até o balcão.

– A senhorita é aguardada na cobertura. – Informou a mulher estendendo o cartão magnético.

Praticamente arrancou o cartão da mão da recepcionista e lhe endereçou um olhar de desprezo.

– Pode ter certeza que assim que me casar com Sasuke Uchiha irei pedir sua demissão.

Com um meio sorriso, a mulher assentiu sem o menor sinal de que levava as palavras de Karin a sério. O que só fez aumentar a raiva da ruiva que pisando fundo seguiu decidida a colocar o maldito duas caras contra parede e pedir, não, exigir uma retratação. E não só pelo passado, mas pelo presente também. Quem ele achava que era para fazê-la aguardar por quase uma hora? Arrogante, desprezível, falso... Imersa em tantos sentimentos perturbadores, Karin mal sentiu os andares diminuírem até o elevador abrir em frente a uma porta de madeira maciça.

Afundou o dedo na campainha, sorrindo de satisfação ao ouvir o som agudo ressoar. Torcia para que o tímpano daquele infeliz estourasse.

Uma senhora miúda, olhos castanhos, cabelo grisalho preso em um coque, usando vestido cinza até a altura dos tornozelos abriu a porta e pediu que a seguisse. A mulher andava tão lentamente pelos corredores do apartamento que Karin segurou com muito custo à vontade de apressa-la.

Depois de instantes, que para Karin parecera décadas, pararam em frente a um cômodo que a idosa abriu após uma breve batida. Sem paciência e nenhuma intenção de ser educada, Karin entrou apressada no que parecia uma biblioteca. O lugar era cercado de estantes entulhadas de livros, à direita tinham colocado dois sofás pretos, um de três lugares e outro de dois, com uma mesa de centro de vidro entre eles, no outro extremo havia uma cadeira acolchoada em frente a uma escrivaninha de carvalho e, logo atrás desta uma enorme poltrona de tecido vinho. Caminhou tensa em direção à escrivaninha, o carpete escuro evitando que o som de seus passos pesados ecoasse o que só fez sua raiva aumentar. Queria que os saltos finos fizessem um barulho insuportável para atormentar o ser sentado confortavelmente na poltrona aveludada, Itachi Uchiha.

O tempo não alterara em nada a aparência sensual do irmão mais velho de Sasuke, ao contrário, Itachi parecia ainda mais irresistível com seu olhar profundo, sedutor e perspicaz. O cabelo preto, que chegava um pouco abaixo dos ombros, estava preso em um rabo de cavalo jogado sobre o ombro direito do Uchiha. Usava uma camisa social preta de colarinho e punho na cor vermelha com os três primeiros botões abertos, e calça de sarja preta. A pose despreocupada não enganava Karin, sabia que ele devia estar no mínimo intrigado com sua aparição após tantos anos.

Ignorou a cadeira e com olhar faiscante exigiu:

– Quero que diga ao Sasuke que me enganou e obrigou a trai-lo.

Os lábios finos distenderam levemente com ironia.

– Após tanto tempo persisti em reconquistar o tolo do meu irmão?

– Eu o amo de todo coração e sei que ele ainda me ama. Você é incapaz de sentir amor por alguém, por isso não espero que entenda minha persistência. O único que desejo é que faça o Sasuke voltar pra mim, que retire o obstáculo que nos separa.

Os olhos negros, semelhantes e ao mesmo tempo diferentes dos de Sasuke, fixaram-se nos de Karin como se pretendessem ler seus pensamentos.

– Poético, mas vazio quando lembramos a dimensão desse amor de todo coração. – Pronunciou completando enfático. – Sasuke está casado, muito bem casado, fique contente por ter conseguido arrancar mais dinheiro dele após traí-lo.

– Muito bem casado? Aquele chiclete ambulante nem ao menos serve como incubadora.

– O valor dela vai, além disso. – Itachi retrucou antes de comentar com acidez. – Se Sasuke quisesse uma chocadeira teria casado com você.

Karin engoliu a seco.

– Você me deve...

– Não te devo absolutamente nada. – Itachi cortou para logo depois ordenar imperioso. - Vá embora!

– O quê?

– Saia por meio de suas próprias pernas ou mando joga-la na rua, a escolha é sua.

– Provarei pra você e pra todos que Sakura não é melhor do que eu. – Gritou histérica, antes de empurrar tudo que havia sobre a escrivaninha no chão e cuspir no rosto de Itachi. - Te odeio seu verme asqueroso!

– A recíproca é verdadeira. – Retrucou secando calmamente a face com o lenço que deixava guardado na gaveta da escrivaninha.

