Santa Ceia
Santa Ceia é um Conto do Especial de Natal Harry Potter Collab, com conteúdo erótico e violento um crossover entre Harry Potter e a série Hannibal
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É de imaginar que, como curadora do Wallace Collection Museum, que nostalgia é minha marca registrada. O quebra nozes de roupa vermelha azul e dourada em minhas mãos estava mais velho que algumas obras naquela galeria, ainda assim, meu olhar para ele era de total empatia.
- Vai pendurar?
Olhei por cima do ombro para o homem apoiado no corrimão, nos últimos degraus da escada, ele tinha um ar sereno embora sua pergunta fosse mais um desafio.
- Não, é grande demais para essa árvore – respondi ao colocar o quebra nozes de volta na caixa, fechei-a e empurrei para debaixo da copa, misturando com outros presentes falsos.
- Achei que fosse importante para você.
- Um quebra nozes?
Hannibal se aproximou lentamente, as mãos ao lado do corpo, o olhar impassível, o sorriso curto eternamente estampado na minha presença.
- O acervo.
Dei de ombros.
- Não posso fazer nada, se a coroa quer reivindicar os quadros de Nicola Vern então o palácio ganha as obras de arte.
- Para ficarem escondidas dos olhos da população.
- Eu gostaria que fosse diferente, mas não posso roubar os quadros e colocá-los no banco de trás do meu carro, as molduras são grandes demais – eu ri, mesmo sem ter muita graça.
- Talvez alguém as dê para você.
- Ah, Dr. Lecter. A rainha jamais daria uma coleção de milhões de dólares a uma curadora de museu.
- É Natal, Amy. Tudo pode acontecer.
- Como você me convidar para subir ao seu quarto depois do jantar.
Hannibal se virou para mim, como sempre, sem parecer surpreso com minha colocação.
- Isso foi bem direto.
- Alguém tem que ser.
- Talvez eu ainda esteja no controle, forçando você para ver até onde aguenta.
- Eu aguento bastante, só não quero. Prefiro me oferecer para passar a noite.
- Vamos combinar o seguinte – ele se aproximou mais, ficando tão perto que eu sentia a respiração dele – primeiro, eu lhe darei o presente de Natal perfeito, depois você me dá o seu.
- Isso foi algo bem safadinho de se dizer, Dr Lecter – sussurrei.
- O que me diz?
- Vou ter que esperar alguns dias.
- Vai valer a pena.
A porta da frente abriu e no hall uma professora idosa começou a enfileirar várias crianças enquanto eu ainda encarava Hannibal
- Tenho um tour agendado agora, o jantar ainda está de pé?
- Estou preparando um maravilhoso guisado.
- Não vejo a hora.
Havia uma única coisa que me irritava mais que andar pelo Beco Diagonal na época de festas: Andar pelo centro de Londres em época de festas. Para minha infelicidade, eu estava fazendo as duas coisas naquela manhã.
Abri novamente a carta do ministério para conferir o endereço anotado a caneta no topo.
Quando soube que teria que trabalhar com a Scotland Yard, amaldiçoei o dia em que me ofereci para o cargo. Depois da guerra, muitos alunos que haviam sido selecionados, não haviam se formado, isso gerou uma reação em cadeia e o ministério não teve outra escolha a não ser abrir inscrição para bruxos mais velhos e experientes. Vi a minha chance de sair de Hogwarts uma vez por todas e a agarrei.
Eu acabara de sair do "All Date Boulevard". Um centro de lojas fechado com uma enorme arvore de Natal no centro, os enfeites gigantescos iam da base até a ponta e em um lugar de destaque no centro, um corpo pendurado, eviscerado, em outro lugar provavelmente, já que a falta de sangue era notória, os braços e pernas colocados em uma posição que parecia uma pintura renascentista.
A porta do museu Wallace Collection estava destrancada e rangeu alto quando entrei. O lugar antigo era acolhedor, diferente da confusa energia dos novos estabelecimentos trouxas. Ouvi passos de salto anto e me virei para a escada.
Ela era linda como as pinturas nas paredes, em um vestido cocktail azul escuro e sandálias de tiras, ela tentou sorrir, mas imaginando a natureza do assunto, seu rosto endureceu.
- Boa tarde, senhor?
- Snape. Severus Snape.
