Capítulo 13 - Não Confirmei
Na segunda de manhã, acompanhada por Sasuke e Shino, Hinata seguiu – quase – à risca os exercícios indicados. Quase, porque deixou Shino auxiliando Sasuke com pesos e escapuliu para observar Kiba instruindo crianças com idades variadas em sua aula de kickboxing. A sala em que ele ensinava ficava no fundo da academia, ao lado de outra sala na qual um grupo praticava ioga, ambas separadas do restante do local por paredes de vidro e porta de madeira.
Naquele dia, o Inuzuka usava um short vermelho e regata cinza com o nome da academia escrito na frente e "instrutor" nas costas. Hinata viu que ele tinha uma tatuagem monocromática de uma pegada canina no braço direto, no interior da imagem havia os traços de uma face canina e em baixo dois ideogramas em vermelho.
Hinata se sentou em um dos sofás redondos dispostos próximos das salas, atenta a forma que Kiba ensinava os pequenos alunos. Ele tinha um jeito especial de lidar com cada um, adaptando-se conforme a dificuldade e características dos alunos. Mesmo os mais retraídos eram incentivados pela animação e carisma do Inuzuka, como ocorrera com ela após conhecê-lo.
— Mais uma para o fã clube do filhotinho da academia.
Voltou-se para uma mulher, que sentou ao seu lado secando o rosto com uma toalhinha. Aparentava ter mais ou menos sua idade, o longo cabelo negro amarrado no alto da cabeça, o top e a legging de estampa de onça valorizando o físico tonificado com peitos avantajados, e a maquiagem em volta dos olhos claros e da boca carnuda continuava perfeita apesar do suor que escorria pela pele clara.
— Infelizmente, nosso belo cachorrinho é inalcançável. — A mulher a fitou fixamente. — Mas você tem seu próprio espécime... — Ela dirigiu o olhar faminto para Sasuke. — Um com pedigree e dentes afiados, se é que me entende.
Ela entendia, e exatamente por isso não gostava do jeito que aquela mulher falava e olhava para Sasuke. Presumiu que era uma das inúmeras "amigas" de Sasuke. Uma que não respeitava o fato de que – aos olhos de todos ali – ela era noiva do Uchiha.
— Oh, não precisa ficar com essa carinha, fofa! — disse a mulher encostando de leve os dedos com unhas rosa em seu braço. — Já marcaram a data do casório? Você sabe, tudo pode acontecer antes da cerimônia... Alguém mais interessante pode aparecer... — Hinata conteve a vontade de soltar algo ríspido, mas a mulher estava disposta a testar sua paciência. — Pelo menos, mais magra não é difícil encontrar — acrescentou desdenhosa olhando Hinata de cima a baixo com uma sobrancelha erguida.
Hinata empalideceu, recordando que seu casamento com Naruto fora cancelado por causa disso, uma mulher magra e desinibida apareceu e roubou seu noivo poucos dias antes da data marcada.
— Homens são volúveis, ainda mais um tipo sedento por sexo como o Uchiha — ela explicou deliciando-se com a lividez e tristeza de Hinata. — Desculpe-me, fofa, mas segurar um homem assim é impossível. Cedo ou tarde, casado ou não, eles procuram outra... e nem precisa ir muito longe — indicou com um sorriso cheio de maldade, a forma que dizia "fofa" deixando Hinata enojada.
Hinata levantou de um salto e, cega de raiva e humilhação, marchou na direção da saída da academia com o coração batendo veloz e a respiração difícil. Porém, antes de atravessar a porta, o zunido na cabeça – causado pela voz irritante daquela mulher – deu lugar à razão.
Por mais que não tivesse o corpo malhado e magro, Sasuke não cansava de dizer que o adorava. Corou ao recordar que na noite anterior ele beijara e acariciara cada uma de suas curvas enchendo-a de elogios. Se ele que, segundo aquela mulher horrorosa, saíra com diversas mulheres dali, não se importava com os excessos de seu corpo, então ela não deveria se abalar pelas palavras ferinas de uma desconhecida. Cansada de fugir, de ser acuada e virar chacota, deu meia volta, caminhando decidida até Uchiha.
Parado ao lado da esteira, concentrado no que Shino explicava, Sasuke a encarou interrogativo quando ela se colocou entre os dois. Sem pensar muito na repercussão, Hinata ficou na ponta dos pés e, mergulhando os dedos nos fios negros e macios do cabelo dele, o puxou para roçar sua boca na dele, a ponta da língua deslizando pelo lábio superior masculino.
— Vamos para casa, amor? — pediu carinhosa, o sorriso, pernas e mãos trêmulos denunciando seu estado de nervos.
Sasuke franziu o cenho e Hinata temeu que recusasse, mas um segundo depois ele sorriu de canto, enlaçou sua cintura e depositou um beijo estalado em sua boca.
— Seria louco se recusasse seus pedidos, meu amor. — ele disse com um brilho de diversão nos olhos antes de se voltar para Shino. — Nos vemos amanhã.
— Claro! — concordou Shino ajeitando o óculo escuro. — Você também Hinata. Não pense que não notei que escapou para olhar a aula do Kiba. — Assentindo, Hinata corou por ser repreendida, embora Shino não parecesse realmente ofendido pelo ocorrido.
Sasuke recolheu a mochila que levava com as coisas deles e voltou a colocar um braço em sua cintura para saírem. Antes de passar pela porta procurou pela mulher que a irritara antes, encontrando-a no mesmo lugar olhando para eles.
Só para mostrar que ela estava errada sobre seu noivado, Hinata puxou a camiseta de Sasuke de forma a fazê-lo olha-la e sorriu com candura, aninhado o rosto contra o braço dele. Sentiu-se vitoriosa quando ele se inclinou para beija-la um pouco mais demoradamente. Não precisava olhar para trás para saber que a mulher engolira seu veneno a seco.
Finalmente, dentro do elevador, Sasuke analisou Hinata intensamente.
— O que aconteceu?
— Gosto mais das aulas de kickboxing do que dos exercícios. — Com os olhos claros fixos na porta de metal, Hinata desconversou. — É cansativo ficar pulando de aparelho para aparelho.
— Se não gosta, fique só com as aulas do Kiba.
Negou sentindo a garganta travar ao lembrar o que ouvira.
— Eu preciso... meu corpo...
Sasuke a segurou pela cintura e a puxou contra o peito.
