Capítulo 46 - Parte 2
- É apenas uma dança, Blaise. Não somos amigos. - afirmou Laurel, rodopiando sobre si mesma.
- Não julgues o que não entendes, Laurel. Achas que tenho orgulho na forma como penso? - perguntou o rapaz com tranquilidade, apertando a cintura dela junto de si - Quando cresces no seio familiar que eu e Draco crescemos tornaste escravo da tua própria educação. Os nossos pais ensinaram-nos a odiar os Muggles, a achar que são inferiores a nós...
- Os vossos pais são ignorantes. - retorquiu a ruiva, pousando as mãos nos ombros de Blaise - Os Muggles podem não ter sangue mágico mas criaram algo tão extraordinário quanto: a ciência. Alguma vez paraste para pensar como é que eles têm electricidade? Ou televisão? Ou carros? Criaram tudo sem magia! Sem qualquer ajuda!
- Eu não sei o que essas coisas são...
- Exato. Chama-se ignorância. É exatamente o que tu disseste: não julgues o que não entendes.
- Eu pelo menos não trato ninguém mal aqui em Hogwarts, já Draco está constantemente a fazê-lo. Alguma vez tiveste esse tipo de conversa com ele?
- Porque é que estás a chamar Draco para a conversa? - questionou Laurel, irritada - Eu estou a falar contigo, a pessoa que nunca em quatro anos ousou defender-me e do nada decidiu ser meu amigo.
- Eu já vos vi a conversar e a estudar juntos como se fossem amigos. Há quatro anos que ele te trata mal! E eu não posso nem convidar-te para dançar?
- Com licença... - pediu Cedric - Laurel, aceitas dançar comigo?
Laurel assentiu de imediato, afastando-se de Zabini. O rapaz ainda a chamou mas Laurel sequer olhou para trás, segurando firmemente a mão de Cedric, que percebera o seu desconforto.
- Puros-sangue são difíceis de lidar, não são? - questionou o Hufflepuff, pousando timidamente a mão na cintura da mais nova.
- A quem o dizes. - a ruiva suspirou, sentindo-se confortável com Cedric - Obrigada por me tirares dali. Blaise é simpático mas no fundo eu sei que ele nunca falaria comigo se o meu sangue fosse outro. Não consigo entender toda esta fixação com o tipo de sangue...
- Cresceste fora da sociedade bruxa, Lau, é normal que fiques confusa. Porque é que achas que a maioria das famílias puro-sangue têm conexões com o Quem-Nós-Sabemos?
- Para mim não passam de ignorantes. - uma música lenta começou a tocar, levando Laurel a pousar a cabeça no peito de Cedric, muito mais alto que ela - Obrigada por tudo, Ced. Eu sei que nos aproximamos apenas por causa da Ley mas... És a melhor pessoa que conheço. O meu melhor amigo.
Cedric nada disse, limitando-se a pousar o queixo no topo da cabeça da Ravenclaw e apreciar o momento, balançando ao ritmo da música.
- És o meu melhor amigo. - sussurrou Laurel, com uma lágrima a escorrer-lhe pelo rosto.
- E tu a minha. Sempre vou estar lá para te apoiar como tu tiveste para mim quando eu precisei.
Laurel assentiu, sorridente. Segundos depois, desatou a rir à gargalhada, o olhar fixo num ponto à sua frente.
- Devias ir ter com a tua namorada antes que ela me mate com os olhos! Cho Chang é bastante ciumenta, não?
**
Meredith e Ashley sentaram-se cada uma de um dos lados de Hermione Granger, que parara de dançar com Victor Krum por instantes para recuperar o ar. Ao ver o ar matreiro das duas, a Grinffindor revirou os olhos, já sabendo o que vinha daí.
- O Krum, hã? - começou Meredith, travessa - Tantas idas à biblioteca e lá conseguiu requisitar o livro que ele realmente queria ler!
- Que péssimo trocadilho, Mer. - comentou Ley, divertida - Mas tenho que admitir, não estava à espera deste final feliz.
- Oh por Merlim! Somos só amigos! - Hermione riu-se - Sabem o que se passa com o Ron? Está com uma cara...
Meredith observou o Weasley mais novo bufar a poucos metros delas, os olhos fixos em Hermione com uma fúria mal contida.
