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Capítulo 19 - Mensagens

SEXTA. 29 DE JULHO DE 2016

Sasuke

Chamada de voz perdida às 19:20

Hinata, onde você está? Precisamos conversar. 19:26

Me dê a chance de explicar. 19:30

Chamada de voz perdida às 19:33

Telefonei para todos os lugares em que poderia encontra-la e ninguém sabe seu paradeiro. Estou preocupado. 19:49

Só me responda se está bem. 19:56

~*S2*~

A água quente e agradável descia pela pele de Hinata.

O vapor dentro do box criava a sensação de uma redoma protegendo, aquecendo e encobertando o corpo trêmulo e dominado pelo choro. Mas já era hora de sair, não poderia ficar no banho para sempre. Desligou o chuveiro, estendendo a mão para as peças dobradas sobre a bancada da pia, capturando a toalha emprestada.

Procurou um lugar em que não seria condenada ou fosse motivo de chacota, e — graças aos céus — foi bem recebida. Porém, não importava para onde corresse, sua mente fazia aquele papel sem piedade. Foi tão burra em confiar e acreditar em Sasuke! Ele devia rir muito de sua ingenuidade.

Secou-se e vestiu a camiseta com estampa, não se surpreendendo por parecer um vestido nela. Permaneceu com a mesma peça íntima de baixo, embrulhando o sutiã no vestido deslumbrante que o traidor lhe dera. Outra leva de lágrimas quentes verteram furiosas.

As afastou com aflição, necessitando reaver o equilíbrio para pensar nos próximos passos. Na pia havia um pote com escova de cabelo, pente e tesoura, pegou a escova para desembaraçar os cabelos, encontrando certa dificuldade, pois não havia condicionador ou creme de pentear no banheiro. No entanto, a dor no couro cabeludo não era nada comparada a dor que destroçava seu coração.

Com um resmungo irritado após a escova emperrar em outro nó, colocou o objeto de volta no pote, os olhos formigando encarando no reflexo do espelho o emaranhado de fios. Sua visão era realmente deprimente... Propícia à lembranças...

"Devagar distribuiu o cabelo dela no travesseiro de modo a cobri-lo por inteiro com os fios negro-azulados.

Amo seu cabelo."

Só de recordar as palavras e preferências do Uchiha à fúria se alastrou ardente por suas veias, levando sua mão a retornar ao pote com determinação e ódio cego.

~*S2*~

Mikoto

Chamada de voz perdida às 19:40

Filha, não sei o que aconteceu entre você e o Sasuke para brigarem, mas ele está preocupado com a sua segurança. Me telefone ou envie uma mensagem dizendo onde está que a buscarei. 19:44

Hinata

Não se preocupe. Ficarei na casa de amigos por um tempo. 19:47

Hanabi

Hey, mana, o que houve entre você e o príncipe encantado? 19:37

Nem a Mikoto arrancou a informação e olha que a mulher é quase uma espiã da CIA. 19:40

Se quiser chuto as bolas do Uchiha. 19:42

Hinata

Faça. Não me importo. 19:48

Hanabi

Eita... O.O 19:49

O que o Sasuke fez para deixa-la tão irritada? 19:50

Neji

Chamada de voz perdida às 19:42

Eu sabia que aquele imbecil te magoaria. Fique comigo e com a Tenten, cuidaremos de você. 19:44

E juro que o Uchiha pagará caro por te fazer sofrer. 19:45

Hinata

Agradeço o convite, mas ficarei na casa de amigos. Só preciso de uns dias para pensar, me acalmar. 20:05

~*S2*~

— Porra! — Kiba soltou erguendo-se de seu lugar quando Hinata apareceu na sala. — O que você fez?

Com os olhos ainda vermelhos e inchados, Hinata levou os dedos aos mutilados fios azulados. O longo cabelo agora não passava dos ombros em um corte irregular.

— Precisava de uma mudança... — Ela deu de ombros, tentando esboçar um sorriso amarelo.

— Isso é ir um pouco além de mudança. — O Inuzuka a encarava completamente abalado.

— Kiba! — Shino alertou percebendo que Hinata estava prestes a desmoronar. O parceiro não tinha "tato" algum!

E foi o que aconteceu. Esgotada deixou o corpo cair pesadamente no sofá, cobrindo a nova leva de lágrimas com as mãos. Ops! Shino enrugou a testa e Kiba sentiu seus olhos acusadores por detrás dos óculos escuros.

— Ei, ei! Tudo bem, não ficou tão ruim. Quer dizer, você nunca levaria jeito para ser cabelereira... — Kiba soltou forçando um sorriso tão pouco convincente quanto suas palavras. — Mas relaxa! Vamos dar um jeito nisso. — Ele pegou o celular do bolso, Hinata ergueu os olhos ao perceber que ele se afastava conversando — Tamaki, preciso que venha até aqui. É urgente.

— Não... por favor, não quero dar mais trabalho... do que já estou dando...

Kiba a ignorou dando ordens a pessoa do outro lado da linha. Shino sentou ao seu lado e pousou um braço sobre seus ombros. Deitando aos pés de Hinata, Akamaru também parecia querer ajuda-la.

— Somos seus amigos, não é trabalho nenhum — O Aburame garantiu apertando seu ombro de leve.

— Pronto! Daqui a pouco a Tamaki chega! — Kiba informou satisfeito.

— Em que isso ajudará? — Shino questionou desconfiado.

— Ela tem habilidade com corte de cabelo.

Shino franziu a testa.

— Ela tosa cachorros, isso é bem diferente — ele retrucou.

A simples ideia de ser tosada despertou Hinata, fazendo-a ter consciência de que cometera um erro impulsivo, que tomava proporções de efeito dominó, para atingir uma pessoa que sequer ligava para seu bem-estar emocional.

— N-não quero... Ser tosada!

— Tamaki saberá arrumar seu cabelo sem deixa-la parecendo com um poodle — Kiba garantiu sentando do seu outro lado, com um sorriso largo. — Isso é muito anos 90. Eu dei graças quando aquela fase das ombreiras passou!

