Sanza: A Fera e a Espada
(Trailer Oficial Disponível)
---
Sanza: A Fera e a Espada
O sol despontava no horizonte, sua luz filtrando-se timidamente através da janela, enquanto uma pequena criança de cabelos e olhos azuis lutava para abrir os olhos. Sanza, com sua cama de madeira e palha, despertou em um mundo que parecia brilhar ao seu redor. Assim que se levantou, correu até a janela, e seus olhos se iluminaram com a visão mágica do céu. Um sorriso radiante se espalhou por seu rosto; a alegria transbordava de cada poro.
"Chegou, hehehe... O Natal chegou!" A voz de Sanza ecoou pela casa, cheia de entusiasmo. Sua energia contagiante atraiu a atenção de sua mãe, Jasmim, que entrou no quarto com uma xícara de café fumegante e um prato de biscoitos frescos.
"Bom dia, meu amor! Dormiu bem?" Jasmim perguntou, sua presença alta e formosa refletindo a beleza do dia. Ela se juntou à filha na janela, ambas admirando os flocos de neve que caíam suavemente do céu claro.
"Olha, meu bem, você é como a neve: leve, fresca e macia..." Jasmim disse, fazendo Sanza sorrir ainda mais, sua boca cheia de biscoitos enquanto abraçava a mãe. Jasmim, percebendo a animação da filha, levantou-se e dirigiu-se à porta.
"Vamos, Sanza! Hoje será um dia maravilhoso. Arrume-se, seu pai está nos esperando no Palácio Azul!" A mãe saiu do quarto, e a menina, radiante, trocou rapidamente suas vestes, ainda mastigando os biscoitos.
---
O vilarejo pulsava de alegria, as pessoas transitando com cestas de frutas e alimentos frescos, enquanto Sanza desfilava sobre a neve com os pés descalços. O sol da manhã refletia sua luz sobre o manto branco, criando um espetáculo deslumbrante.
Sanza caminhava animadamente em direção ao "Palácio Azul", onde sua família era conhecida por apresentar o mais encantador show de acrobacias da cidade. O nome do palácio era uma ode aos seus cabelos e olhos azuis, que se destacavam entre os habitantes do vilarejo.
Enquanto corria alegremente em direção ao seu destino, uma criança da mesma idade a acompanhou, também em uma corrida cheia de risos.
"Oi, Sanza! Viu como a neve nos acordou nesta manhã?" A outra menina, de cabelos brancos e sorriso radiante, juntou-se a Sanza, sua felicidade era quase palpável.
"Sim! O Natal chegou!" Sanza respondeu, a empolgação nas palavras ecoando na brisa gelada.
As duas amigas, com sorrisos contagiantes, finalmente chegaram ao "Palácio Azul". Entraram pela parte de trás, onde encontraram os pais de Sanza se preparando para o evento.
"Oi, Sra. Jasmim!" exclamou Penny, a criança de cabelos grisalhos, sua voz cheia de entusiasmo.
"Olá, Peny! E você, Sanza, se arrume! A rainha chegou!" Jasmim respondeu, sua expressão radiante refletindo a alegria do dia.
Enquanto Sanza se vestia para o evento, a emoção e a felicidade transbordavam. Ela espiou pela brecha da porta, maravilhada ao ver o público em frente ao palco, todos aguardando ansiosamente, enquanto a rainha, cercada por guardas, se acomodava em seu trono, e ao lado dela, havia uma pequena criança, seu irmão; um menino de olhos e cabelos claros, esperando ansioso. prontos para assistir ao espetáculo que estava prestes a começar.
Com um abraço apertado, Rufos, o pai de Sanza, a acolheu calorosamente. A menina, ainda recuperando-se do susto, não conseguiu conter seu sorriso radiante. Ele segurava uma caixa nas mãos, um mistério que prometia uma surpresa.
"Advinha quem vai ganhar um presente de Natal?" ele perguntou, com um brilho travesso nos olhos.
Os olhos de Sanza se encheram de lágrimas de alegria, e a emoção também contagiou Peny, sua amiga. Ambas pularam de entusiasmo ao ver um filhote de lobo branco, com pelos tão claros e cristalinos quanto a neve, saltar para o colo de Sanza. Ela caiu no chão, rindo enquanto o pequeno animal a lambeu, suas gargalhadas ecoando como sinos de felicidade.
"Obrigada, papai! O nome dele vai ser... Fera!" Sanza exclamou, seu sorriso iluminando o ambiente enquanto acariciava o pequeno lobo branco.
---
"Agora, com vocês, os Acrobatas do Palácio Azul!"
A voz do narrador ecoou pelo ar, anunciando a entrada triunfal de Sanza, sua mãe Jasmim e seu pai Rufos. Os três realizaram acrobacias impressionantes, enchendo os olhos do público com um espetáculo fenomenal. Os aplausos ressoaram como uma onda de emoção, e até mesmo a rainha parecia impressionada com as habilidades da família.
Sanza, a mais flexível e habilidosa do trio, executou um movimento único, girando em um mortal três vezes consecutivas. Ao aterrissar em pé, girou rapidamente, posicionando-se em uma pose de ataque, equilibrando-se com uma das mãos. O público aplaudiu entusiasticamente, e os aplausos confirmaram o sucesso de sua apresentação. A rainha e os espectadores estavam extasiados, celebrando aquele verdadeiro espetáculo.
