Capítulo 49
A terceira tarefa estava prestes a começar e o estado de espírito dos Diggory era diferente entre os quatro elementos da família.
Amos Diggory não cabia em si de orgulho. O filho, o seu filho estava prestes a ter a oportunidade de ser campeão de um dos mais importantes acontecimentos do mundo bruxo, independentemente de haver um claro favoritismo em relação a Harry Potter ser o campeão de Hogwarts (pelo menos nas palavras de Rita Skeeter...).
Cecilia Diggory acariciava os cabelos da filha, fitando Cedric com apreensão. Enquanto mãe, o seu instinto natural era proteger o filho a qualquer custo, algo muito difícil de fazer quando o rapaz ia para dentro de um labirinto cheio de criaturas mágicas por vontade própria. Ainda assim, não conseguia deixar de fitar a filha, que não pudera acompanhar durante todo o tratamento no St. Mungus por trabalhar na Irlanda, um sacrifícios necessário para o bem da sua família, já que os Diggory não eram propriamente afortunados.
Cedric esfregava as mãos nervosamente, acenando à namorada que já se sentara junto das amigas na bancada dos espectadores. Cho Chang já se tinha despedido e desejado sorte ao namorado, percebendo que aquela era a hora para ele somente estar com a sua família. O rapaz abraçou a irmã, apertando-a fortemente contra si. Ashley era a mais ansiosa de todas, a sua mente projectando as criaturas mais horríveis e tremendo de medo ao olhar para o labirinto assustador de seis metros de altura.
- Vai correr tudo bem e eu vou sair campeão, sim? - questionou Cedric, apertando-lhe os ombros num gesto reconfortante.
- Quero é que saias de lá vivo. - ripostou Ley, analisando o rosto do irmão mais velho - Sem heroísmos, Ced. A tua prioridade é a tua segurança, não aquela Taça, ok?
Cedric assentiu, baguçando os cachos da mais nova.
- És pior que a mãe, Ley.
- A tua irmã tem razão, querido. - disse a mãe, afagando a bochecha do filho - A tua segurança está em primeiro lugar. Já és um campeão para nós, Ced. Pouco nos importa se ganhas ou perdes.
- Mas se ganhares... - começou Amos, levando de imediato um safanão da mulher - Não importa nada! Tu já és... Hã... Um campeão para nós!
Cedric soltou uma risada, acompanhado por Ashley. Cecilia simplesmente abanou a cabeça, pensando por vezes no quanto o marido era sem noção por vezes.
Quando a jovem ruiva e de sorriso gentil surgiu no seu campo de visão, Cedric aproximou-se dela de imediato, abraçando-a. Estava imensamente nervoso e Laurel estava preocupada com ele, resultando nos dois amigos a soltarem risadas nervosas enquanto se abraçavam.
- Vais ser incrível, Ced. - começou a Ravenclaw, ajeitando-lhe a gola da camisa, bagunçada pelos inúmeros abraços que Cedric já recebera - Acredito em ti.
- Não vais estar a torcer pelo Harry? Eu sei que vocês são próximos... - Cedric olhou-a com um ar sugestivo, deixando Laurel envergonhada.
- Ley! Contaste-lhe?! - brigou a ruiva, olhando para a melhor amiga.
Ashley fez uma careta indignada.
- Eu?! Claro que não! Foi a Meredith! Sabes perfeitamente que ela é uma desbocada!
Cedric riu-se enquanto Laurel abanou a cabeça, descrente.
- É impossível pedir a Meredith para guardar segredo sobre algo como o primeiro beijo de uma pessoa. - resmungou Laurel, encolhendo os ombros - Mas não, estou a torcer por ti. Harry está no Torneio por algum motivo que não me parece ser bom... Tu estás por mérito. - afirmou, leal - Só tem cuidado, por favor. Estão a acontecer coisas estranhas em Hogwarts e não quero que corras perigo de vida. És mais importante do que este Torneio.
- Já sei disso. - ele respondeu, lançando um olhar à irmã e à mãe, que sorriram uma para a outra - Já me disseram isso mil vezes.
A hora dos campeões se posicionarem à entrada do labirinto chegara. Cedric e Harry seriam os primeiros, empatados em pontos. Com um sorriso nervoso no rosto, Cedric despediu-se da família e da melhor amiga, pousando um beijo na testa da irmã mais nova e em Laurel, ambas sabendo o que significavam para ele.
- Volto já. - disse ele, acenando.
Laurel ficou a vê-lo afastar-se, corando enquanto acenava na direção de Harry.
"Boa sorte." sussurrou na cabeça dele, apreciando a forma como os ombros dele relaxaram ao ouvi-la.