- Gostaria de dizer que é um prazer, eu sou Amy Falceth. Curadora do museu.
Ela estendeu a mão para mim, não consegui cumprimentá-la com firmeza, assim que a toquei, tive medo de que o menos aperto a quebraria em pedaços.
- Eu entendo, realmente vim pela obra "O Abandonado". O que pode me dizer sobre ela?
- Por favor, me acompanhe, Sr. Snape.
Amy caminhou em passos firmes por um corredor á direito, quadros renascentistas decoravam ambos os lados, entramos em uma ampla galeria, claramente as obras sendo do mesmo artista.
- O Abandonado de Nicola Vern – Amy parou em frente ao quadro, não era apenas a posição do homem retratado que imitava o homem morto no centro comercial, as cores, os elementos, a iluminação, tudo era exatamente igual a pintura, senti um arrepio na espinha – pintada em 1.428, uma obra belíssima sobre o amor não correspondido. Uma pena que tenha sido usada para algo tão cruel, ainda mais por esses dias.
- O que quer dizer, Srta Falceth?
Os olhos dela se encheram, o olhar apaixonado visando a obra.
- A coroa está recolhendo todas as obras de Vern, até o Natal, essa sala estará vazia.
- Parece algo importante para você.
Amy se virou para mim, seu olhar sereno me deixou levemente desconfortável, ela não se importava em parecer vulnerável.
- Verne é um Deus para mim, seus traços, a mensagem atrás de suas obras trágicas, eu poderia olhar para essas pinturas por anos.
Em minha cabeça, isso era um motivo, mas Amy não conseguiria levantar um homem adulto até a árvore de Natal, precisava de força para isso. A contar com a delicadeza, beleza e genialidade dela, não seria difícil se apaixonar.
- Tem algum stalker, Srta. Falceth? Um ex namorado, admirador secreto?
- Não – ela respondeu desconfiada – não tenho tempo para isso ultimamente. Por que isso importa?
- Você está sofrendo por ver as obras indo embora, talvez um admirador possa querer fazer essas obras ficarem.
- Não acredito nessa hipótese. As obras serão levadas de um jeito ou de outro, agora que esse assassinato aconteceu vai ser ainda mais depressa. Todos sabem disso.
Ouvimos a porta da frente ranger mais uma vez.
- Precisa de mais alguma coisa?
- Por enquanto não.
Dei mais uma olhada na sala, as obras eram lindas, mas melancólicas. Não conseguia imaginar uma mulher como Amy horas olhando para elas sem cair em uma depressão profunda.
Mais uma vez fui guiado pelo longo corredor.
- Olá, Amy – Lecter segurou-a pelos ombros e encostou os lábios em sua testa.
- Olá. Esse é Severus Snape, ele está com a Scotland Yard.
- Nos conhecemos essa manhã. Lecter quem me deu esse endereço – expliquei prontamente – bem, eu já vou indo. Obrigado pela atenção.
- Na verdade, Sr. Snape – Lecter disse com leveza na voz como se tivesse acabado de lhe ocorrer – vamos jantar em minha casa essa noite, devia se juntar a nós, assim podemos discutir melhor o caso – ele se virou para Amy com um breve sorriso – depois do jantar, é claro.
Era apenas um jantar, mas também uma chance de ficar um pouco mais na presença de Amy. Mesmo que eu tenha notado algo acontecendo entre ela e Lecter, alguma coisa me dizia que ela era a chave para resolver o caso.
Além disso, o homem pendurado como uma obra de arte era um bruxo e era para isso que eu estava ali, para me garantir de que foi apenas um assassinato isolado e não um ataque pensado.
Severo Snape tinha uma energia intrínseca absurdamente excitante, como a de Hannibal, mas um nível muito superior. Era como se Snape fosse o Alfa e Hannibal Beta, não fui a única a notar isso, apesar do convite gentil para jantar, Hannibal estava incomodado, inflando mais o peito que de costume.
- Você é especialista em que, precisamente, Sr. Snape?
- Eu traço perfis.
A minha mente com a palavra "traço" foi para um lado muito perigoso.
- Interessante, me limitei a dizer.
- Psicologia – Hannibal entrou trazendo uma bandeja de madeira rústica com um assado espetacular.
- Hannibal é um ótimo cozinheiro, Severus. Você vai amar.