Ao final da apresentação, fogos de artifício coloridos explodiram no céu, encantando a plateia. Contudo, o barulho repentino assustou Fera, o pequeno lobo branco, que correu desesperadamente, atravessando o palco e passando sob as pernas de Sanza. Ela tentou pegá-lo, mas caiu, e o lobo continuou sua fuga, emaranhando-se nas cordas e derrubando decoração e objetos ao longo do caminho. A cena se tornou um caos, e, por fim, o impacto derrubou até mesmo a rainha de sua cadeira.
Sanza ficou em choque, correndo em direção aos pais, que se levantaram com cuidado. A rainha, agora furiosa, lançou um olhar gélido para a menina. Sanza, tomada pela preocupação, se aproximou da rainha, pedindo desculpas, mas isso não foi suficiente. A rainha, em um ato de desprezo, chutou o lobo, fazendo Sanza explodir de indignação.
"Pare com isso, rainha malvada! É só um animalzinho!" ela gritou, a raiva pulsando em suas palavras.
"Cale-se, escória!" A rainha respondeu, e o silêncio que se seguiu era pesado, todos presentes perplexos com a brutalidade da cena. Então, com um movimento brusco, a rainha desferiu um tapa no rosto de Sanza, que ficou paralisada, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto seus pais a envolviam em um abraço protetor.
Jasmim: - Perdoe, Rainha.. ela é só uma criança, não sabe o que diz.
Sem hesitar, a rainha ordenou aos guardas que fizessem o pior, sua falta de compaixão era evidente.
Diante de seus olhos, Sanza viu seus pais sendo perfurados por lanças, caindo inertes ao seu lado, e antes que pudesse processar a cena, ouviu as últimas palavras de sua mãe.
"Fuja, minha filha..." Jasmim disse, seu olhar carregado de desespero.
Sanza gritou, o sangue de seus pais salpicando seu rosto. A rainha avançou, uma espada reluzente em mãos, pronta para acabar com a vida da criança. Sanza estava paralisada, o medo a consumindo.
Em um instante, uma pedra atingiu a rainha, seguida por várias outras. Peny havia sido a primeira a atirar, e logo os cidadãos do vilarejo uniram suas vozes em protesto contra o assassinato dos pais de Sanza. O caos se instalou, e Fera, o lobo, mordeu o rosto da rainha, que, em resposta, o atacou, ferindo-o na barriga. Aproveitando a confusão, Sanza tomou a espada da rainha e, com Fera em seus braços, fugiu desesperadamente para fora do vilarejo. O último olhar que trocou com Peny foi uma despedida silenciosa, um reconhecimento de que o mundo como conhecia estava desmoronando.
O vilarejo começou a arder em chamas, e o coração de Sanza se partiu ao ver sua vida em ruínas. Com apenas seu lobo Fera e a espada em mãos, ela se lançou em direção ao desconhecido, determinada a sobreviver em um mundo que agora parecia sombrio e hostil.
-
"Mesmo com tudo que aconteceu, ainda acho o Natal incrível."
Doze anos se passaram, Sanza, agora uma jovem, respirava profundamente o ar doce de dezembro, enquanto terminava seu treino com a espada de ponta dourada. A neve caía suavemente ao seu redor, cobrindo o chão em um manto branco que refletia a luz do sol. Ao seu lado, Fera, seu lobo, havia crescido e se tornado robusto, sua pelagem espessa e brilhante. Ele brincava alegremente, com a língua para fora, como se soubesse que aquele era um momento especial.
"Calma, grandão!" Sanza sorriu ao acariciar a cabeça de Fera, sentindo a conexão profunda que compartilhavam.
Montando no lobo, Sanza guardou a espada e apontou para um imponente castelo ao longe, visível das montanhas. Sua silhueta majestosa cortava o céu azul, e a jovem sentiu um misto de admiração e determinação ao contemplá-lo.
De repente, uma figura surgiu à distância, segurando um cajado dourado. Era um ser de pele azul, brilhante e reluzente, com estrelas estampadas pelo rosto e no cajado. Ele se aproximou de Sanza, fazendo um sinal de paz com os dedos.
"Sanza! Olha o que eu encontrei!" O ser azul, chamado Grinhker, exclamou com uma voz melodiosa e afeminada, enquanto se aproximava, radiante de entusiasmo. Ele segurava um cartaz e o estendeu para Sanza.
"Que papel é esse?" ela perguntou, curiosa.
Examinando o cartaz, Sanza percebeu que se tratava de um aviso de procurado: "Vivo ou Morto, Dominic Oliver - Procurado". A imagem mostrava um homem com pele esquelética e olhos profundos, de um roxo hipnotizante.
"Procurado? O que esse cara fez?" Sanza perguntou, franzindo a testa.
"Não faço ideia," Grinhker respondeu, seu tom leve contrastando com a gravidade do assunto. "Só sei que ele era prisioneiro no castelo da Rainha e conseguiu fugir. A recompensa por encontrá-lo inclui algumas boas moedas de ouro e, além disso, você ganha um encontro com a Rainha Thorns."
A menção da rainha fez o coração de Sanza acelerar. Lembranças do dia que a traumatizou inundaram sua mente, reavivando a promessa de vingar seus pais e restaurar seu vilarejo. Fera, percebendo a tensão, se aproximou, ninhando a cabeça contra ela de maneira reconfortante.
"Uma boa chance de completar sua missão de vida, não?" Grinhker sorriu, piscando um dos olhos, e, ao fazer isso, uma estrelinha saltou de seus olhos de forma mágica.
Sanza subiu em Fera, enquanto Grinhker se transformou em uma esfera flutuante, repleta de entrelas brilhantes, como uma galáxia em miniatura que dançava ao lado dela.
"Sério, um dia ainda vou descobrir o que você realmente é," Sanza ponderou, olhando para Grinhker com um misto de curiosidade e admiração.