O apito inicial soou e Cedric e Harry entraram no labirinto, desaparecendo de vista. O coração de Laurel apertou-se, o mau pressentimento que sentira durante todo o Torneio acentuando-se. Alguma coisa estava errada. No seu peito, o medalhão brilhava de um verde esmeralda tóxico, característico do que mais detestava no mundo.
Voldemort.
- Miss Ravenclaw, posso-lhe dar uma palavrinha?
Laurel deu um pulo, assustando-se com a presença do professor Moody junto de si. O homem encarava-a com o ar sério e alienado do costume, deixando-a inquieta. Sentia-se à vontade junto do famoso Auror durante as aulas mas quando o seu fascínio pelas Trevas se desvanecia...
- Claro, professor.
A jovem ergueu-se, seguindo o homem manco para longe das bancadas, algo demorado devido à mobilidade reduzida do professor. Quando Moody parou, o estômago de Laurel embrulhou-se mas não conseguia seguir o que o instinto lhe gritava.
Devia fugir mas não queria. Porquê?
- Lamento tirá-la do espetáculo a meio mas era importante. - Moody retirou um pedaço de pano do bolso, embrulhado de forma tão perfeita que Laurel ainda se sentiu mais estranha - Isto é para si, Miss Ravenclaw. Conheço o seu interesse pelas Trevas e achei que um objeto poderoso como este deveria estar nas suas mãos. Irá protegê-la de todos os que lhe desejarem mal.
Moody destapou o objeto com brusquidão, atirando o pano ao chão. Os olhos cor de safira de Laurel arregalaram-se, espantados.
Uma pulseira de prata reluzia como se tivesse brilho próprio, o formato de cobra belo e letal como as esmeraldas dos seus olhos. Uma aura pairava sobre o objeto mas era impossível desviar o olhar. A sua mão estendeu-se e assim que a ponta do seu indicador tocou na superfície fria da prata, a cobra desenrolou-se, enroscando-se à volta do pulso. Assustada, Laurel ergueu os olhos, encontrando o sorriso enigmático de Moody.
No segundo seguinte, sentiu um puxão no umbigo e o corpo desintegrou-se, obrigando-a a fechar os olhos.
Ao voltar a abri-los, soltou um grito.
O local dos seus pesadelos estendia-se mais real e mais gélido que nunca.
O cemitério.
E à espera dela, a sombra translúcido de Tom Riddle fitava-a, com o mesmo sorriso galã de dois anos antes, os mesmos olhos frios postos em si.
- Bem-vinda, Laurel, à terra onde nasci e onde irei renascer.
- R-renascer? - gaguejou a Ravenclaw, a tremer - Isto só pode ser um pesadelo... Mais um...
Tom Riddle aproximou-se dela, a figura muito menos realista e presente do que nos seus pesadelos, o que em nada lhe deixava aliviada.
- Não mais.
Um estalido ouviu-se e Harry Potter apareceu, a mão agarrada a um dos lados da Taça do Torneio dos Três Feiticeiros, com Cedric Diggory agarrada ao outro lado. O Hufflepuff olhou para ela surpreso e sem entender nada.
- Laurel? És tu?
Em frente a Laurel, a memória de Tom Riddle tocou-lhe na face, desaparecendo enquanto deixava para trás a marca fria dos seus dedos na bochecha dela.
- Laurel? - chamou Harry, preocupado.
Passos fizeram-se ouvir, deixando os três alerta. Uma figura encapuzada e curvada surgiu, carregando ao colo um monte de trapos onde um bebé poderia estar. Laurel deu um passo em frente, procurando vislumbrar o rosto tapado. Empalideceu.
Peter Pettigrew tremia enquanto caminhava para junto deles. Nas suas mãos, uma criatura hedionda olhou diretamente nos olhos de safira, que recuou imediatamente, assustada com aqueles olhos cor de sangue.
A criatura era Voldemort.
- Mata o que está a mais.
A mente perspicaz de Laurel entendeu de imediato o que estava prestes a acontecer. Num gesto relâmpago, ergueu a mão, procurando canalizar o desespero que sentia para lançar um feitiço protetor em Cedric mas a sua magia não respondeu.
A cobra de prata estrangulou-lhe o braço, avisando-a da sua impotência.
Laurel gritou. Cedric olhou para ela, confuso, tudo num curto espaço de tempo.
- Avada Kedavra!
A última coisa que Cedric Diggory viu foram os olhos safira de Laurel Ravenclaw fixos nele, a boca aberta num grito estrangulado de quem perdera uma parte de si.
O seu melhor amigo estava morto.
Cedric Diggory estava morto.
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