Capítulo 70
Alguns dias depois, o Exército de Dumbledore reunia-se mais uma vez e Laurel Ravenclaw era a convidada de honra.
- Pensem em memórias felizes, as mais felizes que tiverem - explicou Laurel, fitando cada um dos membros do ED - Agarrem-se a essa memória feliz como se a vossa vida dependesse disso porque, quando são confrontados com um Dementor, depende mesmo.
Para surpresa da maioria, a Ravenclaw ergueu a mão, proferindo o feitiço da forma mais natural que já tinham visto, indiferente ao facto de ser a primeira vez que mostrava que conseguia fazer magia com as mãos.
- Expectro Patronum.
A memória de Remus Lupin a ler-lhe histórias antes de dormir era uma das mais felizes que tinha. Era naquele momento que Remus lhe mostrava que um pai não precisava ser de sangue, bastava ter amor, algo que Lupin tinha de sobra. Estivera sempre lá quando Laurel precisava e passava horas e horas a ler-lhe histórias antes de dormir, mesmo que a sua manhosa filha já soubesse ler desde os quatro anos.
Laurel gostava da forma como Remus lia as histórias, com dedicação e ênfase en cada frase. Remus gostava da forma como a criança o observava atentamente enquanto lia.
O conto favorito de ambos era Muggle e chamava-se A Pequena Sereia.
O Patronus de Laurel inundou a Sala das Necessidades com o seu brilho e tamanho. A águia enorme sobrevoou o teto, pousando delicadamente no ombro da Ravenclaw, como se tivesse uma forma corpórea e não fosse apenas formado de luz. o animal era tão gracioso e belo que os restantes membros permaneciam boquiabertos, verdadeiramente impressionados.
- Realizar um Patronus aqui é fácil. - afirmou Harry, colocando-se do outro lado de Laurel - Estamos numa sala perfeitamente iluminada, rodeados de amigos e colegas de Casa, longe do verdadeiro perigo que os Dementors representam. Não se iludam; na hora em que os enfrentam, o Patronus não será tão fácil de produzir.
Os membros do ED eram, no seu geral, bastante empenhados. Guiados por Harry e com uma ou outra ajuda de Laurel, tentavam produzir o feitiço da maneira mais correta possível, dando a Laurel a impressão de que Harry era um professor respeitado.
- És um bom professor. - elogiou Laurel, olhando para Harry, que encolheu os ombros.
- Não faço nada de especial. Boa Hermione!
Uma lontra prateada rodopiou em torno de Hermione, que sorriu, satisfeita consigo própria.
- Parece mais fácil do que é. - resmungou Ashley, visivelmente frustrada - Não me consigo lembrar de nenhuma memória feliz!
- Primeiro beijo com Meredith? - sugeriu Laurel, divertida.
Ley corou.
- Talvez resulte... Expectro Patronum!
Um lindo texugo brotou da varinha de Ashley Diggory, cujo verdadeiro sobrenome não podia estar mais evidente. Com um sorriso, Laurel pousou a mão no ombro da melhor amiga, que olhava fascinada para o animal da sua Casa.
- Muito bem, Hufflepuff.
As duas trocaram um olhar significativo, os olhos âmbar de Ley enchendo-se de lágrimas. Ela era uma Hufflepuff. Essa noção ainda não estava muito presente na sua cabeça mas era com orgulho que o seu Patronus rodopiava em torno de si mesma, relembrando-a disso.
A porta da Sala das Necessidades abriu-se e voltou a fechar-se, captando a atenção de Laurel e de Harry, que procurou ver quem entrara. Não havia ninguém. Laurel franziu o sobrolho, confusa, ficando imediatamente esclarecida ao ver a figura pequena de Dobby, o elfo livre que travara amizade com Harry tantos anos antes.
- Olá Dobby! - saudou Harry - Que fazes... Que se passa?
"Laurel" chamou a voz familiar de Meredith na mente de Laurel, que franziu o sobrolho, "Sai daí".
