Capítulo 97
A noite estava muito silenciosa na mui nobre casa dos Black.
Era estranho estar ali sem Laurel e Remus a dar vida a casa. Quando ali moravam, havia sempre livros espalhados na mesa da cozinha, papéis no sofá da sala e o cheiro a bolachas de chocolate acabadas de sair do forno, as quais a Ravenclaw preparava frequentemente com carinho e orgulho no seu feito culinário.
Agora, tudo estava vazio, coberto de pó e preenchido por um elfo doméstico carrancudo e quatro foragidos.
Deitada na cama que fora sua, no quarto de hóspedes, Ashley encarava o teto. Hermione, Ron e Harry tinham ficado na sala de estar enrolados em sacos-cama, enquanto ela se retirara para a cama que fora sua durante um breve período de tempo. Ainda assim, dormir revelara-se uma tarefa difícil. O ambiente era-lhe familiar mas faltava algo. Sempre faltaria.
Ley pôs-se de pé, sentindo o soalho ceder sobre o seu peso. Ergueu a varinha e murmurou "Lumus", reconhecendo os contornos familiares do quarto. Em seguida, saiu para o corredor, começando a subir escada acima.
Lá em cima, reparou na luz proveniente do quarto de Sirius, onde Laurel dormia. Ao aproximar-se, os cabelos negros de Harry fizeram-se ver e ela afastou-se, deixando-o ficar sozinho no quarto do seu padrinho, que Laurel se recusara a redecorar. A morena deu meia volta, consciente para não fazer barulho e encarou a porta do quarto ao lado.
É Favor Não Entrar
Sem a Autorização Expressa de
Regulus Arcturus Black
- Regulus. - murmurou Ashley, fitando a placa.
Laurel entrara ali uma única vez. O pai era um completa mistério para ela e para todas as pessoas vivas que o tinham conhecido. Somente Cora parecia saber alguma coisa sobre o homem que amara.
Sem pensar duas vezes, adentrou o espaço.
As cores dos Slytherin saudaram-na. Regulus fizera de tudo para agradar aos pais, percebeu. O esmeralda e prata predominava no aposento, o brasão dos Black cuidadosamente pintado por cima da cama de dossel que ocupava uma parte do espaço.
Algo captou o olhar de Ashley.
De sobrolho franzido, debruçou-se no chão, colocando a mão por baixo da cama. Ali, havia algo brilhante, uma tonalidade dourada que nunca antes se fizera ver, nem mesmo para Laurel.
Uma carta.
Ashley apontou a ponta da varinha na direção do papel amachucado. Um soluço acometeu-a de imediato ao entender a quem era remetida.
Sarah Smith Hufflepuff.
" Querida Sarah,
Não tenho muito tempo. Cometi o erro de subestimar o Senhor das Trevas e pagarei caro por isso. Infelizmente, não poderei regressar para junto de Cora, pois não correrei o risco de denunciar a sua localização.
Por favor, peço-te: protege-a. Eu sei que essa será sempre o teu propósito mas peço-te, imploro-te por tudo o que é mais sagrado, não a abandones. Ela e Laurel precisam de ti.
Por Cora, serei o que nunca fui. Por Laurel, aceitarei a minha Morte como se de uma velha amiga se tratasse.
Apenas te peço que as protejas.
Elas são tudo para mim.
Com respeito e carinho,
Regulus Black"
Ley pousou a carta na cama de Regulus, atordoada. O Black mais novo nunca a conseguira enviar, morrera antes de ter tempo para isso. Desafiar o Lord? Aceitar a sua Morte?
- R.A.B.
Virou-se na direção da voz, erguendo a varinha. Junto há porta, Harry estava especado a olhar para a placa com o nome de Regulus, os olhos verdes muito arregalados.
- Desculpa? - perguntou Ley, confusa.
