Capítulo 12
O feitiço de Pansy atingiu Laurel em cheio, ao passo que o dela foi facilmente desviado pela outra, de tão fraco que era. Tonta pelo impacto, Laurel ajoelhou-se, desviando-se por pouco de outro feitiço. A expressão de Pansy era vitoriosa, certa de que já tinha ganho.
- Não disse? Patética!
Laurel levantou-se. A sua varinha balançou levemente, obrigando a ruiva a pressionar ainda mais o cabo de madeira.
- Petrificus Totalus!
Desta vez, o seu feitiço saiu perfeito, atingindo Pansy em cheio no peito. Ao mesmo tempo, a sua própria varinha voou para longe, fazendo Laurel suspirar de frustração. A sua oponente estava imobilizada, o que lhe dava tempo suficiente para a procurar no meio da multidão.
No momento que se agachara para a procurar, gritos chamaram a sua atenção. Uma grande multidão tinha-se formado ao longe, junto do estrado onde os professores tinham duelado pouco tempo antes. Laurel aproximou-se a correr, esquecendo a varinha perdida. Quando chegou ao centro do tumulto, prendeu a respiração, em choque. Uma serpente enorme sibiliava na direção de um aluno que Laurel não conhecia mas que parecia para lá de assustado. Perto da serpente, Harry sibilou qualquer coisa, atraindo a sua atenção e afastando-a do outro menino.
- Um serpentês.- sussurrou Laurel, incrédula.
A serpente desapareceu com um estrondo e Harry foi de imediato arrastado para longe por Ron e Hermione, ambos pálidos. Os alunos estavam em choque, os sussurros sobre o ocorrido a espalharem-se entre todos. Laurel procurou Ashley com o olhar, ansiosa por falar sobre o ocorrido, não a encontrando em lado nenhum.
- CRUCIO!
Laurel virou-se, arregalando os olhos. O feitiço vinha diretamente ao seu encontro, passando entre os alunos a toda a velocidade. Antes que pudesse pensar no que quer que fosse, a Ravenclaw ergueu as mãos, fechando os olhos com força. O escudo que se criou à sua volta foi tão forte que o feitiço fez ricochete, atingindo a feiticeira que o lançou, fazendo Pansy Parkinson voar contra a parede mais perto. A morena caiu ao chão, inconsciente. Daphne e Millicent gritaram, correndo para junto da sua amiga. Sangue escorria pelas têmporas da menina, o que assustou Laurel, que observava a cena com horror.
- Seu monstro!- gritou Daphne, com lágrimas nos olhos.
Snape correu ao encontro da jovem inconsciente, erguendo-a com a sua varinha. Os olhos negros focaram-se em Laurel, que se encolheu.
- Miss Raven, ao gabinete do Diretor. Irei ter consigo depois de levar Miss Parkinson para a enfermaria. Todos os outros, para os vossos dormitórios, imediatamente!
Laurel olhou em volta, sentindo o medo dos seus colegas em relação a si. Ao longe, Draco observava-a, também ele amedontrado. Sem querer, lágrimas escorreram pela face de Laurel, que abraçou-se a si mesma, caminhando para fora dali de cabeça baixa.
Dumbledore não dizia nada, para desespero de Laurel. O seu avô sequer a encarava, tendo pousado o rosto nas mãos, impedindo a menina de ver a sua expressão. De qualquer das formas, ele também não precisava dizer nada; tinha sido um acidente, um de muitos.
- Avô...- começou a menina, com lágrimas nos olhos.
- Laurel, não tiveste a culpa.- os olhos azuis do diretor encontraram os dela, com preocupação - Quando a Miss Parkinson acordar eu falo com ela e explico-lhe o que aconteceu. É comum os feiticeiros mais jovens fazerem magia com as mãos sem querer e sem controlo...
- Mas não foi isso que aconteceu...
- Eu sei. Mas é a história que vamos contar. Uma criança perdeu o controlo da sua magia por medo, nada mais.
Laurel fechou os olhos, deixando as lágrimas caírem no seu colo. Ela tinha criado o escudo de propósito, mesmo que tivesse sido mais poderoso do que esperava. Ela tinha magoado Pansy, que jazia inconsciente na enfermaria.
- A força daquele escudo foi superior ao que tu querias, pequena. A culpa não foi tua.
A menina assentiu, limpando o rosto com a manga do seu manto. Nada do que Dumbledore dissesse ia fazer senti-la melhor e ambos sabiam.
- Vai ficar tudo bem.- assegurou-lhe o Diretor, levantando-se- Agora vai descansar.
A Ravenclaw levantou-se, sem o encarar. O velho professor abraçou-a, tão alto em comparação com a sua pequena neta de coração. Laurel escondeu o rosto no manto do avô, deixando-se ficar ali por instantes a chorar, com culpa a esmagar-lhe o peito.
- Está tudo bem Laurel...
- Todos estão a dizer que o Harry é o Herdeiro de Slytherin.- disse Ashley no dia seguinte, sentada ao lado de Meredith na sua mesa habitual na biblioteca.
Laurel levantou a cabeça do seu papiro completamente preenchido. Tinha-se embrenhado nos trabalhos para se distrair do que tinha acontecido e ignorar os sussurros que a envolviam sempre que andava pelos corredores, irá a comentarem sobre o seu descontrolo, ora a rirem dos seus olhos vermelhos e inchados do tanto que chorara na noite anterior. Infelizmente, aquele era o último e por isso a sua distração estava a acabar.
- Porque? Porque fala serpentês?- perguntou Meredith, também ela tirando os olhos do seu trabalho.
Ley assentiu, com uma careta.
- É um dom muito raro. Dizem que Salazar Slytherin era um poderoso serpentês.
Laurel abanou a cabeça, descrente.
- Nós sabemos que ele não é o Herdeiro de Slytherin.
- Devíamos contar ao Harry, Laurel.
Meredith olhou para ambas, confusa.
- Contar o quê?
Laurel trocou um olhar com Ley. Meredith não sabia que Voldemort era o Herdeiro de Slytherin ou que Laurel era a Herdeira de Ravenclaw. As duas meninas ainda não sabiam se podiam confiar na rapariga, mesmo que tudo indicasse que ela era uma boa pessoa.
- Vocês não confiam em mim.- constatou Meredith, já se tendo apercebido disso no dia anterior, após ver a preocupação de Ashley em relação ao duelo entre Pansy e Laurel, uma preocupação incoerente com a situação (apesar do que acontecera a seguir).
- Não te conhecemos assim tão bem.- respondeu Ashley, sem a olhar nos olhos.
- Eu sei mas... Somos amigas não somos?- perguntou a morena, com incerteza.
Laurel olhou para ela, surpreendida. Era a primeira vez que via Meredith sem a sua confiança característica. A menina costumava andar sempre de queixo erguido, segura de si. Agora que pensava nisso, havia vários sussurros quando a garota passava, os quais ela nunca parecera notar ou dar importância. As palavras de Pansy ressoavam-lhe na mente, tão acusadoras e mesquinhas.
- Pansy atirou-me à cara que eu não sabia quem tu és. Eu defendi-te porque és minha amiga mas a verdade é que não sei nada sobre ti. Sei que não estavas cá no ano passado, conheço os Slytherin que entraram em Hogwarts comigo...
- Conheces? Pelo que ouvi dizer, passaste o ano todo escondida sem falar com ninguém, como é que sabes quem é quem?- respondeu-lhe Meredith, defensiva.
- Eu saberia. Sou cusca por natureza.- retorquiu Ashley, cruzando os braços.
- Isso não é justo, eu também não sei nada sobre vocês e não estou aqui a exigir-vos nada.- disse Meredith, com lágrimas nos olhos.
- Nós não estamos...- começou Laurel, parando quando a outra se levantou, irritada.
- Deixem-me em paz. Não confiam em mim e eu nunca vos fiz mal, não têm razão nenhuma para isso. A menos que agora a Pansy seja uma boa fonte de informação.- Meredith pegou nos seus papiros e livros, puxando-os contra o peito - Eu só quis ajudar-vos com a história da Câmara dos Segredos e tornar-me vossa amiga. - olhou diretamente para Laurel, que não sabia o que dizer - Mas claramente vocês não sabem ser amigas de ninguém.
Meredith virou as costas, soluçando. Laurel levantou-se sem saber o que fazer. Ali estava ela, novamente a perder uma amiga por causa do seu medo. A ruiva não podia confiar em toda a gente, fora essa a última mensagem da sua mãe. Precisava esconder a sua identidade o máximo que conseguisse, principalmente com Voldemort à espreita.
A menina, baixou os olhos, afundando-se na cadeira com tristeza. Ser alguém que não era custava mais do que esperara, constatou. Ley observava-a, admirando a forma como Laurel voltou a se concentrar nos trabalhos como se nada fosse. Por vezes, questionava-se se Laurel não seria um dia consumida por aquele medo todo e pelo segredo que partilhavam.
A Ravenclaw estava a crescer muito cedo, sentindo o peso do seu nome e da sua maldição cada vez mais impossível de aguentar. Será que valia mesmo a pena aquele esforço? Laurel não sabia, tão pouco sabia como enfrentar o mundo sem segredos. Crescera assim, provavelmente seria sempre assim.
Os olhos azuis cor de safira fecharam-se, expulsando as lágrimas. Não iria vacilar. Prometera isso à sua mãe.
E Laurel cumpria sempre as suas promessas.
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