Mesmo depois de horas que Karin saíra espumando de raiva, Itachi continuou sentado em sua poltrona, uma mão segurando o queixo forte, pensativo, a mente trabalhando a mil em busca de motivos para permanecer onde estava, longe dela.

Prometera há muito tempo não se envolver, mas havia exceções, e aquela era uma delas decidiu ao levantar pronto para a batalha.

*S2*

Dirigindo calmamente, Sasuke tentava segurar a curiosidade em saber o que causara a expressão angustiada da esposa. Sakura não dissera uma palavra desde que entraram no carro e não falará quase nada antes disso, apenas dera um sorriso amarelo ao se despedir de Tsunade. Franziu a testa ao recordar que Tsunade também parecera preocupada.

Faltava pelo menos dez minutos para chegarem ao apartamento, mas Sasuke decidiu que era tempo demais, precisava saber se aquele silêncio significava algo ruim.

Tossiu para chamar a atenção de Sakura que olhava fixamente pela janela a movimentação noturna, quando ela pousou o olhar sobre ele perguntou com falso desinteresse:

– Como foi no trabalho hoje?

Mesmo concentrado na estrada, Sasuke estava atento a qualquer movimento de Sakura, por isso conseguiu perceber pelo canto do olho o momento em que ela apertou nervosamente a barra da camisa branca com as mãos.

– Bem... As crianças ficaram animadas com uma visita...

– Dos pais?

– Não... De um amigo... Eh... Do Sasori... – Soltou encolhendo o corpo contra o estofamento.

Sasuke apertou o volante com força e trincou os dentes para não soltar um palavrão. O onipresente Sasori suplicava por uma surra e, se continuasse a cercar Sakura, logo conseguiria.

"Calma, Sasuke, calma!", ordenou para si. Precisava manter a mente tranquila, conter o impulso de mandar Sakura ficar longe do ex. Quanto menos agisse com tirania mais chance tinha de mostrar que era superior ao Akasuna.

– Hum... O que ele fez para anima-las?

Sakura encarou o perfil pacífico do marido com surpresa. Pensará que Sasuke iria encostar o carro e ameaçar dar meia volta para procurar Sasori pelos corredores do hospital atrás de briga.

– Ele levou duas marionetes. As crianças ficaram empolgadas com a novidade. – Contou recordando a empolgação dos pequenos. - Tinha que ver como os rostinhos passaram de tristes e desolados para alegres. Todas adoraram os bonecos e...

– E querem que ele volte. – Sasuke presumiu diante da hesitação de Sakura.

– Sim... Querem que ele volte. – Sakura confirmou em um fio de voz.

– E você deve ter garantido que ele voltaria. – Presumiu novamente, certo de que Sasori armara tudo. Usar as crianças que Sakura cuidava era golpe baixo. Devia ter pensado nisso antes.

– Sim...

"Calma, Sasuke, calma!", cantarolou mentalmente. Ele ainda tinha a vantagem e devia agir com cautela.

– Maravilhoso! – Exclamou após inspirar profundamente e expirar devagar.

– Maravilhoso?

– Imagino que as crianças ficaram mais receptivas ao tratamento e a você.

Sakura piscou uma, duas, três vezes e até afundou a unha na palma da mão para ter certeza que não sonhava acordada. Aquilo era mesmo real? Ele não ficara furioso e nem decretara que mandasse Sasori ficar longe dela e até mesmo do hospital Senju? Apertou os lábios com contrariedade. Longe de tranquilizá-la a passividade de Sasuke, que beirava a total indiferença, lhe causou um mal estar, uma estranha vontade de chorar a assolou e, temendo que ele percebesse o brilho das lágrimas que se formavam em seus olhos, Sakura voltou a olhar para a janela do seu lado sem enxergar nada. Não entendia a própria reação, devia aprovar o comportamento de Sasuke, mas algo dentro dela se rebelava contra a expressão apática e o pouco caso.

Estacionando o carro em sua vaga, Sasuke agradeceu aos céus por poder parar de conduzir. Percebera que, longe de agradar, suas palavras foram mal interpretadas, quase parecia que ao seu lado estava a passional Senhora Uchiha se armando de lágrimas furiosas para discutir sua falta de amor.

– Resposta errada, não é?

Sakura o encarou confusa.

– Vamos tentar um meio termo. – Retirou o cinto de segurança e inclinou o corpo em direção à rósea, encaixando o queixo fino entre o polegar e o indicador. – Preferia acabar com o Sasori a deixa-lo próximo de você, mas, utilizando as suas palavras, isso me tornar um homem das cavernas, possessivo e controlador.

