Capítulo 72
- Onde está o Harry? - perguntou Laurel, alcançando Ashley, depois de recuperar do choque e deixar Draco Malfoy a falar sozinho.
- No gabinete da Umbridge... A Meredith está com ele, a fazer o seu papel na Brigada Inquisitorial. - Ley revirou os olhos - Acho que ela...
- Miss Ravenclaw. - chamou Snape, aproximando-se das duas garotas - Mr. Potter parece ter um delírio de que o Senhor das Trevas raptou o seu tio, sabe-me dizer se é verdade?
- Acredito que não, professor. - disse Laurel - Harry está mesmo convencido disso?
- Sim... Desesperado o suficiente para me avisar. Vou tentar comunicar-me com Lupin e confirmar...
- Nós vamos certificar-nos que Harry fica em Hogwarts. - afirmou Laurel, trocando um olhar com Ley, que assentiu - Professor, eu tenho a certeza que é uma armadilha. Voldemort...
- Não diga esse nome. - rosnou Snape, prensando os lábios em reprovação.
- É só um nome. - rosnou a ruiva, irritada - De qualquer das formas, Voldemort está a tentar atrair Harry para ele retirar a profecia do Departamento de Mistérios.
Snape abanou a cabeça.
- Dumbledore confia-lhe demasiada informação. Tomem conta do Potter. - ordenou, virando-lhes as costas.
"Laurel?" chamou Meredith na mente da ruiva, a Leglimancia tendo-se tornado o recurso que mais usavam quando não estavam juntas.
"Sim?"
" Harry foi para a Floresta Proibida com a Umbridge e a Hermione. A Brigada está agora mesmo a lutar contra Ginny, Luna, Ron e Neville porque todos querem ajudar Harry a chegar até ao Sirius."
" Avisa a Ginny que é uma armadilha!"
"Amiga, estou rodeada de idiotas, eles já fugiram todos!"
- Como é que os deixaram fugir?! - reclamou Draco, correndo desenfradamente pelo corredor afora, seguido pelos restantes membros da Brigada Inquisitorial.
Laurel fechou os olhos, sentindo-se tonta. A imagem de Voldemort surgiu na sua mente, o sorriso cruel no seu rosto de serpente mostrando que o seu plano funcionara.
"Harry Potter vem ao meu encontro neste preciso instante, minha Laurel e não há nada que possas fazer!"
- Argh! - Laurel pressionou as têmporas, enervada - Sai da minha cabeça!
- Lau... Acabei de ver Harry e os outros... Hm...
Ashley apontou para a enorme janela, onde se podia ver de relance as figuras voadoras do grupo. Laurel esfregou a cara, com o coração acelerada.
- Eles estavam de vassoura? - perguntou Ley, de sobrolho franzido - É que parecia que estavam a voar no nada...
- Threstals, Ley. Não os vês porque... Porque nunca viste ninguém morrer. - explicou a ruiva, a própria tendo vislumbrado a figura escamosa daqueles animais tão especiais - Anda, temos que ir.
- Ir aonde? - perguntou Meredith, aproximando-se delas, ofegante.
Laurel fitou as amigas, séria.
- Para o Ministério.
Lovelace e Diggory trocaram um olhar, demorando tempo demais. Quando deram por isso, Laurel corria novamente de forma desenfreada em direção à Floresta Proibida, desta vez para cumprir o seu objetivo.
- Laurel, espera! - berrou Meredith, atrás dela - Eu não posso ir, se tiverem lá Devoradores da Morte e me virem do teu lado...
- E se for uma armadilha para ti também?! - berrou Ashley, os cabelos encaracolados revoltados com a correria - Laurel!
A ruiva parou bruscamente, ofegante.
- Não posso permitir que Harry vá diretamente para a toca do lobo, meninas! Preciso protegê-lo, vocês sabem disso!
Meredith soltou um suspiro e Ashley encolheu os ombros.
- Se tu vais, eu vou. - afirmou a Hufflepuff, leal.
- Eu não posso. - lamentou Meredith, os olhos fixos na namorada - Ley, tem cuidado...
Ashley abraçou-a, depositando um beijo casto nos seus lábios. Laurel segurou na mão da Hufflepuff, com urgência.
- Vamos.
Juntas, correram para a Floresta, embrenhando-se o mais longe possível de Hogwarts.
**
- HARRY!
Laurel e Ley adentraram no Departamento de Mistérios precisamente no momento em que os Devoradores da Morte decidiram entrar em ação. As risadas de Bellatriz Lestrange anunciaram a sua presença, os olhos loucos e esgazeados fixando-se imediatamente na Ravenclaw.
- AH! O rebento de Cora! Que prazer finalmente te conhecer!
- Bellatrix, a profecia. - rosnou Lucious Malfoy, que tinha acabado de enfrentar Harry.
Ley soltou um grito agudo ao ver um feitiço verde ir na direção de Ginny Weasley. Rápida, a Hufflepuff ergueu a varinha, concentrando-se:
- Protego!
