Capítulo 25
O dia da visita a Hogsmead tinha finalmente chegado e o entusiasmo pairava no ar. Assim que Laurel se aproximou do pai para lhe pedir a autorização que necessitava para ir até à cidade, ela soube pela cara de Remus que não iria haver excursão nenhuma para ela. Sirius Black tinha sido avistado justamente em Hogsmead e Remus sabia que Laurel não hesitaria em tentar encontrá-lo.
Ele tinha razão, claro. Farta dos rumores fantasiosos que rodopiavam à sua volta e ciente do olhar de pena de Meredith por onde quer que andasse, Laurel passava os dias a tentar perceber o que realmente acontecera na noite em que Sirius matara vários Muggles e assassinara Peter Pettigrew a sangue frio, deixando nada mais do que um dedo como prova de que Peter sequer existira. Havia algo errado nessa história. Sirius Black tinha sido um aluno brilhante em Hogwarts, um dos melhores amigos de James Potter, o pai de Harry. Junto com Remus e Peter, formavam um grupo muito conhecido em Hogwarts e eram dos alunos mais promissores da escola, segundo a professora McGonagall lhe contara.
A professora de Transfiguração contara-lhe a história dos quatro rapazes. Sirius era o renegado de uma das famílias mais puro sangue do mundo bruxo. James era um puro sangue sem qualquer noção do que isso significava. Remus, como McGonagall estava ciente, era um lobisomem, algo que nunca escondera da filha adotiva. E por fim havia Peter, um rapazinho franzino sem qualquer particularidade ou talento.
- Porque é que o Sirius iria sequer mutilar o Peter se o seu objetivo era matá-lo? - perguntou Laurel ao aproximar-se do pai adotivo.
Remus olhou para a filha, surpreendido. A autorização não assinada estava pousada na sua secretária e o professor não esperava que Laurel sequer notasse o papel em branco.
- Laurel, não posso deixar-te ir a Hogsmead este ano. - começou por explicar, fazendo uma pausa - Tu sabes que...
- Sirius Black foi avistado em Hogsmead. Eu sei, por isso já estava à espera que não me deixasses ir.
- Ele não é o homem que pensas que ele é.
- É família. - afirmou Laurel, sem um pingo de insegurança na voz - A minha mãe deixou bem claro que Sirius é inocente no Lembrador que me deixou. A única coisa que eu preciso fazer é prová-lo. Diz-me, pai: porque haveria Sirius de deixar partes do Peter Pettigrew no meio de uma rua Muggle? Porque não usar a Avada Kadavra, como Voldemort sempre fez?
- Poderia ser uma piada, Laurel. Sirius era o rei do deboche e o maior sacana que Hogwarts conheceu. - respondeu Remus, a dor de pronunciar o nome de um dos seus melhores amigos sempre tão presente - Tu sabes a responsabilidade que Sirius tem em relação à morte de James. Não esperes que eu tente entender o que levou um homem a entregar o melhor amigo e o seu afilhado ao Quem-Nós-Sabemos ou sequer tentar perceber as razões que ele tinha para o fazer.
Laurel baixou a cabeça, ciente de que Harry era o único que não sabia que Sirius Black era o seu padrinho e alegadamente o homem que contara a Voldemort o paradeiro de James e Lily Potter. Remus pôs-se de pé, encarando a filha de cima, as palavras saindo-lhe frias e sem emoção.
- O Sirius que eu conheci daria a vida pelos amigos e pelas suas convicções. O homem que assassinou Muggles e Peter Pettigrew em nome de Voldemort nada tinha do Sirius Black que eu conheci em Hogwarts. - Remus fez uma pausa, abanando a cabeça - Não me procures para falar desse assunto de novo, Laurel. Para mim, esse homem morreu no dia em que James e Peter morreram.
Com o seu malão na mão, Remus virou as costas a Laurel, deixando-a sentada na sua secretária completamente perdida em pensamentos. Antes que o professor de Defesa Contra as Artes Negras alcançasse a porta rumo ao Salão Nobre, a voz de Laurel fez-se ouvir, gentil:
- E Peter Pettigrew? Daria ele a vida pelos amigos?