- A Meredith está na Brigada Inquisitorial? - perguntou a Ashley, ao mesmo tempo que observava Harry empalidecer lentamente.
- Sim, desde a semana passada, não sei o que lhe deu...
- Ela vem aí? - perguntou Harry a Dobby, alto o suficiente para apenas Laurel ouvir.
- Sim, Harry Potter, sim!
Laurel arregalou os olhos, virando-se para os colegas imóveis e aterrorizados.
Umbridge descobrira-os.
- DE QUE ESTÃO À ESPERA? - berrou - FUJAM!
Laurel agarrou no braço de Ashley, puxando-a na direção da saída. Após todos terem conseguido passar pela porta, precipitaram-se juntas na direção da Biblioteca, o local que mais frequentavam e que menos suspeitas levantaria.
- Laurel!
Meredith dobrou a esquina, ofegante. As três melhores amigas fitaram-se, a sombra de um sorriso no rosto.
- Quebrar as regras não faz o teu género, Ravenclaw. - brincou a Lovelace, virando-se para a namorada - Foge, vou fazer de conta que não te vi.
- E a Laurel? - questionou Ley, confusa.
- Eu...
- Laurel?
Blaise aproximou-se delas quase a correr, os olhos escuros fitando a ruiva com reprovação.
- Tu estavas com o Potter, não estavas?
Laurel fitou as unhas, desinteressada.
- E?
- É proibido! Contra as regras! - virou-se para Ashley, que ainda estava ofegante de toda a correria - Vou levar-vos às duas para a professora Umbridge...
- Não vais tocar num fio de cabelo da minha namorada, meu bem. - afirmou Meredith, colocando-se à frente da Diggory sem pestanejar - A menos que queiras que te trate da saúde.
Zabini engasgou-se, a figura alta e o sorriso delineado a batom vermelho da Lovelace tornando-a suficientemente assustadora para dar um passo atrás, afastando-se de Ley, cujo orgulho era visível na sua expressão impressionada.
- Meninas, vão. - pediu Laurel, vendo mais membros da Brigada virem na sua direção - Corram!
- Mas, Lau...
- Ley, vai!
Ashley assentiu, incerta. Meredith puxou-a pela mão, as duas correndo por Hogwarts fora em busca de um esconderijo. Ligeiramente desconcertado, Blaise fitou a namorada, que soltou um suspiro pesado ao ver Draco e Pansy se aproximarem deles.
- Era só o que me faltava. - resmungou, irritada.
- Por Merlim! - exclamou Pansy, divertida - A pura e casta Laurel Ravenclaw foi apanhada a quebrar as regras? Tsc tsc tsc... O que vais fazer com ela, Blaise?
- Lamento, Lau mas...
- Não me chames isso. - ripostou Laurel, cruzando os braços - E o nosso namoro acabou, desculpa.
O rapaz fitou-a de tal forma que Laurel baixou a guarda, vendo Blaise verdadeiramente abalado. A verdade é que eles davam-se bem mas apenas quando estavam longe dos restantes Slytherin, a quem Blaise sempre iria querer agradar e pertencer, tornando a relação entre os dois impossível.
- Eu gosto de ti, Blaise mas só como amigo. - explicou Laurel, a sua gentileza natural sobressaindo por entre os nervos que sentia - Desculpa...
- Eu entendo. - disse Blaise, interrompendo-a - Amigos?
Com um pequeno sorriso, Zabini estendeu a mão. Laurel apertou-a, o sorriso desaparecendo de imediato ao ser puxada violentamente contra ele e girada de forma a ter o braço de Blaise praticamente a sufocar-lhe o pescoço.
Blaise soltou um suspiro, deixando Laurel ainda mais irritada com o golpe baixo que ele lhe dera.
À sua frente, Pansy sorria.
- Amigos amigos... Negócios à parte. - afirmou Blaise junto ao seu ouvido.
- Larga-me seu filho da...
- Blaise, larga-a.
- Draquinho, ela tem de ser levada para a...
