24 - De volta para casa
*Mídia do capítulo:
Never let me go - Alok
No dia seguinte, levantamos cedo e como prometido, Angel me mostra sua cidade nos mínimos detalhes.
Passamos na frente da sua antiga escola, da academia de Muay Thai e inclusive ele me mostrou a faculdade onde o irmão e Lily estudaram.
O garoto poderia muito bem trabalhar como guia turístico, porque conhece o lugar como a palma da mão e minha vontade era a de ficar rodando com ele até o final do ano, apenas para escutá-lo falar desse jeito apaixonado de sempre.
Sua mãe fez questão de preparar uma enorme cesta com sanduíches e guloseimas para que fizéssemos um piquenique em um parque com uma vista tão linda que parece saída de uma pintura de Bob Ross.
Estendemos um enorme cobertor na grama e arrumamos tudo antes de comer.
O sol já começa a se pôr, cobrindo-nos com uma tonalidade dourada e Angel consegue ficar ainda mais bonito sob a luz vespertina.
Antes de sair, lembrei de desligar meu celular e deixá-lo dentro da minha mala. Hoje o dia seria só nosso.
Minha mãe fez questão de me bombardear com mensagens, ligações e inclusive ameaças que ignorei com uma facilidade que me pegou de surpresa.
No momento não quero que eles atrapalhem minha viagem, no entanto, uma vez que eu volte para casa, preciso colocar as cartas na mesa.
É inadmissível toda essa atitude, e se for necessário, terei que tomar medidas drásticas para que eles me deixem em paz.
— Onde quer que esteja essa sua cabecinha, quero que volte para mim. -Um sussurro no meu ouvido me faz arrepiar e respiro profundamente.
Angel se senta atrás de mim e me puxa para perto, de modo que encosto no seu abdômen e ele apoia os braços nas minhas pernas.
— É tão lindo aqui, anjinho. -Engasgo mudando de assunto.
— Sim... por isso queria que viesse. É meio que um lugar onde tanto eu quanto Ayden vínhamos quando ficávamos estressados.
— Então quer dizer que está bravo ou algo assim? -Provoco e ele mordisca meu ombro.
— Não, é todo o contrário, Kenny. Quis te trazer porque é um dos lugares que mais amo nessa cidade. -Explica me deixando sem palavras.
Esse garoto definitivamente é um perigo para a sociedade.
— Obrigada novamente pela viagem e por não me deixar sozinha naquele apartamento. -Me viro olhando dentro dos seus olhos.
— Jamais te deixaria. Já tinha até um plano B caso recusasse vir. -Confessa arteiro e levanto uma sobrancelha curiosa. — Eu te convenceria com sexo. -Continua deslizando os dedos pela minha perna, subindo até a coxa, indo parar bem debaixo da bermuda folgada que escolhi.
Engulo seco já sentindo minha calcinha encharcando, quando ele solta uma gargalhada afastando as mãos do meu corpo rapidamente.
— Você é malvado, anjinho. -Fecho a cara e me levanto indo até o beiral do parque, observando as casas lá embaixo de braços cruzados.
Ele me abraça segundos depois e beija meu pescoço ainda rindo.
— Pode ficar tranquila que quando chegarmos em casa, prometo que termino o que comecei, amor. -Afirma lambendo minha orelha e suspiro desejando que já estivéssemos em uma cama, debaixo de um edredom.
Me viro ficando de frente para ele e passo os braços no seu pescoço.
— Se eu te disser que não quero voltar, você acreditaria? -Solto de repente e ele sorri desanimado.
— Com certeza acredito, porque eu sinto o mesmo. -Encosta sua testa na minha. — Mas temos que fazê-lo. Preciso continuar treinando e você tem o trabalho, além de que Marcus arrancaria minhas bolas se você não voltasse.
Caio na risada com suas últimas palavras.
É bem capaz que meu tio faça algo assim mesmo.
Voltamos até o cobertor e comemos o lanche em silêncio. Eu realmente gostaria de ficar aqui para sempre, porém sei que meus pais me encontrariam onde seja, então daria na mesma.
Quando terminamos, juntamos tudo e rumamos para a casa de Angel. Eu disse a ele para passar o dia com a mãe, mas Catarina foi contundente e praticamente nos enxotou para o carro.
Ela é um amor de pessoa, o que explica bastante a personalidade do filho.
Ao chegar, abraço Catarina antes de ir direto para o quarto e Angel fica na sala conversando com a mãe. Desde que chegamos, eu percebi que ele queria conversar com ela, mas ao mesmo tempo não queria me deixar sozinha, então inventei que estava cansada e que precisava de um banho e ele entendeu a indireta.
Depois de me secar, aproveito para arrumar minhas coisas dentro da mala e ligo meu celular, que começa a apitar imediatamente.
Nem faço questão de ler as inúmeras mensagens, excluo todas sem nenhuma gota de peso na consciência.
Também apago as ligações e bloqueio os números pela milésima vez. Haja disposição para ficar comprando chips novos apenas para me azucrinar.
Mas isso vai ter que parar, ou todo o esforço que fiz até agora será em vão.
Angel sobe minutos depois e toma um banho rápido, logo após, descemos com as malas e levamos tudo até o carro.
— Obrigada pela hospitalidade, Catarina. -Abraço-a apertado e ela sorri carinhosa.
— Não foi nada, meu amor. Pode vir quando quiser, tudo bem? -Acaricia meu rosto e sorrio me sentindo querida por uma mulher que literalmente conheci há dois dias.
— Pode ter certeza que sim... Foi um enorme prazer conhecer você. -Pisco afastando as lágrimas que insistem em cair.
Ela se despede do filho em um abraço demorado e ele beija seu rosto várias vezes sem vergonha de demonstrar o quanto a ama, o que me deixa ainda mais emocionada.
Antes de entrar do lado do passageiro, Angel lhe entrega a caixa de chocolate que comprou antes de virmos.
— É para Violet, acabei esquecendo de lhe entregar. -Explica e sua mãe abraça o objeto como se fosse uma prancha salva vidas.
Com um peso no coração, subimos no carro e voltamos para a nossa realidade.
Como tinha prometido, dirijo o caminho de volta e chegamos no apartamento mega cansados.
Tomamos um banho e nos deitamos na cama pegando no sono quase que imediatamente.
Depois da vitória de Angel, ele ficou ridiculamente conhecido por várias pessoas e chamou a atenção de alguns patrocinadores que lhe ofereceram de tudo, desde equipamentos até um treinador particular, que foi recusado sem nem pensar duas vezes.
Ele e Marcus têm uma ligação que vai mais além de treinador e aluno, e isso foi comprovado quando ele sorriu na cara do representante de uma marca famosa, dizendo que ele já tinha quem o treinasse.
Nem preciso dizer que Marcus só não abraçou o garoto, porque é um metido a machão, mas mesmo assim sei que ele ficou emocionado.
Angel está treinando cada vez mais e já recebeu várias propostas de lutas, o que nos deixou extremamente animados.
Ele está crescendo, finalmente conseguindo subir tão alto quanto ele merece e meu peito infla de orgulho cada vez que o vejo dando tudo de si.
A única coisa capaz de estourar essa bolha de animação, é o fato de que meus pais ainda não desistiram de me casar com Stefan, porém ultimamente, eles estão silenciosos, o que me dá um pouco de medo para ser sincera.
Outra coisa que aumentou exponencialmente, foi a quantidade de fãs de Angel. Se antes ele já era motivo de conversa, agora é o triplo e aquela vaca da Mia não dá um segundo de paz para o garoto.
Começo a pensar seriamente em dizê-la que ele é meu namorado, para ver se assim ela deixa o garoto em paz, no entanto, não sei se seria correto. Não quero parecer uma maluca ciumenta.
Felizmente, durante o trabalho eu consigo me distrair e de noite, ele é só meu.
Estou mais uma vez arrumando os aparatos no andar de cima, quando escuto meu nome ser chamado.
— Kenny, pode me ajudar rapidinho? -Uma das meninas que treina há meses, grunhe tentando levantar uma barra com mais de vinte quilos de cada lado. Corro parando ao seu lado e ajudo-a a colocar a barra no suporte.
— Cuidado Marina, vai acabar se machucando! -Esfrego seus braços suavemente e percebo que ela faz uma careta de dor. — Está tudo bem? Será que você se machucou mesmo? -Pergunto preocupada e ela nega com a cabeça. Meu alarme acende imediatamente quando seus olhos se enchem de lágrimas e espero que ela me diga o que está acontecendo.
— Posso te contar uma coisa? -Pergunta temerosa e assinto ainda mais preocupada. Ela levanta a manga da blusa e arregalo os olhos ao ver uma enorme mancha roxa pintando sua pele branca.
— Quem fez isso com você, Marina? -Rosno já sentindo meu sangue ferver de raiva.
— U-um garoto em uma boate... ele queria ficar comigo, mas eu não estava afim. -Confessa e agora são meus olhos que se enchem de lágrimas furiosas. — Talvez se... talvez se eu tivesse aceitado... -Continua e seguro seu rosto delicadamente.
— Marina, jamais pense dessa maneira. A culpa não é sua. -De repente uma luz acende na minha cabeça e entendo o porquê dela estar levantando quase quarenta quilos. — É por isso que está levantando tanto peso?
— Sim... -sussurra desanimada. — Preciso ficar mais forte, já sabe, para me defender. -Explica e fico ainda mais furiosa.
Ela precisa de ajuda e não vou deixá-la desamparada.
Como Angel está se dedicando a treinar a cem por cento para lutar, suas aulas de defesa pessoal acabaram tendo que ser pausadas e não posso permitir que mais garotas sofram.
— Não saia daqui, gata. Já volto! -Grito já correndo até os tatames e passo o olho no lugar procurando Marcus.
Quando o encontro, puxo seu braço e ele me lança um olhar curioso.
— O que foi agora, Kenny? -Resmunga impaciente.
— Tio, eu quero dar as aulas de defesa pessoal no lugar do Angel. -Digo de uma vez e ele levanta uma sobrancelha.
— Qual o motivo dessa ideia repentina, Makenna?
Ele cruza os braços deixando à mostra os enormes bíceps tatuados e engulo seco temendo uma resposta negativa.
Pondero se devo mentir ou dizer a verdade e acabo optando pela segunda alternativa.
— Uma amiga foi... assediada por um idiota e preciso ajudá-la. Pensei que poderia dar aulas, já que o anjinho está ocupado com as lutas. -Torço a barra da blusa nervosa e espero longos segundos por sua reação até que ele abre um sorriso tão grande que me pega completamente de surpresa.
— Muito bem, começa amanhã. -Diz simplista se virando para o tatame outra vez.
Por alguns minutos fico parada no mesmo lugar tentando entender o que acaba de acontecer.
Foi tão fácil que penso se ele não está zombando com a minha cara.
— É sério tio? -Questiono incrédula e ele balança a cabeça minimamente.
— Sim, agora volte ao trabalho que está me distraindo. -Sorri e saio praticamente correndo de volta até Marina.
Quando a encontro, ela está sentada em um dos bancos visivelmente abalada.
— Olha, conversei com meu tio, e vou começar a dar as aulas de defesa pessoal no lugar do Angel. Te espero amanhã, tudo bem? -Abraço seu corpo esguio e sinto-a sacudir contra mim.
— Obrigada Makenna, não sabe como esse gesto é importante para mim. -Soluça limpando algumas lágrimas.
— Ei, vai ficar tudo bem, eu vou fazer questão de me certificar disso. -Prometo acariciando seu rosto e ela sorri depois de alguns segundos.
— Vamos começar às oito da manhã, não se atrase, ok?
— Pode deixar, vou ser a primeira em chegar. -Afirma antes de sair e respiro fundo sentindo a adrenalina nas veias.
Finalmente vou fazer algo que realmente gosto e o melhor de tudo, é que poderei ajudar outras pessoas no caminho.
NOTA DO AUTOR
Bom diaaaaa coisas lindas do meu coração!
Mais um capítulo fresquinho para vocês e tenho que avisar que a partir de agora,
entramos em outra etapa na qual é só ladeira abaixo kkkkk então já podem ir preparando
seus psicológicos que eu já estou me preparando para ser xingada!
Nem tudo nessa vida são flores, não é mesmo? hahahaha
Espero que tenham gostado do capítulo, não se esqueçam de votar e comentar!
Amo vcs, 🥰
Bjinhoosssss BF❤️
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