Shino balançou a cabeça em negação.

No estado de nervos em que estava o senso de humor incomum do Inuzuka não alcançou Hinata, que continuava alisando as madeixas curtas, como se pudesse fazê-las crescer por seus dedos novamente.

Minutos depois a campainha tocou e uma jovem de cabelo castanho até abaixo da cintura, vestindo blusa vermelha sem mangas, calças de cor clara e sandálias, entrou e colocou uma sacola de papel sobre a mesa de centro, os olhos castanhos se fixando em Hinata.

— Essa é minha nova cliente? — A mulher sorridente perguntou.

— Sim — Kiba respondeu fazendo as devidas apresentações antes de vasculhar a sacola, retirando uma tesoura que estendeu para Tamaki antes de se voltar para Hinata. — Ao contrário do que o Shino imagina, Tamaki é hábil com a tesoura e saberá ajeitar seu cabelo.

A morena deu uma olhada rápida para Shino, que preferiu se resguardar ao direito de permanecer em silêncio. Não querendo fazer desfeita, Hinata deixou Tamaki ajeitar o corte deformado, guardando para si que, depois de tudo que passará nas últimas horas, de como se sentia, seu cabelo era o menor dos problemas.

~*S2*~

O dia nem bem amanhecia e Sasuke já estava dirigindo pelas ruas da cidade. Não havia pregado o olho aquela noite, esperando que Hinata finalmente aparecesse no apartamento para conversarem. O que obviamente não aconteceu.

Conforme as horas foram passando, seu corpo e sua mente se tornaram cada vez mais ansiosos e aflitos, criando mil possibilidades do que havia acontecido com a Hyuuga. Embora tivesse ligado para todos os que conhecia e a resposta sobre o paradeiro de Hinata fosse unânime, seu subconsciente o instigava a pensar o contrário.

Iria diretamente à cada um deles! E o primeiro lugar seria a casa de seus pais.

Estacionou o carro de qualquer maneira na garagem aberta e andou à passos largos para a casa dos fundos, onde a família Hyuuga morava. De relance, ele pôde ver sua mãe regando seu roseiral, porém seu foco estava em rever Hinata em primeiro lugar.

Chegando à entrada da pequena casa branca, começou a bater insistentemente até ver o rosto emburrado de Hanabi.

— Está querendo derrubar a porta, Uchiha? — Afiada, Hanabi nunca perdia o momento da ironia. — Está no caminho certo, pois está bufando como o lobo mau.

— Sua irmã. — Respirando fundo para não perder a postura, Sasuke se limitou a recolher a informação que queria. — Onde ela está?

— Sua mãe veio me fazer a mesma pergunta ontem, imaginando que Hinata estivesse aqui. — A Hyuuga mais nova respondeu, cruzando os braços e se encostando no batente da porta. — Hinata me respondeu umas mensagens dizendo que está bem, mas não disse aonde está.

Tsc! Passando as mãos pelo cabelo, Sasuke achou melhor ir até a mansão para tentar ligar para Hinata novamente. Porém, antes de dar mais um passo, outra voz forte o impediu:

— O que foi que você fez com a minha filha?

Atrás de si, Hiashi Hyuuga parecia trazer a mesma cara feia de sempre, porém, desta vez, seu olhar estava realmente com um brilho estranho. No entanto, Sasuke não dava a mínima para o que aquele velho pensava.

— Eu não fiz nada. — O Uchiha respondeu, colocando as mãos nos bolsos da calça — Mas aquele babaca do ex. dela fez. Por que não pergunta pra ele?

— Você a pediu em casamento! Você deveria cuidar dela. — Hiashi se aproximou, estreitando ainda mais seus olhos lilás acinzentados — Quero que se afaste da minha filha, Uchiha. Chega de causar mais mal a ela do que já causou na vida inteira!

— Posso garantir que cuidei melhor dela na minha vida inteira do que você jamais cuidou!

Sasuke sempre soube que Hiashi precisava enxergar a verdade, assim como também sabia que ele nunca receberia bem aquela visão. Porém o que ele não esperava é que o velho motorista tivesse a coragem para se adiantar sobre ele e lhe desferir um belo soco no olho. No segundo seguinte, só conseguiu perceber sua mãe e Hanabi se interpondo entre ele e o Hyuuga mais velho.

— Como você ousa?! — Hiashi bradou com seus olhos pegando fogo.

— Você nunca cuidou da Hinata! — Esquecendo-se de tudo, Sasuke desatou a falar tudo o que aquele homem precisava ouvir. — No momento em que a sua filha mais precisou você quase a escorraçou de casa, acreditando que ela seria capaz de tentar seduzir um pervertido como Hidan! Ela sofreu um abuso e cresceu com a imagem de que sempre estava errada na história e por isso acabou se envolvendo com o imbecil do Uzumaki. — Afastando-se um pouco mais, o Uchiha conseguiu perceber a surpresa nos olhos claros do mais velho — Se você tivesse ficado do lado dela, talvez Hinata nunca tivesse feito todas as escolhas erradas de sua vida!

— Sasuke, por favor, já chega! — Mikoto suplicou, olhando desesperada do filho para o motorista.

— Sim, já chega. — O Uchiha levou a mão ao olho que começava a latejar. — Apesar de tudo, Hinata não gostaria que seu pai se machucasse.

E sem dizer mais nada, Sasuke virou de costas e rumou para a mansão, sendo seguido de perto por sua mãe. Era hora de ir procurar em outro lugar.

Hanabi pegou a mão trêmula do pai e o puxou para dentro, murmurando qualquer coisa sobre pegar uma bolsa de gelo. Porém Hiashi já não escutava mais nada, sua mente presa no looping de acusações de Sasuke.