Ele deu uma boa olhada na carne, gordurosa na medida certa, o cheiro maravilhoso de alecrim. Hannibal tirou uma boa fatia para mim e serviu Severus com a mesma generosidade.
- Que carne é? – ele perguntou franzindo a testa, o que o deixava muito atraente.
- Veado.
Severus assentiu lentamente, encarando o pedaço de carne. Olhei para Hannibal confusa, ele estava sério, esperando que o outro provasse. Eu não sabia dizer como aquela conversa ficou tão estranha.
O convidado cortou um pedaço e levou com muito cuidado a boca, mastigando lentamente enquanto assentia, Hannibal sorriu e a tensão se dissipou, eu estava ansiosa para comer, como sempre.
- Como está, querida – era a primeira vez ele me chamava assim.
- Delicioso.
- Estão juntos a muito tempo?
Eu ainda estava de boca cheia, teria respondido que não estávamos juntos, embora tivesse o interesse, quando Hannibal respondeu por mim.
- Eu e Amy nos conhecemos há oito meses, quando ela me ajudou a decifrar um código nas obras de um serial killer.
- Era um imitador, duvido que eu tivesse decifrador um código do próprio Belfire.
- O imitador não era tão inteligente, eu suponho – Severus sorriu.
- Não.
- Talvez ele estivesse interessado em ser descoberto – Hannibal sugeriu como se realmente fizesse sentido.
- Eu duvido muito.
- É por isso que é curadora e não psiquiatra, Amy.
- Se a Srta. Falceth tem uma opinião, acho que devíamos dar ouvidos, afinal, nós dois precisamos dela para o trabalho em algum momento.
Severus me defender fez minhas bochechas queimaram, abaixei o rosto envergonhada na tentativa vã de disfarçar.
O jantar seguiu menos animado depois disso, embora Hannibal tenha sido cordial, eu sabia que n]ao convidaria Snape uma segunda vez.
- Vou acompanhá-la – informou Snape ao sairmos no hall.
- Não vai ser necessário, eu moro a algumas quadras.
- Com um assassino que usa as obras do seu museu como modus operandi, não é seguro andar por aí sozinha. Estou certo, Lecter?
- Sim, ele tem razão.
Snape levantou o queixo vitorioso e se ocupou em vestir o sobretudo. Hannibal se aproximou de mim e esfregou meus ombros com as duas mãos.
- Está com ciúme?
- De forma alguma – respondeu seco.
- Tem certeza? Se estiver tudo bem, afinal, estamos juntos a oito meses.
Hannibal levantou os cantos dos lábios.
- Não foi totalmente mentira.
- Pode me convidar para ficar. Eu aceitaria.
Na verdade, naquele ponto não fazia diferença com qual dos dois eu dormiria.
- Nada de burlar nosso acordo. Seu presente ainda não está completo e só vai me dar o meu depois.
- Temos uma previsão?
- Que tal a véspera de Natal.
- Faltam dois dias.
- Terei que me apressar, então.
- Seu presente já está pronto, saiba disso.
Ele sorriu e ainda segurando meus ombros, se aproximou do meu ouvido.
- Estou ansioso para desembrulhar.
Eu ri, talvez alto demais porque quando me afastei, os dois homens na sala se encaravam.
- Vejo você amanhã?
- Talvez.
Dei um beijo na bochecha de Hannibal antes de acompanhar Snape para fora, tomando cuidado para manter uma distância segura até virar a esquina.
- Muito inteligente usar uma capa longa – admiti enquanto abraça o corpo para me defender do frio.
- Se quiser ficar mais próximo, pode ser que se esquente.
Ele me ofereceu o braço e eu me agarrei nele, andando quase grudada em Snape.
- Eu estava pensando, para namorados que estão juntos a meses, um beijo de despedida na bochecha é um pouco estranho.
- Não somos namorados, não sei por que Hannibal disse aquilo. Existe um interessa, mas não concretizamos ainda.
- Frustrada?
- Um pouco. Mas tudo bem, ele não é o único homem no mundo.
Parei em frente a minha casa, um sobrado apertado entre outras casas do subúrbio de Londres.
- Eu fico aqui.
- Espero vê-la novamente.
- Ou pode entrar, ainda é cedo.