A pergunta atingiu Remus em cheio, fazendo-o olhar para a filha em dúvida. Laurel prensava os lábios, os olhos cor de safira fixos no pai com compaixão. Ela sabia quão difícil era para ele falar na Guerra e na perda dos seus melhores amigos. Sabia quão importantes James, Sirius e Peter tinham sido no seu tempo em Hogwarts, os quatro transformando-se em Animagus para acompanhar Remus durante a Lua Cheia.
Laurel sabia muita coisa. Remus contara-lhe, McGonagall também, embora esta falasse do grupo de forma intrigada e enaltecendo os tremendos problemas e malandrices que os quatro Marotos causavam. Remus, por outro lado, contara-lhe apenas a gratidão que sentia em relação a eles porque todas as Luas Cheias o acompanhavam e ajudavam com as transformações e mazelas que estas causavam. Eram os seus melhores amigos, algo que Remus nunca sonhara ter por ser um lobisomem.
- Peter não era capaz de magoar uma mosca. - foi tudo o que Remus respondeu, saindo do seu próprio escritório.
Laurel fitou o pedaço de papel que guardara no bolso atrás. Era um recorte de um Profeta Diário antigo, onde a notícia principal consistia no homicídio de Peter Pettigrew. A fotografia em movimento do homem mostrava uma figura franzina, os olhos negros e pequenos dardejando de um lado e para o outro como se tivesse medo da própria sombra.
O medalhão de Ravenclaw brilhou, o tom azulado refletindo na fotografia. O instinto de Laurel dizia-lhe que havia algo que não batia certo naquela história.
**
- De certeza que ficas bem sozinha? - perguntou Cedric pela centésima vez, encarando a irmã mais nova com preocupação.
Ashley revirou os olhos. Hogsmead não era tão bonita como Cedric lhe contara, menos ainda quando não se tinha ninguém para lhe fazer companhia. Laurel ficara em Hogwarts e Meredith já não fazia parte do seu círculo de amigos. Apesar de se dar bem com os restantes Hufflepuff do seu ano, todos haviam desaparecido, ansiosos por conhecer Hogsmead. Por isso, Cedric encarregara-se de lhe fazer companhia, até os amigos insistirem para ir com eles beber uma Cerveja Amanteigada, algo que Ashley detestava.
- Eu fico bem, Ced. Não te preocupes. - respondeu a morena, encolhendo os ombros - Não bebas demais, essa coisa frita-te o cérebro.
Cedric sorriu.
- Obrigado pelo aviso, maninha. Até mais tarde!
O rapaz mais velho afastou-se, deixando Ley para trás. Uma lágrima escorria-lhe pelo rosto ao ver Cedric afastar-se, a memória do que fizera sem o irmão saber traindo o seu espírito bem disposto.
Uma bola de neve acertou-lhe em cheio na nuca, sobressaltando-a. Quando se virou, Ley fez uma careta, encarando a rapariga dos belos cabelos negros, que a olhava intensamente.
- Podemos conversar? - perguntou Meredith Lovelace, erguendo o queixo.
- Nem penses. - retorquiu Ley, virando-lhe as costas.
Alguns passos depois, outra bola de neve atingiu-a. Ley virou-se, irritada.
- O que queres, Lovelace?
- Onde está a Laurel? - perguntou Meredith, olhando em volta.
- Em Hogwarts. O que isso te interessa?
- Eu preciso da vossa ajuda, Ley. - Meredith fez uma pausa, estendendo-lhe um pedaço de pergaminho amassado - A minha mãe escreveu-me. Ela vem atrás de mim, Ashley. - a mão da morena tremia, os olhos negros fixos em Ashley de forma desesperada - Eu não sei o que fazer. Tu não sabes...
Meredith baixou o braço, aproximando-se de Ashley, que parou de respirar com a proximidade da garota.
- A minha mãe vai destruir tudo o que lhe passar à frente para me apanhar. Eu preciso da vossa ajuda, Ley.
Ashley deu um passo atrás, presa no olhar da Lovelace.
- Porquê?
Meredith suspirou.
- Porque ela quer matar-me, Ley.
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