— Seu corpo é maravilhoso — sussurrou contra seu ouvido, apertando-a, depositou beijos de seu ombro até o pescoço. — Poderia me perder facilmente nele agora.
— Sasuke... — Hinata tentou se afastar ao ouvir a porta do elevador abrir e alguém entrar.
Mas Sasuke não a soltou e nem parou de beija-la, as mãos acariciando suas costas e a boca mordiscando sua orelha. Olhou apavorada um senhor parar ao lado deles, observando-os rapidamente e soltando um resmungo de reprovação antes de fixar-se no visor de andares.
Agradeceu mentalmente que o apartamento dele ocupasse todo o andar, pois, assim que saíram do elevador, Sasuke nem ao menos esperou a porta fechar antes prendê-la contra a parede, os lábios dominantes e famintos tomando os seus.
— Vamos tomar banho juntos... — Ele pediu com voz enrouquecida e desejosa. As mãos grandes a puxaram pelo quadril, o começo de sua ereção roçando a barriga feminina. — Assim mostro como seu corpo me excita.
Sorrindo com timidez e ardendo em volúpia, a Hyuuga assentiu, adorando que ele entrelaçou os dedos nos dela ao caminhar apressado em direção ao apartamento. Era um detalhe insignificante, levando em consideração que era um gesto tão falso quando o noivado deles, mas Hinata gostava quando ele era carinhoso com ela, quando dizia apelidos melosos e agia como se estivessem juntos de verdade.
Adorava se enganar, refletiu enquanto o observava pegar a chave no bolso da calça moletom cinza com a mão livre, a encaixava na fechadura e franzia o cenho de um jeito que antigamente significava problemas para ela, mas agora lhe dava vontade de apagar com beijos.
Hinata o seguiu sentindo os dedos dele se fecharem como aço em volta dos seus e a tensão domina-lo. Surpresa com a mudança de humor percebeu que ele se concentrara em algo a frente. Seguiu seu olhar e viu a cabeleira negra de costas para eles sentada no sofá. Ao perceber de quem se tratava puxou a mão, mas Sasuke parecia distraído e não afrouxava o aperto, desesperada deu um segundo e forte puxão separando suas mãos no exato momento em que Mikoto virou e os viu.
— Bom dia, meus amores!
Hinata aceitou o abraço apertado da Uchiha, enquanto recebia o olhar atravessado do filho dela. Sua atitude, por mais brusca que fosse, os salvara; e ele a encarava como se a odiasse. Tudo bem que a culpa de estarem naquela situação era dela, por causa de seu pedido angustiado, mas não fora ela que travara perto da mãe dele.
— Onde estavam?
— Bom dia, mãe. — Sasuke saldou com voz cansada. — Está aqui por mim ou pela Hyuuga?
— Estou aqui por vocês dois... — começou a Uchiha, recebendo um olhar cético do filho, que a fez respirar fundo e responder: — Pela Hinata.
— Ótimo! Dispensado — celebrou erguendo as mãos. — Se me dão licença, agora eu tomarei um banho delicioso. — anunciou olhando sugestivamente para Hinata ao seguir para o corredor. Como se ela necessitasse disso para lamentar.
— Meu caçula não assimilou nada que ensinei. Não me respondeu uma pergunta simples — lamentou a Uchiha.
— Estávamos na academia do prédio. — Hinata a respondeu, abrindo um sorriso amarelo.
— Mesmo? Não sabia que era uma associada. — Mikoto se surpreendeu e sorriu para a mais nova.
— Comecei há pouco tempo.
— Também preservo um tempo para a boa forma. Caminho todos os dias de manhã. Na minha idade, cuidar da saúde é algo valioso. — explicou seguindo com Hinata até o sofá. Sentando questionou pensativa. — A academia daqui é boa? Talvez eu devesse visita-la. Verificar se está no padrão que espero dos investimentos da família.
— Não! — Hinata gritou, com medo de alguém da academia comentar sobre seu falso noivado. O que surpreendeu ainda mais a Uchiha e atraiu sua curiosidade. — Ah... Bem... — "Burra!", olhou para o corredor, desejando que Sasuke aparecesse para salva-la. O que era improvável. Fechou os olhos por um instante para colocar os pensamentos em ordem. — Se acha que é preciso, vá... mas, asseguro, a academia é ótima... Sasuke jamais permitiria algo diferente — explicou se forçando a fitar Mikoto sem transparecer todo o seu nervosismo. Precisava levar a situação com calma para fazer a Uchiha desistir.
— Tem razão. Sasuke não me esconderia algo importante — soltou fazendo Hinata soltar a respiração que nem mesmo percebera prender. Embora sua consciência dissesse que Sasuke escondia muitas coisas de Mikoto. E ela também. — Bem, mas vamos deixar isso de lado! Vim aqui para falar de outro assunto: preciso da sua ajuda, filha.
— Claro, no que posso ajudar?
— Fugaku e Sasuke planejam uma festa surpresa para mim.
— Surpresa...?! — estranhou.
— Fugaku não consegue me esconder nada, ninguém consegue! — riu, acrescentando empolgada: — Sasuke comemorará seu aniversário na mansão, em um jantar íntimo. E, além de querê-la como convidada, preciso que faça o bolo para ele. Ele ama seu bolo!
— Sim, pode contar comigo — concordou de imediato. Sabia o quanto Mikoto gostava de festejar cada ocasião com a família, assim como sabia que Sasuke se esquivava da maioria dessas ocasiões. Era um milagre ele concordar com uma festa, mesmo que pequena.
— Mas não diga nada para ele. Fugaku ainda não o convenceu de todo. Mas tenho certeza que o meu marido conseguirá. — Mikoto pegou as mãos de Hinata entre as dela. — Um dia terá um marido devotado como o meu.
— Ah, claro... — murmurou.
Imaginar Naruto como Fugaku era improvável. Mesmo ela tinha visto o suficiente das demonstrações de afeto dos Uchiha para saber que Fugaku, um homem conhecido por ser sisudo, era carinhoso e dedicado com a esposa.
Naruto era carinhoso, mas toda sua dedicação era voltada para a empresa da família. Pensar nisso era incomodo, pois, durante todo o namoro, era indiferente a falta de atenção; durante o noivado sentiu falta de alguém com quem contar, um apoio nas decisões; agora, com tudo que aprendera com Sasuke, tinha certeza que não aguentaria o descaso de Naruto em silêncio.
