Capítulo 22
- COM LICENÇA, POR FAVOR!
Laurel tentava a muito custo passar pela multidão de alunos que se aglomerava no Sala Nobre. Com Ashley no seu encalço, o seu objetivo consistia em encontrar Meredith Lovelace, que nunca respondera às mil cartas enviadas nem fora encontrada no comboio durante a viagem para Hogwarts. Demasiado pequena para o seu próprio bem, Laurel procurava encontrar os melhores sapatos por entre os pés dos alunos, sabendo que Meredith usava os sapatos negros mais bonitos e estilosos.
Para sua surpresa, deu por si em frente a Harry Potter, que empalideceu. O menino dos olhos verdes desviou de imediato o olhar, afastando-se de Laurel como se ela tivesse uma doença contagiosa. De boca aberta, viu Hermione acenar-lhe ao longe, com um sorriso constrangido e sendo puxada de imediato por Ron, deixando-de ser levada facilmente.
Confusa, não reparou quando Cedric Diggory se pôs ao seu lado, com um sorriso doce no rosto.
- Olá, Laurel. Já não nos víamos há muito tempo, não é?
Sem querer, Laurel corou. Cedric era muito bonito e durante as férias de Verão tinha sido incansável, revendo junto dela e de Ashley os acontecimentos que tinham levado à prisão de Sirius Black. Mesmo cépticos, os irmãos Diggory permaneceram do seu lado enquanto procuravam nos antigos jornais do Profeta Diário que Amos guardava no sótão sobre todas as notícias da altura da Guerra. Ainda assim, era desconcertante ter um menino mais velho e bonito a sorrir-lhe daquela maneira, encanto que depressa se desvanecia quando Ashley abria a boca.
- Tiveste com ela quase o Verão toda, que cantada idiota é essa? - questionou a Hufflepuff, aos pulinhos - Acho que a encontrei! Está sentada na mesa dos Slytherin, ao lado da... Pansy?!
Laurel espreitou por entre as pessoas, sem acreditar. As vozes dos prefeitos fizeram-se ouvir, indicando aos alunos para se sentarem nas respetivas mesas e anunciando que a Seleção estava prestes a começar. Com um breve aceno, Laurel despediu-se dos irmãos Diggory, sem deixar de reparar que Cedric parecia irritado com a irmã. Apressada, a ruiva aproximou-se da mesa dos Slytherin, constatando que Ashley tinha razão: Meredith estava sentada ao lado de Pansy, que tagarelava com ela animadamente. Confusa, sentou-se junto dela, sem receber sequer um olhar por parte da Lovelace.
- Esse é o meu lugar. - proferiu uma voz altiva, que Laurel reconheceria em qualquer lugar.
- Desculpa? - a Raven olhou na direção de Draco, que estava bastante mais alto do que no ano anterior, embora nada intimidante - Não está aqui o teu nome escrito então este lugar pode ser de qualquer pessoa.
- Sai daqui, demónio. - rosnou Pansy, entrelaçando um braço com o de Meredith.
- Cabeça de Fósforo, ou sais do meu lugar ou vou pedir aos meus amigos... - apontou para Crabbe e Goyle, que sorriram ameaçadoramente - Terão de te arrastar pelos cabelos daqui para fora.
Laurel olhou para Draco, incrédula. Em seguida, para os restantes Slytherin, que a olhavam com desprezo. Por fim, parou em Meredith, que mantinha os olhos escuros fixos na mesma, o braço firmemente entrelaçado no de Pansy. Por algum motivo, o Salão Nobre permanecia em silêncio, como se todos tivessem notado a tensão que se acumulava na mesa das Cobras.
Passou um minuto.
Dois minutos.
Três minutos.
Laurel explodiu às gargalhadas.
O som ecoou por todo o Salão, fazendo Dumbledore erguer as sobrancelhas, surpresa ao ver que vinha da neta. Chocado, Draco permanecia em pé, vendo Laurel rir até as lágrimas lhe saírem pelos olhos e a boca doer de tanto rir.