- Na noite em que Dumbledore morreu, fui com ele em busca de um Horcrux. Sabes o que é? - perguntou, vendo-a assentir - Foi tudo em vão porque, no lugar do verdadeiro medalhão de Slytherin, encontramos uma farsa contendo uma mensagem de um R.A.B. para o Quem-Nós-Sabemos.
Harry fitou-a e Ashley susteve a respiração, surpreendida.
- R.A.B. - murmurou, arregalando os olhos - Regulus Arcturus Black!
**
- Não há nada aqui. - bufou Ashley, limpando o suor da sua testa.
Os quatro pararam de procurar, igualmente frustrados. Hermione ficara igualmente surpreendida pela descoberta de Harry mas não fora difícil de a convencer: na parede do quarto de Regulus, havia imensos recortes de jornais com notícias relacionadas com Voldemort e Sirius contara-lhes que o seu irmão mais novo fora um Devorador da Morte.
O motivo de Regulus ter trocado os medalhões é que não era o mesmo para todos. Harry e os restantes acreditavam que Regulus tinha querido destronar o seu Mestre, roubando-lhe algo importante. Ashley, pelo contrário, pensava diferente.
Regulus traíra Voldemort por Cora.
- Mas pode estar em qualquer sítio da casa. - insistiu Hermione, sem querer desistir - Independentemente de o ter ou não destruído, haveria de querer escondê-lo de Voldemort, não acham? Estão lembrados de todas as coisas horríveis de que tivemos de nos livrar quando aqui estivemos da última vez? Aquele relógio que passava a vida a disparar parafusos contra toda a gente e aquele manto velho que tentou estrangular o Ron; talvez o Regulus os tenha instalado para proteger o esconderijo do medalhão, embora nós não nos tenhamos apercebido disso na... Na...
Hermione permaneceu de boca aberta com um olhar apalermado no rosto. Ashley, que acompanhara as memórias que ela falara, soltou um gemido baixo.
- Na altura... - concluiu a Granger, num sussurro.
- Passa-se alguma coisa? - perguntou Ron.
- Havia um medalhão. - disse Ashley.
- O quê?!
- Num armário da sala de estar. - murmurou Hermione - Ninguém o conseguia abrir. E nós... Nós...
Ashley bateu com a cabeça na testa, exasperada.
- Que idiotas!
- O Kreacher surrupiou-nos coisas. - lembrou Harry, esperançoso - Ele tinha um monte de tralha no armário da cozinha. Venham daí.
- Esperem! - chamou Ashley - Não devíamos pedir-lhe para vermos o armário dele? Estamos a invadir-lhe a privacidade...
Mas Harry ignorou-a, seguindo em direção à cozinha a passos largos. O seu foco era o medalhão, mais nada.
- Kreacher! - chamou, irritado ao não encontrar o que queria no armário do elfo.
Com um sonoro estalido, Kreacher apareceu vindo do nada, coberto pelos mesmos farrapos imundos de sempre e com um olhar de desprezo dirigido a Harry que nunca dirigira a Laurel. Para Kreacher, havia claramente uma preferência no seu dono, algo que Harry pouco se importava, tal era o ódio que sentia pelo elfo por este ter sido, na cabeça do rapaz, o principal responsável pela morte de Sirius.
- Amo. - saudou Kreacher, fazendo uma profunda vénia e murmurando baixinho - De volta à antiga casa da minha senhora com o maldito traidor Weasley e a Sangue de Lama...
- Proíbo-te de chamares seja a quem for "maldito traidor" ou "Sangue de Lama". - vociferou Harry.
- Deixa-o em paz, Harry. - intrometeu-se Ashley, irritada - Olá Kreacher, como estás?
