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5. Você gosta dela?

Eu continuava me afastando da Larissa e me aproximando da Priscila. Priscila era a pessoa mais empolgada que já conheci, eu amava o quanto ela ficava animada falando de mundos ficcionais, com o quanto os olhos dela brilhavam quando assistíamos a alguma série.

Ela mergulhava naquilo, vivenciando tudo como se fosse um personagem. Eu amava quando ela fazia isso.

Para minha infelicidade, Priscila teria uma consulta na cidade vizinha naquela manhã e não estaria na escola — o que me deixava abandonada com Larissa e Vitor durante o intervalo entre as aulas.

Fiz um esforço para me sentar com eles, que estavam agarrados no banco de madeira ao lado da porta, como sempre. Lari sorriu para mim.

— Finalmente veio passar um tempo com o clubinho dos excluídos? — zombou ela, eu apenas mostrei a língua como provocação. Meu estômago revirava, mas desta vez não pela falta de sangue.

Lari estava sem o celular, o que era inédito. Ela nunca largava o celular, mesmo quando falava comigo — eu costumava reclamar, mas depois só aceitei. Agora ela só prestava atenção no Vitor, o celular provavelmente havia ficado na sala de aula.

Eu fiquei pensando no Vitor tentando ler as mensagens dela e franzi o cenho. Eles continuavam agarrados, ela sentada no colo dele, sorrindo e trocando selinhos ocasionais.

As duas últimas aulas foram de matemática, o que piorou completamente meu humor já muito ruim. Cheguei em causa exausta, por algum milagre minha mãe resolveu puxar assunto enquanto eu arrumava a mesa para o almoço.

— Está tudo bem? — indagou, e eu colocava os talheres em cima dos pratos. — Nunca mais te vi com a Lari, vocês brigaram? — Eu fiquei surpresa. Sabia que estava meio afastada da Lari, mas não pensei que tanto a ponto de minha mãe perceber.

E eu estava num humor terrível nos últimos dias, talvez pela falta de Lari ou porque o idiota do Vitor estava sempre por perto.

— Não, ela só tem... um namorado novo — admiti ao me sentar na cadeira, desanimada. — Eles estão sempre juntos, então nós estamos meio afastadas. — Era bom poder tirar aquilo do peito, não havia falado sobre isso nem com Priscila, que era quem estava mais próxima de mim agora.

Minha mãe me olhava de maneira desconfiada.

— Você não gosta dele? — Eu suspirei com a pergunta dela. Dona Cecília conseguia pegar meus sinais e linguagem corporal como ninguém.

— Não acho que ele seja bom para ela — confessei num tom meio emburrado. Eu era tão, tão melhor! Por que Lari não via isso? Por que ela estava dedicando tanto tempo a esse cara e me deixando de lado, sendo que eu não agia como uma maníaca ciumenta como ele?

Demorei alguns segundos para ouvir a mim mesma e fiquei horrorizada. Aparentemente, eu estava bem perto de ser uma maníaca ciumenta.

— Ela acha que ele é? — perguntou minha mãe, com calma. Ela colocou um recipiente de vidro com salada no centro da mesa.

— Aparentemente sim — murmurei com um muxoxo. Se ela gostava dele, então eu não tinha que me enfiar no meio. Querendo ou não, havia uma parte de mim que achava que sempre teria o monopólio da atenção da Lari, mesmo quando ela ficava com outras pessoas. E então o Vitor chegou e eu percebi que não era o centro da vida dela.

— Eu sei que você e a Lari eram bem próximas, mas talvez ela precise de um espaço agora — sugeriu minha mãe, e eu quase torci o nariz para a sugestão, mas sabia que ela estava certa. Lari gostava do Vitor, ela estava feliz. — E você tem outros amigos, não tem? — completou, e eu suspirei, pensando em Priscila.

Queria falar para minha mãe sobre ela, falar que eu gostava da Pri num sentido romântico — mas algumas vezes acho que seria mais fácil contar para ela que sou uma vampira do que admitir que gosto de garotas.

Almocei pouco, depois fui para o meu quarto e coloquei os fones de ouvido para ouvir música e me distrair. Estava sendo um dia infernal e eu só queria o conforto do meu quarto, ainda mais depois de admitir que talvez Larissa precisasse de espaço.

Nós ainda conversávamos, nós ainda éramos amigas, mas era claro que ela dedicaria um tempo ao namorado.

Ainda deitada na cama, sem ter tirado o uniforme do colégio, peguei o celular e acessei o Instagram dela. É claro que já havia várias fotos com o Vitor, mesmo que eles só estivessem juntos há um mês.

Fui descendo o feed e percebendo com melancolia o momento em que as fotos com Vitor eram substituídas por fotos comigo. Lari adorava tirar fotos, as fotos dela eram sempre bem produzidas e chamativas, exibindo uma Larissa provocante e sexy.