"Eu sou uma estrela, meu amor," ele respondeu em um tom otimista e altruísta, sempre cheio de luz.
"Vamos, Fera! Faltam três dias para o Natal!" Sanza gritou, a determinação pulsando em suas veias. Ela estava convicta de que encontraria o homem procurado. O encontro com a Rainha seria seu caminho para finalmente fazer justiça por aqueles que amava, e ela estava pronta para enfrentar o que quer que viesse em seu caminho.
-
Próximo ao Castelo da Rainha Thorns, em uma cidade em ruínas e decadente, uma figura solitária cavalgava, vestida com um traje de cowboy branco que contrastava com a atmosfera sombria do lugar. A mulher, com uma máscara de pano roxa presa ao pescoço, usava uma blusa de manga longa da mesma cor, botas e luvas marrons. Seu cavalo branco parecia tão fora de lugar quanto ela, e as pessoas ao redor observavam com temor, murmurando entre si.
"Eu só vou perguntar uma vez antes de derrubar essa espelunca: onde está a líder do complexo?" A voz da mulher, carregada de um sotaque caipira que misturava humor e firmeza, ecoou pela rua deserta, fazendo com que alguns recuassem, apreensivos.
Logo, três mulheres se aproximaram. A primeira, com longos cabelos brancos, estava visivelmente grávida. As outras duas eram ruivas; uma delas, uma adolescente, segurava uma marreta com determinação, encarando a mulher do cavalo com um olhar desafiador.
"O que você quer? Veio estragar o Natal, caipira?" a ruiva que brandia a marreta perguntou, desafiadora.
"Num mi' vem cum' esses papo de ignorância, não! Eu tô atrás do esqueletinho que fugiu da Rainha dos Espetos," respondeu a mulher, inclinando-se levemente para frente e ajeitando o chapéu branco sobre o rosto, como se estivesse se preparando para o que viesse a seguir.
A adolescente ruiva virou-se para sua companheira de cabelos grisalhos, pedindo algo. A mulher grávida lançou um objeto para a cowboy.
"Nós do Complexo de Mira iremos te ajudar a encontrar Dominic Oliver. Ele já causou muitos problemas para nós," disse a ruiva, sua voz agora mais amigável.
Sem dizer uma palavra, a cowboy aceitou o presente, mexendo o chapéu para baixo, antes de se virar e cavalgar para longe.
"Irrá! Vumbora que o Natal é bom dimais! Atrás do esqueletinho!" ela exclamou com um sorriso no rosto, revelando que por trás do traje de cowboy estava uma mulher forte e determinada, em busca de seu destino.
As três mulheres voltaram para uma cabana, onde foram recebidas por uma criança de cabelos brancos, um menino de cerca de dois anos. Ele correu e abraçou Mira, a ruiva que liderava o complexo, e logo em seguida a mulher grávida.
Mira: - Acalme-se, Tiago. Assim você pode machucar o irmãozinho na barriga de sua mãe. Olhe, como o Natal é lindo...,- Mira disse, acariciando o menino enquanto ele sorria, fazendo uma expressão fofa e engraçada.
Logo, todos se reuniram ao redor da lareira, aconchegando-se no calor do fogo, enquanto o frio do lado de fora se tornava cada vez mais intenso. A alegria do Natal parecia ainda brilhar em meio à escuridão que os cercava, e, por um breve momento, a esperança de dias melhores preenchia a cabana.
--
Após algumas horas montada em Fera, Sanza desceu do lobo, acariciando seu pelo espesso enquanto caminhava pela floresta onde Dominic Oliver supostamente se escondia. As árvores estavam cobertas de neve, como se a natureza tivesse se vestido para uma festa encantada. O silêncio da floresta era quebrado apenas pelo som suave dos passos de Sanza e o leve farfalhar da neve.
"Por que o Natal é tão importante para você, pequena Sanza?" Grinhker perguntou, seu tom afeminado e galanteador ressoando na brisa gelada. Ele exalava charme, como sempre, sua presença mágica iluminando o ambiente.
"Meus pais sempre me presentearam no Natal, todos os anos..." Sanza respondeu, sua voz carregada de nostalgia. "Eu sempre fui apaixonada pela neve e pelo clima natalino. Fazíamos apresentações para o vilarejo, e todos nos amavam. Era tudo tão lindo e mágico..." Sua expressão misturava tristeza e felicidade, lembrando-se dos momentos preciosos com sua família, até o dia fatídico que a traumatizou.
"Você é tão encantadora, Sanza," Grinhker comentou, seu olhar admirativo fixo na jovem.
"Obrigada, Grinhker. Você também." Eles trocaram sorrisos enquanto continuavam a caminhar pela floresta. Contudo, ao passar por um local camuflado por folhas, Sanza tropeçou, quase caindo em um enorme buraco que parecia uma armadilha.
"Droga!" ela gritou, enquanto Fera, ágil e alerta, a segurava com a boca, impedindo que despencasse.
"Você me salvou, Fera!" Agradeceu, acariciando o lobo, que a recebeu com lambidas afetuosas. Mas logo, Fera começou a mostrar sinais de inquietação, rugindo em direção ao buraco, como se sentisse algo ameaçador emanando de dentro.
"É uma armadilha, mas... o que será que está lá?" Sanza questionou, a curiosidade superando o medo.
"Cuidado, isso pode ser perigoso," Grinhker advertiu, sua voz agora mais séria.
"Hehehe, eu sou o perigo, caro Grinhker..." Sanza respondeu, em um tom cômico, desafiando a situação.