O elfo ergueu os olhos, lentamente. Como era amiga de Laurel, nunca fora tratada com o desprezo que Kreacher tratava toda a gente. Fora com ela que aprendera a ser gentil com o elfo, já que Laurel era inteligente demais para culpar a pobre criatura pela morte do tio. Se havia alguém para culpar era Narcissa Malfoy, a mulher que alegara querer protegê-la mas nada fizera para proteger a sua família, pelo contrário. Não, Laurel não culpava o elfo e, mesmo que o fizesse, não deixava de ser merecedor da sua gentileza.
Era essa a diferença entre a Ravenclaw e o Potter.
- Miss Diggory. - saudou Kreacher, com uma pequena vénia à menina - Seja bem-vinda de novo.
- Afasta-te dele.- ordenou Harry, irritado por ter sido desafiado - Quero fazer-te uma pergunta, Kreacher, e ordeno-te que me respondas com a verdade. Entendido?
- Sim, meu Amo.
- Há dois anos estava um grande medalhão de ouro na sala de estar do primeiro piso. Nós deitamo-lo fora. Tu foste buscá-lo ao lixo?
Ashley observou o elfo endireitar-se, enfrentrando o olhar duro de Harry posto em si.
- Fui. - respondeu, com firmeza.
- E onde é que está agora?
- Foi-se. - respondeu, fechando os olhos como se não suportasse ver a reação deles face à sua resposta.
- Foi-se? - repetiu Harry - O que queres dizer com isso de "foi-se"?
O elfo estremeceu e vacilou. Harry deu um passo em frente, com um ar ameaçador.
- Kreacher, ordeno-te que...
- Podes ter calma contigo? - questionou Ley, pondo-se entre ele e o elfo - Não vês que ele está nervoso?
Harry rangeu os dentes, fuzilando Ashley com o olhar. Ron e Hermione entreolharam-se, sentindo a tensão entre os dois crescer.
Aquilo não estava a correr bem.
- O Mundugus Fletcher. - crocitou o elfo, ainda de olhos fechados - O Mundungus Fletcher roubou tudo; os retratos da Miss Bella e da Miss Cissy, as luvas da minha senhora, Ordem de Merlim, Primeira Classe, as taças com o brasão da família e... e...
Kreacher arquejou com falta de ar e Ashley baixou-se, segurando-lhe no braço pequeno e ossudo. O elfo abriu repentinamente os olhos e gritou, gelando o sangue da Hufflepuff:
- E o medalhão, o medalhão do Amo Regulus, o Kreacher fez mal, o Kreacher falhou no cumprimento do seu dever!
O braço de Kreacher escorregou da mão de Ley, que não o conseguiu agarrar. Antes que o elfo se atirasse em direção ao atiçador de brasas da lareira, Harry lançou-se sobre ele, espalmando-o contra o chão.
- Kreacher, ordeno-te que fiqes quieto!
- Harry, solta-o! - murmurou Hermione.
- Se ele o soltar ele vai agredir-se, Hermione! - protestou Ashley, irritada.
- Pois, não me parece. - resmungou Harry - Muito bem, Kreacher, como é que sabes que foi o Mundungus que roubou o medalhão?
- O Kreacher viu! Quando a minha senhora, Miss Laurel se foi embora... O Kreacher viu ele a sair do armário do Kreacher com as mãos cheias dos tesouros do Kreacher. Foi a Miss Laurel que deixou Kreacher ficar com os tesouros e ele veio roubar... O Kreacher mandou que ele parasse mas o Mundungus Fletcher riu-se e d-desatou a co-correr.
- Tu disseste que o medalhão pertencia ao Amo Regulus. Porquê? Donde é que ele veio? - perguntou Ashley, baixando-se ao nível dos olhos de Kreacher.
O elfo fitou-a, observando-lhe o rosto com os seus olhos injetados de sangue. Por fim, baixou a cabeça, deixando de lado a sua forma de ser carrancuda.
- A menina é muito parecida com a sua mãe. - sussurrou para ela.