Ele assentiu com um sorriso. Muito mais acessível que Hannibal, me virei para abrir a porta sentindo aquela energia maravilhosa em cima de mim, ansiosa para abrir a porta e tirar a roupa.
Entrei e ele fechou a porta, quando se virou eu estava tirando o casaco.
Amy tirou o casaco e os sapatos, andando de costas pelo corredor estrito em direção a escada. Enquanto a seguia para o andar de cima, precisei fazer algumas anotações mentais, antes que enlouquecesse com a visão do seu corpo nu.
Em primeiro lugar, eu comi carne de veado várias vezes ao longo da vida, preparada de diversas formas e tive certeza quando a vi, que aquela carne era outra.
Como homem de confiança de Voldemort, sempre estava com ele em jantares e uma das iguarias que ele fazia questão de servir era justamente a carne dos inimigos abatidos. Por isso, mesmo sabendo da procedência do corte, não hesitei em comer. Se Lecter soubesse da minha desconfiança seria pior.
Segundo, Lecter era culpado, soube no instante em que o vi no Boulevard. Ansioso para que cada pessoa ali notasse a genialidade do seu trabalho, como eu mesmo fazia com meus feitos.
A verdade era que Lecter e eu erámos muito parecidos, até porque, eu estava convencido de que ele não era trouxa.
- Está distraído, Severus.
- Não, você tem minha total atenção.
Amy sorriu e desabotoou o vestido, a peça caiu revelando seu corpo bem desenhado por baixo. A tomei pela cintura, juntando nossos lábios em um beijo quente, desenhei suas curvas com as mãos até o quadril e a levantei, pegando-a no colo.
- Me diga para onde.
- Esquerda.
Voltei a tomar sua boca enquanto a levava para o cômodo mais afastado, apalpei sua bunda, procurando a parte mais doce de seu sexo com as pontas dos dedos. A encostei na porta e abri.
O quarto não era comum, a bizarrice era composta de um sofá de veludo preto de frente para uma parede completamente pintada no estilo renascentista, do chão ao teto. Coloquei Amy sobre o sofá, ela abriu os botões de minha camisa com os dedos trêmulos, entrar naquela sala certamente a deixou mais excitada.
Apesar da estranheza, eu não deixaria de me aproveitar dela, tirei a camisa, Amy começou a beijar meu tronco, descendo pela barriga enquanto abria minha calça, ela sabia como começar.
Sua mão entrou por cima do tecido da cueca, puxando meu para fora.
- Com calma – adverti, embora estivesse adorando o jeito dela.
Lecter a enrolou por tanto tempo que ela estava desesperada por sexo.
- Estou te assustando? – perguntou enquanto masturbava meu pau lentamente.
Em resposta, segurei sua nuca e a puxei para perto, sua língua encostou na ponta, macia e quente, puxei de novo e ela engoliu, seu gemido me encheu de excitação, Amy estava tão empenhada que eu nem precisei mover o meu corpo em direção a ela, já que fazia tudo sozinha, engolindo o máximo que podia e masturbando com a mão o que sobrava.
Ela estava sedenta, me levando ao céu com seus lábios. Eu precisei parar, agarrando na parte de trás do seu cabelo e a puxei para trás.
Amy se deitou me puxando sobre ela, suas mãos passaram em torno do meu pescoço e com isso senti um leve puxão no cabelo da nuca. Encaixei meu pau em sua entrada e mergulhei nela, seu gemido quase me levou ao ápice, Amy rebolava e levantava o quadril para mim, na tentativa de tê-lo todo dentro dela.
Gemendo e revirando os olhos como uma cadela, nada comparado a postura recatada que ela mostrou durante a noite.
Ela subiu as mãos pelas minhas costas enfincando as unhas na pele, a dor me fez querer castigá-la. Levantei suas pernas em meus ombros e enfiei no ponto mais fundo, a intensidade devia machucá-la, mas quando a olhei ela assentiu.
Amy agarrou os próprios seios, estimulando os mamilos como queria, seu rosto pendeu para o lado enquanto seu corpo tremia.
Era isso que a excitava, a pintura. Enquanto era eu que estava dando o prazer a ela, era para a pintura que Amy gozava.
- É isso o que você quer? – me abaixei sussurrando em seu ouvido enquanto levava a mão ao seu clitóris, esfregando devagar e metendo no mesmo ritmo – as pinceladas na tela, preenchendo com tinta cada espaço em branco, dando formas e sombras.