Movida pela curiosidade, ela se aproximou do buraco, inclinando-se para ver melhor. Ao fundo, um som peculiar começou a se manifestar, e até mesmo Fera ergueu as orelhas, alerta e espantado. O barulho se assemelhava a uma cavalgada, e parecia estar se aproximando a cada segundo.
Sanza: - Vocês estão ouvindo iss-? Ela começou, mas antes que pudesse completar a frase, um grande cavalo branco saltou em sua direção, ofuscando-a com sua sombra. Sanza olhou para cima, assustada, seguida pela reação similar de Fera e Grinhker. Era uma cena ao mesmo tempo estranha e engraçada, todos congelados em um misto de surpresa.
"Irrá!" A figura montada no cavalo gritou, lançando uma corda que se prendeu ao corpo de Sanza, arrastando-a pela floresta de forma desgovernada. Sem pensar duas vezes, ela desembainhou sua espada e pulou com toda a força, alcançando a pessoa em cima do cavalo e desferindo um soco que a derrubou do animal. Sanza caiu de forma acrobática, puxando sua espada de cabo dourado e ponta branca enquanto a neve caía suavemente em seu cabelo.
"Quem é você?" Sanza perguntou, recuperando-se rapidamente.
A pessoa, uma cowboy de chapéu e roupas exageradas, sorriu de forma desafiadora. "Num mi vem com esses papo di 'quem é minha pessoa' que não caio nas tuas lábia, não!" Ela se preparou, puxando duas pistolas do coldre e apontando para Sanza.
Nesse momento, Fera e o cavalo da cowboy se encararam, rugindo um para o outro, prontos para o confronto. O cavalo avançou, desferindo um coice poderoso que atingiu Fera. O lobo, porém, rapidamente revidou com uma mordida feroz nas patas do cavalo, que caiu ao chão, gemendo de dor. Fera rugiu em triunfo, como um verdadeiro predador.
Sanza não conseguiu conter uma risada ao ouvir a cowboy falar. Ignorando a situação, ela avançou com a espada em punho, enquanto a cowboy disparava, mas Sanza desviava com movimentos acrobáticos impressionantes. Em um movimento rápido, chutou as armas da cowboy, derrubando-a no chão e apontando sua espada para seu rosto.
Grinhker, flutuando em uma esfera de estrelas, observava a cena com um olhar divertido. "Meu Deus, quanta barulheira... Vou ficar aqui na minha," ele comentou, seu tom irônico e afeminado ecoando na floresta.
A cowboy, agora no chão, olhou fixamente para o rosto de Sanza e a espada que ela empunhava. Uma expressão de reconhecimento cruzou seu rosto, e seus olhos se alargaram ao ver Fera, como se memórias esquecidas estivessem ressurgindo.
"Essa espada... É da Rainha..." ela murmurou, a surpresa evidente em sua voz.
Sanza franziu a testa, irritada. "O que você sabe sobre a Rainha? Você é aliada dela?"
O chapéu da cowboy caiu, revelando melhor seu rosto. Seus cabelos eram brancos, grisalhos como a neve. Sanza parou, observando a figura à sua frente, e então, as peças se encaixaram. Ambas se encararam, e a incredulidade tomou conta de Sanza.
"P-Peny? Não é possível!" A cowboy era, na verdade, Peny, e ambas estavam crescidas e mudadas. Com lágrimas nos olhos, Sanza se lançou nos braços de Peny, sem pensar duas vezes. Elas choraram, um reencontro que pareciam ter perdido para sempre.
"Sanza! Sanza! Sanza! Não é possível! Você ficou tão legal!" Peny exclamou, a alegria transbordando.
"E você virou uma caipira doida!" Sanza respondeu, rindo entre as lágrimas.
A nevasca aumentava ao redor delas, o ar gelado as envolvia enquanto se abraçavam, dançando como duas crianças bobas que haviam encontrado o que pensavam ter perdido para sempre. A floresta, antes ameaçadora, agora parecia um cenário mágico, preenchido com a luz de um reencontro inesperado.
Após o reencontro, Sanza e Peny estavam juntas, os olhos delas se encontrando enquanto Sanza estendia a mão, ajudando a amiga a se levantar. O coração de ambas acelerava, doze longos anos de separação pesando sobre elas.
"Sanza: - Eu pensei que... você...", a voz de Sanza falhou, e ela abaixou a cabeça, as lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto socava uma árvore, lembrando dos horrores do passado. "Eu pensei que você tivesse morrido, como metade do vilarejo... e meus pais..."
Peny a abraçou, também em lágrimas. "Depois que você fugiu, eu fiz o mesmo. A Rainha causou um incêndio no vilarejo, muitos morreram. Mas eu fiz como você, me tornei mais forte... e então conheci o Polo... Espera! O Polo!" Peny exclamou, seu olhar se voltando desesperadamente para o lobo Fera, que rugia em direção ao cavalo.
"Sanza: - Espera, quem é Polo?" Sanza perguntou, confusa, mas a preocupação de Peny tirou a atenção dela.
Grinhker se juntou a elas, flutuando com sua postura elegante e um brilho de estrelas. "Perdi alguma coisa?" ele perguntou, olhando entre as duas.
Sanza respondeu, enquanto corria em direção a Fera, acariciando-o para acalmá-lo. "É, mais ou menos..." Fera obedeceu, mas ainda mancando.
Enquanto seguiam para onde Peny apontava, as duas esqueceram do enorme buraco à sua frente e, num instante, caíram. Seus gritos ecoaram pelo espaço profundo e sombrio, mas, em um piscar de olhos, a sensação de queda se transformou em leveza, como se flutuassem. Grinhker havia, de alguma forma, levitado as duas, e uma iluminação suave cercava o lugar, repleto de estrelas.
