Epilogue
Uma semana tinha se passado desde que Louis ficou preso naquele elevador com Harry.
Louis tinha passado a acreditar que coisas incríveis, mágicas, poderiam acontecer desde aquelas doze horas que tinha passado trancado com seu vizinho. Parecia irreal a forma como a vida de Louis tinha mudado drasticamente desde aquele dia: era como se o Louis que ele era no dia 24 de dezembro tivesse morrido e um novo Louis tinha renascido no dia 25.
E aquilo era no sentido literal. Louis Tomlinson se sentia leve, muito mais leve do que tinha se sentido nos últimos longos e tediosos anos. Naquele momento, ele não tinha mais receio de falar o seu sobrenome em voz alta, de se sentir parte de uma família novamente.
Poucos dias depois de ter expulsado Louis de casa por ser gay, Jay Tomlinson tinha encontrado as duas irmãs de Louis chorando abraçadas no quarto que ambas compartilhavam. A falta da presença de Louis estava afetando a todos de uma forma intensa: as irmãs que tinham a idade mais próxima a de Louis pareciam ter sumido da vida social da casa, ambas isoladas no quarto. As pequenas gêmeas Daisy e Phoebe não paravam de perguntar onde o irmão delas estava e porque ele não brincava mais com elas.
Com tudo indo por água abaixo, Jay tinha procurado outras mães com filhos gays. E tinha sido assim que ela tinha descoberto que tudo que ela acreditava era apenas um esteriótipo que as pessoas preconceituosas passavam às demais. Ter um filho gay não era motivo de vergonha, muito ao contrário daquilo.
E foi então que Jay tinha começado sua busca por Louis. Ele não tinha saído com nenhum celular, computador ou algo com que ela pudesse se comunicar. A última vez que se tinha tido notícias de Louis foi em um hotel barato, onde ele tinha passado duas noites antes de desaparecer da cidade.
Quando Jay propôs ao marido que eles procurassem pelo filho, o homem se recusou. Dali as coisas só pioraram, as brigas em casa eram diárias e culminaram em um duro divórcio, que consumiu o tempo de Jay e a distanciou ainda mais de qualquer pista de para onde Louis tinha ido.
Louis tinha descoberto tudo aquilo em uma longa e chorosa ligação com a mãe. Às vezes ele se perguntava se tudo aquilo era real, se ele iria mesmo se encontrar com a sua família dali a alguns dias, como eles tinham combinado.
Louis tinha até mesmo ganhado dois irmãos, que até então ele desconhecia a existências. Os gêmeos Doris e Ernest já tinham sido concebidos quando Louis saíra de casa, porém ninguém sabia sobre eles ainda.
Tudo isso era graças a Harry. Se não fosse por Harry, Louis jamais teria tido coragem de telefonar para a mãe depois daqueles longos anos. Louis tinha ganhado sua família de volta.
Harry.
Os dois tinham passado aquela semana toda conversando por mensagens de texto e, por irônia do destino, eles se encontravam no elevador algumas vezes. Não era nada marcado ou planejado, mas Louis não conseguia evitar sorrir quando as portas do elevador se abriam em seu andar e ele se deparava com Harry Styles ali dentro.
Tomlinson tinha descoberto que nenhuma pessoa no mundo ficava mais bonita que Harry quando corava. Louis tinha passado a observar mais as pessoas quando andava nas ruas, vendo a forma como se portavam, como se vestiam, como franziam o cenho enquanto andavam. Graças a Harry, Louis tinha aprendido a observar os pequenos detalhes da vida.
Bem, talvez aquela fosse só uma desculpa para observar todos os pequenos detalhes de Harry.
Harry e seu perfume de baunilha, botas brilhantes e roupas esquisitas tinha se tornado o novo fascínio de Louis e ele não conseguia evitar a si mesmo de estar parado como um pateta, olhando para o nada e pensando na deliciosa combinação que era Harry Styles.
Se Louis era um complicado quebra-cabeça, de alguma forma maluca e impensável, ele tinha certeza que jamais seria resolvido sem Harry. Tinha sido rápido demais, intenso e único demais, porém Louis sabia que Harry agora era uma peça importante do Quebra-Cabeça Louis William Tomlinson.
•••
30 de dezembro
Louis estava parado diante da porta do apartamento de Harry, vestindo o mesmo sobretudo café com leite que usava na noite em que conhecera o seu vizinho. Seu coração estava acelerado e sua mão tremia quando ele a levou até a campainha e a apertou.
Alguns agonizantes segundos se passaram até que Harry abrisse a porta. O homem usava uma calça escura e apertada, botas douradas e uma camisa de manga comprida com alguns botões abertos. Sobre um dos seus braços repousava um pesado casaco de frio.
- Sua forma de se vestir sempre me surpreende, Harold.
- Isso se chama estilo. - Piscou um dos olhos para Louis enquanto trancava a porta.
- Isso era para ser uma piada com o seu nome? - Louis ergueu uma sobrancelha. - Porque se era, foi péssima.
Harry riu e empurrou Louis levemente com o ombro enquanto esperavam o elevador chegar ao último andar. Eles trocaram um olhar intenso e as bochechas de Harry coraram sob os penetrantes e misteriosos olhos azuis.
- Eles trocaram de cor de novo. - Falou em um sussurro, os olhos sem se desvirem do rosto de Louis.
- O que mudou de cor?
- Os seus olhos. Eles mudam de cor.
Harry não percebeu o quanto tinha se aproximado até estar com o rosto a centímetros do de Louis, ambos compartilhando o mesmo ar, os narizes quase colados e os olhos concentrados um no outro.
- Eu sempre me perguntei como algo assim era possível. No começo eu achava que estava ficando louco, mas então eu percebi que seus olhos mudavam de cor. - Harry começou a falar. - Não é como se eles passassem do azul para o verde, mas eles variam em colorações de azul da mesma forma que o oceano muda de cor. A água fica mais clara ou mais escura dependendo do dia e do clima.
- Talvez os meus olhos sejam mesmo como o oceano, então. - Louis falou, distraído. Os lábios de Harry se mexiam lentamente conforme ele falava e Louis estava sendo consumido pelo desejo de beijá-los novamente.
- Eles são um imenso oceano.
- E você não tem medo de se afogar?
- Eu já me afoguei. - Admitiu Harry.
Os lábios de Harry e Louis se encontraram de uma forma graciosa, quase mágica. O beijo era inesplicavelmente deles, totalmente único e perfeito com suas imperfeições. Era tão suave quanto a pétala da mais dalicada flor e, ao mesmo tempo, tão destrutivo quanto a maior bomba jamais produzida.
As línguas se tocavam, os dentes puxavam os lábios. Louis mordeu o lábio inferior de Harry e o puxou antes do beijo se quebrar por apenas um segundo e então recomeçar.
Explosões. Flores. Explosões e flores. Aquela era realmente a definição para o beijo de Harry e Louis.
Eles se separaram quando o elevador apitou, avisando que finalmente tinha chegado. Harry reabriu os olhos lentamente, afundando-se nos oceanos azuis, e então deixou um beijo no nariz de Louis antes de dar um passo para trás.
- Então, Sr. Tomlinson, onde pretende me levar hoje?
Louis entrelaçou o seu dedo mindinho ao de Harry enquanto entravam no elevador.
- Acho que lhe devo o maior sorvete da sorveteria, não é mesmo?
- Bem lembrado. - Harry sorriu.
Tudo era novo, um caminho que nenhum dos dois jamais havia trilhado e que, graças a magia do Natal, queriam trilhar juntos.
● Fim ●
Eu deveria ter terminado de postar ontem por motivos óbvios, mas alguns problemas pessoais me desestabilizaram muito.
Bem, esse capítulo é dedicado a duas autoras que eu amo de paixão e que tiveram um ano de 2015 difícil, CURLYBOOBEAR e LarryIsMyHome. Vocês são simplesmente incríveis e eu custo a acreditar até hoje que alguém teve a capacidade de tentar estragar com um trabalho tão lindo como o de vocês. Só quero dizer que tem pessoas - eu uma delas - que apoiam vocês e que vão ajuda-las a recomeçar e ter tudo o que vocês perderam de volta. Não desistam, por favor.
A todos um Feliz Natal atrasado.
All the love
Kyv
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