- Bombarda! - gritou Laurel, erguendo as mãos e apontando para Bellatrix.
O Departamento de Mistérios estava um caos. Laurel atirava feitiços de cada vez que via um Devorador da Morte mas a sua magia era imprevisível, por vezes passando perto demais das cabeças dos seus amigos. Rangendo os dentes, viu-se costas com costas com Harry, que erguia a varinha com a firmeza e coragem de um verdadeiro Grinffindor.
- Tinhas mesmo de te armar em herói hoje?! - reclamou a ruiva, com as mãos erguidas e a magia a ferver no seu sangue.
- Pensei que o Sirius...
- Pensaste mal!
- Eles querem a profecia! - berrou Harry, tentando Atordoar Dolohov - Tenho-a comigo...
- Harry, baixa-te!
Feitiços voavam a torto e a direito, atingindo as mais variadas prateleiras. Os dois Herdeiros corriam juntos, um defendendo o outro, enquanto os restantes iam ficando para trás, para desespero de Harry. Ashley seguia-os, o seu instinto protector para com eles ativado ao máximo.
Laurel parou por instantes para recuperar o fôlego, analisando o local onde se encontravam. Uma estranha passagem em arco encontrava-se no centro da sala, a névoa em seu redor chamando-a.
- Consegues ouvir? - perguntou a Harry, que pressionava a sua profecia contra o peito.
- Sim...
Juntos, começaram a subir, procurando encarar os Devoradores da Morte de cima. Os pés de Laurel embateram no estrado onde a passagem em arco se encontrava, De costas, subiram os dois lá para cima, vindo-se rodeados pelos Devoradores da Morte.
A risada de Bellatrix invadiu o espaço, atraindo a atenção de Laurel. O seu coração parou, horrorizado.
- LEY!
Bellatrix apontava a sua varinha ao peito de Ashley, que erguia as mãos, a varinha caída adiante e o rosto transfigurado pelo medo.
- Crucius!
Laurel não pensou duas vezes.
Antes que o feitiço atingisse a Hufflepuff, a Herdeira de Ravenclaw Aparatou à sua frente, o feitiço atingindo as suas costas.
- LAUREL!
Dores intensas percorreram-lhe o corpo, deitando-a ao chão. Ashley ajoelhou-se junto dela, em choque. Laurel fechou os olhos enquanto o feitiço fazia efeito, vendo vagamente Lucious Malfoy aproximar-se de Harry.
- Laurel... - chamou Ashley, apoiando a amiga - Estás bem?
- Sim... Não podia deixar que tu...
Ley assentiu, com lágrimas nos olhos. A mente frágil da Hufflepuff não aguentaria passar novamente por aquela tortura.
- Potter, não tens saída. - ouviu Lucious Malfoy dizer a Harry, perto delas - Agora, entrega-me a profecia como um menino bonito.
- Manda... Manda os outros embora e eu dou-ta!
Laurel colocou-se de pé, querendo chegar a Harry. O desespero do rapaz era palpável e a risada dos Devoradores da Morte irritaram-na, fazendo-a erguer as mãos.
Uma varinha foi apontada às suas costas e Ashley olhou para ela, assustada.
- Não te mexas. - sibilou a voz de um homem que Laurel não reconheceu.
Imponente, Laurel observou com horror Neville ser torturado por Bellatrix, afim de fazer Harry desistir de guardar a profecia. Apesar de tudo, o Longbottom era corajoso, gritando sempre que podia para que Harry não o fizesse.
Ao lado da ruiva, Ashley soluçava como se as dores da Maldição Cruciatus que atingiam Neville fossem dela, a mente regressando às memórias de Amanda Lovelace em cada grito.
- Agora, Potter, ou nos entregas a profecia ou vais ficar a ver o teu amigo enfrentar uma morte lenta e dolorosa! - guinchou Bellatrix, divertida.
Harry cruzou o olhar com o de Laurel, que assentiu, de lágrimas nos olhos. Ele não tinha outra alternativa; nunca na vida Harry arriscaria a vida de ninguém fosse porque razão fosse e não era Laurel que o incentivaria a fazê-lo. Com um suspiro, o Herdeiro de Grinffindor estendeu a mão na direção de Lucious, que deu um salto para agarrar na esfera.
Nesse momento, a Ordem de Fénix decidiu entrar em ação.
Sirius, Remus, a Auror Tonks, Moody Olho-Louco e o Auror Kingsley entraram de rompante onde eles se encontravam, fazendo uma chuva de feitiços descer contra os Devoradores da Morte. Aproveitando a confusão, Laurel girou sobre si mesma, apontando as mãos para o Devorador da Morte que ousara ameaçá-la.
- EXPELLIARMUS! - berrou, sentindo a descarga de energia no seu corpo de tal maneira forte que caiu para trás, venda com satisfação o Devorador da Morte voar e embater na parede mais longínqua.
- Ashley, baixa-te! - gritou, puxando a amiga para o chão junto de si.
- Mas isto nunca mais acaba?! - reclamou a Diggory, tapando a cabeça com as mãos.
Laurel não respondeu, colocando-se de pé. Assim que a viu, Remus aproximou-se dela, lançando feitiços sem nem ver onde iam parar, tal era a irritação por ver a filha ali.
- Mas tu não ganhas juízo?! - ralhou ele, a face ruborizada - Laurel, não devias estar aqui!
- E tu devias?! - ripostou a ruiva, atirando um feitiço de Atordoar ao Devorador mais próximo.
- Eu sou da Ordem!
- E eu tenho de proteger o Harry!
- Laurel!
- Remus!
- Vocês podem parar?! - berrou Sirius, lutando ferozmente com Dolohov - Batalha primeiro, ralhas depois, Moony! Bem acertado, Laurel! - elogiou Sirius, vendo um feitiço da sobrinha atingir Macnair em cheio no peito - Uma Black da cabeça aos pés!
- Não a encorajes. - rosnou Lupin, pondo-se à frente de Ashley, que não tinha reflexos tão rápidos como Laurel mas que lutava tão ferozmente quanto - É tua sobrinha mas é minha filha, devia ser mais responsável!
- Olha só quem...
Um feitiço atingiu-a em cheio na nuca, fazendo-a cair ao chão. Remus gritou, tentando alcançá-la mas Ley chegara primeiro, colocando-lhe um fraquinho na boca de imediato.
- Toma... Não trouxe muitas poções mas esta vai ajudar a recuperares mais depressa do embate...
A visão de Laurel girou, o líquido escorrendo pela sua garganta abaixo. O som de algo a partir-se chamou-a à atenção e não pode deixar de sorrir ao ver o rosto de Bellatrix transfigurar-se, cheia de raiva por Neville ter deixado a profecia cair sem querer.
- Bem feita... - murmurou, meio cambaleante.
- Dumbledore! - exclamou Ley, aliviada.
Laurel virou-se na direção que Ashley apontara, sentindo-se igualmente mais calma com a presença do avô. Ao passar por ela, Dumbledore lançou-lhe um olhar de reprovação, embora não passasse de preocupação reprimida. Ao erguer a varinha, os Devoradores da Morte começaram a gritar uns com os outros, cada um mais assustado do que o outro.
Não havia ninguém no mundo que ousasse desafiar Dumbledore, à exceção, talvez, da neta.
- Quieta. - murmurou alguém ao seu ouvido, a varinha a pressionar-lhe as costas.
- Lucious Malfoy- saudou ela, com um tom de deboche na voz - Vai entregar-me a Voldemort desta vez?
O Malfoy rosnou, irritado.
- Deveria, sim. Não devia estar aqui, Miss Ravenclaw.
- Não precisa me proteger mais, Mr. Malfoy. - rispostou Laurel, sem o olhar - Diga à sua mulher que, ao ajudar Voldemort a trazer Harry até aqui, Narcissa perdeu toda a minha boa fé. Ela é exatamente como a minha mãe a descreveu: uma fraca.
A raiva para com Narcissa Malfoy borbulhava no seu interior e isso notou-se na sua voz, de tal forma que Lucious recuou ligeiramente, assustado. Sem pensar duas vezes, Laurel ergueu a mão, atingindo-o com um feitiço de Atordoar em cheio na testa.
- Malditos Malfoy. - resmungou, endireitando-se.
Apenas um par continuava a debater-se. Sirius e Belatrix, primos de sangue, lutavam um com o outro de maneira tão feroz que Laurel quis intervir, detendo-se ao ver o prazer no rosto de Sirius.
O homem que ficara fechado doze anos numa cela e meses numa casa estava finalmente a divertir-se.
Foram esses segundos de hesitação de Laurel que fizeram a diferença.
- Vá lá, és capaz de fazer melhor! - gritou Sirius à mulher, provocador.
Laurel sorriu, apreciando o tio a ser exatamente o que ele era quinze anos antes.
Isto até um jacto de luz verde atingi-lo no peito.
A Ravenclaw empalideceu, percebendo tarde demais o que acontecera.
- Não... - murmurou, em choque.
Lentamente, o sorriso no rosto de Sirius esmoreceu e o seu corpo tombou para trás, precipitando-se pelo arco antigo e desaparecendo para lá do véu.
- NÃO! - gritou Laurel, correndo para o arco.
- LAUREL, NÃO! - berrou Remus, ao mesmo tempo que segurava Harry.
- SIRIUS! SIRIUS! - berrava o rapaz, confuso.
- TIO! TIO! NÃO, LARGA-ME! - gritou Laurel, debatendo-se com os braços que a agarravam, embora a sua estatura pequena não tivesse força suficiente para isso - LARGA-ME!
- Laurel, não podes fazer nada... - disse Ashley, segurando-a, banhada em lágrimas.
- LARGA-ME! LARGA-ME! TIO! TIO!
Laurel caiu de joelhos, os olhos safira fixos no local onde poucos momentos antes estivera a ver o seu tio voltar a ser o homem alegre e provocador que sempre fora.
- Tio, não... Não... Por favor...
Sirius fora-se.
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