Ashley engoliu em seco, surpreendida. Antes que pudesse dizer alguma coisa, antes que pudesse perguntar a Kreacher como raio conhecia a sua mãe, Harry interveio, bruscamente:
- Kreacher, senta-te e conta-me tudo o que sabes a respeito desse medalhão e que ligação é que o Regulus tinha com ele.
Derrotado, Kreacher sentou-se, enrolando-se numa bola e baloiçando-se para trás e para a frente, cheio de culpa e vergonha. Ashley sentou-se ao seu lado, ouvindo atentamente a história que ninguém sabia sobre Regulus Black.
E o elfo contou.
Regulus Black, o Devorador da Morte mais novo a alistar-se, com apenas dezasseis anos. Kreacher falava dele com orgulho e adoração, com o mesmo tom que falava da filha do seu Amo predileto.
Regulus Black, o irmão mais novo de Sirius, que desonrara a família. Regulus, o rapaz que entregara Kreacher ao Senhor das Trevas quando ele necessitou.
- Voldemort precisava de um elfo? - indagou Harry, confuso.
- Ah pois. E o Amo Regulus oferecera-lhe o Kreacher. Era uma honra, disse o Amo Regulus, uma honra para ele e para o Kreacher, que tinha de fazer tudo o que o Senhor das Trevas lhe mandasse sem hesitar... e depois voltar para casa.
- Ele disse que era uma honra? - perguntou Ashley - Isso não faz sentido, a mãe de Laurel era completamente anti-Voldemort e amava Regulus, não acho que ele se juntasse ao Senhor das Trevas propositadamente...
- Regulus era um Slytherin. - constatou Harry, sem piedade - Entre eles próprios e quem amam, escolhem-se sempre a eles próprios. Para Regulus, Voldemort era claramente o lado vencedor.
Por instantes, ninguém falou. Harry ergueu os olhos, arregalando-os ao aperceber-se do que dissera. Ashley limitou-se a ranger os dentes, fazendo sinal a Kreacher para que continuasse.
- Então o Kreacher foi ter com o Senhor das Trevas. O Senhor das Trevas não disse ao Kreacher o que tinham de fazer mas levou o Kreacher para uma gruta ao pé do mar.
O elfo prosseguiu mas aquela parte da história todos conheciam. Fora nessa gruta que Harry e Dumbledore tinham estado na noite em que o diretor morrera e de onde Harry trouxera o medalhão. Ashley afastou-se, indo procurar um copo na cozinha para beber água. O comentário de Harry continuava entalado no seu ser mas esperaria que resolvessem o problema do medalhão primeiro antes de fazer o que quer que fosse a respeito do Potter.
"Prioridades" pensou.
- ... O que aconteceu quando voltaste? - ouviu Harry perguntar, levando-a a regressar para junto do elfo - Qual foi a reação de Regulus quando lhe contaste o que se passara?
- O Amo Regulus ficou preocupado. O Amo Regulus disse ao Kreacher para se esconder e não sair de casa. E depois, passado algum tempo... certa noite, o Amo Regulus veio ter com o Kreacher ao armário e o Amo Regulus estava estranho, diferente do que costumava ser, com o espírio perturbado, o Kreacher reparou logo...
Kreacher fez uma pausa, fitando Ashley.
- A menina Laurel já tinha nascido. Era a luz dos olhos do Amo Regulus, o seu segredo mais bem escondido. A minha antiga senhora nunca soube que o Amo Regulus tivera uma filha com Miss Ravenclaw e Kreacher nunca contou.
- Regulus foi pai muito cedo. - constatou Ley.
- Amo Regulus foi o melhor pai do mundo para a menina Laurel. - afirmou Kreacher - E amou as duas Ravenclaw como ninguém. Foi por isso... Foi a seguir ao nascimento da menina Laurel que Amo Regulus veio e... E pediu a Kreacher que o levasse à gruta, a gruta aonde o Kreacher fora com o Senhor das Trevas...
- E ele obrigou-te a beber da poção? - perguntou Harry, repugnado.