"Obrigada, Grinhker!" Sanza exclamou, aliviada.
Peny, surpresa, olhou para Grinhker. "Oxe, isso daí é o quê?" Sua expressão era de espanto, mas positivamente encantada.
Grinhker, sempre mantendo o bom humor, respondeu com um sorriso radiante. "Uma estrela, meu amor, uma estrela viva." Seu sorriso parecia liberar um brilho encantador, como se as estrelas dançassem ao seu redor.
Enquanto isso, Peny se preocupava com seu cavalo, Polo, que estava com as patas sangrando. Grinhker rapidamente usou uma magia suave que curava lentamente as feridas do animal. Fera, por sua vez, também lamentava, não por dor, mas por culpa; ele mantinha a cabeça baixa, e Sanza o acariciava para confortá-lo.
"Peny: - Oh, Sanza!" A inquietação na voz de Peny chamou a atenção de Sanza.
"Diga..." Sanza respondeu, ainda acariciando Fera.
"Por que você está aqui? Como é que estamos no mesmo lugar?" Peny parecia ansiosa, sua expressão revelando uma necessidade de entender.
Sanza respirou fundo, ordenando seus pensamentos. "Eu tenho um objeto... Depois que fugi, há doze anos, Fera foi minha única companhia. Passei por situações extremas de vida ou morte com apenas cinco anos. Aprendi a me virar usando a espada da maldita Rainha. Eu... eu derrotei monstros que me perseguiam. Mas o que quase me custou a vida foi aquilo que eu mais admirava. Em uma noite de Natal, enquanto a nevasca rugia, eu só tinha o corpo quente de Fera ao meu lado. Até ele estava morrendo de frio. Então, uma estrela surgiu, uma esfera de luz cheia de estrelas, como uma pequena galáxia. Ela me aqueceu e me abrigou, me ensinou a ser mais forte... era Grinhker. Até hoje não sei o que ele é, mas devo tudo a ele. Cresci, e dediquei minha vida a fazer justiça pela minha família e todos do vilarejo. Há algo nesta floresta que a Rainha quer: Dominic Oliver. Vou usá-lo para me aproximar dela, e quando finalmente conseguir, eu..." Sanza se sentiu aliviada ao desabafar, finalmente compartilhando seus medos e esperanças com sua melhor amiga.
"Peny: - Que doideira, sô! Bom, eu vim aqui porque-" Mas antes que pudesse terminar, um barulho ressoou na escuridão, como se algo estivesse quebrando. Uma criatura surgiu, envolta em um capuz escuro, revelando uma aparência esquelética, o som de ossos se movendo ecoando ao seu redor.
"Vocês estão procurando por mim..." A criatura falou, sua voz fria e ominosa reverberando no ar. Era ele, Dominic Oliver, o alvo da Rainha Thorns, e agora, o destino de Sanza e Peny parecia selado diante daquela presença aterrorizante.
Peny não hesitou e puxou suas pistolas, apontando-as para o esqueleto à sua frente. "Te achei! Vai fugir não, zé esqueletinho!" disse ela, sempre com aquele humor cômico que a caracterizava.
Sanza se juntou, com um olhar determinado. "Parece que te encontramos. Não resista, vai ser menos doloroso."
Dominic Oliver, com seus braços esqueléticos levantados, demonstrou paz, mesmo parecendo um adolescente assustado encolhido em seu casaco com capuz. "Esperem! Eu não vou lutar com vocês... Eu me chamo Dominic Oliver. Ouvi a conversa de vocês, e pelo que parece, estão atrás de mim."
Sanza franziu a testa. "Por que a Rainha está atrás de você?"
"Digamos que minha irmã é um pouco imatura e exagerada," ele respondeu, sua voz carregada de uma melancolia palpável.
Peny e Sanza trocaram olhares surpresos. "Irmã??" perguntaram em uníssono.
"Pois é... na verdade, eu sou o irmão bastardo da Rainha Thorns," ele revelou, a tristeza em seu tom fazendo o coração das duas mulheres se apertar.
Ainda desconfiada, Peny disparou um tiro em direção a ele, mas desviou propositalmente. "Vixe, num' mi convenceu com esse papo furado aí, não."
"Espera! Espera! Espera!" Dominic parecia desesperado, sua expressão refletia tristeza e indecisão. "Eu era um prisioneiro dela. Consegui fugir..."
"Por que sua própria irmã te prenderia?" Sanza questionou, a incredulidade evidente em sua voz.
"Como eu disse, sou um bastardo... Sempre fui rejeitado pela minha família. Quando meus pais morreram, Thorns assumiu o trono e, bom, não demorou muito para mostrar suas garras. Desde pequena, ela era maligna, desmembrava animais por diversão. Mas a única coisa que a deixava realmente feliz era o Natal..." Dominic falou, seu tom carregado de tensão.
"O Natal..." Sanza repetiu, imersa em lembranças sombrias.
"Por que tudo o que acontece nessa desgrama envolve o Natal?" Peny perguntou, frustrada.
"... Após ela governar tudo, eu fui deixado para trás. O poder e a luxúria dentro dela só foram crescendo, até que tudo desabou em um certo dia. Era Natal, e ela estava animada para assistir a um evento de uma família de acrobatas em um pequeno vilarejo chamado Palácio Azul."
Sanza reconheceu a história imediatamente, a lembrança de seu maior trauma quase a derrubando.