- Sim, Severus. Por favor continue.
- O pincel dançando lento na paleta, pigmentando o tecido, envenenando o pintor.
Seu corpo tremeu, seu interior me apertou e sua boca em um Ô perfeito não emitia som algum. Segundos de um orgasmo intenso que a relaxou totalmente.
Soltei suas pernas e as massageei enquanto as abaixava, ainda dentro dela, movi meu quadril para dentro e para fora, não mais que a metade e ainda assim era muito para ela aguentar com a boceta sensível como estava.
Amy fechou os olhos, o rosto ainda virado para a pintura, ela era como uma tela, pronta para ser usada. Sua pele lisa e delicada pronta para marcar.
Me abaixei mais uma vez e deixei um longo chupão no alto do seu seio, ela suspirou, o local ficou roxo rapidamente. Deixei mais uma marca em seu pescoço, depois no outro seio, a cada uma, Amy ficava mais bonita e minha excitação crescia, meu pau latejava ansioso para completar minha obra, o tesão me fez ir mais rápido, mais fundos, mesmo com seu corpo imóvel ela gemia baixo, minhas bolas doeram e senti o líquido grosso subindo pelo meu pau.
Saí de dentro dela e completei minha pintura gozando sobre os chupões que deixei.
Snape ficou naquela noite, mas quando acordei ele já havia partido. Não me incomodei com isso, depois do que aconteceu, tinha certeza que ele iria voltar. Ainda assim, pensei nele o dia todo, principalmente quando via as marcas que ele me deixou.
Eu estava me despedindo da última obra de Vern que era tirada da galeria, uma tela grande que retratava um anjo, amamentando um homem adulto sobre uma pedra. A dor que senti ao vê-la ser embalada foi indescritível, como se eu tivesse perdido o amor da minha vida.
Para me salvar, recebi uma ligação insistente no escritório e ao atender, recebi um convite irrecusável de Hannibal.
Eu sabia que talvez ele percebesse as marcas em meu pescoço, mas ao mesmo tempo, se eu negasse um encontro, tudo estaria perdido.
Ele me entregaria uma parte do meu presente, no auditório do Museu, após fecharmos. Eu estava ansiosa por isso, não sei o que esperava, um pedido de casamento talvez?
Tranquei as portas antes das sete da noite, era véspera de Natal, ninguém viria ao Museu a essa hora, me olhei no espelho garantindo que a gola da camisa estivesse levantada e subi as escadas, me perguntando como ele conseguiu acessar o auditório.
A porta estava destrancada e quando me aproximei vi que também estava aberta, quase encostada. Empurrei devagar, o interior estava totalmente escuro. Liguei o interruptor perto da porta, mas nenhuma luz se acendeu. Do palco no fundo da sala, ouvi alguns barulhos estranhos, sons molhados mas em nada parecidos com os que eu e Severus fizemos na noite anterior, apesar de também ouvir gemidos.
- Hannibal?
Dei alguns passos para a frente quando ouvi uma palavra estranha sendo dita e a porta atrás de mim bater, era a voz de Hannibal, fiquei assustada e chamei por ele de novo. A luz do palco acendeu e percebi uma cena grotesca.
Um homem sentado sobre uma pedra grande, com um outro ajoelhado ao seu lado e com a boca costurada no peito do primeiro, era como a pintura de Vern, exceto que ambos os homens estavam sem pele, se movendo tão pouco que mal pareciam vivos.
Eu gritei, alto o suficiente para meus próprios ouvidos doerem, corri e tentei abrir a porta.
- Está trancada, Amy. Não perca seu tempo.
- Hannibal – encostei na porta e me virei para ele, em pé ao lados dos homens sem pele – por favor me deixa sair.
- Não – ele andou até os homens com uma faca na mão e cortou o que deveria ser o anjo, levantando uma tira fina de carne até um gancho para simular uma asa enquanto o homem urrava de dor – não se assuste, bruxos demoram mais para morrer, me dá tempo de trabalhar como eu quero, com calma e atenção.
- Por que está fazendo isso?
- Por você, Amy – Hannibal jogou a faca no chão com força, ficando furioso repentinamente – você estava tão triste por perder Nicola Vern que eu quis lhe dar essas pinturas, uma obra-prima, só para você.
