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Capítulo 119

Ela estava a enlouquecer.

Os dias arrastavam-se, num silêncio de morte. O seu corpo recuperava lentamente, as dores diminuindo com o tempo. Não recebia visitas. Há muito que percebera que apenas Narcissa estava autorizada a adentrar o quarto, apenas para lhe trazer comida, água e verificar se a sua recuperação corria bem. Feitiços anti-som isolavam o quarto, deixando-a sozinha, impedida de comunicar com quem quer que circulasse no exterior, sem um mísero livro para ler.

Voldemort torturava-a sem precisar magoá-la fisicamente, percebera.

Encarou-se ao espelho, embaciado pelo vapor que condensara na sua casa-de-banho privada. Aquela era uma das suas ocupações: permanecer dentro de água até os dedos enrugarem. O banho quente suavizava as dores e ocupava-lhe a mente com a falsa sensação de paz que necessitava para não perder a cabeça de vez.

Os olhos azuis safira tinham perdido por completo o brilho. A gentileza e bondade que tornavam o seu rosto de boneca encantador fora-se. Os cabelos cor-de-fogo, escurecidos por estarem molhados, caíam sem vida pelas suas costas abaixo. Até a sua pele parecia mais arroxeada, talvez pela maldição a que fora sujeita.

Quem a encarava era apenas a sombra de quem Laurel Ravenclaw um dia fora.

O seu próprio reflexo recordou-a de Sirius Black. Lembrava-se de o ver pela primeira vez, todo ele pele e ossos, os olhos vazios encarando-a sem realmente a ver. Recordava-se da esperança que lhe iluminara o rosto quando a reconhecera, a sua sobrinha, a sua única parente de sangue que realmente poderia amar, e ela a ele.

Sirius nunca desistira. Focara-se no que verdadeiramente importava, proteger Harry e Laurel do verdadeiro inimigo, mesmo que nunca provasse a sua inocência. Mesmo foragido, estivera lá para eles, principalmente para Harry, que não tinha ninguém. Laurel tinha Remus, o seu pai adotivo e Sirius orgulhava-se muito do amigo, que cuidara da sua sobrinha com tudo o que tinha e não tinha.

Laurel cerrou os punhos.

O seu maior erro era duvidar de si mesma. Conhecia-se, conhecia a sua falta de controlo, sabia que Voldemort tinha razão. Pansy Parkinson quase sufocara nas suas mãos. Se não fosse por Draco, ela provavelmente teria ido parar à enfermaria.

Claro que se sentira poderosa.

Claro que se sentira completa.

A magia de Voldemort dominava-a de dia para dia. Sentia-a, como uma maré negra, consumindo-a. Quantas vezes acordara com os olhos cor de sangue dele, em vez dos safira dela?

Mas isso não tinha de significar nada. Ela ainda era ela e, no que dependesse de si, seria sempre.

Afastou-se, a toalha que a cobria caindo ao chão enquanto abria o roupeiro. Vestidos da mais alta costura tinham sido desenhados para ela por ordem de Narcissa, que sempre se preocupara com o seu senso de moda, desde que se conheceram pela primeira vez. Laurel sorriu. Por muita raiva que sentisse da Malfoy, esta recordava-a de Meredith, que a forçara a aprender a usar saltos altos para compensar a sua baixa estatura. Meredith Lovelace, uma das suas melhores amigas, que nunca saía do dormitório sem estar impecavelmente vestida, penteada e maquilhada. Que vivia a sua beleza feminina com orgulho.

Devagar, vestiu-se, entrançando os cabelos, ajeitando a gola do vestido cor de vinho que escolhera. A cor lembrava-a de Harry, o seu Herdeiro de Gryffindor. O rapaz por quem dera a vida mais do que uma vez. O rapaz em quem Dumbledore confiara mais do que na própria neta.

Dentro dela, algo retorceu-se. Os seus pulmões comprimiram-se, como se alguém a estrangulasse por dentro. Arfou, cambaleando para a frente, as mãos no peito.

Voldemort.

Ele usava-a. Sentia-se ser drenada, o seu reflexo mostrando-lhe os olhos cor de sangue. A Magia Negra revolvia-lhe as entranhas, um monstro lentamente saindo de dentro de si para se juntar ao seu mestre.

A conta-gotas. Lentamente. Forçadamente.

Laurel pestanejou com força, cerrando os punhos.

Os olhos, de novo safira, vasculharam o quarto, fixando-se no pequeno banco onde Narcissa se sentara muitas vezes para tratar dela. A grande janela por onde passava a vida a observar a floresta chamou-a à atenção e Laurel soube que nunca na vida seria alguém que não dava luta. Era uma Slytherin, no fim das contas; uma lutadora, uma sobrevivente.

Segurou no banco e atirou-o contra a janela com toda a força que tinha.

Precisava tentar. Tinha perfeita consciência de que não seria tão fácil assim mas ver os vidros estilhaçarem-se com estrondo era prazeroso o suficiente, o som espalhando-se pela Mansão Malfoy como um furacão.

Quando colocou a mão para fora da janela, viu a barreira que envolvia o quarto impedi-la de fugir.

