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Capítulo 31

A Floresta Proibida saudou Ashley com uma escuridão para a qual a menina não estava minimamente acostumada. A Lua Cheia brilhava no céu com a intensidade de quem se prepara para ser a estrela da noite. Ley suspirou, enterrando as mãos bem fundo nos bolsos do casaco às riscas vermelhas e amarelas que usava, procurando esconder ao máximo o nervosismo que sentia.

Ao seu lado, Laurel parecia distante, como tantas vezes ficava. O feitiço Lumus inundava-lhe as palmas das mãos, parecendo autênticos faróis. A rapariga parecia preocupada, os pensamentos bem longe dali.

- Estás bem? - perguntou Ley, sentindo um calafrio - Caramba, está uma noite fria...

- Estou com um pressentimento... - murmurou a amiga, roçando a mão pelo seu medalhão, que brilhava num tom avermelhado.

As duas meninas continuaram a andar, sem saber para onde iam. O coração guiava-as mais do que propriamente a coragem, os corpos de ambas a tremer de nervosismo por baixo das roupas grossas.

O som de um grito ecoou entre as árvores, atraindo a atenção de Ashley, que se virou de imediato para Laurel com um semblante assustado.

- É a Meredith!

Laurel desatou a correr em direção ao som, a luz das suas mãos iluminando o caminho. Outro grito fez Ashley levar a mão ao peito enquanto corria, aflita. As árvores passavam por elas velozmente até abrandarem o ritmo quando ouviram a voz de Meredith bem perto delas.

- Por favor, mãe... Já chega...

Laurel agachou-se atrás dos arbustos que circundavam a clareira onde Meredith se encontrava, puxando uma Ashley em choque para junto de si. A Lovelace estava de bruços no chão, o rosto contorcido numa expressão de dor, a boca em sangue. Junto de si, a mulher mais elegante que Ashley já vira fitava a filha com desprezo, rodando na mão uma varinha que não era dela, pela forma desconfortável com que a segurava. Os cabelos negros lisos pareciam brilhar com a luz da Lua e o ar altivo presente nos seus olhos negros transmitiam a estranha sensação de estar perante uma rainha. Amanda Lovelace era a cara chapada da sua filha e ainda mais bonita do que a própria.

- Tens um plano, certo? - perguntou Ashley, cada vez mais aterrorizada.

Laurel assentiu, os olhos safira fixos em Meredith, que balbuciava qualquer coisa sem sentido.

- Alguém te ensinou o feitiço que permite lançar faíscas vermelhas para o céu? - perguntou a Ravenclaw, fitando Ashley, que assentiu positivamente - Ótimo. Então o plano é o seguinte: eu vou usar Leglimancia para mostrar ao meu avô o que se está a passar e tu vais lançar as faíscas e mostrar a nossa posição. A seguir... Bem, improvisamos de forma a afastar Amanda de Meredith até Dumbledore chegar.

O queixo de Ley caiu, os olhos arregalados.

- Tu queres enfrentar uma Devoradora da Morte com base em improvisação?!

- Tens um plano melhor?

- Achas que consigo pensar sequer?! Estou aterrorizada!

- Então temos de seguir o meu plano!

A Ravenclaw fechou os olhos, sussurrando o feitiço. Ashley ergueu a varinha, apontando-a para o céu e disparando o feitiço assim que Laurel voltou a abrir os olhos. As faíscas vermelhas inundaram o céu e Ashley soltou um gritinho ao sentir o corpo ser puxado e arrastado entre os arbustos por uma força invisível, os olhos fechados pela dor dos galhos a baterem-lhe na cara. Quando o movimento parou, Ley deu de caras com Meredith, que a fitava incrédula.

- O que estão aqui a fazer?! - questionou, as mãos atadas atrás das costas - Vocês têm de se ir embora!

- Não te vamos deixar aqui. - ripostou Laurel, pondo-se de pé.

- Pensei que fosses mais inteligente, Laurel Ravenclaw. Anunciar a tua posição ao inimigo dessa maneira? Tolinha!

Amanda aproximou-se das duas meninas, esboçando um sorriso ao vê-las debater-se com as cordas mágicas que as prendiam ao chão, as mesmas que circulavam os pés e as mãos de Meredith. O sorriso aumentou quando viu a filha abanar a cabeça tristemente, também ela debatendo-se.

- Laurel, tens de fugir. Usa a tua magia, faz qualquer coisa... - lágrimas escorriam pelo rosto esquartejado de Meredith, misturando-se com o seu sangue - Ela não veio por mim, Laurel. Eu sou apenas o isco.

Ley arregalou os olhos. Ao seu lado, Laurel empalideceu, percebendo o que Meredith queria dizer.

- Como disse, esperava que fosses mais inteligente, Ravenclaw. Torturar e matar a minha filha é apenas um bônus mas neste momento a tua cabeça vale muito mais que a dela. - disse Amanda, apontando a varinha a Meredith - Se bem que eu precisava desta diversão depois de tantos anos encarcerada por causa dela. CRUCIO!

O grito de Meredith era tão doloroso que Ashley se contorceu, sofrendo também. A Diggory chorou ao ver Meredith cuspir sangue, perguntando-se quantas vezes Amanda tinha usado o feitiço desde que raptara a filha.

- Vai matá-la. - balbuciou Ley, a tremer - A senhora vai matá-la.

- Senhora? Que educada! Como te chamas, querida?

- Ashley, não digas nada...

- Cala-te, traidora. Crucio!

Ashley fechou os olhos, incapaz de ver Meredith naquele estado.

- Ashley Diggory. - respondeu, num sussurro.

- Tens um nome lindo, meu bem. Infelizmente, és amiga da minha filha. - choramingou Amanda, mostrando-se infeliz - Como tal, não te posso poupar. CRUCIO!

A dor que a assolou era demais para a sua mente processar. Da sua boca, o grito mais intenso escapou-lhe pelos lábios, ecoando pela floresta silenciosa. Alguém a esventrava, atingindo-lhe os ossos e os músculos, deixando-lhe o cérebro enebriado com tanto sofrimento. Sem forças, Ashley tombou para o lado, ofegante e zonza.

- Agora tu, Laurel Ravenclaw...

Mas Amanda não teve oportunidade de continuar pois o mundo à sua volta explodiu com a fúria de Laurel. A magia saiu-lhe em ondas tão intensas que Amanda foi atirada para trás, o corpo jogado contra a árvore mais próxima. Grossas raízes brotaram do chão e envolveram-na, apertando a mulher até ficar roxa.

O medalhão de Laurel brilhava, a luz reflectida nos seus olhos tornando-os mais azuis. As cordas mágicas tinham desaparecido e a menina encontrava-se de pé, fitando Amanda com uma expressão assassina no rosto que assustou Ashley mais do que toda a situação em si.

A magia continuou a seguir o seu rumo, o vento respondendo ao seu apelo. Os cabelos ruivos de Laurel balançavam agressivamente nas suas costas. Uma das mãos erguia-se à altura dos seus olhos, o punho mais e mais fechado à medida que as raízes cercavam o pescoço de Amanda. Os olhos negros da Lovelace brilharam com malícia, os lábios gretados e roxos abrindo-se num sussurro.

- O Lorde das Trevas brilha nos teus olhos, Laurel Ravenclaw... Essa foi a maldição que a tua mãe te deixou antes de morrer...

Os olhos de Laurel faiscaram, a mão erguendo-se ligeiramente para se cerrar totalmente.

- LAUREL, NÃO!

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