- Ela não tem que coisa nenhuma. - ripostou Draco, os punhos cerrados numa clara ameaça a Blaise - E mesmo que tenha, não vai ser dessa maneira. Estás a magoá-la.
O olhar de Blaise vacilou ao ver Laurel gemer de dor, o braço dele demasiado apertado junto ao pescoço dela.
- Larga-a. - ordenou Draco, firme.
- Não preciso que me defendas. - resmungou Laurel, tentando debater-se.
- Nota-se. - Draco revirou os olhos - Orgulhosa até aos ossos. Como é que vai ser? Vais largá-la a bem ou a mal?
Com um rosnar irritado, Blaise Zabini soltou a rapariga que cambaleou levemente, a sua estatura pequena não aguentando aquele tipo de violência. Enervada, Laurel endireitou-se, fitando o seu mais recente ex-namorado com raiva.
- Amigos? - questionou Blaise, erguendo as mãos na defensiva.
- Nem aqui nem na China. - respondeu Laurel, acariciando o pescoço magoado.
- Draco, isto é um ultraje! - exclamou Pansy, fitando o Malfoy sem compreender - Entregaste o Potter com tanta felicidade ao Fudge...
- Sempre uma excelente pessoa, não é Draco? - ironizou Laurel, fitando o amigo com reprovação.
- Faz parte do meu charme natural. - respondeu o loiro - Pansy, Blaise, continuem a procurar mais membros do clube do Potter. A Laurel não estava lá e ai de quem disser o contrário, fui claro?
A morena assentiu, o rosto mostrando toda a sua fúria, algo que Laurel não pode deixar de desfrutar com o seu melhor sorriso maquiavélico. Blaise fitou-a, genuinamente arrependido, mas conhecia Laurel o suficiente para saber que o seu arrependimento de nada adiantaria naquele momento.
- Lamento muito. - foi tudo o que disse, virando-lhe as costas.
Laurel suspirou, a adrenalina de toda a situação a evaporar-se do seu corpo. Ao erguer os olhos, deu de caras com o sorriso arrogante de Draco Malfoy, algo que ficaria mal em qualquer outra pessoa mas que, como o próprio dizia, fazia parte do seu charme natural.
- Solteira então? - questionou o loiro, como quem não quer a coisa.
- Sim. - a ruiva abanou a cabeça, rindo da sua própria desgraça - Nem sei o que me deu para aceitar o pedido de namoro. Pobre Blaise...
- Sim, pobrezinho, ele nem tentou te levar à força nem quase te sufocou. - ironizou Draco, verdadeiramente irritado - Ainda vai pagar por isso...
- Obrigada Draco. - disse a Ravenclaw, interrompendo-o.
Os olhos safira de Laurel fitaram-no diretamente, deixando-o desconcertado. A facilidade com que Laurel era boa e genuína era a característica que mais o fascinava, o rapaz que crescera rodeado da ausência de bondade e gentileza. O único exemplo de bondade que tinha na vida era a mãe, Narcissa, alguém que muitas vezes se escondia por detrás de uma máscara fria e insensível para se proteger.
A mesma máscara que Draco aprendera a usar e que o ajudava a fazer de tudo para preencher o ego gigante que um Malfoy tinha de ter.
- Vai lá. Vou fingir que não te vi. - disse ele, como se aquilo não fosse nada - É este tipo de coisas que os amigos fazem?
A pergunta era tão genuína que Draco bufou, prevendo a risada debochada de Laurel. Essa risada nunca chegou, muito menos o olhar de pena que outra pessoa poderia deitar pelo facto do Malfoy nem saber o que um amigo verdadeiro fazia.
Laurel Ravenclaw não tinha pena de ninguém.
- É exatamente isso. - respondeu, séria - Ensinei-te bem, não achas?
Draco prensou os lábios.
- Solteira, certo?
Laurel riu.
- Para já, muito solteira.
E depositou-lhe um beijo na bochecha, como se tornara hábito fazer, deixando Draco inebriado com o seu perfume a côco e a sensação dos seus lábios a queimarem-lhe a pele durante um bom tempo.
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