Laurel sorriu.

Com os pés descalços, calcou os estilhaços, o seu sangue espalhando-se pelo chão do quarto. A dor trespassava-a, mas não só a ela. O Senhor das Trevas sentia-a, amaldiçoando-a por.lhe dificultar a vida novamente. Quanto mais fraca ela estivesse, menos ele teria poder para a usar.

E era exatamente esse o objetivo da Ravenclaw.

A porta escancarou-se e Narcissa entrou, o rosto destorcido de preocupação.

- Laurel!

A ruiva ergueu os olhos, parando de saltitar em cima dos cacos. Os seus dedos dos pés assemelhavam-se ao seu vestido, a sua cor um desafio para o local onde se encontrava.

- Sim? - perguntou, inocente.

- O que... - a Malfoy engasgou-se, empalidecendo ao ver o sangue que escorria dos pés da mais nova - Por Merlim, o que pensas que estás a fazer?!

O olhar travesso de Laurel desapareceu, o queixo erguido.

- Estou a lutar, Cissy. - respondeu, usando o diminuitivo com que Bellatrix tratava a irmã, sabendo que a destabelizaria - Gostas da redecoração que fiz ao quarto?

Narcissa estacou. Sempre vira Laurel como a filha de Cora e de Regulus, uma jovem brilhante mas com um coração gentil. Com o vento a desmanchar-lhe os cabelos, os olhos desafiadores e a rebeldia em toda a sua postura, Narcissa não pode deixar de se admirar.

- És muito parecida ao teu tio, não és?

Laurel sorriu, orgulhosa. Levantou o vestido, caminhando em direção à Malfoy com elegância, espalhando o sangue na carpete chique dos puro-sangue.

- Não fazes ideia. - replicou a Ravenclaw - Onde está o teu Mestre?

- Fora...

- Ótimo. Traz-me o Livro dos Fundadores.

Narcissa esboçou um sorriso, admirando a ousadia da jovem à sua frente.

- Lamento, Laurel, mas não tens qualquer autoridade nesta casa...

A filha de Cora fechou os olhos com força, voltando a abri-los. O engasgar de Narcisa provou-lhe o que já sabia.

Os olhos do Senhor das Trevas fitaram a Malfoy com superioridade, distorcidos no rosto de boneca de Laurel Ravenclaw.

- Preciso de me distrair. O teu Mestre fala tanto da história de Rowena e Salazar que está na altura de eu ler o bendito livro que ele mandou Meredith roubar a Dumbledore. - o rosto de Laurel caiu ligeiramente para o lado, observando a expressão mortificada de Narcisa - Se não me trouxeres, farei pior. - apontou para os pés, com um sorriso diabólico - E certificar-me-ei que levas com a culpa, tu e os teus.

- Não arriscarias a vida de Draco...

- Ele arriscou a minha.

A frieza na voz de Laurel era letal e estranha. Toda ela parecia deslocada, como se a verdadeira Laurel estivesse escondida por baixo de uma máscara perfeitamente colada à sua face.

Ou talvez a verdadeira Laurel já não existisse.

- O livro. Onde está?

- Na Biblioteca. O Senhor das Trevas entregou-o a Lucious...

- Ótimo. Traz-mo.

Com um gesto de mão, Laurel dispensou-a, dando-lhe as costas. Narcissa hesitou e a ruiva lançou-lhe um olhar raivoso, de um safira glacial.

- Estás à espera do quê? E depois presumo que tenhas de limpar a confusão que fiz, correto?

Sentindo-se derrotada e humilhada, Narcissa retirou-se, os olhos negros faiscando de raiva e desilusão.

Laurel sentou-se à beira da cama, mantendo a postura ereta e o rosto fechado. Quando a mulher voltou a entrar, limitou-se a pousar o livro requisitado na mesa de cabeceira e sair, fechando a porta atrás de si sem fazer qualquer som.

Lentamente, a ruiva soltou o ar que prendia, desmanchando a pose. Os ombros descaíram e os olhos safira buscaram o livro, na esperança de encontrar respostas para as suas dúvidas.

Afinal, teria Rowena escolhido Salazar, por uma vez que fosse?

O velho livro assentou perfeitamente no seu colo, o cheiro a manuscritos antigos preenchendo os sentidos de Laurel e fazendo-a sorrir genuinamente.

Quando o abriu, um pequeno bilhete caiu ao chão, a caligrafia familiar estilhaçando o que restava do coração de Laurel.

No seu pulso, a Cobra dos Puros sibilou, tilintando com a proximidade que tinha com o pingente de dragão da outra pulseira que Laurel nunca tirava.

"És e sempre foste o meu exemplo de coragem.
Se alguém consegue sobreviver a isto, és tu.
És incrível.
És a Laurel Ravenclaw.
A rapariga que provou que ser um Slytherin é muito mais do que eu alguma vez fui.
Nunca te esqueças de quem és.

Perdoa-me.

Teu
-Draco"

E, como sempre, Laurel desmanchou-se em lágrimas, amaldiçoando Draco Malfoy por a conhecer tão bem e saber exatamente como a desmanchar.

Ela estava a enlouquecer.

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