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Capítulo 7 - Cinco

Uma corrente gélida percorreu todo o corpo de Hinata, fazendo-a tremer levemente. Os olhos claros estavam arregalados e a boca abria e fechava nervosamente, embora nenhum som saísse.

— Você é maravilhosa, linda, gentil e compreensiva, a melhor pessoa que conheço. — Naruto acariciou seus dedos. Longe de transmitir conforto, aquele gesto, junto com a declaração seguinte, levou lágrimas aos olhos da Hyuuga. — Qualquer homem seria feliz ao seu lado. O problema é comigo. Eu não te mereço.

— Não entendo... — murmurou com dificuldade, já que sua garganta formigava como se tivesse areia.

— Não quero iludi-la Hina. Valorizo demais sua amizade.

— Amizade? — Hinata chiou com voz aguda.

Desnorteada, respirou fundo e sacudiu a cabeça, necessitando colocar os pensamentos em ordem. Naruto não podia larga-la, não podia. Ela o amava e ele a amava.

— Tudo bem... — murmurou sustentando um sorriso trêmulo. — Podemos dar um tempo... alguns dias... meses talvez?

— Desculpe-me, Hina. É definitivo.

— Por quê?! Estamos felizes, planejando o nosso casamento... — De repente achou um motivo para a decisão de Naruto. — Se for por causa da festa, cancelamos... Não foi ideia minha... — justificou apertando as mãos dele. Percebera ha dias que Naruto não aprovara a festa após o casamento, só a mantivera para agradar a sogra.

— Hinata...

— Porque quer me deixar? — questionou desesperada. Lágrimas quentes escorriam por seu rosto, pingando sobre a toalha de mesa.

— Não é fácil explicar — Naruto disse olhando as mãos unidas sobre a mesa.

— Eu quero uma explicação... Mereço uma...

Naruto inspirou profundamente e desviou o olhar para a janela por alguns instantes antes de encarar Hinata com firmeza.

— Eu dormi com outra. Tentei resistir ao que sentia, mas uma noite bebi além da conta e... Simplesmente aconteceu. — Pálida, Hinata levou uma mão até a boca trêmula, o rosto tomado pelas lágrimas e pelo choque. — Prezo sua amizade, jamais pretendi ofende-la ou magoa-la. Eu... — engoliu em seco — juro que foi uma única noite de fraqueza. — explicou na esperança de obter o perdão da Hyuuga.

— Foi... uma aventura? — Hinata arquejou, tentando limpar com a mão livre o rosto molhado. Observou a versão desfocada de Naruto. Ele era tão lindo, um homem maravilhoso, cuidadoso. Dera um passo errado, mas estava arrependido. — É normal isso acontecer com os homens às vésperas do... Não tem problema... Eu te perdoo... — Forçou os lábios trêmulos a sustentarem um sorriso. — Está tudo bem, não precisamos cancelar nada... Eu te perdoo... — repetiu voltando a apertar as mãos dele.

— Preciso do seu perdão, mas o casamento está cancelado, definitivamente — completou resoluto.

— Por quê? — choramingou em um fio de voz.

— Ela está grávida.

— Grávida...?! — Arfou diante de mais essa revelação, lembrando que o plano de esperar alguns anos antes de terem filhos fora um dos motivos para seu estresse dos últimos meses.

Ele assentiu, parecendo verdadeiramente chateado por dar a notícia.

— Agora entende?

Entender? Ele pedia para entender, quando tudo que queria era lançar algo na parede, gritar, bater, se jogar em um poço.

— Eu... eu... entendo... mas... Céus! — Chorou, sem se importar que as pessoas nas mesas ao redor escutassem. Não ligava em chamar a atenção, ser discreta quando seu coração estava dilacerado não era prioridade.

— Queria poder mudar o que fiz, mas... Eu lamento muito.

Um riso angustiado subiu pela garganta dolorida da Hyuuga. Seu mundo desmoronava a sua frente e ele lamentava. Fechou os olhos com força, desejando que ao abri-los tudo fosse apenas um sonho ruim. Mas isso não aconteceu. Continuava no restaurante favorito dele, com as mãos frias envolvidas pelas dele, observada discretamente pelos outros clientes do local, sendo motivo de curiosidade e pena. Juntando o resto de dignidade o encarou fixamente, procurando imaginar um futuro sem ele. Não conseguiria viver sem ele.

— Podemos criar a criança juntos... — propôs. — Casaremos... caso ela não te dê a guarda, deixarei que nos visitem. Eu te amo... Também amarei a criança... Não precisa se separar de mim... — choramingou desesperada.

Naruto apertou os lábios, soltou um longo suspiro e removeu as mãos.

— Não posso fazer isso com você e nem com a Sakura. Vou me casar, mas será com ela — anunciou para desespero da ex-noiva.

— Sakura? — Um estalo brilhou em sua mente. — A secretária do Sasuke?

— Sim. Compreenda Hinata...

— Não! Chega de "compreenda Hinata", "entenda Hinata". Estou farta! — murmurou desnorteada, uma vez que sua garganta doía impedindo que gritasse de frustação, raiva e dor. Agarrou a bolsa encostada na cadeira e levantou depressa, fazendo a cadeira virar para trás e cair em um estrondo no chão. Mordeu o lábio inferior com força ao ser alvo da atenção, agora indisfarçável, dos clientes nas outras mesas.

— Hinata... — Naruto levantou e estendeu a mão para segurar seu braço.

Sentindo-se humilhada e exposta, Hinata se afastou e correu para fora do restaurante aos prantos. Ouviu o grito de Naruto chamando-a, mas não parou, com o coração disparado continuou o mais rápido que suas pernas permitiam, sem olhar para trás um só instante.

~*S2*~

Concentrado nos relatórios da próxima reunião com um cliente, Sasuke franziu o cenho ao ouvir um barulho semelhante ao lamento de gato ou bebê. Como não tinha ambos, ergueu a vista do notebook e prestou atenção ao seu redor, procurando captar a origem. Olhou para a porta aberta do escritório a tempo de ver Hinata passar chorando.

Supondo que o encontro com Naruto terminara mal, levantou e foi rapidamente para a porta, parando pouco antes de atravessa-la. Da mesma forma que exigia que ela não se intrometesse em sua vida, não podia se intrometer na dela. Embora, mas de uma vez, Hinata desacatara essa regra, estabelecida após anos convivendo com uma mãe bisbilhoteira. O que abria uma exceção para ele também, decidiu ao escutar uma porta batendo com força.

Aproximou-se do quarto da governanta. A porta fechada não atenuava os soluços e o choro.

— Hinata. — Bateu, mas não obteve resposta. — Posso entrar? — Bateu novamente e sentiu-se um idiota. Caso ela abrisse, o que no momento parecia improvável, o que faria? Não trouxera um copo de água como bandeira da paz, estava longe de ser o tipo que ameniza o sofrimento alheio e ouvir os problemas dela com os preparativos do casamento parecia sentença de morte. Era mais inteligente ignorar a situação e voltar ao trabalho.

Sem tirar os olhos da porta fechada, decidiu que bateria só mais uma vez, se ela não respondesse e nem abrisse retornaria para seu escritório.

— Hinata — chamou e novamente não obteve resposta.

Levou a mão a maçaneta, determinando que desistiria se estivesse trancada. Não estava. A abriu e, parado no mesmo lugar, observou o quarto iluminado pela luz do corredor.

Hinata estava sentada na beira da cama, a cabeça abaixada e as mãos espremendo as alças da bolsa em seu colo. Chorava copiosamente, o corpo tremendo com os soluços.

Mentalmente, reafirmou que, seja lá o que aconteceu, Naruto era o rei dos babacas e pesou suas escolhas diante do estrago deixado pelo Uzumaki. Embora, desde o momento em que largou o trabalho para segui-la até ali, só existia uma. Mesmo que sua atitude fosse contra todas as suas regras, Sasuke entrou no quarto, se agachou em frente à governanta e segurou o rosto pequeno com ambas as mãos para erguê-lo. Em meio às lágrimas que desciam velozes pelos olhos perolados, Sasuke notou a surpresa com a qual Hinata o fitou.

— O que houve? — perguntou enquanto tentava, sem muito sucesso, apagar com os polegares o rastro que as lágrimas deixavam na face alva.

— Naruto d-disse que sou b-boa demais pra e-ele, q-que não quer me i-iludir e p-por isso não p-pode c-continuar c-comigo... — respondeu Hinata entre soluços, enquanto mais lágrimas caiam de seus olhos.

— Traduzindo: Ele te deu um fora — Sasuke resumiu sem pensar e se arrependeu logo depois quando a Hyuuga se entregou a um choro compulsivo.

O novo lote de lágrimas causou o arrependimento imediato de Sasuke. Caçou o celular no bolso da calça, ansioso em desfazer seu erro. Se soubesse que Naruto cancelara o casamento jamais entraria naquele quarto.

— Ligarei para a minha mãe. Ela saberá te consolar — O ergueu resmungando: — Sou péssimo nisso.

— Não! — Hinata agarrou o aparelho pressionando-o contra o peito. — Não quero que ela saiba... Ninguém deve saber...

— Todos saberão mais cedo ou tarde, que diferença faz se ligar? Pelo menos agora ela ficará aqui. — concluiu exasperado.

— Naruto vai mudar de ideia... eu sei que vai — pronunciou, secando o rosto com aflição.

Sasuke respirou fundo para conter os comentários ferinos, mas Hinata tornava a tarefa impossível.

— Ele precisa de um tempo sozinho...

— Ele disse isso ou é seu coração iludido falando?

Os lábios trêmulos se apertaram e os olhos claros se encheram de lágrimas. Com um suspiro derrotado, Sasuke sentou ao lado e a abraçou pelos ombros.

— Juro que não direi mais nada. Chore o quanto precisar.

Hinata se agarrou a ele com força e fez exatamente o que ele disse. Chorou até não poder mais, até os pensamentos esvaírem de sua mente, até adormecer.

~*S2*~

Estava desconfortável equilibrado na beirada da cama e temia cair a qualquer momento. Para piorar sua situação, suas costas doíam e seu braço direito, em que Hinata apoiara a cabeça ao deitar, estava dormente, mas não movia um músculo com medo de um novo mar engolfa-lo até os ouvidos.

Observou a face adormecida. Hinata estava péssima. Pele lívida, rosto inchado, marcas cristalizadas de lágrimas nos cílios e bochechas, cabelo desgrenhado e o nariz vermelho. Mesmo assim, pela primeira vez, Sasuke achou sentido no apelido que ela ganhara de Naruto.

Recordou que costumava compara-la com as bonecas de porcelana que sua mãe colecionava. A princípio de forma positiva, pois, quando criança, Hinata sempre estava com as bochechas coradas, em contraste com a pele clarinha, e lábios naturalmente rosados. As roupas também eram parecidas, vestidinhos imaculadamente limpos e cheios de babados que a mãe dela costurava. Com o tempo a comparação tornou-se negativa. Quando se irritava Sasuke dizia que era fria e lhe dava agonia, pois, assim como acontecia com as bonecas, não podia se aproximar dela. No caso das bonecas por causa da proibição de sua mãe e por sentir aflição ao toca-las; no caso de Hinata, porque ela se afastava como se tivesse medo dele, desviando o olhar como se sua imagem a quebrasse em mil pedaços. E isso muito antes dele dizer qualquer coisa negativa sobre o que quer que fosse.

E agora dividiam o mesmo teto e a mesma minúscula cama. Mas somente porque ela chorara até dormir por causa de seu coração partido. Em seu normal ela o expulsaria com um simples olhar, ou a falta dele.

Levou a mão livre até o rosto dela, traçando com o polegar o rastro que as lágrimas deixaram na face pálida, descendo devagar até a boca entreaberta. Pousou o dedo no lábio inferior, instintivamente deslizando o polegar em um pequeno corte que, tinha certeza, Hinata fizera quando Naruto cancelara o casamento.

Afastou a mão quando ela murmurou o nome do ex-noivo e, ciente que ela se sentiria pior se acordasse e o visse por perto, puxou o braço dormente devagar, para não acorda-la, até removê-lo completamente. Levantou e procurou um cobertor para cobri-la, saindo do quarto em silencio.

~*S2*~

O barulho do despertador a retirou do mundo dos sonhos. Aos poucos a consciência trouxe os acontecimentos do dia anterior e seus olhos umedeceram. Respirou fundo, contendo a ebulição de sentimentos que oprimiam seu peito. Com o corpo pesado e a cabeça doendo, levantou e foi para o banheiro aos tropeços.

Sua cabeça martelava, censurava e apontava, relembrando o que Naruto dissera e, principalmente, imaginando Sakura e ele comemorando sua desgraça.

Sem animo, quebrou sua rotina, não tomou banho e nem trocou de roupa antes de seguir para a cozinha.

Movendo-se de um lado para o outro do recinto, colocou na bancada da pia tudo o que precisaria para o café da manhã de Sasuke, ligou a cafeteira e deixou as lágrimas escorrerem a vontade por seu rosto.

Colocou uma maçã na tabua de cortar e pegou uma faca na gaveta. Em fatiar a fruta, ergueu a lâmina na altura do rosto, analisando sua imagem refletida. Estava destruída por dentro e por fora.

— O que esta fazendo?

Virou-se e observou Sasuke caminhar em sua direção. Estava pronto para sair. Reparou que, ao contrário dela, que estava pegajosa e fedendo a suor, ele não pulara nenhuma etapa matinal. Elegante em um terno risca de giz, estava barbeado, o cabelo escuro ainda úmido do banho, o perfume amadeirado a alcançou antes dele se posicionar a sua frente.

— Preparando seu café? — disse entorpecida, lançando um olhar desolado para o Uchiha e depois para a faca, que ele retirou de sua mão e jogou dentro da pia.

— Esqueça. Tire o dia de folga.

— É quarta... não posso... — balbuciou.

— Não importa. Sou o chefe. Quando digo para tirar uma folga, você tira sem argumentar. — Sasuke segurou seu rosto com ambas às mãos, erguendo-o, os polegares deslizando devagar por suas bochechas. Estremecendo com o toque, Hinata segurou a vontade irracional de abraça-lo e chorar contra seu peito novamente. — Tome um banho, troque-se e me encontre na sala em vinte minutos no máximo. Vou te levar para a mansão — informou ao soltar seu rosto, colocar as mãos em seus ombros e encaminha-la para o corredor.

— Por quê?

— Você precisa de alguém por perto, pelo menos hoje — respondeu. — Ficará com seu pai e sua irmã.

Hinata parou e se afastou aflita.

— Não... não quero... Eles farão perguntas... — engoliu em seco, a vontade de chorar travando sua garganta. — Não quero que saibam...

— Você precisa conversar com alguém — Sasuke argumentou irritado com a insistência dela em esconder o termino do noivado. — Então fique com a Tenten — sugeriu. — Não precisará dizer muito, nada se preferir.

— O Neji...

— Esperamos ele sair para o trabalho. — Ela o encarou em silêncio, não sabendo ao certo se concordava ou não. Cansado de discutir, Sasuke deu um ultimato. — Você não vai ficar sozinha, nem que eu tenha de chamar a minha mãe para te fazer companhia. A escolha é sua.

~*S2*~

Ao mesmo tempo em que o sócio colocava o carro em sua vaga no estacionamento do prédio em que alugavam dois andares para a Yoshiaki, Sasuke parou o carro na sua, ao lado.

O Sabaku estava com a aparência cansada, mas que o normal. Talvez por culpa do pai doente, ou do recente noivado que surpreendera todos, até sua impetuosa irmã. Só se surpreendera com a escolha, uma vez que estava a par da pressão que o pai de Gaara fazia para casa-lo. Desde que o conhecia, o sócio afirmava que quando casasse seria por interesses financeiros, uma aliança de negócios baseada em uma relação prática na qual sentimentos não fizessem parte. A noiva - uma explosão de pernas longas, cabelo dourado e língua afiada - não se encaixava nesse papel.

— Dormiu mal? — perguntou em tom de troça quando ficaram sozinhos no elevador.

— Graças a você, sim. — respondeu irritado. — Lembra o conselho idiota que deu ao Naruto? De "foder o dia todo"?

— Vagamente — mentiu sem remorso. O sócio já o atazanara demais meses atrás, não precisava de outro sermão moralista.

— Daqui a alguns meses pode carrega-lo.

Estreitou os olhos em dúvida. Mas antes que questionasse o Sabaku às portas se abriram e os berros alcançaram seus ouvidos.

— Vá embora!

— Acalme-se! Isso não te fará bem.

— Sabe o que me faria bem? Corta-lo em pedacinhos e joga-los aos porcos.

Surpreso com os gritos da secretária, Sasuke saiu do elevador observando Sakura, em pé atrás de sua escrivaninha, encarar furiosa o Uzumaki. Lançou um olhar para os departamentos financeiro e administrativo, as portas estavam abertas e os poucos funcionários que chegaram acompanhavam a confusão com diferentes graus de interesse e diversão estampados nos rostos.

— Sakura, precisamos conversar — suplicou o Uzumaki.

— Não preciso de nada vindo de você. — Ela agarrou um enorme buque de rosas vermelhas de cima da mesa e tacou em Naruto. — Quero que vá para o inferno e enfie suas rosas no mei...

— Sakura! — alertou Gaara.

A secretaria parou numa pose ereta e tensa, os olhos verdes arregalados ao dar-se conta da plateia.

— Senhor Gaara, senhor Sasuke, bom dia!

Sasuke acenou com a cabeça, sério por fora e rindo por dentro. Hinata tinha muito a aprender com Sakura sobre como tratar Naruto.

Os outros funcionários se apressaram em voltar ao trabalho, embora desejassem o contrário, se fechando em seus respectivos departamentos e fingindo que nada demais acontecera. Na hora do almoço aquela discussão acalorada seria o assunto do dia.

— Os dois na minha sala — Gaara comandou em sua melhor postura de comandante. Naruto seguiu Sakura, que o olhou feio quando se aproximou. — Você também — resmungou para Sasuke.

Sasuke deu de ombros e o seguiu. Teria ido de qualquer maneira, queria ver e escutar mais um pouco daquela briga.

— O que houve? — Gaara questionou após fechar a porta.

— Vim conversar com a Sakura...

— Não — Sakura cortou irada — Veio me ameaçar no meu local de trabalho.

— Você entendeu tudo errado.

— Entendi certinho — revidou cruzando os braços com irritação. — Ou me caso ou você tira o meu filho de mim.

— Nosso filho — ele corrigiu.

— Filho? — Sasuke murmurou, recebendo um olhar cáustico de Gaara.

— Jamais tiraria a criança de você — Naruto garantiu. — Só quero que nasça em um lar estável.

— Lar estável? — Sakura riu desdenhosa. — O que um canalha mentiroso sabe sobre lar estável?

— Nunca menti para você.

— Omitir, mentir, é tudo a mesma merda.

Sasuke estava cada vez mais confuso com o bate boca, enquanto Gaara ao seu lado parecia a par da confusão. De repente lembrou-se de Hinata. O noivado rompido, o choro e os argumentos gaguejados. Ela sabia sobre aquilo?

— Pedi desculpas por isso.

— De que me adianta suas malditas desculpas? Estou grávida — gritou histérica. — Grávida de um cafajeste que se esqueceu de mencionar a noiva antes de me arrastar para a cama.

— Estou livre agora e quero me casar com você.

— Ao inferno com seu pedido de casamento. — Respirando fundo, Sakura fechou os olhos por alguns segundos, buscando acalmar-se antes de perguntar para Gaara e Sasuke. — Serei demitida?

— Não. — Sasuke respondeu de pronto, ainda assimilando os fatos.

— Isso não passou pelas nossas cabeças — garantiu Gaara. — Não se preocupe.

Naruto estendeu a mão para tocar o braço de Sakura, que o afastou com um safanão.

— Mantenha suas mãos longe de mim!

— Sakura, por favor! Quero o melhor para você e o bebê.

— Não. Está pensando somente no seu maldito traseiro. — retrucou e, erguendo a cabeça com altivez, declarou com desdém: — Tenho muito trabalho a fazer. Não posso e nem quero perder tempo com você.

Sakura passou por eles quase correndo. Quando a porta se fechou com um baque o silêncio pesado baixou na sala.

Naruto sentou em uma das duas cadeiras reservadas para os clientes. Sasuke o imitou sentando na outra e Gaara contornou a mesa para ocupar sua poltrona.

Naruto coçava a nuca, visivelmente desconfortável. Gaara observava tudo com sua melhor expressão de tédio. Chocado com todas aquelas informações, Sasuke não conteve a pergunta:

— Hinata sabe sobre Sakura? Sobre a gravidez?

— Contei ontem. Não podia levar o casamento adiante com Sakura esperando um filho meu. — suspirou deixando os braços caírem no colo. — Creio que não foi boa ideia procura-la aqui. Mas ela se nega a atender meus telefonemas e barrou minha passagem no apartamento dela. Não sei o que fazer ou dizer para me perdoar por ser um completo imbecil.

Naruto admitindo o óbvio surpreendeu Sasuke, mas não tanto quanto o fato do Uzumaki saber onde Sakura morava. Embora não devesse uma vez que ele a engravidara.

Naruto namorava Hinata desde que ela era uma adolescente sonhadora e romântica e fizera um bom trabalho no controle de natalidade – provavelmente porque, presumia, jamais a tocara intimamente. No entanto, em poucos meses engravidara Sakura. Definitivamente, Naruto era mais idiota do que imaginara.

— Tem certeza que é seu? — perguntou, recebendo dois pares de olhares ofendidos.

— É meu.

— Lógico que é dele.

Sasuke estranhou Gaara se envolver, imaginou que fosse por causa da noiva, que morava com Sakura, e por ter fortificado a amizade com Naruto nos últimos meses.

— Não precisa casar para reconhecer a criança — argumentou, acrescentando com um dar de ombros: — E, obviamente, Sakura não quer casar.

— Ela está com raiva ha meses. Desde que cometi a burrada de me deixar levar pelos instintos. — Soltou um riso sufocado. — Uma única noite e destruo toda a minha vida planejada em detalhes. Sakura me odeia, Hinata me odeia e a minha mãe está zangada.

— Vocês não continuaram juntos? Foi uma noite mesmo?

— Me arrependi na manhã seguinte. Falei que tinha uma noiva e ela me expulsou, exigindo que nunca mais cruzasse seu caminho. Até ontem cumpri seu desejo.

Tinha reparado que Naruto evitava a Yoshiaki e, quando era inevitável sua presença, ele e Sakura se evitavam.

— O que aconteceu ontem afinal?

— Sakura desmaiou e eu a levei para o hospital. Lá recebemos a notícia — respondeu com cansaço. — Pensei que pedi-la em casamento fosse a melhor solução. Mas, aparentemente, não é.

— Satisfeito com a confusão que causou? — Gaara questionou Sasuke. — Seu conselho estúpido nos colocou nessa situação.

— Não empurrei ninguém para a cama errada — defendeu-se.

— Sasuke está certo — disse Naruto levantando e sendo copiado pelos outros dois. — Por meses culpei a Hinata, a Sakura, até mesmo o Sasuke — admitiu. — Mas a culpa é minha. Fiquei cego e errei com as duas. — Passou os dedos pelo cabelo, bagunçando-o, a frustação marcada em seu rosto. — Tenho que consertar as coisas pelo bem do meu filho.

~*S2*~

Enquanto ajudava Tenten nos afazeres domésticos, como sempre fazia ao visita-la, Hinata não demorou em contar o que a deixara a beira das lágrimas. Não fora exatamente uma iniciativa sua, Tenten tinha um jeito sutil de arrancar informações, deixando-a a vontade para abrir o coração.

Depois de algumas horas conversando sobre diversos assuntos e, por fim, desabafar, Hinata sentia-se mais leve, assumindo que Sasuke tinha razão, remoer sua dor sozinha trazia mais sofrimentos que alivio. Era incomodo, mas Tenten não parecia chateada, até tentava anima-la. Em meio à conversa, conseguira fazer Hinata brincar ao falar que o primo deveria leva-la para o escritório de advocacia em que trabalhava.

— Pensei que Sakura fosse uma boa pessoa — reclamou após depositar dois copos de suco na mesinha de centro do quarto de bebê e sentar em uma das poltronas. — Sempre a tratei bem e ela fez isso comigo.

— Não creio que a culpa seja toda dela. — Sentada na outra poltrona, dando de mamar para Lean, Tenten tinha o olhar piedoso voltado para a Hyuuga. — A pessoa comprometida é o seu noivo. Ou ela também é?

— Não sei. E Não importa — desdenhou, ditando como seus pais: — Uma mulher tem que se dar ao respeito e jamais se colocar entre um casal.

Tenten olhou a filha, que largara o peito e estava com as pálpebras semicerradas.

— É um modo simplista de ver as coisas — declarou em tom baixo, os dedos deslizando pelo cabelo ralo da criança.

— Simplista?!

Tenten ajeitou a camisa e levantou devagar.

— Ela deve ama-lo tanto quanto você — comentou levando Lean até o berço.

— Não é justificativa — refutou irritada. — Ele estava comprometido comigo.

— Esse é o ponto — assinalou de costas para a Hyuuga, cobrindo a filha com uma manta amarela. — Ele lhe devia fidelidade, não ela.

— Mesmo assim. Ela não devia se aproximar dele, quando mais se deitar com ele como uma... qualquer — Hinata condenou com ferocidade, cada vez mais indignada com os argumentos da amiga para justificar o injustificável.

— Talvez ele tenha dito que o relacionamento de vocês não estava bem, que cancelaria o noivado — Tenten disse apática, acariciando o rostinho rosado da filha.

— Você não conhece o Naruto. Ele não é assim.

— Não, não conheço — concordou inspirando profundamente antes de ficar de frente para Hinata. — É só uma suposição.

— Errada. Sakura enfeitiçou meu noivo e engravidou para prendê-lo. Mas não permitirei sem lutar — rosnou se erguendo. — E estou cansada de ouvir você defender aquela mulher fácil. — Hinata saiu do quarto, sendo seguida por Tenten. — Pensei que fossemos amigas, mas me enganei.

— Deixe-me explicar... — Tenten pediu enquanto Hinata retirava sua bolsa de um gancho próximo à porta de saída.

— Chega! Não quero ouvir mais nada.

Abriu a porta e partiu correndo. Estava claro que chorar sozinha não era solução e tampouco conversar com amigos, parentes ou pessoas bem intencionadas que não compreendia a extensão de seu sofrimento. Só havia uma solução...

~*S2*~

Imaginara mil cenas antes de chegar até ali, a maioria envolvendo violência física e verbal. Mas agora, com o elevador parando em seu destino, não sabia o que fazer ou falar.

As portas abriram e Hinata saiu, andando relutante até a mesa de Sakura. A secretária estava concentrada em algo no computador, digitando freneticamente, só notando Hinata quando viu a sombra de uma silhueta em sua mesa. Ergueu o rosto e ao reconhecer a governanta de seu chefe abriu um sorriso.

— Bom dia, Hinata! O senhor Sasuke está em reunião — informou, apontando o canto da sala, em que ficavam os sofás e uma mesinha de centro de vidro. — Pode aguardar, que assim que sair o avisarei. Quer café, água ou cappuccino? — Sakura levantou. A funcionária da copa estava no andar de cima, de forma que ela serviria as pessoas até seu retorno.

Hinata apertou os lábios, mordendo-os por dentro, seus olhos e o nariz formigavam. Queria soltar um palavrão, dizer que Sakura não prestava, era uma ladra de maridos, uma sem vergonha. Mas nada saia de seus lábios crispados, nem um som passava pelo bolor doloroso em sua garganta.

Analisou Sakura de cima a baixo, do terninho rosa claro, passando pela saia curta, até os scarpins combinando, e retornando para a barriga plana coberta por uma camisa de seda branca. Não parecia grávida. No entanto, Naruto deixara claro na noite anterior que ela era a mulher que carregava seu filho. A mulher com quem ele a traíra. A mulher que lhe roubara seu futuro e sonhos.

Sakura parou de sorrir, observando Hinata com preocupação ao reparar a palidez da governanta.

— Você está bem?

Sem sair da paralisia muda, Hinata sentiu lágrimas quentes escorrerem por sua bochecha e um sabor acre em sua boca. A raiva a cegou ao ponto de, momentaneamente, sua visão ficar turva. Cambaleou para frente, segurando com mãos suadas e trêmulas a beirada da escrivaninha.

Sakura correu em seu auxílio, envolvendo sua cintura com um braço e a conduzindo até o sofá da recepção. Sumiu da vista de Hinata por alguns instantes, reaparecendo com um copo de água gelada.

Olhando para o copo que Sakura lhe estendia, Hinata estava desnorteada, sem ação e, para sua vergonha, chorava de soluçar. Para aumentar sua desgraça, atraiu a atenção de um homem que saiu do elevador com uma pasta na mão.

— O que houve? — ele perguntou para Sakura.

— Não sei.

Hinata a encarou com o que esperava fosse sua melhor cara de raiva. Tentou falar, xingar, mas o que saiu foram palavras mescladas com choro numa sinfonia incompreensível.

— Ei, moça. — O homem de cabelo e olhos castanhos sentou ao seu lado e envolveu suas mãos com as dele. — Respire fundo! — Em um reflexo de constante obediência, Hinata fez o que ele pediu. — Sei que esta nervosa, mas controle-se e nos diga o que levou uma moça bonita como você as lágrimas.

— Beba — pediu Sakura estendendo o copo de água. — Lhe fará bem

Aquela bondade vinda da Haruno fez a Hyuuga reagir. Em um rompante sua mão bateu com força no copo lançando-o longe, se espatifando contra o piso de madeira.

— Bem...? Quer que eu fique bem...? — gritou sentindo a garganta doer com o esforço — Como posso ficar bem depois do que você me fez... Você é... é... — levantou, mas as pernas pareciam feitas de gelatina e teve de sentar novamente. Tentou recuperar a dignidade secando as lágrimas em seu rosto, porém elas persistiam em aparecer.

Sasuke, Gaara e outros dois homens saíram de uma sala. Assim que Hinata o viu, ergueu-se e correu na direção dele, apertando-o em um abraço de desespero.

Sem entender o motivo de sua governanta espremer o rosto contra seu peito, quando horas antes a deixara na casa do primo, Sasuke pousou as mãos nas costas dela. A cena era embaraçosa e, vendo Sakura com os olhos arregalados de espanto fixos em Hinata, pressentia que pioraria se a Hyuuga continuasse ali.

— Nos vemos semana que vem. — Sasuke comprometeu-se, ignorando a curiosidade do sócio e dos clientes. — Caso necessitem de qualquer informação não hesitem em me contactar — pediu antes de se encaminhar para sua sala com Hinata.

~*S2*~

— O que veio fazer aqui? — questionou assim que acomodou Hinata.

— Queria confronta-la... Dizer que ela... não presta... — balbuciar, secando o rosto com mãos aflitas.

— Você confrontando alguém? — Sasuke suspirou e puxou uma cadeira, sentando de frente para a Hyuuga. — De que adiantaria fazer isso?

— Não sei... Talvez ela me deixasse o Naruto... — murmurou, zangando-se ao declarar: — Ela é uma sem vergonha, falsa... Que tipo de mulher se envolve com um homem comprometido? Até você respeita o relacionamento dos outros.

. Sasuke massageou a têmpora.

— Sakura não sabia que Naruto estava noivo — contou na esperança de apaziguar Hinata.

— Ah, por favor!

— Ele não disse. Convenhamos, vocês não saem muito juntos e só você usa aliança. — Diante da descrença de Hinata revelou: — Naruto a pediu em casamento hoje e ela recusou por se sentir traída. Diria que ela foi tão vítima quanto você.

— Ele a pediu em casamento... e ela recusou?

Assentiu.

— Então... — Levantou agitada. — Tenho que falar com ele. Ele vai voltar pra mim... Ela não o quer, mas eu quero.

— Calma. — Sasuke a segurou pelos ombros e a forçou a sentar novamente. — Ele não desistiu, e vai insistir no casamento por causa do filho deles.

Era a última coisa que Hinata queria lembrar. O bebê de Sakura e Naruto. O bebê que devia ser seu. As lágrimas amargas, suas companheiras nas últimas horas retornaram.

— Mas não precisa... Podem acabar como Itachi e a primeira esposa, divorciados após um ano — mencionou. O primeiro casamento do primogênito Uchiha ocorrera por causa de uma gravidez acidental, o que só trouxera sofrimento para ele e sua família. — Naruto me ama e só quer casar com ela por causa dessa... gravidez.

— É diferente.

— Não é.

— Se divorciarem após pouco tempo não quer dizer que ele voltará para você — comentou sem piedade. — Chorar também não adianta.

— Não consigo parar... — zangou-se, esfregando as palmas das mãos no rosto. — Você não sabe o que é perder a pessoa que se ama... — Sasuke a encarou com expressão vazia e olhar amargo. — Oh, me desculpe. Eu não queria lembra-lo da mulher que te largou.

— Não fui largado por ninguém

— Você disse...

— Lembro-me de tudo que não deveria ter dito e, em momento algum, disse que fui largado.

— Mas ela escolheu outro, não é?

— Não houve escolha. Não era necessário — respondeu dando de ombros. — Ela estava completamente apaixonada.

— Você disse que a amava.

Sasuke tamborilou os dedos nos braços da cadeira.

— Ao contrário de você, não entro em batalhas que não posso vencer.

— Meu caso é diferente. Naruto me ama — retrucou.

— Como a uma irmã — Sasuke cantarolou com um sorriso de desdém.

— Irmã? — questionou encurvando-se.

— Foi o que ele me disse. Que vocês eram como irmãos — Hinata o encarou boquiaberta e Sasuke não poupou as palavras. — Disse que você é fria, distante e faltava calor na relação de vocês.

Hinata corou, de vergonha raiva e humilhação.

— Ele disse isso?

Sasuke assentiu, acrescentando mordaz:

— No fim das contas, Naruto não é diferente da maioria dos homens. Ele queria algo em troca do anel de noivado e Sakura se adiantou, fornecendo o calor que ele desejava.

— Não é verdade. Naruto não é assim... Ele...

— Ele é perfeito aos seus olhos. Sei muito bem disso — completou com sarcasmo. — Vocês estão juntos há anos, creio que ele esperava que, mesmo sem o sexo, houvesse algum avanço de intimidade. — Torceu a boca com desprezo. — Do jeito que reagiam quando próximos, podiam mesmo passar por irmãos.

— Não entendo... Ele me respeitava... Entendia minha opção de esperar...

— Ser puritana demais só afasta os homens — argumentou Sasuke para depois justificar com a voz carregada de cinismo: — Não condeno seu sonho de encontrar o príncipe encantado em cima do cavalo branco, que vai te amar e te dar um "viveram felizes para sempre". Mas devo avisá-la de que, mesmo que esse tipo existisse, não ficaria com uma mulher que foge como um rato assustado diante do menor toque.

— O que devo fazer então? — perguntou Hinata se sentindo uma fracassada. — Não sei ser e nem agir diferente.

— Posso ensiná-la — propôs quebrando mais uma de suas regras, certo de que ainda se arrependeria dessa iniciativa. — É só pedir.

Por um instante, Hinata encarou-o espantada e Sasuke pensou em dizer que fora uma brincadeira. Mas antes que retirasse a oferta Hinata respirou fundo, juntou coragem e pediu vacilando somente no final:

— Sasuke, por favor, me ensine a ser uma mulher diferente, mais... s-sensual.

Hinata tremia de ansiedade, medo e confusão. Seu pedido era de socorro, precisava de ajuda para reaver Naruto, muito, e não havia pessoa melhor que Sasuke para ajuda-la. Ele era um notório conquistador e colecionador de mulheres. Se alguém podia transforma-la esse alguém era ele.

Sasuke estava surpreso por ela aceitar. Tinha feito à proposta em um impulso.

— Farei tudo o que mandar para reconquistar o Naruto — Hinata prometeu com ansiedade.

Sasuke cruzou os braços. Então era disso que se tratava? Apoiando as mãos nos braços da cadeira que ela ocupava, inclinou-se para frente.

— Naruto vale o esforço de fazer tudo o que eu mandar?

Hinata engoliu em seco. Sasuke fazia parecer que pediu um favor ao diabo. O hálito dele contra seu rosto e a mão que inesperadamente tocou sua nuca aumentaram seu temor. Arrepios subiam e desciam por todo o seu corpo e uma sensação gelada revirava em seu estômago.

— Sim, vale — respondeu com firmeza, mesmo desconfortável com a aproximação e o olhar predador do Uchiha.

Sasuke sorriu de canto, daquele jeito que fazia soar alarmes na cabeça da Hyuuga.

— Então precisamos selar nosso acordo.

Intimidada, encolheu-se contra o estofado, a respiração presa na garganta conforme o rosto de Sasuke se aproximava. Dominada pelo pânico, fechou os olhos com força. Quando a boca dele tocou a sua o terror cresceu em um vértice em sua barriga, subindo como um relâmpago por seu braço. O estalo assustou Hinata, mas foi pior quando abriu os olhos e viu a marca de cinco dedos na face incrédula do Uchiha.


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