Sakura deu um pequeno sorriso.

– Esqueceu o mandão.

– Certo. – Revirou os olhos fingindo contrariedade. - Homem das cavernas, possessivo, controlador e mandão. Satisfeita? – Sakura não pode responder, pois seus lábios foram tomados pelos de Sasuke em um beijo rápido. – Vamos! Tenho algo para lhe mostrar.

Sasuke se afastou, saiu do carro e retirou a valise do porta-malas sobre o olhar atento e curioso da esposa.

– O que tem ai dentro?

Sasuke segurou sua mão e a guiou em silêncio até o apartamento. Depois de sentarem lado a lado no sofá, ele pousou a valise sobre a mesa de centro da sala e a abriu expondo cinco álbuns.

– Esse é do nosso casamento. – Informou entregando o primeiro de capa de couro vermelho. Observou-a pegar o objeto como se fosse algo precioso que sumiria a qualquer momento. – Tem um com fotos de festas e eventos em que participamos, um é meu, com fotos dos meus pais, e dois são seus.

Fascinada, Sakura deslizou as mãos sobre a capa e abriu...

*S2*

– O que fiz... - Choramingava com as mãos em frente ao rosto.

Uma mão pequena apertou seu ombro para transmitir conforto. Entreabriu os olhos e elevou a face para fitar a melhor amiga, Ino Yamanaka, em seu lindo vestido amarelo que descia pelo corpo curvilíneo até os pés enfeitados com uma delicada sandália de tiras douradas.

– Foi por amor. – Ino justificou ajeitando uma mecha loira, que se soltara do coque frouxoe cobrira seu olho direito, atrás da orelha. –Sasuke nunca vai saber se você não contar.– Argumentou para tranquilizar a amiga.

– Mas e se ele estiver certo, se Sasuke só desejar um filho e se separar de mim após ter o que quer. – Mordeu a parte interna dos lábios pintados de rosa claro com força. – Não sei se sobreviveria...

– Por enquanto, deixe o "se" de lado. Hoje é o dia do seu casamento. –Sorriu disposta a anima-la. - Você conseguiu garota, agora curta sua vitória.

*S2*

– Sakura? – Sasuke chamou preocupado com a palidez que tomara conta da face da esposa. - Está bem?

– Tive um lampejo com a Ino.– Murmurou antes de encara-lo pasmada. - Ela foi minha madrinha de casamento?

– Sim. – Sasuke respondeu e interessado questionou: – Foi só isso que lembrou?

Balançou a cabeça em uma negativa.

– No dia do nosso casamento eu estava com muito medo e Ino tentava me tranquilizar...É como se pudesse sentir agora mesmo o medo...

– Medo de quê?

– De você.

Sasuke fungou contrariado. Deveria imaginar, virara hábito ser transformado em vilão a cada nova lembrança.

– O que fiz afinal? Fui hostil e indelicado na noite de núpcias. Até onde lembro não houve queixas.

Ignorando o tom azedo confessou:

– Ino me tranquilizava sobre algo que eu fiz e tinha medo que você descobrisse. – Angustiada apertou as bordas do álbum. –Mas não faço ideia do que possa ser.

– Hum... Seja lá o que for, creio que continuarei não sabendo, a menos que recorde e me diga. – A olhou de forma estranha ao completar. - Se quiser dizer é claro.

Sakura desviou o olhar para a primeira foto. Ela estava em pé segurando um buque de rosas cor-de-rosa, vestido tomara-que-caia na cor nude, de cauda longa, véu de tule preso no coque elegante com fios soltos de cada lado da face sorridente, sorriso que sabia ser forçado.

– Porque escondeu os álbuns?

– Não escondi. Um dia cheguei ao apartamento e encontrei você dormindo no sofá e o chão a sua volta coberto de fotos rasgadas do nosso casamento. Por precaução, depois que restauraram as que foram danificadas, guardei todos no banco.

– Rasguei por quê?

– Não sei. – Ao receber um olhar desolado da rósea, Sasuke respirou fundo e supôs. – Talvez tenha sido porque cheguei tarde em casa. Costumava brigar comigo quando me atrasava para o jantar.

Embora não fosse uma boa justificativa, pelo pouco que sabia a respeito de como era antes do acidente, Sakura não duvidou que aquele houvesse sido o motivo.

Os olhos verdes fixaram-se sobre o objeto em suas mãos como se pudesse extrair dele as respostas para suas atitudes do passado e, contendo com muito custo à ansiedade, o folheou devagar na esperança de ter uma nova recordação, mas chegou ao fim e nada aconteceu.