"Eu também estava lá, e foi nesse mesmo dia, no dia mais importante para a Rainha Thorns, que tudo saiu do controle. Um pequeno lobo branco causou o caos, atacando a Rainha e-"
"Calado!" Sanza interrompeu, indignada. "O Fera não atacou ninguém. Aquela maldita matou meus pais a sangue frio e incendiou o vilarejo. Ela é um monstro!"
"Espera... Você é a menina da fera! Você quem roubou a espada da Rainha..." Dominic percebeu a gravidade da situação. "Você é quem empunha a espada da bainha dourada. Ela busca essa espada até hoje. Foi um presente de Natal que nosso pai deu a ela."
"Agora é minha, e eu vou usá-la para te levar até ela e fazer justiça pelos meus pais e-"
"Tá bom!" Dominic respondeu, aceitando a situação de forma surpreendentemente tranquila.
As duas se espantaram com sua reação simples e rápida.
"Oxi, como é?" perguntou Peny, confusa.
"Como assim?" Sanza se juntou ao questionamento.
Dominic balançou as mãos, mantendo a calma. "Vocês não me deixaram terminar minha história."
"Conta logo essa desgrama, esqueletinho!" Peny disparou, impaciente.
"Acontece que, depois daquele traiçoeiro Natal, ela ficou pior, impiedosa e repleta de ódio pelo Natal e pelos animais. Não demorou para ela matar meus cães, minha única paixão, na minha frente... E, após minha negligência, também me matou a sangue frio. O que ela não sabia era que eu sou um ser de esqueleto espectral e sou incapaz de morrer. Então, ela me aprisionou durante anos até eu conseguir fugir e parar nesse buraco. Agora sou procurado."
"Cruel... Então isso significa que..." Sanza começou a juntar as peças.
"Sim, eu também quero vingança... Tirar ela do trono e governar o reino como deve ser, junto com a minha amada Marie e nossos cães," disse Dominic, com um tom cômico, mas a esperança em seus olhos era genuína.
"Irrá! Vamos pegar essa lambisgoia!" exclamou Peny, determinada.
Sanza ergueu a espada, e Fera rugiu bravamente ao seu lado. A atmosfera se tornou carregada de confiança e determinação, todos ali compartilhando o mesmo objetivo.
Grinhker se juntou a eles, seu sorriso encantador brilhando como as estrelas. "Podemos subir? Acho que terminamos por aqui."
Eles concordaram, unindo-se em um único propósito: derrubar a Rainha Thorns e fazer justiça.
-
Em uma pequena cabana, o clima era de expectativa. Todos estavam reunidos, preparando-se para a jornada até a Capital do Reino. O ar estava carregado de uma tensão palpável, mas também de esperança.
Sanza fitava sua espada com seriedade, acariciando os pelos brancos de Fera, que se aninhava ao seu lado. O silêncio foi interrompido quando Peny se aproximou, limpando o cano de seu Colt com um sorriso confiante.
- Preparada? - perguntou Peny, a animação evidente em seu tom.
- Eu esperei por esse momento a minha vida inteira... - respondeu Sanza, mesmo com a seriedade no olhar, um leve sorriso brotou em seu rosto.
Peny a abraçou, um gesto de amizade e encorajamento. Polo, o cavalo de Peny, surgiu atrás delas, relinchando suavemente como se também quisesse confortá-las.
- É pelo papai, a mamãe... e por todos do vilarejo! - Sanza declarou, a determinação crescendo em sua voz.
- Isso! - concordou Peny, a convicção em suas palavras ressoando no ar.
A atmosfera de camaradagem trouxe um sorriso ao rosto de Sanza, mas logo sua expressão mudou, uma dúvida surgindo em seu olhar.
- Peny... você mudou tanto. Como se tornou uma cowboy? - ela indagou, a curiosidade transparecendo.
Peny arregalou os olhos, uma expressão cômica e incrédula tomando conta de seu rosto.
- "Comé?" Você nunca ouviu falar do Complexo dos Polos? - respondeu Peny, rindo da inocência da amiga.
- Polos? Eu já encontrei o Complexo de Mira uma vez - Sanza comentou, lembrando-se de uma experiência antiga.
Peny puxou um pedaço de mato, colocando-o no canto da boca enquanto bufava ao ouvir o nome de Mira.
- Mira? Tsc... Um bando de mesquinhas perfumadas, elas não têm nada a oferecer! - ela disparou, cruzando os braços e encarando Sanza com desdém.
- Cê não foi a única que fugiu do vilarejo. Eu também escapei. Todos foram incendiados por aquela rainha vadia. - As palavras de Peny saíram com um fervor inesperado, a raiva ainda latente em sua voz.
Nesse momento, Fera e Polo levantaram as sobrancelhas, surpresos com o palavrão. Sanza não pôde deixar de rir, enquanto Peny, com os braços levantados, parecia não se importar com a reação dos animais.
- Ah, que se dane! - exclamou Peny, a gargalhada das duas ecoando pela cabana, aliviando a tensão que pairava no ar.
Na Capital do Reino, a movimentação era frenética, mesmo sob a nevasca que caía incessantemente. As pessoas eram forçadas a silenciar as festividades natalinas, um decreto direto da Rainha. O clima de desolação pairava sobre a cidade, enquanto o frio cortante acentuava a tristeza nos rostos dos cidadãos.
Sanza estava lá, encapuzada, segurando Dominic Oliver com uma corda, parada em frente ao imponente castelo. Erguia o olhar, sentindo o rancor e a fúria borbulharem dentro dela. Seu coração pulsava acelerado, mas sabia que precisava manter a calma.
"Oliver: - Acha mesmo que ela vai acreditar em você?"
