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9 pm

Havia quase uma hora que Louis estava preso naquele elevador silencioso e escuro, ao lado de seu vizinho que gostava de usar roupas esquisitas e que tinha uma floricultura inteira nos braços.

Depois de chutar, xingar e reclamar por longos minutos aquele maldito elevador, ele finalmente tinha se acalmado e deixado o seu corpo escorregar até estar sentado no chão. Parecia que o destino gostava de brincar com Louis, e ele se perguntava se alguma vez na vida teria sorte de algo bom acontecer para si.

- Eles não podem simplesmente nos esquecer aqui dentro. - Harry se pronunciou, ainda de pé e segurando as flores, apenas encostado no espelho. - A qualquer momento isso vai voltar a funcionar e nós poderemos sair daqui.

- Você acredita mesmo nisso, não é? - Louis sussurrou, observando a forma como seu vizinho se portava.

- Você está vestido de Papai Noel, Sr. Tomlinson, talvez devesse ter um pouco mais de fé.

- Fé em quê? Que o bom velhinho vai vim aqui e nos salvar? - Ergueu um dedo e rodou. - Estamos presos nesse maldito cubículo na noite de Natal, você acha mesmo que estão preocupados com a gente? Devem estar mais preocupados com o peru que vão jantar.

Styles soltou um sonoro suspiro e então pousou delicadamente os buquês de flores no chão, sentando-se logo depois contra a parede oposta a de Louis, os dois ficando cara a cara.

- Eu acredito na magia do Natal. - Sussurrou e depois corou um pouco, como se tivesse notado que o que tinha dito era o mesmo que uma criança diria.

Louis negou com a cabeça e ficou brincando com o gorro vermelho de Papai Noel que tinha nas mãos. Quando ele era mais novo, costumava acreditar no mesmo, mas a medida que foi crescendo percebeu que aquilo não era nada mais que uma grande ilusão. Isso aconteceu depois que ele percebeu que não existia magia e que nenhum ser natalino viria melhorar aquele dia em específico.

Louis realmente odiava o Natal.

Longos minutos se passaram no silêncio absoluto. Louis olhava para o teto do elevador, pensando seriamente em sair pela escotilha de manutenção que tinha ali e tentar a sorte no fosso do elevador. Quais eram as chances de ele conseguir escalar pelos cabos de aço até a porta mais perto e abri-la, tudo isso sozinho? Franziu o cenho e riu de si mesmo.

Ali estava o Louis que ele mais repudiava: aquele que ele denominava cariosamente de William, o Sonhador Fodido. Ele podia até mesmo não acreditar na magia do Natal, mas ainda sim sua mente gostava de fazê-lo sonhar acordado, e ele julgava a si mesmo por isso.

Virou o rosto para o seu companheiro de aprisionamento quando o viu se remexer inquieto, procurando algo em seus bolsos. Louis permitiu-se dar folga à sua parte crítica por alguns segundos e observar o seu vizinho corretamente pela primeira vez.

Harry Styles era... bem definido. Louis achou essas palavras perfeitas para o corpo bem desenhado do homem diante de sim. Braços definidos que apareciam mesmo pelo tecido do terno, um longo cabelo com cachos que passava ligeiramente da altura do ombro e um par de belos olhos verdes que... estavam voltados para Louis naquele momento.

Ele piscou algumas vezes e então prestou atenção na voz rouca e triste de Harry.

- Hum, na pressa para sair eu acabei esquecendo o meu celular em casa. Será que você podia me emprestar o seu? - Styles olhou para as próprias mãos e Louis jurou ter visto as bochechas dele corarem ligeiramente. - Minha mãe deve estar preocupada e talvez ela pudesse fazer algo para nos tirar daqui logo.

Louis lembrava muito bem da última vez que tinha falado com a mãe, anos antes, ao mesmo tempo em que ele era chutado para fora de casa como um miserável. Na verdade, aquela tinha sido a última vez que ele tinha visto qualquer pesssoa de sua família.

Tirou o celular do bolso e tentou desbloquea-lo, mas a tela continuou negra como antes.

Era só o que eu precisava! Ótimo!

- Está descarregado. - Grunhuiu e jogou o aparelho no chão do elevador. Não era como se pudesse quebrar mais do que já estava quebrado.

Quando ergueu o rosto, jurou que Harry Styles estava prestes a cair no choro naquele momento mesmo. Ele abraçava a garrafa de vinho contra o peito e tinha uma expressão triste.

- O jantar na noite de hoje sempre foi uma tradição na minha família. Todos os anos nós fazemos a mesma coisa na noite do dia 24 de dezembro e trocamos presentes depois da meia-noite. - Harry começou a falar, as grandes mãos brincando com a garrafa. - Eu estava sem ideias para presentes esse ano, então pensei que seria legal dar para a minha mãe e minha irmã flores. Eu amo flores, elas são lindas e eu sempre quis ganhar flores, então supus que elas poderiam gostar e, para o meu pai, eu iria dar esse vinho.

Louis baixou o rosto e ficou em silêncio, ainda com o gorro de Papai Noel nas mãos. Sem o aquecedor ligado, o elevador estava começando a ficar frio e ele não teve nenhuma outra alternativa além de enfiar o gorro na cabeça.

Ele se lembrava de quando toda a sua família se juntava naquele data em especial para celebrar duas festas ao mesmo tempo. Louis nunca tinha contado para ninguém como sua vida era antes, não que tivesse alguém para contar, já que tinha deixado todos os seus amigos para trás.

- Elas são lindas. - Sussurrou depois do que pareceu um ano.

Harry, que passava os dedos pelas pétalas suaves e coloridas, ergueu o rosto e abriu um sorriso sincero, as covinhas surgindo profundamente.

- Eu amo flores. Quase tanto quanto amo sorvete de morango.

Louis teve que gargalhar daquilo, jogando a cabeça para trás e sendo acompanhado pela risada de Harry, que era tão barulhenta quanto a de Louis. Ouvi-la o fez se sentir mais leve, como se aquela era a primeira risada verdadeira que dava em anos, o que provavelmente era verdade.

- Eu prefiro sorvete de chocolate com calda de morando e pedaçinhos de chocolate Suíço em cima. - Louis falou e passou a língua pelos lábios, imaginando aquela deliciosa obra de arte diante de si. - Ah, não vamos esquecer do chantilly colocado por último.

Louis quase podia ver o brilho nos olhos de Harry quando ele desencostou as costas da parede, o sorriso completamente aberto em seus lábios.

- Não esqueça dos pedaços de morango cortados por cima do chantilly. - Falou, totalmente animado, mas então sua expressão se fechou novamente em algo triste. - Minha mãe sempre faz algo parecido com isso para as sobremesas de Natal.

Louis não sabia o porquê, mas parecia completamente errado Harry chorar. Algo dentro de si se remexeu, algo que não dava nenhum sinal de vida havia muito tempo e antes que percebesse, seus lábios já estavam abertos e as palavras já tinham saído por eles:

- Vamos fazer um combinado. - Estendeu a mão para seu vizinho, que franziu as grandes sobrancelhas. - Quando saírmos daqui, eu te pago o maior sorvete de morango com chantilly que tiver na sorveteria, que tal?

Harry sorriu e então apertou a mão estendida de Louis.

- Combinado.

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Esse capítulo vai ser dedicado para larrycrux. Amor, você pode estar longe agora, mas sempre vai estar por perto porque tem um cantinho do meu coração só para você. Amo você, coisa chata!

All thw love

Kyv

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