- Isso é doentio.
- Doentio é esfregar sua boceta em um homem que acabou de conhecer quando eu invisto em você há meses.
Meu coração quase saltou pela boca, então ele sabia de tudo e me mataria, assim como estava fazendo com aqueles homens.
- Esse é o Snape?
- Não, ele foi mais esperto que eu hoje. Mas eu pego ele em breve – Hannibal andou até onde tinha jogado a faca e a pegou – porque não se senta, Amy? Eu estou terminando. Penso que A Amante, seja um quadro ideal para você. Gosta desse, não é?
Sim, eu amava A Amante, uma pintura linda que retratava uma mulher bonita, deitada nua sobre uma cama de espinhos. Se Hannibal tinha feito algo tão grotesco com uma pintura inocente como a do anjo, o que faria comigo?
Atrás de mim uma batida forte fez a porta tremer.
- Amy, se afaste.
Só tive tempo de dar um passo para o lado, a porta explodiu e Snape passou por ela, bem, eu acredito que tenha sido ele porque não tem explicação, o que eu vi foi uma densa fumaça preta arrancando Hannibal do chão.
Hannibal viveu tanto tempo entre os trouxas a fim de se sentir superior que não fazia ideia do que eu podia fazer, assim que o segurei e tirei seus pés do chão, sua reação foi de passar a faca em mim, acertando na altura do ombro, dissipando a fumaça e nos fazendo cair.
Meu ombro cortado bateu no chão e uma dor lancinante percorreu meu braço.
Amy gritou.
Lecter se levantou e caminhou lentamente até mim com a faca na mão, eu ainda estava me levantando quando ele passou a lâmina outra vez, errando meu pescoço e acertando minha bochecha. Saquei minha varinha de uma vez.
- Sectumsempra – fiz um movimento em z acertando seu rosto e pescoço, não fundo o suficiente para romper uma veia.
- Reducto – ele sacou sua varinha rapidamente e balançou para me atingir, seu feitiço morreu no meio do caminho, eu estava na vantagem.
O golpeei diversas vezes enquanto caminhava em sua direção, Hannibal sabia que eu ia matá-lo. Mas sua compulsão era tão imensa que mesmo diante da morte, ao invés de se defender ele levantou a faca e golpeou o pulmão do anjo que ele retratava.
Com sua obra finalmente completa, lhe dei mais um derradeiro golpe, sua jugular jorrou sangue em meus sapatos.
- Severus?
Me virei para Amy, assustada parada onde antes era uma porta, seus olhos pararam em Hannibal e depois em mim. Ouvi sirenes afastadas.
- É melhor você ir.
A olhei com pesar, não queria que acabasse assim, que ela visse o monstro que amou e o monstro que a tocou.
- Adeus, Amy.
- Não me diga Adeus, por favor. Apenas fuja.
A visão dos corpos mutilados e mais ainda, de Hannibal engasgando-se até a morte depois que Snape partiu, atormentaram minha mente durante todas as horas que fiquei na delegacia, ainda era Natal quando o carro de polícia parou em frente a minha casa e eu desci.
Desci até o porão, apesar da noite escura nada poderia ser mais assustador que a cena que presenciei. Peguei uma lata e os maiores pinceis que encontrei.
Entrei no quarto da pintura, a parede toda fechada com pinceladas renascentistas perfeitas, mergulhei o pincel em tinta preta e passei no centro da pintura, cobrindo o rosto do querubim, foi de certa forma terapêutico, uma quebra da pessoa que eu costumava ser.
- Amy?
Me virei assustada para o homem na porta, Severus estava sério, mas parecia calmo, um curativo delicado na bochecha.
- Você não me deixou dizer adeus.
- E veio se despedir?
- Só se você quiser.
Severus entrou e caminhou até a lata de tinta, mergulhando outro pincel e o passando na parede.
- Vai me ajudar?
- Não é nem de longe o pior Natal que já tive.
- Sinto muito.
- Como você está?
- Melhor do que você imagina.
Me concentrei na tarefa e Snape fez o mesmo, não era um silencio incomodo, era calma. Cobrir de preto aquela pintura colocou um fim em Vern, em Hannibal e nessa obsessão doentia que eu nutria.
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