Afastou a mente do ex-noivo. Depois de tudo que ouvira na academia, a última coisa que necessitava era pensar em casamento. Preferiu pensar em como presentear alguém como Sasuke, que tinha dinheiro para comprar tudo o que quisesse. Tendo outro desgosto ao concluir que havia uma "única" que Sasuke realmente desejava, algo que pertencia a outro.
~*S2*~
Uma hora depois, Hinata ainda perguntava-se o que – dentro de suas possibilidades - presentearia quando o carro de Sasuke virou na rua da casa de Neji, mas logo sua distração sumiu quando viu seu pacato primo brigando com um homem de cabelo castanho.
Conforme Sasuke se aproximava ouviu os gritos de Tenten e o choro de Lean. Sasuke manobrou o sedan e assim que estacionou, pulou para fora, correndo até os dois homens se socando no gramado para apartar a briga.
Um vizinho segurou o estranho enquanto Sasuke prendia os braços de um colérico Neji nas costas. Hinata foi para junto de Tenten, que apertava Lean contra o peito.
— Suma da minha frente, cretino! — urrou Neji — Nunca mais volte a pisar na minha casa!
— Voltarei, nem que seja com a polícia! — o outro vociferou, se desvencilhando. — Eu tenho direitos sobre o bebê!
— Não tem direito nenhum, seu merda!
Depois que o homem entrou em um gol azul estacionado no meio fio e partiu, Sasuke finalmente soltou Neji. Depois de cravar seus olhos claros e irados em Sasuke, Neji caminhou até Tenten e Lean, envolvendo-as em um abraço apertado.
— Não se preocupe, querida. Não o deixarei levar a nossa bebê — ele prometeu, beijando os cachos castanhos da bebê antes de plantar um beijo na boca de Tenten.
Boquiaberta, Hinata moveu os arregalados olhos lilases do casal se beijando para Sasuke.
— Odeio quando estou certo — ele disse com um sorriso de canto.
— Essa é uma grande mentira — retrucou.
Sasuke inclinou-se junto a sua orelha, o hálito quente acariciando sua pele quando sussurrou sedutor:
— Você me conhece tão bem, amor.
Com o calor das palavras carinhosas se espalhando por seu corpo, Hinata o contemplou. Era errado em níveis absurdos, mas Hinata, com o coração aos pulos e a pele arrepiada, desejou que estivessem sozinhos, que pudesse apertar seu corpo contra o dele, sentir suas peles em contato, seus dedos mergulhados na maciez dos fios negros. Ele parecia sentir o mesmo, pois acariciou a lateral de seu rosto com o polegar.
— Tenho que ir — disse terno, olhando-a nos olhos enquanto ajeitava uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. — Nos falamos em casa.
Sasuke se afastou e Hinata sentiu-se desprender do encanto que a presença dele exercia, voltando-se para o primo e Tenten. Ele continuava envolvendo ambas em seus braços, uma mão acariciando as costas de Tenten e a outra os cabelos de Lean, acalmando-as.
A Mitsashi ergueu os olhos e a encarou com expressão triste, depois se afastou de Neji aconchegando Lean ainda mais contra seu corpo.
— Desculpe-me por isso, Hinata — falou com a voz embargada.
— Você não me deve desculpas — disse estranhando o pedido. — Quem era aquele homem?
— Melhor entrarmos — Tenten sugeriu, olhando ao redor. Apesar do fim da confusão, ainda havia curiosos atentos ao que ocorria no gramado do Hyuuga.
Hinata os seguiu ávida por informações.
— Ele é o pai da Lean — Tenten respondeu quando Neji fechou a porta.
— E que causou a briga?
— No começo ele disse que queria conhece-la, depois... — Tenten arquejou, apertando o rosto contra o de sua filha.
— Ele quer a Lean — Neji contou sem ocultar a raiva.
— Isso não é bom? — questionou confusa. — Tenten está aqui porque ele não quis assumi-la, não é?
— Ele não quer me assumir. Quer a guarda da Lean.
— Ele não vai leva-la, jamais permitirei — assegurou.
Conhecendo a determinação de Neji, Hinata apostava que ele já planejava formas de cumprir com sua palavra.
Nas horas seguintes, sozinha com Tenten, a ouviu explicar toda a sua relação com o pai de Lean, forçando-se a não condenar as ações da amiga. Nos últimos dias aprendera que o amor e a paixão podiam levar alguém ao fundo do poço da mesma forma que levavam ao paraíso.
~*S2*~
Sasuke passou a manhã em reuniões, conseguindo a chance de falar com Gaara só mais tarde.
— Então, o que faremos com o problema Hidan? — perguntou sentando em frente ao amigo. — Já contou para a Temari?
— Não contei ainda. Prefiro mantê-la afastada disso por enquanto.
— Não é pior deixa-la na desinformação? Ela é o alvo principal do Hidan — recordou.
— É exatamente por isso não devemos contar, por enquanto — recomendou, explicando-se: — Temari já tem a pressão do Rasa pra lidar. Saber que Hidan pretende prejudicar a empresa pode fazê-la tomar alguma decisão precipitada. Não podemos ficar sem ela nesse momento.
Sasuke concordou. O setor de criação era o domínio de Temari. Ela conduzia a área com maestria e perfeição, nem ele e nem Gaara tinham o talento criativo dela, o olhar artístico ou o controle e confiança dos funcionários daquele setor.
— E o que faremos?
— Mostraremos que não somos o que Hidan declara — Gaara pronunciou, girando distraidamente uma caneta entre os dedos. — Não frequento clínicas de reabilitação há muito tempo e não pretendo voltar.
— E eu decidi não sair com nenhuma de nossas modelos desde a bronca da Temari — relatou.
Gaara o analisou por um instante.
— Pensei que estivesse com alguma — comentou, inclinando-se para a frente. — Você tem saído no seu horário e recusou o happy hour semana passada. Fora seu humor.
— Meu humor? — Sasuke ergueu uma sobrancelha.
— Percebeu que não implicou com ninguém, nem mesmo com a Sakura?
— Ela está grávida de um cliente — justificou. — E tenho coisas mais importantes para me preocupar.
— Só digo que você está diferente, e não sou o único a perceber. Cochicham que está de namoro novo.
— Isso é falta de trabalho.
— Ter alguém fixo faria bem a sua imagem. — Gaara deu de ombros.
— Isso não vai acontecer... — previu olhando distraído o peso de papel de forma esférica na mesa.
— Quem sabe? Apesar de a minha noiva ter seus defeitos, foi à única coisa positiva na minha vida nos últimos meses.
— Posso preparar o terno para o casamento? — zombou sem humor.
— Sim.
Sasuke o encarou surpreso. Apesar do noivado, não acreditará que o Sabaku levaria em frente aquele relacionamento. Eram tão distintos que presumiu que logo a chama se acabaria. Até mesmo pensara que Gaara escolhera a noiva apenas para irritar o pai, pois não havia nada convencional na mulher que escolhera.
— Sua noiva te prendeu de verdade.
— Ino tem seus méritos.
E Sasuke se surpreendeu novamente ao ver um pequeno sorriso tomar os lábios finos do Sabaku. Gaara tinha a mesma expressão que seu pai ostentava quando falava ou olhava para sua mãe, mesmo quando ela falava ou fazia algo que acabaria com a sanidade de alguém. Ficava feliz pelo amigo. Pelo menos um deles sabia o que esperar no futuro.
~*S2*~
A semana se passou em uma rotina peculiar para Sasuke. No trabalho, a tensão com os contratos quebrados amenizaram com a repercussão do sucesso com a propaganda para a Namikaze. Tivera diversas reuniões marcadas e novos contratos substituíram os anteriores. Hidan não atrapalhara as novas transações. Gaara duvidava que houvesse desistido de prejudica-los, mas por hora aquele "sumiço" os tranquilizava.
No apartamento, criara uma dinâmica diária com Hinata. Acordam, iam à academia, tomavam banho, café e jantar juntos e em clima de sedução. Pareciam um casal realmente apaixonado... E isso era uma merda.
Por isso, naquela sexta, aceitou o convite de Gaara para beber no bar que até tempos atrás frequentava diariamente. Só não esperava que a companhia de Naruto Uzumaki estivesse no pacote.
Bebericando distraído um copo de cerveja, ouvia vagamente a conversa do sócio com o Uzumaki, às vezes fazendo um sinal aleatório de cabeça ou mão como se participasse da conversação, o arrependimento crescendo no peito. Seu celular vibrou no bolso da calça, o pegou e a foto de Hinata brilhava na tela. Atendeu alheio aos dois pares de olhos curiosos que se voltaram para ele quando disse com um sorriso miúdo:
— Oi Hina.
— Boa noite, Sasuke... como não veio ainda, pensei... vai dormir fora?
— Não. Estarei em casa daqui a pouco. — Podia ser sua imaginação, mas jurava ter ouviu um suspiro aliviado do outro lado da linha.
— Está em uma reunião? Já jantou?
— Não para ambas as perguntas. Estou bebendo com dois amigos — contou, não vendo necessidade de mencionar nomes.
— Não exagere de estomago vazio.
— Nem terminei o primeiro copo. — Virou o banco para dizer em voz baixa: — A minha sede é outra e só vou sacia-la quando estiver ao seu lado.
Ouviu uma risada doce.
— Estarei te esperando.
Hinata se despediu e encerrou a ligação.
— Era a Hinata? — Naruto perguntou quando Sasuke guardou o celular e acenou para o garçom.
— Sim — respondeu antes de pedir para o garçom fechar sua conta.
— Como ela esta?
— Muito bem.
— Muito bem?! — Naruto o encarou, a expressão desnorteada agradando o Uchiha.
— Exato — confirmou passando o cartão. — Ela superou o fim do noivado.
— Ah...
— E você e a Sakura? Como estão? — quis saber recolocando o cartão na carteira e guardando-a.
— Ela me odeia — ele respondeu olhando para o copo. — Crê que a usei... que continuo usando.
— Duvido. Chateada pode ser, mas odiar, isso não parece a Sakura. — Colocou a mão no ombro do Uzumaki, em sinal de apoio. — Dê tempo para ela. Reconquiste-a se for o caso. Mulheres gostam de ser cortejadas.
Naruto presenteou a sugestão de Sasuke com o que ele mais odiava. Um enorme e bobo sorriso brilhante.
— Você tem razão. Farei exatamente isso!
O loiro tomou o restante de sua bebida, colocou um maço de notas no balcão e marchou para fora do bar. Sasuke o seguiu com o olhar, balançando a cabeça com condolência, até notar que Gaara o encarava fixamente.
— O que foi?
— Estranha essa sua vontade em ajudar o Naruto.
— Não foi você que aconselhou que o tratasse bem? Foi isso o que eu fiz.
— Sei. E a Hinata está "muito bem".
— Esta. Hoje de manhã cantarolava alegremente pela minha cozinha.
Gaara apoio o cotovelo no balcão, os dedos em L segurando o rosto.
— Está acontecendo algo entre você e a Hinata?
— Sou o patrão dela, o que poderia acontecer?
— É exatamente o que quero saber — Gaara estreitou os olhos com desconfiança. — É com ela que está saindo?
— Não estou saindo com ninguém.
— Não sou idiota.
Sasuke levantou decidido a colocar um fim naquela conversa.
— Tenho que ir.
— Tem alguém te esperando em casa, por acaso?
Sasuke grunhiu, exigindo ao dar as costas para o sócio.
— Cuide da sua vida, Gaara.
~*S2*~
Os raios de sol passavam pelas portas da varanda e, sem encontrar resistência na fina cortina translúcida, incidiam sobre o corpo de Hinata, despertando-a aos poucos. Preguiçosamente, esticou-se para o lado em busca do aconchego dos braços e corpo de Sasuke, mas ele não estava ao alcance de seus braços. Abriu um único e sonolento olho, constatando que ele não estava na cama. O barulho de água indicava que ele estava no banho e a embalou de volta para o mundo dos sonhos.
— Bom dia, meu amor! — Sasuke sussurrou, beijando o pescoço macio da Hyuuga minutos depois. — Levante.
— É domingo... — gemeu, virando para o outro lado.
— Tenho planos para hoje que incluem você.
— Exclua... — Jogou o lençol sobre a cabeça e se encolheu para voltar a dormir.
Com o corpo leve e sonolento caminhava de volta para nuvens macias de fantasia, quando uma mão grande apalpou seu seio e beijos percorreram sua espinha. Longe de estimular que levanta-se, as carícias tinham o efeito oposto. Seu corpo amoleceu, entregue e ronronante.
— Levante, dorminhoca — ele pediu mordiscando seu ombro, as mãos descendo pela lateral de seu corpo até sua cintura. — Ou terei de castiga-la. —Os dedos que deslizavam devagar por sua pele, moveram-se cruéis por sua cintura, fazendo Hinata se contorcer em risadas altas.
— Pare...! Pare...! — pediu entre as gargalhadas, tentando fugir das cócegas, mas Sasuke se colocara acima dela, as pernas de cada lado do corpo feminino impedindo que fugisse.
— Vai ser uma boa garota e levantar? — ele perguntou apoiando as mãos paradas dos lados da cintura dela, os olhos admirando os seios nus que subiam e desciam no compasso da respiração agitada da Hyuuga.
— Sim... — respondeu corada por causa do ataque e da forma que Sasuke contemplava seu corpo.
Por um minuto, quando Sasuke se inclinou para pegar entre os dentes um mamilo túrgido e deslizar a ponta da língua nele, Hinata pensou que ele se juntaria a ela na cama para outra aula ardente, mas Sasuke, aparentemente, tinha outros planos.
— Te espero na sala — disse beijando sua clavícula. — Coloque algo confortável para um passeio. — Ele se afastou rápido. Hinata queria só um pouco da capacidade de controle dele.
Torcendo para que ele não tivesse com intenção de mais exercícios físicos de manhã, mas preparando-se para isso, colocou uma legging lilás e uma bata com listras branca e cinza na altura das coxas, justa na cintura e com manga 3/4. Keds branco e cabelo amarrado na nuca completavam sua tentativa de ser confortável para um passeio tranquilo ou uma caminhada exaustiva. Tudo era possível, vindo de uma pessoa que costumava passar as manhãs do fim de semana na academia. Não sabia como Sasuke tinha fôlego e pique para tanto exercício, ela sempre desistia após vinte minutos, preferindo sentar e observa-lo. No sábado ela simplesmente rejeitara acompanha-lo.
O encontrou sentado no sofá ao lado de uma mochila preta com detalhes em prata, curvado sobre o smartphone, os dedos movendo-se na tela. Usava uma regata preta com estampa de uma cobra branca nas costas, short preto com detalhes em vermelho nas laterais e nos bolsos e tênis cinza. O cabelo molhado e desarrumado fez Hinata desejar arruma-lo com os dedos, mas antes que se aproximasse com esse intuito, Sasuke a viu.
Ele se levantou e foi ao seu encontro, às mãos segurando seu rosto como se temesse que ela se desviasse do beijo dele. Como se ela fosse louca de fazer algo do tipo. Ao contrario, deslizou as mãos pelas costas dele, puxando-o para junto de si, correspondendo às investidas dos lábios e língua do Uchiha. Resmungou quando ele encerrou o beijo e impôs distância entre eles.
— Vamos!
— Temos que sair mesmo? — Agarrou a cintura dele e apoiou o queixo no tórax amplo, os olhos suplicantes se revessando dos olhos negros para os lábios úmidos por causa dos beijos trocados.
— Sim — disse baixo, ajeitando uma mecha curta atrás da orelha dela. — Combinei de encontrar Shino e Kiba no parque aqui perto.
Bufou, abaixando o rosto e o apertando contra o corpo masculino.
— Torci muito para não ser um passeio de tortura.
— Você vai gostar. — Sasuke riu de sua impaciência.
Hinata duvidou. Preferia ficar dentro do apartamento, passando horas treinando novas formas de acariciar, ao invés de suar no sol forte que percebia através das janelas.
Mesmo choramingando, segurou a mão dele e seguiu com passos arrastados até os elevadores, depois no estacionamento. Ao entrar no carro soltou um suspiro cansado de lástima, imaginando as dores pelo corpo que teria na manhã seguinte, observando com tédio as paisagens que se descortinavam pelo caminho até o parque, e respondendo com monossílabas a tentativa de conversa do Uchiha.
Ao chegar ao destino, Sasuke pegou a mochila, deixada no banco de trás e a conduziu para dentro do parque, surpreendendo Hinata ao colocar o braço em seus ombros e dar um beijo em sua cabeça. Foi quando Hinata se deu conta que, com a presença de Shino e Kiba por perto, fingiriam ser noivos. Disse a si mesma que a alegria que a dominou era por ter a chance de testar outro ambiente, mas no fundo de seu coração sabia que o motivo era outro. Um que preferia não examinar no momento, talvez nunca.
Sasuke a conduziu até o bicicletário do parque. Shino e Kiba estavam parados na porta do local, ao lado de duas bicicletas – uma em preto e prata e outra preta em fosco - e um enorme cachorro branco com nariz marrom escuro, e manchas na mesma em suas orelhas e contorno escuro em volta da boca. Observando com cuidado o enorme cão, Hinata apertou a mão na cintura de Sasuke conforme ele andava até os instrutores.
— Ele é manso — Sasuke disse ao perceber seu receio.
Pararam bem perto dos dois homens e do cachorro. Shino e Kiba os cumprimentaram e o Inuzuka apresentou o cachorro.
— Esse é o meu amigão, Akamaru.
Hinata olhou desconfiada para os olhos achatados do cachorro, recebendo um olhar igual em retorno. Akamaru farejou os pés de Hinata, subindo a inspeção até se erguer nas patas traseiras, apoiar as patas dianteiras nos peitos de Hinata – que o segurou assustada - e dar uma lambida na bochecha da Hyuuga. Após o susto inicial, Hinata riu, enquanto Kiba puxava o grande cachorro.
— Perdoe-o. Ele tem um fraco por meninas bonitas — explicou acariciando a cabeça do cachorro.
— Tudo bem — disse, deixando Sasuke secar seu rosto com uma pequena toalha que trouxera na mochila. — Ele é um fofo.
— Uma bola de pelo e saliva — Sasuke a corrigiu, voltando-se para Kiba com o dedo apontado para o animal. — Avise que essa menina bonita é minha.
Mesmo que fosse só fingimento, Hinata gostava quando Sasuke soltava expressões de posse, era inevitável não sorrir quando o ouvia.
Sasuke alugou bicicletas para ela e ele e seguiram os amigos devagar pelo parque. Akamaru seguia ao lado de Kiba, preso na bicicleta dele com um extensor de metal preso na guia. Em poucos minutos chegaram a uma área em que várias pessoas estavam sentadas sobre toalhas ou direto no gramado, conversando, lendo, comendo ou namorando.
Shino pegou uma toalha quadriculada da mochila que carregava e estendeu no chão, Sasuke e Kiba retiraram alimentos e Hinata os ajudou a ajeitar tudo. Sentaram, Shino, Kiba e Akamaru de um lado, Sasuke e ela do outro e comeram enquanto conversavam. Na verdade, ela e Kiba conversavam, os outros dois contribuíam com algumas frases ocasionais.
Hinata descobriu que Kiba e Shino se conheciam da faculdade de educação física; moravam a poucos minutos do parque; que as bicicletas não eram alugadas e eles as utilizavam como meio de transporte diário, pois preferiam a liberdade e a mobilidade das bikes à sensação claustrofóbica dos meios automobilísticos fechados.
A tatuagem no braço dele era uma homenagem ao primeiro cachorro que teve, o pai de Akamaru, que tivera o mesmo nome que seu sucessor; os ideogramas embaixo da figura era o nome Akamaru escrito em kanji japônes. Kiba se gabou de, apesar de menor, era o mais velho dos dois, portanto Shino tinha de respeita-lo e fazer tudo que ele pedia. Ao que o Aburame bufou, dizendo que se seguisse tudo o que Kiba pedia estaria morando em um pardieiro cheio de cães.
— Por isso estou com um cara terrivelmente organizado.
Hinata observou intrigada Kiba abraçar os ombros de Shino e beija-lo no rosto, espalhando duas manchas rosadas se formarem nas maçãs do rosto do Aburame, que ajeitou os ovais óculos escuros desconcertado.
Quando terminaram o lanche, Kiba retirou um brinquedo em forma de osso e chamou os demais para brincar com Akamaru, mas só Hinata aceitou depois que Sasuke aconselhou que fosse e se divertisse com o Inuzuka.
Jogando o objeto que Akamaru corria empolgado para pegar, devolver e voltar a correr atrás, Hinata se divertia até o cachorro bater as patas dianteiras em sua barriga ao devolver o brinquedo, e um estranho segura-la pela cintura, impedindo que caísse.
— Cuidado gracinha! — o homem pediu após solta-la.
A morena girou o corpo e, com um fraco sorriso, fitou o homem magro e de pele clara, com olhos azuis e cabelo branco despenteado.
— O-obrigada!
— De nada! Me odiaria se uma mulher tão linda se machucasse! — ele disse e estendeu a mão amigável. — Sou Toneri Ootsutsuki.
— Hinata Hyuuga — se apresentou envergonhada, aceitando a mão estendida.
— Estive te observando, está aqui sozinha? — perguntou colocando a outra mão sobre a dela. — Além do seu cachorro, é claro.
— Não é meu, é do meu amigo — corrigiu puxando a mão delicadamente, suspirando aliviada por ele não insistir em retê-la. — Estou aqui com amigos.
— Eu estou só com a minha amiga Kaguya. — Toneri apontou para um pastor suíço branco, de redondos olhos castanhos. — Não quer nos fazer companhia?
— Eu... tenho que voltar para o meus amigos... — Voltou-se para o local em que lanchou e acenou para os três homens distantes, vendo Kiba – o mais próximo dela – caminhar em sua direção, Shino permanecer sentado na toalha e Sasuke em pé, as mãos plantadas na cintura, olhando diretamente para eles.
— Homens de sorte. — Ele colocou a mão no bolso da bermuda verde desbotada e retirou um celular. — Podemos trocar telefones?
— Eu... não sei se seria... — apertou uma mão na outra, o que o fez ver a aliança que continuava a usar.
— Posso supor que nem todos ali são somente seus amigos?
Abriu a boca para explicar que não estava noiva, mas não achava adequado passar seu número para um completo estranho, quando Kiba parou ao seu lado e respondeu em seu lugar:
— Exato, cara! Sou Kiba, um dos amigos! — Ele se apresentou antes de apontar para onde Sasuke permanecia observando-os. — E aquele sujeito mal humorado ali é o noivo dela. Se quiser se juntar a gente, sinta-se convidado.
Toneri olhou para Sasuke e torceu a boca, quando o Uchiha cruzou os braços. Mesmo daquela distância, era visível que se aproximar causaria, no mínimo, uma situação desconfortável. Devolveu o celular ao bolso.
— É uma pena ver que cheguei tarde... — Toneri soltou com um sorriso pequeno, admirando Hinata uma última vez antes de se afastar com sua cachorra ao lado. — Nos vemos por ai, Hinata. Quem sabe?
A Hyuuga o viu partir em silêncio, incerta do que deveria ter dito. Embora ele a tenha ajudado e ter sido agradável, ela só o conhecia por poucos minutos. E, apesar de tudo que assimilara nos últimos dias, não conseguia ser articulada e sociável com desconhecidos.
— Já lhe adianto que Sasuke está espumando de ciúmes, mocinha. — Kiba disse deslizando a mão pela cabeça felpuda de seu cachorro. — Posso ouvir os dentes dele trincando daqui.
— Sasuke, com ciúmes de mim? Imagina! — duvidou, revelando acanhada: — Ele praticamente me empurrou para você agora a pouco.
Kiba a encarou sério e indagativo, depois gargalhou, batendo uma mão na coxa com tanta força que Hinata se assustou e Akamaru latiu.
— Não acredito! O canalha não te disse, não é? — Kiba secou uma lágrima no canto do olho, um sorriso enorme nos lábios ao fitar a expressão confusa da Hyuuga. — Hinata, eu sou gay. Shino é meu namorado.
— Seu o quê? — Forçou-se a fechar a boca e agir com um pouco de normalidade aquela revelação, embora as palavras lhe falhassem. — Não sabia... vocês não parecem...
— Nem todo homossexual é estereotipado como nos filmes. — Kiba deu de ombros, ainda sorridente. — E mesmo que tenha alguns que sejam, esse não é o nosso caso.
— Ah, compreendo... — murmurou, começando a entender certos gestos que até então estranhava nos instrutores.
— Shino e eu não representamos perigo para o Sasuke, por isso ele fez tanta questão que fossemos seus instrutores — explicou, movendo-se de volta para o local em que Shino e Sasuke aguardavam. — Qualquer um pode ver de longe que ele é louco por você e não deseja perde-la.
Hinata refletiu sobre isso, logo afastando tal possibilidade. Provavelmente escolhera Shino e Kiba por saber que eles não tentariam nenhuma aproximação sexual, o que poderia fazê-la se fechar de medo. Mesmo assim ficou irritada por Sasuke não ter dito que os dois namoravam, e reclamou disso quando voltaram para casa.
— Porque não me disse que Shino e Kiba são um casal?
— Faria diferença?
— Não, mas devia ter contado — reclamou, explicando-se: — Fiquei com cara de boba quando Kiba disse.
— Por eles formarem um casal ou por ver suas chances com o Kiba sumirem?
— Não tenho interesse no Kiba — disse ofendida com a suposição dele.
— Não foi o que deu a entender poucos minutos após conhece-lo — ele retrucou. — Até o comparou ao Naruto.
— O sorriso deles é parecido — confirmou.
— Devo supor que o homem no parque também possui um sorriso parecido? — questionou ácido, a expressão desgostosa.
Hinata piscou confusa, abriu a boca e depois fechou, sem saber como responder aquela pergunta sem sentido. Ficaram parados, frente a frente, se encarando em completo silêncio antes de Sasuke fechar os olhos, respirar fundo e se afastar.
— Aproveitarei à tarde para trabalhar.
~*S2*~
O silencio entre eles perdurou o dia todo. Após algumas horas solitárias no apartamento e ainda irritada com a atitude de Sasuke, Hinata decidiu visitar o primo, ficando na casa dele até a noite para evitar se desgastar com as mudanças bruscas de humor do Uchiha. Quando retornou seguiu direto para o banheiro.
De banho tomado, Hinata enrolou uma toalha em volta do corpo e foi para o closet, se surpreendendo ao encontrar Sasuke pegando algumas roupas e ajeitando-as em uma enorme mala.
— O que está fazendo?
— Amanhã, depois do trabalho, tenho uma viagem marcada para Escócia — ele a respondeu, de costas.
— Quando volta? — perguntou, ignorando a sensação ruim que sentiu ao receber aquela notícia.
— Quinta depois das 20hrs se o trânsito permitir. — ele não se virou, aumentando o desconforto de Hinata com a situação.
— Tanto tempo assim?! — Apertou as mãos no nó da toalha, incomodada por ele ficar fora por praticamente toda a semana. Sasuke viajara antes, chegando a ficas dias fora, mas agora era diferente... Ela se sentia diferente.
— Estarei em eventos e reuniões para a empresa.
— Você não me falou que viajaria... — lamentou, procurando justificar o incomodo com essa viagem em particular. — eu teria arrumado suas roupas e tudo que vai precisar...
— Marquei essa viagem há meses — contou, acrescentando com frieza: — Posso me virar com as malas. Eu já fazia isso antes de te contratar.
— Eu sei, mas...
— Aproveite esse tempo para reconquistar o Naruto — ele sugeriu, seco. — Não desperdice tudo que ensinei. Falta pouco para sua data limite, não é? — recordou socando uma calça social na mala.
Ao pensar na data do seu casamento cancelado sua mente entrou em alerta.
— Há quanto tempo marcou essa viagem? — questionou.
— Quatro ou três meses atrás.
— Você faltaria no meu casamento... — murmurou encontrando um motivo para se zangar com a viagem. — Você era o padrinho e pretendia faltar ha meses.
— Não confirmei que seria o padrinho.
— Mas também não negou! — reclamou erguendo a voz, revoltada com a falta de consideração do Uchiha.
— O Gaara poderia me substituir, afinal, ele e o Naruto tornaram-se melhores amigos — indicou ao se virar. Admirando Hinata do cabelo molhado aos dedos dos pés descalços.
— Uma substituição em cima da hora estragaria o meu casamento! — queixou-se cruzando os braços em frente aos seios.
— Você não me queria ali. Eu estragaria tudo ao ir. — retrucou admirando o alto dos seios apertados na toalha.
— Naruto queria sua presença! — persistiu ofendida pelo pouco caso de Sasuke. — Confesse que marcou essa viagem só para prejudicar o meu casamento!
— Naruto é uma toupeira! E aceitei a viagem pela empresa. Não dou a mínima para a porcaria daquela cerimônia — esclareceu, mesmo não vendo necessidade em fazê-lo. — Qual é o problema? Você terá a casa toda pra você e a oportunidade de testar tudo que aprendeu. Pode até trazê-lo pra cá — disse com sarcasmo evidente, mas, nervosa, Hinata aceitou a afronta.
— Farei exatamente isso. — Seguiu para o quarto, pegou o celular que deixará com suas roupas e mandou uma mensagem para Naruto. "Quero te encontrar" — Seguirei suas malditas recomendações e... — Parou de falar quando logo em seguida apareceu uma mensagem de Naruto. — Ele respondeu... ele nunca me respondeu tão rápido... — pronunciou espantada. Naruto costumava levar horas, às vezes um dia todo, para responder.
Sasuke se aproximou e, por cima dos ombros dela, leu a mensagem do Uzumaki. "Adoraria te ver. Quando?"
— Pelo jeito a Sakura também não o segura direito... — comentou seco, mas Hinata estava com o olhar fixo na mensagem, paralisada.
— Eu... O que eu respondo? — perguntou erguendo os olhos confusos para o Uchiha.
— É isso que você deseja? Voltar pra ele?
No automático Hinata assentiu, embora tivesse dúvidas se isso era realmente o correto a fazer. Não se sentia preparada para confrontar o ex-noivo, principalmente sem a ajuda e apoio de Sasuke. O Uchiha pegou seu celular, digitou e depois o entregou para a Hyuuga. "Terça, as 17hrs, no Blank Bar".
— Pronto. Encontro marcado — disse com voz carregada enquanto Hinata lia a mensagem. — O Blank fica ao lado do prédio da Yoshiaki. Tudo que tem que fazer é seguir tudo que ensinei e depois isso...
Hinata foi pega de surpresa pelo beijo arrebatador do Uchiha, que colocou as mãos em suas nádegas para erguê-la do chão. Deixando o celular cair, envolveu o pescoço dele com os braços, as pernas enlaçando a cintura masculina, apertando seu corpo contra o dele, entregue aos beijos e as carícias em suas costas.
Sasuke a pousou na cama macia, puxando-a para cima com ele sobre seu corpo. Os lábios deslizaram pelo seu pescoço, dedos afastaram a toalha expondo o corpo feminino. Acariciou um seio entumecido com os dedos, beliscando-o e obtendo gemidos de prazer. Logo a boca substituía os dedos, capturando um mamilo entre os dentes, lambendo a auréola rosada e sugando-a. Hinata arranhou as costas dele, puxando-o com agonia e erguendo os quadris em busca dele.
— Sasuke... mais... — murmurou sem fôlego.
Atendendo seu pedido ele desceu os beijos até seu ventre, rodeando seu umbigo com a língua, deixando um rastro momentaneamente quente e depois gelado cada vez mais embaixo. Ele distribuiu beijos lascivos, mordidas e lambidas na parte interna de suas coxas, tão próximo do centro latejando por satisfação.
Hinata estendeu os braços, chamando-o de volta para seus braços, mas Sasuke sorriu de canto com outro plano em mente. Segurou as pernas dela abertas, olhou com desejo para as partes expostas e depois para Hinata. Dias antes Hinata sentiria vergonha, fecharia as pernas e o afastaria, mas agora estava longe disso. Estava quente, úmida e desejosa de muito mais que aquele olhar. Queria as sensações que só ele conseguia extrair dela.
Ele abaixou a cabeça e roçou a boca no sexo de Hinata antes de mordiscar devagar os grandes lábios. Hinata gemeu quando ele capturou entre os lábios a pele sensível e arfou ao sentir a língua quente introduzir-se em sua intimidade em um beijo íntimo que espalhava calor por cada grama de seu ser.
Apertou as mãos no lençol, os olhos fechados e a cabeça pendendo para trás, imersa nas sensações despertadas por aquela boca sensual. Estava à beira do orgasmo quando Sasuke cessou o beijo.
— Tentarei uma forma de ambos chegarmos à satisfação juntos, mas terá de confiar em mim — disse com voz rouca, os olhos famintos admirando-a.
— Confio... em você... — disse sem fôlego, necessitando que ele retornasse com sua mágica.
Ele sorriu e se ergueu da cama, retirando apresado a regata, short e cueca antes de abrir a gaveta do criado mudo e retirar um preservativo. Um alerta soou em um canto esquecido da mente dela, mas, entorpecida, Hinata só o observou rasgar o plástico metalizado e deslizar o preservativo pela ereção antes de retornar para ela. Suspirou ao sentir a pele quente e dura roçar sua barriga.
— Mantenha as pernas bem fechadas — ele comandou juntando-as. Hinata assentiu com um sorriso aéreo que Sasuke beijou rapidamente. — Você é muito linda — sussurrou acariciando suas coxas
Hinata abriu a boca para dizer que também o achava lindo, mas as palavras se perderam em uma exclamação de surpresa quando sentiu o membro deslizar entre suas coxas, rente à sua feminilidade.
Apertou os ombros de Sasuke. Seu coração palpitava veloz conforme o órgão de Sasuke movia-se para cima e para baixo, roçando no seu. A sensação da carne latejante esfregando-se na sua era excitante.
Sasuke a beijou no pescoço, subindo por seu rosto até chegar aos seus lábios, às mãos firmes em suas coxas, evitando que se abrissem. Hinata tinha certeza que se dependessem dela, isso não seria possível, pois desejava ergue-las, envolve-lo com elas e mandar ao espaço o pedido subtendido de seus pais para casar virgem.
Inalava fundo a cada vez que ele empurrava seu pênis, a fricção fazendo-a gemer contra os lábios dele. Desinibida levou as mãos as nádegas dele, puxando-o. Sorriu satisfeita quando foi à vez dele gemer, aumentando a velocidade das estocadas, murmurando palavras incompreensíveis entre os beijos que distribuía pelo rosto e colo dela.
— Sasuke... isso é tão bom... Eu quero mais... — pediu, tentando separar as pernas, mas as mãos de Sasuke se fecharam como garras em sua pele, mantendo suas coxas no lugar.
— Você é boa, Hinata — sussurrou com a voz arfante. — E minha... — disse beijando toda a extensão do queixo feminino.
Hinata acariciou o corpo dele, apertando as unhas nos braços quando seu corpo vibrou em uma descarga de gozo, a cabeça pendendo para trás, deixando seu pescoço exposto para o ataque dos lábios do Uchiha. Minutos depois ele foi dominado pelo orgasmo, desabando sobre Hinata e a abraçando com força por um instante antes de levantar.
Hinata lamentou quando ele foi para o banheiro. Mas não se moveu e nem falou nada. Estava sem energia para mover-se ou analisar o que acontecera, em como por pouco não se entregara para Sasuke, e em como queria ter feito isso. Ele voltou rápido e deitou novamente puxando-a para um abraço.
— O que foi fazer? — Ela perguntou, num fio de voz.
— Jogar fora o preservativo.
Recordou que ele não fizera questão de jogar no banheiro com as outras. Mas logo se censurou pelo pensamento. Ele estava ali com ela. Tinham feito amor, ou quase isso.
— Porque você não aproveitou para...?
— Tirar sua virgindade?
Hinata assentiu, escondendo o rosto no peito dele tamanha era sua vergonha. Acariciando suas costas, Sasuke beijou o topo de sua cabeça.
— Sei o quanto é importante para você se resguardar para o casamento... para Naruto — ele corrigiu com a voz rouca. — Seria um crápula se passasse por cima do seu sonho.
Hinata ficou em silêncio, resistindo a vontade de dizer que queria a etapa cinco e todas as suas implicações, por medo do que Sasuke pensaria, por medo do que essa vontade significava. O abraçou com força pela cintura e aproveitou os carinhos de Sasuke até adormecer.
~*S2*~
De manhã, acordou sozinha na grande cama. Sasuke não estava em lugar algum do apartamento, nem suas malas. Partira sem se despedir.
O recado era claro: Tinha sido a última noite deles.
Não devia se importar ou sentir-se desolada e com o coração pesado, mas era exatamente como se sentia.
~
pseudo-fantasmas: Se refere ao filme estadunidense de 2009 Minhas Adoráveis Ex-Namoradas, cuja trama gira em torno de Connor Mead (McConaughey), um mulherengo insensível que às vésperas do casamento de seu irmão recebe a visita dos "fantasmas" de suas ex-namoradas.
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