"O que importa é que ela vai ouvir," Sanza respondeu, avançando com determinação. Ao se aproximar, foi parada pelos guardas, que exibiram um cartaz de procurado ao lado do corpo de Oliver.
---
Dentro do castelo, a Rainha Thorns aguardava, sentada em seu trono, com as pernas cruzadas. Seus cabelos curtos e a coroa de espinhos de metal contrastavam com o vestido igualmente adornado. A atmosfera era pesada, e o som dos passos metálicos de sua bota ecoava pelo salão.
Rainha: - Que gracinha... Quem foi o caçador que trouxe o bandido até mim? Preciso recompensá-lo, ela disse, sua voz carregada de ironia.
"Aqui está, senhora!" um dos guardas anunciou, levando Sanza até a presença da Rainha.
"Você quer me dar uma recompensa?" Sanza murmurou, a voz baixa, mas firme.
"Mas é claro! Além de barras de ouro, a recompensa é um encontro com a Rainha... como você se chama, querida?" A Rainha aproximou-se, um sorriso ameaçador nos lábios.
"Meu nome é Sanza," ela respondeu, puxando o capuz para trás, revelando o olhar ardente que fixava na Rainha. "Do Palácio Azul. Não se lembra de mim?"
"Repita," a Rainha exigiu, a expressão mudando enquanto tentava escanear o rosto familiar.
"Meu nome é Sanza, do Palácio Azul! Não se lembra de mim?" Ela gritou, sua convicção transparecendo enquanto retirava o sobretudo e sacava a espada de bainha dourada e metal branco - a mesma que havia roubado da Rainha no passado. Os olhos da Rainha se arregalaram, reconhecendo a lâmina que tanto buscava, lembrando-se do rosto de Sanza e daquele Natal traiçoeiro.
Em um movimento rápido, Sanza atacou, cravando a espada na barriga da Rainha. Mas a armadura de espinhos a protegeu, e a Rainha, com um sorriso debochado, comentou: "Você é tão ingênua, criança..."
Nesse momento, Dominic Oliver estava solto, atacando os guardas. Com sua espada feita de ossos e aço, derrubou dois deles instantaneamente.
"Você não vai se safar agora, irmãzinha," ele desafiou, sua voz carregada de raiva.
"Vai pagar pelo que fez com os meus pais!" Sanza gritou, a determinação queimando em seu olhar.
A Rainha lançou uma risada sarcástica. "Ora, ora, um reencontro... Achei fofo." Com um gesto, disparou espinhos de sua armadura, fazendo Sanza e Oliver serem derrubados ao chão. Sem hesitar, gritou por reforços, e logo mais guardas chegaram.
Sanza, focada, atacou a Rainha com sua espada, enquanto a Rainha defendia e contra-atacava com os espinhos. "Você até que é boa com a minha espada, mas prefiro ela cravada no peito de seus pais!"
"Cala essa boca!" Sanza estava tomada pela raiva, um espírito de justiça e vingança pulsando dentro dela.
Oliver lutava contra os guardas, disparando ossos metálicos, mas logo a situação se complicou. Ele foi rapidamente capturado e preso, sua expressão de desespero ecoando na mente de Sanza.
Ao ver Oliver sendo derrubado, Sanza desviou o olhar, e foi atingida por uma chuva de espinhos. O sangue escorreu pelo corpo enquanto ela caía, ensanguentada e desnorteada.
A Rainha se aproximou, pisando em seu corpo sem piedade. "Isso foi perda de tempo, mas vocês até que são engraçados... Agora, morra!"
Dominic Oliver era arrastado pelos guardas em direção à prisão. A Rainha estava prestes a perfurar o estômago de Sanza, mas ela sorriu, encarando a Rainha com um olhar gélido.
"Hehehe... O Natal chegou..."
Um assobio cortou o ar, e Sanza, com sangue nos lábios, exibiu um sorriso malicioso.
A Rainha Thorns ergueu o olhar, alarmada. Não apenas ela, mas todos os guardas também se viraram, assustados. A janela principal do salão havia sido destruída, e a cena que se desenrolava era digna de um pesadelo. Uma enorme fera invadia o castelo, sua presença era tão repulsiva que atingiu a Rainha em cheio, antes que ela tivesse a chance de atacar Sanza. Montada em seu cavalo branco, Polo, estava Peny, disparando sem parar contra os guardas, derrubando-os um a um, enquanto o cavalo se defendia com coices ferozes. Grinhker flutuava ao lado, observando a cena com um olhar sereno, desviando os ataques com gestos de mão, afastando os adversários com um brilho mágico de luzes e estrelas.
Dominic Oliver, agora livre das cordas, se levantou e se juntou a eles, formando uma formação épica e extravagante. Peny, empoleirada sobre Polo, Grinhker flutuando em sua essência etérea, Dominic brandindo sua espada e Sanza, ao lado de Fera, erguendo sua lâmina reluzente com um olhar sério e determinado.
Todos os presentes no castelo os observavam, um misto de admiração e terror refletido em seus rostos.
A Rainha, saindo dos escombros, limpou as vestes com desprezo, seu olhar transbordando ódio. "Escórias!" ela gritou, a raiva pulsando em sua voz.
Sanza montou em Fera, avançando em direção à Rainha, que, em desespero, usou os guardas como escudo. Fera, impiedoso, os derrubou com um rugido estrondoso. Sanza saltou do lombo do lobo, a espada em mãos, enquanto a Rainha se protegida por sua armadura de espinhos. Dominic, ao lado, agarrou a irmã cruel, usando seus ossos para enfraquecer a armadura da Rainha. Foi então que Sanza, com um movimento certeiro, cravou a espada na barriga da Rainha Thorns, que cambaleou, cuspindo sangue.