Kreacher abanou a cabeça e Ley sentiu os seus olhos encherem-se de lágrimas. Não, Regulus não o faria.
Laurel não era gentil como a mãe fora.
Ela era gentil como o pai fora.
- O A-Amo Regulus tirou do bolso um medalhão igual ao que o Senhor das Trevas tinha e ele... Ele disse ao Kreacher que ficasse com ele e, quando a bacia estivesse vazia, para trocar os medalhões...
Ashley pôs-se de pé, angustiada. Dentro de si, sabia que Laurel a sentia, sentia a angústia e orgulho que Ley sentia pelo pai da melhor amiga, que dera a vida por ela.
- E ele... Ele mandou que o Kreacher fosse embora... Que tomasse conta da menina Laurel... Sem ele. E disse ao Kreacher... Para nunca contar a ninguém... O que aconteceu... Nem a Miss Ravenclaw... Mas para destruir o primeiro medalhão. E depois.... bebeu a poção até ao fim... Kreacher trocou os medalhões... e... viu... o Amo Regulus ser arrastado para a água...
- Inferi. - murmurou Harry, passando as mãos pelos cabelos.
- Cora nunca soube o que aconteceu a Regulus. - sussurrou Ashley, incapaz de conter as lágrimas que escorriam pela sua face abaixo - Ela sabia que ele iria trair Voldemort mas ela nunca soube como ele morreu e Laurel... Tudo o que Laurel sabe sobre Regulus foi o que a mãe e Sirius lhe contou. Mas Sirius... Sirius não conhecia o próprio irmão!
- Não fales de Sirius. - sibilou Harry.
Ashley lançou-lhe um olhar duro.
- Como vês, os Slytherin podem ser mais corajosos do que tu, Herdeiro de Grinffindor. Regulus foi um deles e é por isso que a Laurel foi selecionada pelo Chapéu Selecionador para os Slytherin. O Chapéu sequer teve dúvidas sobre a Casa em que a colocava que não fosse a dos Ravenclaw.
- Laurel é a exceção...
- Não há exceções, Harry e se queres falar da Meredith, que eu sei que é onde tu vais parar não tarda ficas a saber a verdade: Meredith só é uma Devoradora da Morte porque Laurel lhe pediu. Quando Cedric morreu e a Ordem se uniu para enfrentar Voldemort, Laurel percebeu que seria vantajoso ter um de nós do outro lado. - Ley fez uma pausa, encarando os três lentamente - Ela só lá está porque Laurel lhe pediu e está a arriscar o seu próprio pescoço para isso.
- Bem, ela não pareceu muito chateada quando te atacou e te deixou para morrer, pois não? - questionou Harry, visivelmente alterado - Nem se mostrou muito importada quando entregou a Laurel a Voldemort, pois não?! - Harry soltou uma risada irónica - Deixa de ser ingénua, Ashley. A Meredith pode sim ter-se juntado a Voldemort para ajudar a Ordem mas há muito que isso deixou de ser o verdadeiro propósito dela. Meredith é uma Slytherin e, no final, eles acabam todos por escolher o lado de Voldemort.
O Herdeiro de Grinffindor aproximou-se dela, sabendo que causara dúvidas na mente de Ashley.
- Está na altura de escolheres em que lado estás, Ashley e o teu amor por Meredith só vai atrapalhar.
Por instantes, ninguém disse nada. Hermione abriu a boca, horrorizada com o que se estava a passar mas Ron puxou-a para trás, impedindo-a de se meter.
Devagar, Ashley sorriu.
- Eu não estou do teu lado, Harry. A única razão porque estou a proteger o teu rabo idiota é porque Laurel me pediu. - Ley aproximou-se do nariz dele, que recuou, assustado com a intensidade dos olhos âmbar da Hufflepuff - Eu estou do lado de Laurel, não do teu.
E virou-lhe as costas, deixando-o sem coragem para responder.
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