~*S2*~

SÁBADO. 30 DE JULHO DE 2016

Sasuke

Chamada de voz perdida às 7:53

Entendo que está chateada, mas se esconder e não responder minhas mensagens não resolve. Minha mãe e Hanabi disseram que está bem, mas quero, PRECISO, escutar a sua voz. 8:38

Só quero uma chance de me explicar. 8:39

Hanabi

Chutaria as bolas do Sasuke quando apareceu na mansão hoje se ele ainda as tivesse. O homem está mal, nem parece o Uchiha prepotente que amamos. 9:03

Papai não diz, mas vejo que está preocupado com você. Ele e Sasuke se desentenderam agora de manhã. A coisa ficou feia mesmo... 9:05

Pelo amor, mulher, me fala o que está acontecendo! 9:10

~*S2*~

Hinata foi despertada pelo telefone. De inicio o ignorou, imaginando que era Sasuke ou mais alguém opinando sobre sua vida. A insistência a fez pegar o celular para desliga-lo, porém, ao ler a palavra na tela engoliu em seco. Pai.

Deveria ter antecipado aquele telefonema, Hiashi Hyuuga não era adepto de mensagens e com certeza aproveitaria a chance de mostrar, novamente, o desagrado com sua fracassada filha mais velha.

Não atender seria a saída fácil, porém, temporária e desnecessária. Ele insistiria até ser atendido. Assim era seu pai quando queria lhe passar um sermão, persistente.

— Bom dia, pai!

O que pensa que está fazendo, Hinata? — Nem mesmo uma simples saudação antes da reprimenda, percebeu chateada. — Não te criei para sumir diante dos problemas. — Claro que criou! Baixar a cabeça era o mesmo, não era? Segurou a resposta seca na ponta da língua e aguardou paciente o restante do descarrego. — Deixar todos preocupados é infantil e irresponsável. Viesse para casa! Somos sua família e, por pior pai que eu seja, te receberia e protegeria.

Foi à mágoa no tom de voz de seu pai que fez a armadura de Hinata ruir. Pela primeira vez, sentia que estava preocupado com ela. Mordeu o lábio, sentindo a garganta arder.

Era um fato que não fora para a mansão por medo da reação do pai. Dois noivados rompidos em menos de dois meses devia ser um recorde, e não de um jeito positivo. Temera que isso fosse ressaltado e arremessado em sua cara pelo pai.

— Você não é um pai ruim... — minimizou com brandura.

Foi isso que aquele menino petulante me fez enxergar. Se eu fosse bom você estaria aqui, não com estranhos.

— Quem falou isso? — Era uma pergunta cuja resposta conhecia. Ouvira milhares de vezes o pai se referir assim somente a uma pessoa.

Sasuke. Cobrei que se afastasse de você, a deixasse em paz, lhe disse que já lhe fizera mal o suficiente com o que eu achava ser um relacionamento descabido — Hinata ficou agradecida pelo pai, finalmente, ter ficado do lado dela, embora um incomodo a tomou pelo relacionamento descabido. — Ele me disse umas coisas...

— Sasuke não é ninguém para dizer nada para o senhor! — interrompeu com a raiva pelo Uchiha ofender seu pai borbulhando nas veias. — Não fui para casa, porque sabia que ele apareceria por aí. — Meia verdade, o suficiente para acabar com qualquer impressão errada causada pelo Uchiha.

Só isso não teria te impedido.

Não. Isso era incontestável, por isso preferiu o silêncio.

Se sua mãe estivesse aqui, ela saberia cuidar melhor de você e sua irmã.

Hinata continuou calada por não concordar. Recordando a relação dos pais, percebia como a mãe obedecia cegamente Hiashi, até mesmo quando sabia que ele estava errado. Por isso enveredou pelo que considerava seguro ao afirmar:

— Pai, o senhor faz o melhor que pode, nunca duvide disso.

Farei melhor daqui em diante — ele prometeu.

Mesmo com toda dor que dilacerava seu coração, as palavras de Hiashi levaram um sorriso aos lábios de Hinata. Pela primeira vez não sentia que o decepcionara.

~*S2*~

Tenten

Um Sasuke de olho roxo veio desesperado atrás de você, e ele não acreditou que não está conosco. Neji o expulsou. Agora EU estou preocupada. Dê notícias, apareça aqui em casa. 10:41

Hinata

Estou bem. Só preciso de uma ajuda. 10:42

Tenten

Pode pedir! 10:43

~*S2*~

A primeira coisa que notaram foi o novo corte de cabelo. Hinata percebeu que Tenten e Neji ficaram chocados, mas — para seu alívio — nenhum deles externou os pensamentos.

Agora que a raiva apaziguara, uma ponta de arrependimento sempre batia quando levava as mãos ao cabelo e encontrava o trajeto interrompido pelos fios absurdamente menor. Empurrando o desconforto para longe, apresentou os amigos, antes de levar o primo até o quarto que ocupava para deixar a mala com suas roupas.

— Sasuke queria saber em que lugar você estava — disse Tenten ao retornarem para a sala. Hinata ficou alarmada, mas Neji rapidamente a tranquilizou.

— Ele insistiu, mas não dissemos. — Diante do rumo do assunto, foi inevitável Neji questionar: — O que houve?

— Nós nos desentendemos. Algo definitivo. — Não querendo entrar em detalhes, que só aumentariam sua vergonha com toda a situação em que se metera, Hinata preferiu ser evasiva. — Por favor, não quero falar sobre isso.

— Sempre fui contra esse relacionamento. Achei que ele só estivesse brincando com você como sempre fez — Neji declarou para angustia de Hinata. — Porém, odeio admitir: vendo-o devastado, não muito diferente de você, e se corroendo de preocupação, me pareceu sincero ao dizer que quer reparar as coisas entre vocês.

Hinata duvidou. No mínimo, Sasuke não queria ser aquele que é largado. Pensou em negar que estivesse mal, no entanto, com Neji observando com pena seu novo corte de cabelo, receou ter de ouvir como ele chegara a essa conclusão.

— Não há alguma chance de se acertarem? — Tenten perguntou, querendo que Hinata pesasse seus sentimentos por acreditar nos sentimentos de Sasuke por ela.

— Não! — respondeu taxativa e irritada por estarem do lado de Sasuke.

O olhar zangado surpreendeu Neji, que jamais vira tamanha raiva no rosto da prima. Nesse momento, Lean se remexeu desconfortável, seus ruídos irritadiços fazendo Tenten perguntar se podia usar o quarto que Hinata para cuidar da filha.

— Eu faço isso — Neji se ofereceu. Percebendo que ele acreditava que podia arrancar mais que poucas palavras de Hinata, Tenten assentiu entregando a menina. — Vocês podem me trazer a bolsa, por favor — Nej pediu para Shino e Kiba.

O Inuzuka estava a ponto de questionar, mas Shino o puxou, concordando pelos dois. Mesmo confuso com a necessidade do Hyuuga precisar de duas pessoas para carregar uma bolsa de fraldas e mamadeiras, Kiba os seguiu.

Apesar de supor que Neji queria que arrancasse o motivo do rompimento, Tenten, por experiência, sabia que era necessário respeitar o tempo de cada um. Quando Hinata quisesse desabafar, estaria a postos, mas até lá, garantiria que a Hyuuga tinha alguém em quem confiar, uma amiga disposta a ouvi-la e ajuda-la a trilhar os caminhos difíceis.

— O que pretende fazer daqui em diante? — Tenten perguntou após perdê-los de vista.

— Não sei... — respirou fundo. — Não me sinto mais a pessoa que era antes de trabalhar para o Uchiha. Não sei se quero voltar a ser governanta de alguém, dormir na casa de alguém, cuidar do lar dessa pessoa, quando... — conteve a vontade de chorar. — Eu sempre pensei nessa função como uma passagem para a vida que eu teria ao casar...

— Oh, Hina! — Tenten lamentou segurando a mão da Hyuuga entre as suas para transmitir força e aconchego.

— Está tudo bem! — assegurou forçando um sorriso, mesmo com os lábios trêmulos não o sustentando por mais que alguns segundos. — Só preciso de um tempo para me acostumar. Mas, não serei mais governanta, embora seja a função em que me especializei e é tudo que sei fazer — observou desanimada. — De qualquer forma tenho uma boa poupança, o suficiente para não precisar trabalhar por um tempo enquanto me decido.

— Caso não considere indiscreto, e não é obrigada a responder: quanto tem? — Hinata falou o valor e Tenten ficou pasma.

— Não tive muitos gastos no meu antigo trabalho, nem no atual — Hinata explicou. — Guardei tudo.

— Com bem menos meus tataravós montaram o antiquário que é fonte de renda da minha família até hoje — comentou, tendo uma ideia para motivar e ajudar Hinata. — Pode abrir seu próprio negócio, talvez uma doceria. Os bolos que costuma me dar são divinos.

— Não sei se gostaria de trabalhar com isso...

— E com o que gostaria?

— Durante o tempo que trabalhei na casa da minha antiga contratante precisei de serviços terceirizados e escutei muitas reclamações — respondeu após pensar um pouco na questão. — Sempre tive vontade de pagar melhor as pessoas que, como eu, trabalham fornecendo serviços. Fora que odiei a forma que me trataram na agência quando precisei de um novo emprego, ignorando os cursos que fiz e os anos de trabalho por causa de um tal de perfil que até hoje não me explicaram porque não me encaixo.

— Faça isso. Monte sua própria empresa de serviços terceirizados — incentivou. —Você conhece muitas pessoas no ramo, não é.

— Algumas... Mas não sei se aceitarão.

— Com a sua experiência pode ensinar novos funcionários. — Tenten minimizou com um abano de mão.

— Parece complicado.

— Cuidar das necessidades de alguém praticamente 24 horas me parece bem mais. — Tenten murmurou ao ouvir Kiba gritar alguma coisa sobre como um ser tão pequenininho podia fazer tanto cocô. Ambas riram, mas continuaram sentadas no quarto.

— Digo, a parte legal. Não entendo nada de empresas, como abrir uma, administrar — Hinata explicou, a ideia atraindo-a ao mesmo tempo em que encontrava os empecilhos. — E precisaria de um lugar para a empresa.

— Hina, se eu fui capaz de cuidar das contas da loja da minha família, utilizando a experiência passada de pai para filha, com seus cursos e domínio do assunto tenho certeza que você vai arrasar! — A Mitsashi atiçou percebendo que, mesmo relutante, Hinata gostava da ideia. Seu rosto adquirira um brilho de esperança, afastando os sinais de tristeza de instantes antes. — Quanto à parte legal, o Neji te ajuda.

Quando Neji retornou com Kiba aterrorizado e um Shino abobalhado brincando com Lean, Hinata se apressou a pedir sua ajuda.

— Empresa? — O primo a olhou intrigado.

— Um pequeno negócio de serviços terceirizados — disse sentindo as bochechas corarem, um misto de timidez e empolgação. — A Tenten sugeriu, gostei da ideia, de verdade.

Neji a observou, percebendo que o assunto afastara a melancolia do rosto da prima.

— Fale mais — pediu, disposto a fazer o que fosse preciso para tornar os planos da prima uma realidade.

~*S2*~

Mikoto

Chamada de voz perdida às 17:21

Filha, por favor, ligue-me ou diga como encontra-la. Preciso falar com você pessoalmente. 18:38

Sasuke

Chamada de voz perdida às 23:57

~

DOMINGO. 31 DE JULHO DE 2016

Sasuke

Sinto sua falta. 00:45

~*S2*~

Massageou a têmpora, a dor pungente o levando de volta para a discussão na casa dos Hyuuga. Hiashi tinha uma boa direita. Tudo que precisava após brigar com Hinata era o ódio declarado do pai dela. E depois ainda discutira com Neji, quando ele apareceu em sua casa para pegar algumas roupas de Hinata. Dessa vez, o choro do bebê o impediu de tomar outro soco.

Tombou a cabeça no encosto do sofá se censurando ao mesmo tempo em que não se arrependia de nada que havia dito. De qualquer forma, Hiashi e Neji nunca foram seus aliados e, depois de ter praticamente dito que o sogro era um péssimo pai, mencionando a dor e o trauma que causara ao não ficar ao lado da filha na agressão sexual, duvidava que conseguisse qualquer apoio no futuro.

E Neji nunca teceu um só elogio a sua pessoa. Na família Hyuuga — baseado na forma que o olhara após a conversa que tivera com Hiashi — a única pessoa que não parecia querer degola-lo era Hanabi.

Sasuke levantou do sofá ao ouvir o som da fechadura sendo destrancada, a esperança de ver Hinata tão forte que quando viu sua mãe atravessar a porta desmoronou, jogando-se de volta ao lugar, um braço tombando sobre seus olhos.

— Ah, meu bebê!

Sasuke ignorou o apelido, mas sequer mostrou qualquer reação quando Mikoto o puxou de forma que repousasse a cabeça em seu colo, as mãos passeando por seus cabelos como fazia quando ele era criança.

— Oh, querido! Beber não vai trazê-la de volta.

Sasuke olhou para a garrafa de whisky aberta sobre a mesa de centro e depois ergueu os olhos negros para sua mãe.

— Foi só um copo, menos que isso.

Ela não pareceu acreditar, mas Sasuke estava sendo sincero.

Logo que o líquido ardente desceu por sua goela, a imagem de Hinata repreendendo por ficar bêbado lhe veio à mente, junto com o medo de que quando ela aparecesse estivesse alto demais para conversarem, o fez largar a bebida pela metade junto à garrafa. Precisava estar sóbrio para convencer Hinata a ficar com ele.

— Ela respondeu alguma de suas mensagens, filho?

— Não.

Sasuke não sabia o que era pior: ela visualizar suas mensagens e não responder, ou ter entrado em contato com todo mundo menos com ele. No dia anterior até tivera de aguentar saber que Neji e Tenten iriam ao lugar em que ela estava enquanto ele continuava no escuro.

— Em algum momento a raiva passará e você poderá pedir perdão e dizer como se sente, filho, como sempre se sentiu.

— Não pretendo pedir perdão — retrucou, surpreendendo a matriarca.

— Não? — Os carinhos cessaram e Sasuke enfrentou a expressão contrariada de sua mãe. — E o que pretende falar quando conversarem?

— Ainda não decidi, mas com certeza não tenho do que me desculpar.

Mikoto respirou fundo, tentando acalmar os nervos. O orgulho Uchiha, às vezes, era exasperante.

— Querido, você incentivou o Naruto a trair a Hinata?

— Quem te disse isso? — Sasuke se sentou.

— Isso não tem importância agora. Incentivou ou não?

— Dormir com a Sakura foi escolha dele não minha.

— Pretende dizer isso a Hinata? — Questionou incrédula. Quanto mais escutava, mais segurava a vontade de chacoalhar o filho para que compreendesse que a teimosia não faria Hinata voltar.

— Pretendo fazê-la entender que está melhor comigo do que com aquele babaca — respondeu irritado. — Não pedirei desculpas pelos erros dele.

— E pelos seus?

Pelo olhar de Mikoto, Sasuke percebeu que perdera mais uma aliada. Ótimo!

Tinha mais pessoas contra ele, do que a favor, sendo pouco a pouco soterrado pelo castelo de areia que construíra em torno dele e de Hinata. Ela não lhe pertencia, jamais pertenceria e era perda de tempo fantasiar com o que não podia obter.

~*S2*~

"Se isso adianta alguma coisa: eu sinto muito pelo rumo que as coisas levaram. Por favor, me dê uma chance te explicar tudo."

O polegar de Sasuke flutuou acima do ícone enviar, coçando de esperança de que aquelas palavras alcançassem o coração da Hyuuga. Em seguida, se moveu para apagar a mensagem, decidindo dar um tempo para Hinata pensar, sem pressão.

Jogou o celular ao seu lado no sofá. Não sabia por que insistia. Ela deixava claro que não suportava nem mesmo responder uma mensagem dele. O melhor seria desistir de uma vez por todas. Era loucura.

Mentira. Ele sabia.

Queria só uma chance de se explicar, dizer que não planejara acabar com o noivado dela. Era isso que mais o preocupava. Ela achar que ele deliberadamente desejou todo o sofrimento que ela tivera desde o fim do relacionamento com Naruto só para leva-la para a cama.

O interfone tocou e, apesar da improbabilidade, Sasuke correu para atendê-lo na esperança de que fosse Hinata. O porteiro solicitava passagem para Gaara Sabaku.

Não queria falar com ninguém, mas o sócio devia ter algo importante a falar uma vez que em dois anos podia contar nos dedos de uma mão quantas vezes o procurara ali, por isso o deixou subir. Arrependendo-se no momento em que abriu a porta e viu, logo atrás do Sabaku, Naruto Uzumaki.

— O que diabos ele está fazendo aqui? — perguntou avançando em direção ao loiro.

— Calma amigo! — Gaara exigiu se colocando entre eles. — Fica frio aí...

— Sei que sou a última pessoa que você quer ver... — Naruto começou a dizer.

— Acertou, miserável! — cuspiu furioso.

Naruto podia não ter planejado o evento para separa-lo de Hinata, mas contribuíra ao não dizer os fatos como realmente ocorreram. Isso tinha feito com que se sentisse culpado, pois, do mesmo jeito que ele queria ser feliz com Sakura, desejava do fundo do coração que a ex. noiva fosse verdadeiramente feliz com quem escolhesse.

— Vim pedir desculpas, Sasuke.

— Enfia suas desculpas no...

— Essa briga infantil e unilateral passou dos limites! — Gaara interrompeu irritado com o comportamento do amigo. — Primeiro nos ouça, depois esperneie, Uchiha.

— Não tenho nada a falar com esse idiota e estou pouco ligando para qualquer trabalho futuro para a Namikaze!

— Mas deve querer saber como Hidan armou toda aquela situação. — Gaara retrucou, dando um olhar significativo para o amigo. — Perder alguns minutos com a gente não fará mal algum.

O interesse de Sasuke e a necessidade de buscar na estratégia de Hidan uma forma de revidar, o fez deixando-los passar. Seguindo até o sofá, Gaara retirou o celular do bolso, o ligou e estendeu para o Uchiha.

— Olhe isso — pediu ao sentarem, cada um dos amigos em uma ponta do sofá e ele ao meio, pronto a intervir caso Sasuke extravasasse toda a raiva que queimava em seus olhos. — O que aconteceu ontem está circulando nos piores sites de fofocas, a imagem da Yoshiaki foi maculada, exatamente como Hidan queria.

Sasuke leu superficialmente, passando o olhar pelas fotos de tudo que fizeram no evento, em especial a briga dele, a raiva por Hidan aumentando ao ver uma em que Hinata fugindo dele.

— Tudo foi feito para que agredíssemos o Hidan, de forma que ele se saísse como vítima. — Gaara falou.

— Qualquer um que saiba que espécie de lixo o Hidan é, vai me agradecer pelo que fiz. — Sasuke retrucou com escárnio.

— Não importa o quem Hidan é no particular, no nosso meio o importante é as aparências — Gaara ressaltou pegando seu celular de volta. — Nesses sites enfatizam que ele é um homem de negócios integro, vice-presidente das empresas Sabaku. Nós somos donos de uma empresa que ainda engatinha no mercado. Eu sou o filho renegado e viciado. Você um aclamado Don Juan irresponsável.

— Crê que isso afetará a empresa?

Gaara assentiu.

— Essa foi uma das intenções dele. Prejudicar eu e a Temari, que temos a empresa como única fonte de renda — disse com um respiro frustrado: — No seu caso ele foi além o atingindo no âmbito pessoal. Deve ter percebido que, mesmo se a Yoshiaki falir, você tem um lugar garantido nas empresas da sua família — ressaltou, ao que Sasuke concordava, mesmo decidido a redobrar os esforços para jamais necessitar precisar recorrer a isso. — Em algum momento, provavelmente depois de você ter socado ele na Yoshiaki, Hidan decidiu colocar espiões atrás de nós e das pessoas próximas.

— Diz isso pelas fotos?

— Digo por que ele tinha uma pessoa seguindo a Hinata — ele respondeu, direcionando a cabeça para o Uzumaki. — Por isso Naruto está aqui.

— Conheci o segurança com o cachorro antes do evento — Naruto explicou ao perceber que era sua hora de falar —, e, pela forma que falou com Hinata e Sakura, suspeitei que também as conhecesse. — Coçou a nuca incomodado com o olhar atravessado do Uchiha, mas se obrigando a continuar. — Sakura me disse que conversaram quando entregou os convites do evento na Yoshiaki. Ele a sondou sobre a gravidez. Fez algo parecido comigo semanas antes.

— Exatamente como? — Sasuke estreitou os olhos para Naruto.

— Hinata me chamou para um encontro — O Uzumaki contou recebendo um resmungo descontente do Uchiha. — Nós conversamos e depois que ela foi embora. Fiquei no bar tomando uns drinques. Esse cara apareceu, começamos a beber e conversar. Contei que a Hinata era minha ex, que eu tinha estragado tudo ouvindo um conselho de bêbado — outro som irritado e Naruto percebeu que Sasuke segurava a vontade de avançar sobre ele — e mesmo assim ela me perdoou e desejava minha felicidade com a mulher com a qual a trai. Ele continuou a fazer perguntas...

— Espera! — Sasuke o encarou com confusão, pois a história de Naruto não batia com o pouco que sabia através da Hyuuga. — Hinata desejou sua felicidade com a Sakura nesse encontro?

— Sim. Aconselhou-me a buscar a felicidade ao lado da Sakura e do meu filho — confirmou com um sorriso amplo. — Meu anjinho tem bom coração.

— Ela não é seu anjinho! — Sasuke disse com tamanha raiva que Naruto se apressou a retificar.

— Perdão é o costume....

— Desacostume-se, Uzumaki! — ele exigiu entredentes. — Para todos os efeitos, Hinata ainda é minha noiva!

— Voltemos ao assunto — pediu Gaara ignorando os ânimos exaltados do Uchiha. — Esse cara fez que tipo de pergunta?

Naruto coçou a nuca, a inquietação e desconforto dominando-o.

— Muita coisa, conversamos por um bom tempo.

— E você cantou como um passarinho, me culpando por trair a Hinata — resmungou Sasuke.

— Não te culpei! — o loiro negou de imediato. — Juro que não fiz isso. Só falei que tinha bebido além da conta e não pensei ao seguir o conselho de um amigo.

— Vamos deixar uma coisa bem clara de uma vez por todas: Não sou culpado pelas suas merdas — Sasuke esbravejou exasperado. — Se eu tivesse todo esse poder de persuasão, acredita mesmo que deixaria você tocar a Hinata e fazê-la de idiota por seis anos? — Naruto não respondeu e Sasuke continuou irritado. — O que eu disse não te fez trair a Hinata. Você já beijava a Sakura muito antes disso. Só usa a desculpa de conselho de bêbado para mascarar as suas ações. Jamais amou a Hinata, por isso a traiu.

— É verdade — Naruto disse após um longo respiro, a culpa golpeando-o.

A aceitação de Naruto fez a raiva de Sasuke diminuir. Foi inevitável desejar que Hinata aceitasse os fatos tão bem e rapidamente quanto o Uzumaki.

— Se Hidan teve a capacidade de manter uma pessoa de olho na Hinata, é certeza que tem alguém seguindo eu, você, a Temari e pessoas próximas a nós.

— E o que fazemos? Esperamos ele destruir nossas vidas? — Sasuke questionou exasperado.

— Não sei — Gaara respirou fundo, não vendo como resolver a situação. — Hidan é escorregadio. Vai ficar enfurnado no buraco por um tempo, juntando informações e de repente sair para bagunçar nossas vidas de novo.

— A minha ele já bagunçou o suficiente — Sasuke deslizou os dedos pelos fios. — O desgraçado colocou a Hinata contra mim.

— Ajeitaram as coisas com uma longa conversa — Naruto disse atraindo o olhar irritado do Uchiha

— Acha que não tentei conversar? Ela sequer atende minhas ligações. E toda vez que conversamos acabamos brigando.

— Confesse que a ama — aconselhou Gaara.

Sasuke riu. Um riso fraco e aguado.

— Mesmo que gritasse promessas de amor, Hinata não aceitaria, pois é ele que ela ama — disse apontando para Naruto. — Sempre vai amar ele.

— Ela disse isso? — Gaara questionou, duvidando que a Hyuuga aceitaria casar com Sasuke sem sentir nada por ele.

— Não precisa. Está nos olhos dela, na forma que fala dele — respondeu sem ânimo. — Ele a magoou, a trocou as vésperas do casamento e embuchou outra antes mesmo que ela se acostumasse com a ideia de ser chutada. Mesmo assim é com carinho que ela fala dele, defendendo e admirando apesar da traição. É óbvio que ainda o ama — concluiu evitando cruzar o olhar com os outros dois.

— Eles estiveram juntos por muito tempo.

— Eu a conheço desde que nasceu.

— E a tratou mal esse tempo todo — Gaara ressaltou.

— Obrigado! Havia me esquecido desse detalhe — resmungou destilando sarcasmo — Explica muita coisa.

— O que quero dizer é que ela não tem nenhum motivo para acreditar que será diferente das outras com quem saiu. — O ruivo tornou a dizer, ponderando suas palavras. — Você terá que mostrar que será, dizer.

— Hinata não consegue ficar com raiva por muito tempo — Naruto frisou.

— Ela não fica com raiva de você.

— Então conversarei com ela, direi para escuta-lo, que você não tem culpa do que eu fiz.

— Faria isso? — Questionou descrente, uma vez que nos últimos anos deixara óbvio seu desprezo pelo Uzumaki.

— Somos amigos — Naruto respondeu com um sorriso vacilante. — Se eu soubesse que gostava dela, jamais teria a pedido em namoro — O loiro garantiu. — Estou em dívida contigo. O que eu puder fazer para que se acertem, farei.

— Em dívida comigo? — Sasuke o olhou como se tivesse ficado louco.

— Mesmo que minha vida tenha mudado drasticamente, o seu conselho de bêbado me salvou de cometer um erro maior — Naruto confessou ampliando o sorriso. — Quando voltarem, só peço que cuide da Hinata. Ela merece alguém que a ame de verdade.

A pequena chama de esperança voltou a brilhar enquanto Sasuke assentia.

~*S2*~

Mikoto

Chamada de voz perdida às 13:49

Filha, sei que Sasuke cometeu um erro, mas ele merece uma chance para se explicar. Conversem. 13:57

Naruto

Precisamos conversar sobre o que o Hidan e aquele cara esquisito falaram. 14:02

~*S2*~

Hanabi

Descobri. 20:12

Ok. Mikoto descobriu e me contou. Ela acha que eu sei onde você está. 20:14

Se eu soubesse estaria aí puxando suas orelhas. Mana, sério que o motivo é o mala sem alça? 20:20

Hinata

O motivo é que Sasuke aconselhou o Naruto a me trair. 20:23

Hanabi

Se eu te aconselhar a pular da ponte, você pula? 20:27

Jesus amado, Hinata, eu te amo... Mas como você é burra! 20:28

~*S2*~

Hinata largou o celular do seu lado no sofá. Estava farta das mensagens que recebia desde que procurara abrigo na casa de Shino e Kiba. Todos tinham uma opinião a dar e a maioria estava do lado de Sasuke.

Tinha coisas mais importantes para pensar e fazer: como a empresa que abriria. Enquanto todos perdiam tempo defendendo Sasuke, ela passou o dia fazendo contas, anotando e analisando tudo o que o primo dissera que precisaria para colocar seus planos em ação.

Concentrada nem viu a passagem de tempo até notar que a escuridão do lado de fora, quando Kiba, arrumado para sair e envolvido por uma nuvem de perfume, entrou no quarto.

— Vamos ao show de um amigo — Kiba contou sorridente. — E você vem com a gente.

— Não tenho o que vestir.

— Bobagem! Ninguém vai reparar nas suas roupas no lugar em que vamos — Kiba envolveu os ombros da Hyuuga com um braço e a fez se afastar da escrivaninha em que ficara debruçada por horas. — Tenha uma noite descontraída com seus melhores amigos.

Hinata sorriu, contente pela empolgação do Inuzuka e por ser nominada como melhor amiga.

— Vou atrasa-los...

— Esperamos.

Kiba continuou a insistir até — vencida — Hinata concordar.

~*S2*~

O taxi parou em frente a um clube com um enorme luminoso no formato de Hibisco, nome que batizava o lugar. Hinata ficou fascinada pelas cores e alegria que a boate emanava.

Do lado de fora a movimentação era intensa. Pessoas, a maioria homens, conversando, rindo, flertando. Do lado de dentro o lugar era semelhante à outra boate em que os amigos a levaram. Imediatamente foi sufocada pelas lembranças de como aquela noite, semanas antes, terminara, fazendo crescer a vontade de voltar para o quartinho que ocupava e chorar.

Aguentando firme se deixou conduzir cada vez mais para dentro, observando que, diferente do outro estabelecimento, na parte de trás desse havia uma área de apresentação, um grande palco com cortinas de vermelhas dominando o ambiente, sendo cercadas de mesas e cadeiras, algumas já ocupadas.

— Venha! — Kiba chamou enlaçando seu braço com o dele. — Conhecemos o dono do lugar e a atração principal.

— Kiba, não acho uma boa ideia — Shino se opôs, e não pela primeira vez.

Desde que aparecera na sala pronta para acompanha-los, o Aburame parecera incomodado e relutante leva-la a boate.

— Por quê? — Kiba questionou arrastando Hinata para os fundos, até a área dos camarins.

Shino falou algo que se perdeu no burburinho em volta deles. Logo Hinata se viu passando por um enorme segurança e entrando em um local colorido com bonecos em um canto, vestes femininas, estantes com sapatos, muita iluminação e cores.

Ao centro uma pessoa terminava de se maquiar. Seu longo cabelo azul marinho estava armado e sustentando uma coroa de conchas e brilhantes. O rosto totalmente maquiado, lábios roxos, sombra preta esfumaçada nos olhos, cílios postiços e muito brilho e pequenas pedras em volta dos olhos.

Sentado do seu lado um homem de cabelo ruivo e olhos aquamarine parou de falar para encarar Hinata com surpresa semelhante à dela. O que Gaara Sabaku fazia em um clube gay, sozinho no camarim de uma drag queen?

— Hinata? — Ele se levantou.

— Era sobre isso que queria te alertar, Kiba... — Shino falou. — Que talvez Kankuro, sendo irmão do sócio do Sasuke, conhece-se Hinata — explicou ajeitando os óculos. — Mas não imaginei encontrar o Gaara.

Hinata o olhou confusa. Não conhecia Kankuro e nem sabia o que o irmão mais velho de Gaara tinha haver com a situação, mas um fato lhe chamou a atenção.

— Vocês conhecem o Gaara?

— Foi o Kankuro que nos apresentou o Gaara e o Sasuke — Kiba contou, percebendo que, em sua empolgação, esquecera esse detalhe. — Me desculpe, Hina! — sussurrou, temendo que sua falta causasse um encontro que ela não queria.

Hinata minimizou a situação, mas interessada no Sabaku.

— A Ino está aqui também?

— Mas que modos, hein? Já que ninguém vai nos apresentar, eu mesma faço isso! — A drag se levantou, sua alta estatura, somada aos saltos, obrigando Hinata a olhar para cima. Com um longo vestido azul marinho estilo sereia cravejado de brilhantes e luvas rendadas até os cotovelos, ela era definitivamente deslumbrante e sabia disso mantendo uma posse que ressaltava suas curvas. — Aisha Nayir, irmã do Gaara. Hinata, ouvi falar muito de você nos últimos minutos.

— De-desculpe, mas... — Hinata a encarou com confusão. — Que eu saiba, Gaara só tem uma irmã, Temari.

Aisha abriu um sorriso, parecia aguardar que Hinata dissesse mais algo, porém a Hyuuga não tinha ideia do que seria.

— Quando estou montada, ele tem duas, flor.

— Aisha e Kankuro são a mesma pessoa — Gaara explicou.

— Ah...! — Hinata soltou embasbacada, olhava de um para o outro, ainda processando a informação. — Ah, nossa...!

Nunca tinha sido apresentada ao irmão mais velho de Gaara, sabia por alto que ele fora expulso de casa pelo pai severo. Agora sabia o motivo.

— Consigo compreender o temor do Uchiha — Aisha disse para Gaara.

A menção do sobrenome fez a tensão empurrar a surpresa para longe, deixando-a imediatamente irritada.

— Aisha, as cortinas se abrem em cinco minutos — Avisou um homem depois de abrir a porta do camarim, lançando um olhar indagador para o grupo. — Suas visitas podem aguardar depois do show.

— Hora de arrasar! — Aisha vibrou dando uma última olhada no espelho. — Os vejo nas primeiras filas, e isso o inclui maninho.

Hinata fez menção de sair, mas Gaara segurou sua mão.

— Precisamos conversar — ele disse e sem aguardar a resposta dela pediu: — Aisha me cede o camarim, por favor?

— É todo seu, querido! Mas nada de furar o olho do amiguinho, viu? — ela disse lançando um beijo voador antes de partir com Shino e Kiba, esse último sussurrando que ficaria do lado de fora, ao que Hinata agradeceu pela força.

Sozinhos, Hinata percebeu que Gaara a observava, os olhos claros se demorando nos fios curtos, a estranheza presente em suas feições.

— Se quer defender seu amigo, melhor esquecer — A Hyuuga informou querendo sair. — Só aceitei escuta-lo para pedir que não conte com quem estou.

— Não direi e nem tenho intenção de interferir — Gaara disse indicando a cadeira que Aisha ocupara. — Sente-se, por favor.

— Podemos terminar isso logo? — perguntou ao sentar, o nervosismo fazendo com que apertasse as mãos sobre o colo. Queria voltar para a segurança que os amigos forneciam. — Seu... Sua irmã ficará magoada se perder o show dela.

— Serei rápido — ele prometeu. — O que aconteceu na sexta foi uma armação do Hidan. Estou aqui justamente para alertar meu irmão do perigo que ele nos representa — explicou, completando em favor do Uchiha — Ele deseja nos prejudicar e manteve uma pessoa seguindo o Sasuke, que em algum momento percebeu que você era o ponto fraco dele.

— O Hidan mandou o Naruto me trair? — Hinata questionou irônica, ignorando a teoria da conspiração narrada pelo Sabaku.

— Deveria conversar com o Sasuke — Gaara aconselhou.

— Odeio o Sasuke e nunca mais quero colocar meus olhos nele!

— Sasuke parecia te odiar — Gaara comentou causando desconforto na Hyuuga. — Mas, recentemente, lembrei-me de quando você levava lanches para nós quando estudávamos na casa dele. Sasuke sempre soltava um comentário idiota para que você saísse rapidamente. E eu ficava me perguntando qual o motivo da aversão dele a uma garota tão gentil — Gaara encarou a Hyuuga que fitava as próprias mãos. — Esse tempo todo em que eu não encontrava um bom motivo para as atitudes de Sasuke e para o ódio dele pelo Naruto, a razão estava bem ao lado do Uzumaki.

Hinata ficou em silêncio, todos os músculos do corpo tensos, os ouvidos surdos às argumentações, justificativas ou qualquer coisa que Gaara falasse em benefício do Uchiha. Não cairia nessa armadilha novamente.

O Sabaku, percebendo que a Hyuuga não queria ou não estava preparada para ouvir nada sobre Sasuke, soltou uma última cartada.

— Ele quer casar com você, Hinata.... E isso diz muito mais que palavras.

~

Boêmia> prática de estilo de vida não convencional, alegre e despreocupado, muitasvezes na companhia de pessoas afins, com poucos laços permanentes.

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