- Dor de cotovelo, querida. - respondeu, ajeitando o cabelo negro - Quem não teria? Pareces uma princesa e arranjaste um belo príncipe. Ciúmes é algo natural quando algo assim acontece!
- Ron não está com ciúmes. - Hermione abanou a cabeça, descrente - Ele sequer me vê como uma rapariga. É um idiota.
- São todos, Hermione. - afirmou Ley. achando graça à conversa das duas - Ainda bem que não gosto de nenhum, principalmente de Ron. Ele é um excelente amigo mas mais que isso não estou interessada.
- Eles que perdem, já disse. - comentou Meredith, piscando-lhe o olho.
Ashley pousou os olhos no colo, sentindo-se tonta. A emoção do Baile era mais que muita e as sensação estranhas que sentia de cada vez que Meredith a elogiava davam-lhe a volta à cabeça, deixando-a mais cansada do que seria de esperar. Notando o desconforto da amiga, Meredith deu-lhe a mão, apertando-a levemente sem perceber a forma como o corpo de Ashley ficou tenso ao seu toque.
- Estás bem? Queres ir embora?
- Não é só... Muita emoção. A minha mente não lidava com algo assim há algum tempo. - explicou Ley, atrapalhada.
- Vou ter com Victor. - murmurou Hermione, notando com um sorriso no rosto os olhos âmbar de Ashley fixos na mão de Meredith sobre a sua.
- Se precisares de ir...
- Eu estou bem. Não precisas estar sempre preocupada comigo. - disse Ashley, afastando a mão bruscamente - Eu não sei se é porque te sentes culpada ou porque Cedric e Laurel te pediram para tomar conta de mim mas eu não preciso disso. Estou bem e fico muito bem sozinha. - tirou a flor dos seus cabelos, atirando-a ao chão - Eu nem sequer queria vir.
Ashley pôs-se de pé, afastando-se do Salão Nobre a passos largos. Atrás de si, Meredith bufava, irritada, segurando-lhe o braço quando já se encontravam nos corredores.
- Achas que estou a tomar conta de ti?! Sou alguma babysitter ou quê?! Vim ao Baile por tua causa, Ashley! Queria vir contigo para nos divertirmos, achei que seria exatamente o que precisavas para te animar mas não é nenhum ato de caridade! E não me posso preocupar contigo?!
A Lovelace cruzou os braços em frente ao peito, os olhos negros tão irritados que quase pareciam pegar fogo.
- Eu me importo contigo, Ashley. No ano passado, quando me juntei a Pansy e às outras Cobras e me arrependi, quem foi que me deu uma chance de me explicar? Quem foi que me apoiou quando a minha... - Meredith fez uma pausa, incapaz de dizer a palavra que estava prestes a dizer - Quando Amanda me deixou aquela mensagem horrorosa, eras tu que estavas comigo. Por isso não, ninguém me mandou fazer babysitting e não sinto culpa nenhuma, quem te amaldiçoou foi a minha mãe, não eu. Eu só queria me divertir contigo e animar-te. Queria lembrar-te quando linda e incrível tu és.
A Slytherin fechou os olhos, visivelmente magoada com a atitude da Hufflepuff.
- Eu só queria ser uma boa amiga, Ashley e mostrar o quanto gosto de ti. Arrependo-me até hoje de não ter tido coragem para estar lá contigo todos os dias no St. Mungus. Se não consegues perceber isto então pelo menos não verbalizes para não me magoares.
Ao ver que Ashley não lhe respondia, Meredith suspirou, frustrada. De seguida, deu meia volta e saiu dali, arrancando os sapatos pelo caminho e desistindo do Baile. Trémula e confusa com os seus sentimentos, Ashley fez a mesma coisa, dirigindo-se em silêncio na direção dos dormitórios dos Hufflepuff, também ela arrancando os sapatos pelo caminho.
**
Ainda no Baile, Laurel não notara nada do que acontecera com as suas amigas. Na verdade, ela estava simplesmente focada nos doces que encontrara na mesa de petiscos e que saboreava como ninguém. Adorava doces e sabia apreciá-los como ninguém.
A meio da sua segunda fatia de bolo de chocolate, Harry Potter decidiu finalmente aproximar-se de si. Depois de passar o Baile inteiro ora a adorar a Cho Chang ora a adorar Laurel à distância, sentado ao lado de um muito irritado Ron Weasley sem sairem dos seus lugares para dançar ou comer.