- Nunca conheci uma pessoa tão ridícula. - conseguiu dizer por fim, pondo-se de pé - Tu nem amigos tens, Draquinho. - disse Laurel, limpando o rosto com as palmas das mãos - E achas que vão ser eles que me metem medo? Por favor. -riu mais um pouco - Eu não vou a lado nenhum. Esta é a minha mesa e eu vou ficar exatamente onde eu estou. Todos vocês... - apontou para os colegas, que a olhavam assustados - Podem chegar-se para lá e afastarem-se de mim o quanto quiserem mas eu não vou sair daqui.
Um sorriso gentil surgiu no rosto da menina ruiva, que o dirigiu a Draco.
- E o meu cabelo é lindo, cuidado com a dor de cotovelo.
Com isto, sentou-se, vendo com assombro Meredith afastar-se dela e se comprimir junto dos restantes colegas. Por breves instantes, os olhares de ambas cruzaram-se e Laurel podia vir a tristeza implícita nos olhos de Meredith.
- Ouviram falar no ataque que o Potter teve no comboio? Foi um rir! - contou Draco momentos mais tarde, já recomposto do confronto com Laurel.
A Ravenclaw permanecia quieta no seu canto, trocando olhares com Astoria Greengrass, a única que não lhe olhara com desprezo mas que também não se aproximara. Tranquila, a ruiva saboreou a mousse de chocolate que tinha à sua frente, prometendo a si mesma encontrar quem fazia aquela mousse e dar-lhe os parabéns. Quando terminou, era altura de ir para os dormitórios e a algazarra era geral, o tema principal de conversa sendo o novo professor de Defesa Contra as Artes Negras. Antes de sair do Salão, o dito professor aproximou-se de Laurel, lançando olhares discretos em volta para se certificar que ninguém os notaria.
- Entusiasmada com o novo ano letivo? - perguntou Remus Lupin, olhando de forma cautelosa para a filha adotiva.
- É verdade que salvaste o Harry dos Dementors? - perguntou Laurel, de braços cruzados.
- É sim. Eles não se aproximaram de ti, pois não?
Laurel abanou a cabeça. Remus assentiu, com uma expressão atormentada.
- Querida, desculpa ter-me afastado de ti. Só estou a tentar fazer o melhor para ti...
- Em vão. - retorquiu Laurel - Dizes que o Sirius não virá atrás de mim e sim do Harry mas mesmo assim teimas em me proteger sabe-se lá do quê. Isso é apenas uma desculpa para te livrares de mim.
Remus olhou para ela, chocado.
- Sabes perfeitamente que isso não é verdade, Laurel...
- Sim, é. - a menina respirou fundo, reparando no candelabro que balançava perigosamente sobre as suas cabeças - Achas que não estás apto para ser pai, mesmo tendo sido um durante treze anos.
Laurel abanou a cabeça, magoada.
- No ano passado, vieste aqui e me disseste que íamos ficar juntos nas férias. Eu sentia imenso a tua falta porque passei o ano todo enfiada aqui e nem nas férias pude te ver. Pensei que desta vez não te ias afastar de mim. - lágrimas escorreram pelo rosto da menina, que deu um passo - Não te preocupes, ninguém precisa saber que sou tua filha ou pelo menos filha adotiva.
Com isto, Laurel deu as costas, deixando Lupin sozinho e sem saber o que fazer. Em silêncio, Dumbledore aproximou-se do lobisomem e mais recente professor da sua escola, pondo-lhe a mão nos ombros com afeto.
- É tal e qual a mãe, não é? - comentou Dumbledore, com afeto.
- Demasiado, Senhor. Ela é demasiado parecida com Cora. - respondeu Lupin, contendo as lágrimas.
Dumbledore assentiu. Com um breve aceno, Lupin retirou-se, deixando Dumbledore a pensar se Laurel alguma vez entenderia o sacrifício que Lupin fazia todos os dias por ela, que tanto o recordava da mulher que amara e perdera.
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