Ela tentou segurar a lâmina, mas já era tarde demais; a espada estava encravada em seu corpo.
Enquanto a neve caía dentro do castelo, os guardas recuaram sob os tiros de Peny. As pessoas da capital, reunidas, assistiam à cena com espanto, mas em vez de defenderem a Rainha, começaram a aplaudir a derrota dela. A Rainha, no chão, murmurava de dor e ódio, e Sanza sentia uma convicção inabalável em seu ato. Em um gesto de celebração, foi abraçada por Peny, com Fera lambendo seu rosto, um sinal de vitória.
Dominic se juntou a elas, mas logo uma mulher loira, acompanhada de dois cães, apareceu. Era sua esposa, Marie, e a população do Reino aplaudia, reconhecendo Oliver como o novo Rei.
"Você... Você destruiu o dia mais importante para mim..." a Rainha sussurrou, lágrimas escorrendo pelo rosto, enquanto a vida se esvaía dela.
Sanza a encarava, sem ódio, mas com uma sensação de conforto. Finalmente, a justiça estava sendo feita.
Grinhker, em sua forma de galáxia flutuante, sorria de maneira galanteadora, liberando brilhos de estrelas enquanto se dissipava no ar. Sanza e Peny acenaram para ele, se despedindo. Fera rugiu e uivou, sua voz ecoando como um hino triunfante. Sanza, abraçada com seu lobo branco e sua melhor amiga, sorria, sentindo a neve cair sobre eles de forma reluzente, criando uma atmosfera de paz e felicidade.
"Feliz Natal," disse Sanza, com uma calma precisa, um alívio irônico em suas palavras, pois já era meia-noite. O Natal havia chegado.
...
...
Os guardas que serviam à Rainha Thorns estavam aprisionados em uma cela fortificada no reino, enquanto Dominic Oliver avaliava seus novos companheiros e protetores da Capital. Empunhando sua espada, ele marchava ao lado de seus cães, recebendo aplausos entusiasmados da população que se aglomerava ao longo do caminho.
Ao se aproximar da Capital, o som de cascos ecoou, e Sanza e Peny se alertaram. Sanza, porém, não hesitou. Com um movimento rápido, puxou sua espada e montou Fera, avançando em direção aos cavaleiros que surgiam à distância. No centro do grupo, estava Mira, uma jovem ruiva que liderava o complexo que levava seu nome. Quando Sanza percebeu que o frenesi de sua reação era precipitado, Mira deixou cair uma enorme marreta, prestes a colidir com a espada da guerreira.
O impacto não aconteceu. Um disparo ecoou, cortando o ar, a icônica voz de Peny interrompeu o confronto.
- Espera aí! Essas daí são do Complexo de Mira, as perfumadinhas! - exclamou Peny, seu sotaque e tom engraçado aliviando a tensão no ar.
Mira se aproximou, um sorriso confiante nos lábios.
- Viemos até aqui para oferecer ajuda à Capital. Com a queda de Thorns, não podemos permitir que o controle caia em mãos erradas - declarou Mira, piscando para Peny antes de se voltar para Sanza, encarando Fera com respeito e apertando a mão da guerrreira. - Você é uma guerreira e tanto! Acabou com a tirania da Rainha Thorns. Parabéns!
Sanza sorriu, sentindo uma onda de gratidão.
A neve caía suavemente sobre os rostos dos cidadãos da Capital, e Sanza, sentindo-se sobrecarregada, afastou-se do grupo, buscando um momento de solitude ao lado de Fera. Afastando-se da agitação, sentou-se na neve enquanto o lobo se deitou ao seu lado, fechando os olhos. Em sua mente, evocou a imagem de seus pais, lembrando-se de si mesma como uma criança descalça, sorrindo e brincando sob a neve que caía.
Grinhker brilhava próximo a ela, uma pequena galáxia que parecia observá-la, acenando com um sorriso radiante. Sanza acariciou os pelos brancos de Fera, dando um beijo carinhoso em seu animal de estimação.
- Sabe, Fera... seus pelos são como a neve: leves, frescos e macios - murmurou Sanza, a voz suave e cheia de afeto.
Fera respondeu com uma lambida engraçada e fofa, espirrando quando um floco de neve pousou em seu nariz. O momento era um alívio em meio ao caos, um instante de paz que Sanza sabia que precisava aproveitar antes que a realidade voltasse a chamá-la.
Fim.
(Notas do Autor)
Opa! Primeiramente eu gostaria de agradecer imensamente pelo proteja Lune Noire por me acolher e escolher como vencer do Concurso Estrela Natalina! Foi uma honra ter participado do protejo e uma felicidade ter escrito este conto com tanto amor.
🏆 1° Lugar do Evento "Estrela Natalina" em 2024.
Este livro foi feito totalmente de forma Original pela autoria minha (xxyangwen) - Wendel Dos Santos Oliveira. [Roteiro, personagens, ambientação, Ilustrações, etc...]
Mesmo o livro sendo único, "Sanza: A Fera e a Espada" faz parte de algo maior, sim, este conto faz parte do mesmo mundo onde o livro "Jenna: Entre Sombras" da mesma autoria se passa. Mas em momento distintos. ☀️
Muito obrigado a todos, espero que tenham gostado deste conto, e que talvez vejamos Sanza e seus amigos novamente em outra história no futuro. Deixe seu feedback sobre a história nos comentários!
🏆💙
🩵🐺🗡️
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro