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Quando chover, busque pelo arco-íris. Quando escurecer, busque pelas estrelas.

Desconhecido

Cílios pretos e volumosos, uma cicatriz pequena e quase invisível no meio das duas sobrancelhas, bochechas levemente vermelhas e com marcas leves e quase imperceptível de quem dormiu muito bem, a boca entreaberta e levemente vermelha, essas são algumas das características da Sara que eu me peguei observando. Nesse momento, ela parece tão calma e frágil, nem parece a mulher triste e solitária que eu conheci. Me lembro que quando eu conheci a Sara, eu apenas pensei em duas coisas, primeiro em como ela era linda e em segundo lugar, em como seu olhar era triste. Os olhos azuis acinzentados, não tinham vida, eram vazios e era como se clamasse por socorro. Eu também me lembro como eu me senti, em como eu desejei ver seus olhos expressarem felicidade e ver um sorriso verdadeiro em seu rosto perfeito. Desejei abraçá-la e fazer sua dor sumir. Não entendo o que sinto por ela, não sei se é real ou apenas o meu lado protetor falando mais alto, mas eu não estou a fim de descobrir, porque eu gosto de como eu me sinto quando estou com ela e na pessoa que eu me torno.

Tiro uma foto mentalmente dela dormindo na minha cama, usando a minha roupa e com a perna em cima da minha barriga, sorriu e com calma retiro meu corpo da cama, ando devagar até a porta e saiu sem fazer barulho, Sara precisa descansar. Ando até a cozinha e começo a preparar umas panquecas.

Quando já estou terminando de colocar as panquecas sobre a mesa, com um bolo de laranja, pães, geleia, suco e café, ouço a campainha tocar. Como não tocaram a campainha imagino que seja a minha irmã ou a Dona Ana, ela é uma vizinha do andar de baixo que vem às vezes me fazer companhia no cafe da manhã e sempre me conta as novidades sobre sua neta, a mesma que ela quer que eu conheça, mas eu sempre consigo me livrar de encontrar a sua tão comentada neta. Abro a porta e para a minha surpresa, não é nem uma das duas e sim, o pai da Sara, junto de dois seguranças.

- Sei que minha filha está aqui, então peço que por favor vá chamá-la, porque eu preciso conversar com ela - fala já entrando no apartamento, com os seguranças. Sem intender nada eu os sigo, até a minha sala e observo os, segurança atrás do sofá e o Andrew sentado no mesmo, com as pernas cruzadas e olhar sério.

— Com todo respeito, creio que isso não será possível, então por favor se retire da minha casa. — a ponto para porta, mas o velho nem se mexe.

— Entendo, que não posso ganhar o prêmio de melhor pai, mas eu me importo e amo muito a minha filha, eu apenas quero ver se ela está bem e...

— Com todo o respeito Andrew, mas acredito que o senhor chegou tarde demais- tento ser o mais educado possível, afinal eu não sei o seu lado da história, porém eu vi a dor que ela causa a minha princesa, então no momento eu não estou a fim de ouvir o seu lado hoje.

Andrew se levanta nervoso, e com o seu olhar dá para notar que o mesmo me quer ver morto, ele anda até mim e aponta um dedo para o meu rosto, franziu a testa e fala baixo e firma, acredito que tentando me intimidar.

— Olha aqui garoto, não fala de coisas que você não entende, porque você não sabe que eu consigo fazer com pessoas como você — levantou uma sobrancelha e cruzou os braços, e sorriso com deboche, o deixando mais irado —Seu merd...

— Pai? — me viro quando ouço a voz calma e preocupada da Sara.

Ela ainda está usando as minhas roupas e com os cabelos levemente bagunçados, descalça, ela anda até mim e coloca a mão sobre meu braço, dando um leve aperto.

— Você está bem? — pergunta preocupada.

Sorrio e dou um beijo em sua testa.

— Estou, não se preocupe princesa, volta para cama, o seu pai já estava de saída. — falo me virando para um Andrew que diferente de minutos atrás, agora ele se encontra com os olhos lacrimejando e com a postura mais retraída.

— Filha, meu amor, vamos para casa, eu prometo que posso explicar tudo — fala com calma, como se estivesse com medo de qualquer ação de Sara, que agora se encontra apertando com força a minha mão

— Não. — sussurra, como se estivesse sem forças.

Andrew a olha com surpresa, como se fosse a primeira vez que algum dissesse isso para ela, como se fosse a primeira vez da Sara.

— Eu sei que você está chateada, mas o papai está aqui e vai resolver tudo, você sabe que eu sou o único que no final sempre fica com você — respiro fundo, quando percebo que ele está a chantagear emocionalmente, mas estava sendo mais discreto, provavelmente porque estou aqui.

Sinto Sara se retrair e sem querer vê-la mais machucada, eu faço um movimento de sair do lado e indo em direção ao seu pai, mas ela me segura e fala, devagar e com dor na voz, como se suas palavras estivesse a cortando.

— Então onde você estava no dia do meu aniversário de 5 anos? Quando eu acordei sozinha em casa, e percebi que você é a minha mãe, decidiram fazer uma viagem apenas com a Tiffany, me deixando sozinha. Onde você estava quando eu tive a minha primeira decepção amorosa? Vou responder, você estava transando com a sua secretária e mais uma vez perdeu a noite de filmes. Onde você estava na minha formatura? Estava em um evento com a minha mãe e a Tiffany — Sara dá uma pausa e limpa as lágrimas, respira fundo e volta a falar — Onde você estava quando eu tive a minha primeira overdose? Eu respondo, você apenas mandou seus funcionários cuidarem de mim e me esconder da imprensa, afinal você não podia ser associado a uma filha usuária. Você nunca cuidou de mim Andrew, você nunca me amou e acredito que nunca amou ninguém, além de si mesmo. Eu queria poder dizer que eu odeio você, mas seria mentira, então eu vou falar a verdade. Eu te amo, mas não gosto de você e não te quero na minha vida.

— Filha...

- Não, esse é o meu momento, me deixa falar—ela o interrompe, Sara solta minha mão e passa as mãos sobre o cabelo e rosto, respira fundo e dá um sorriso sem vida — Eu te dei tudo de mim, minha infância, adolescência e vida adulta, dei meu corpo, alma e mente, por muitos anos Andrew. Eu tentei ser a filha perfeita para ver se algum dia você me notaria e perceberia que eu te amava, que você era o meu herói, eu queria que você fosse o meu herói, afinal sempre pensei que fosse isso que os pais eram, heróis para seus filhos. Mas, você decidiu ser o vilão da minha história. Eu estou tão cansada de tentar ser perfeita para tentar agradar a todos, e nunca consigo isso, parece que quanto mais eu tento mais eu falho. Eu cansei de fingir e de não ser eu mesma, parece que eu passei tanto tempo sendo outra pessoa que eu nem ao menos, sei quem eu sou. Então Andrew, com todo o amor que você diz sentir por mim, vá embora da minha vida e me deixa tentar viver.

Andrew balança a cabeça, sem se importar com as lágrimas que caem dos seus olhos. Ele desabotoou o terno e pegou um envelope no mesmo e entrega a Sara, que pega com relutância.

— Me desculpa ter percebido tarde demais, que eu era um vilão na sua vida minha borboleta. Mas, é verdade, eu te amo. Espero que você encontre o que procura e seja muito feliz.

Andrew sai da sala, sendo seguido pelos seguranças e no minuto que ouço a porta se fechando, Sara me entrega o envelope e vai em direção ao sofá, onde ela se encolheu e chora em silêncio.

— Sara...

— Pode ler, apenas não fale para mim e me deixe ter o meu momento, eu só quero chorar agora, porque eu não vou mais permitir que ninguém faça isso novamente comigo — fala entre lágrimas.

Olho para o envelope e como a sou curioso, eu o abro e começo a ler.

"Minha borboleta, me desculpa... É só isso o que posso fazer, pedir desculpa por ser uma pessoa horrível na sua vida. Sei que não tem perdão ou concerto com o que eu fiz, mas vou fazer a única coisa que me vem à mente. Você não vai precisar mentir sobre quem é ou como está se sentido, porque a partir de hoje, eu estou abandonando a minha candidatura à presidência. Entendo que isso não conserta as coisas, mas é a minha forma de mostrar que o que falei é verdade, que você é mais importante do que qualquer cargo político e será sempre a minha borboleta na minha vida. Eu te amei e te amarei em todos os dias da minha vida.

PS: Dê uma chance para a Selena, ela te ama muito. Diferente de mim, você sabe que ela nunca te abandonou.

Com todo arrependimento e amor do mundo, Andrew. "




















Olá meus amores, um capítulo pequeno só para vocês não esquecerem de mim.

O que acharam do capítulo? Teorias?

Juro que fiquei emocionada com a Sara.

Só para avisar, meu livro Amor & Recomeço foi oficialmente publicado pela Editora Viseu. Vão lá dar uma olhadinha e apoiar uma autora iniciante.

Me sigam no Instagram, autoralino.

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