Envergonhado, Harry sorriu na direção de Laurel, que apressou-se a limpar a boca a um guardanapo, envergonhada.
- Olá! - saudou ela, entusiasmada - Bolo?
- Não, obrigado. - Harry coçou a cabeça, embaraçado - Só queria dizer que... Hm... T-tu...
- Sim?
Um fio de cabelo ruivo soltou-se do penteado de Laurel, caindo-lhe para o rosto. Num gesto automático, Harry colocou-o atrás da pequena orelha dela, deixando-a corada e extremamente atrapalhada. Os olhos verdes do rapaz fixaram-se nos safira dela mas depressa pousaram no medalhão de Ravenclaw, cujo brilho vermelho misturara-se ao azul safira.
- Estás linda. - conseguiu dizer Harry, sorrindo.
Draco Malfoy estava para lá de irritado. Para além de não ter convidado Laurel para o Baile, ela estava belíssima e sempre acompanhado de amigos, principalmente masculinos. Blaise Zabini, o melhor amigo de Draco, dançara com a jovem por breves instantes, até Cedric Diggory entrar em ação. A partir daí, Laurel conversara com diferentes pessoas, como Seamus Finnigan, Dean Thomas, Neville Longbottom, Victor Krum...
Todos, exceto Draco Malfoy, que tentava a custo livrar-se de Pansy, Crabbe e Goyle para poder dizer olá a Laurel sem que ninguém visse.
Qual o problema de ser visto a falar com Laurel? Para os Slytherin, a Ravenclaw era persona non grata, o alvo a abater. Seria sempre uma fraude, a que não pertencia e aquela que lhes roubava a credibilidade. Os Slytherin era orgulhosos e Laurel Ravenclaw nunca faria parte da Casa das Cobras.
Draco, sendo tão importante para a sua Casa, não podia manchar a sua reputação.
Depois, tinha Lucious Malfoy e portanto Draco faria de tudo para se afastar de Laurel, pelo menos em público.
Ainda assim, a orgulhosa Ravenclaw e a Slytherin mais astuta que conhecia estava linda, demasiado linda para as mãos odiosas de Harry Potter. Os dois estava próximos e Draco não queria acreditar no gesto carinhoso que o Potter estava a ter com a ruiva. Cabelo atrás da orelha? A sério?
Furioso, Draco fez o que sabia fazer melhor: nada de bom. Com brusquidão, aproximou-se de Laurel, esbarrando propositadamente no ombro dela e sequer pensando duas vezes antes de soltar o insulto.
- Sai da frente, traidora de sangue.
Infelizmente para Draco, tudo foi mal calculado. Ele era alto, ela era baixa e magra; ele tinha ossos duros, ela uma estatura que nem folha de papel; ele estava de sapatos rasos, ela de saltos.
Com um grito, Laurel caiu para trás, batendo com força na mesa atrás de si, derrubando-a. Bebida e comida caíram-lhe em cima, o embate desfazendo-lhe o penteado e enchendo-lhe o corpo de doces e champanhe. Harry foi de imediato ao seu encontro, tentando levantá-la mas o pé de Laurel pisou a ponta do seu vestido, rasgando-o e deixando a descoberto uma parte do seu peito.
Horrorizado, Draco esticou-se para a ajudar mas foi arremessado para trás pela magia de Laurel, que o olhou com lágrimas nos olhos.
- Satisfeito?! - questionou ela, ignorando o silêncio chocado que preencheu o Salão.
- Foi sem querer...
- Uau Draco! Nem eu teria feito melhor. - comentou Pansy, aproximando-se do seu par visivelmente satisfeita - Essa demónia só teve o que merecia.
- Cala a boca, Pansy. - rosnou Draco, afastando-se dela - Laurel, eu lamento imenso...
Suja e agarrada ao tecido do seu vestido, Laurel aproximou-se do rosto dele, com lágrimas grossas a escorrerem-lhe pelo rosto de boneca e um ar de desapontamento que cortou o coração de Draco.
- Eu odeio-te... - sussurrou ela, os olhos safira fixos nos dele - Não somos amigos nem nunca vamos ser, Draco Malfoy. Fica longe de mim.
E virou-lhe as costas, com Cedric Diggory a apoiá-la enquanto saiam dali, deixando Draco arrasado para trás.
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