Ao seu lado, observando cada gesto de Sakura com atenção, Sasuke viu lágrimas se formarem nos orbes esverdeados e sentiu culpa. Longe de deixa-la feliz, aquelas fotografias idiotas causaram sofrimento.

– Lembrou-se de mais alguma coisa?

– Não. – Respondeu com a voz embargada.

Estava prestes a anunciar que guardaria os álbuns bem longe dela, quando Sakura voltou-se para abraça-lo pelo pescoço com força. Incerto, correspondeu envolvendo a cintura dela com seus braços e, mesmo quando Sakura o soltou, não os removeu. Os olhos dela estavam molhados, mas, pelo sorriso estonteante que adornava seus lábios, Sasuke percebeu que eram de felicidade e gratidão.

Ela colocou o álbum que segurava sobre a mesinha, retirou outro de dentro da valise e, ao abri-lo, notou que eram de sua adolescência. Somente as quatro últimas do álbum eram desconhecidas, em duas estava cercada por um grupo de amigas do colegial, em outras estava sentada entre sua mãe e Tsunade e na quarta dançava com Sasuke.

– Quando foi isso?

Sasuke examinou a foto.

– Parece a formatura do colegial. – Franziu a testa e comentou distraído. – Não me lembro de ter tirado essa foto.

Pela distância que apareciam na foto, quem os fotografara não pedira permissão. Sakura sorriu ao lembrar a conversa que tivera com Tsunade, algo lhe dizia que sua mãe decidira registrar o momento.

– Minha mãe gostava você. – Contou estranhando a expressão descrente de Sasuke.

– Conversei com a sua mãe apenas uma vez e não foi agradável.

– Tem certeza?

– Claro. Estava parado no pátio do colégio, quando ela apareceu do nada me acusando de ser mau caráter, perseguir, iludir e seduzir a filha dela. Pensei que me mataria. – Acariciou de leve a bochecha da esposa. – O gênio ruim dela só perde para o seu.

Sakura ignorou o gracejo, estava curiosa, precisava saber o que fizera sua mãe aceitar de bom grado o Uchiha.

– Qual foi a sua reação ao ataque dela?

Sasuke desviou o olhar constrangido.

– Isso faz tempo.

– O que você fez? Vai, conta, tenho certeza que não ficarei traumatizada nem nada do tipo, conta, por favor. – Pediu fazendo beicinho.

Sasuke respirou fundo.

– Eu disse que a filha dela era uma louca que me perseguia, não o contrário, e que nem que fosse a última garota do mundo trocaria a minha namorada por uma menina fútil e irritante.

– Ah...!

– Não fique zangada.

– Não estou. – Resmungou cruzando os braços em frente ao corpo. - Só não consigo aceitar que minha própria mãe tenha te aprovado após dizer algo assim sobre mim. Oras! Ela é minha mãe e deveria te espancar até a morte. – Sasuke riu e inclinou o corpo fazendo-a tombar sobre o sofá. - Nem pense nisso, não terá nem mesmo um beijo após esses insultos.

– Tem certeza? – Beijou de leve o colo da esposa, as mãos fortes deslizando por baixo da camisa para explorar livremente o corpo macio.

– Fui um pouco louca...? – Sasuke sorriu contra a pele perfumada e distribuiu mais alguns beijos subindo devagar em direção ao pescoço. -A-acho que posso perdoar o fútil... Mas irritante não aceito... –Suspirou vencida quando Sasuke mordiscou seu queixo e acariciou seu seio coberto somente pelo sutiã. - Talvez eu seja irritante...

– Sim, você é a minha irritante.

Sedentos, suas bocas se uniram em total entrega, braços e pernas prendendo um junto ao outro, as mãos ansiosas em remover os obstáculos que impediam o roçar de seus corpos ardentes. Esquecidos do mundo e imersos naquele momento que era só deles, não ouviram o som da porta sendo aberta e nem de passos se aproximando, somente perceberam que não estavam sozinhos quando o som muito próximo e alto de tosse encobriu seus murmúrios e gemidos.

Apanhados de surpresa olharam na direção do barulho.

– O que faz aqui...? – Sasuke começou a questionar quando foi interrompido pela voz esganiçada de Sakura.

– Itachi!

Em um movimento vertiginoso, Sasuke desviou o foco do irmão para a esposa em seus braços, pálida como uma folha de papel e com os olhos esbugalhados, fixos na figura que a encarava com um sorriso charmoso.

– É bom revê-la também, Sakura.

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