Fiquei espantada quando vi algumas mudanças. Nossas fotos juntas permaneciam, mas ela havia apagado as fotos com biquíni, outras fotos com decote que os seios apareciam demais. Aquilo me deixou enjoada.

Fui descendo e descendo as fileiras de fotos, mas aparentemente ela havia deletado todas as imagens que mostravam um pouquinho mais do corpo, todas aquelas fotos lindas que ela se esforçava tanto para produzir.

Eu queria chorar. Queria esganar o Vitor. Queria socar a cara dele e gritar que ele não era bom o bastante para alguém como a Larissa. Por que ela deixava que ele a controlasse desse jeito? Por Deus, Larissa adorava aquelas fotos, não entendia o que Vitor poderia ter dito para convencê-la a tirá-las do feed.

Fiquei um bom tempo com a garganta engasgada, os olhos lacrimejando. Eu sentia tudo embolado. Era raiva, tristeza e tudo isso temperado com frustração.

Eu precisava pensar em outra coisa, então aproveitei que Pri me mandou mensagem para chamá-la para ir até a sorveteria naquela noite. Quem sabe eu tivesse sorte? Talvez Priscila percebesse que eu estava afim dela e me beijasse, ou então me desse um fora e assim eu poderia continuar com a minha vida.

Eu gostava da amizade dela. Esperava que pudéssemos continuar amigas se ela não tivesse nenhum interesse a mais em mim.

Coloquei meu melhor vestido, caprichei na maquiagem. Eu estava provocante ao máximo, as mechas cor-de-rosa esvoaçantes e o batom vermelho ressaltando tudo. Saí me sentindo confiante, querendo uma noite longe da Larissa e seu drama.

A cidade era tão pequena que havia poucas sorveterias no centro da cidade, que por si só era uma avenida minúscula movimentada por causa das lojas.

Encontrei Priscila numa sorveteria aconchegante que tocava música pop aos fundos, estava quase vazia. Pri sorriu para mim, animada, e começou a falar sobre os novos livros que tinha comprado no shopping da cidade vizinha — não tínhamos livraria aqui, ou você dependia da biblioteca, ou comprava online.

Eu engajei na conversa, porque também adorava aqueles títulos e acabaria os emprestando, mas não consegui deixar de me sentir frustrada. Ela não me olhou diferente, não fez nenhum comentário sobre minha roupa. Sabia que não devia esperar nada dela, mas ainda assim... Era difícil saber que ela não me notava, mesmo quando eu estava na frente dela.

— Você está bem? Parece um pouco distante — falou Priscila, tomando uma colherada do sorvete de morango. Estávamos sentadas na parte de fora da sorveteria, eu observava os carros passando e a lua minguante brilhando entre as nuvens tempestuosas. — Está bonita demais para parecer tão triste — complementou, e eu quase engasguei com minha salada de frutas. Aquilo era só um elogio inocente ou ela estava flertando?

Eu a olhei sem saber como responder, tentando pensar numa maneira de retribuir aquilo com um flerte.

— É por causa da Lari? — perguntou Priscila, e meu estômago desabou. Não era um flerte, afinal, mas pelo menos ela me achava bonita.

Não queria falar sobre a Larissa naquela noite, mas eu estava tão cheia que precisava desabafar. Então respirei fundo e falei. Falei sobre Vitor tentando ler as mensagens dela, ela deixando o celular na sala de aula durante o intervalo, as fotos apagadas do Instagram.

Priscila me olhava de uma maneira atenta e preocupada, ouvia tudo sem comentar.

— É só... frustrante. Não sei como ela está permitindo isso, ele não é bom o bastante para a Lari — praticamente choraminguei, comendo meu sorvete de uma forma nada glamourosa e afogando as mágoas em açúcar. — Nós éramos tão boas juntas e de repente ela me troca por um idiota como ele! — Pronto, eu havia falado o que sentia e chegado no ápice da minha mesquinhez. Agora Priscila já sabia que eu era uma pessoa horrível e ciumenta, mas pelo menos ela não me olhava como se estivesse julgando.

— Você gosta dela? — ela perguntou, muito calmamente. Eu dei de ombros, sem entender a pergunta.

— Claro que gosto, ela é minha melhor amiga.

— Não quis dizer assim — insistiu ela, mexendo nervosamente numa gargantilha no pescoço. Tinha pingente de ametista, a pedra brilhava contra a pele negra. — Você gosta dela num sentido romântico?

— Não, ela é minha melhor amiga — neguei automaticamente, Priscila me encarou por um bom momento. Era como se ela pudesse abrir minha mente ao meio e ver todos os meus pensamentos, aquela garota me assustava.

— Pietra, tem certeza de que não está se enganando? Você odeia o Vitor desde sempre, desde que ele começou a ocupar uma parte maior da vida dela, parte que você ocupava — falou muito calmamente, num tom parecido com o que minha mãe havia usado. Eu senti o bolo se formando na minha garganta e quis gritar, sair correndo e deixá-la falando sozinha. — Claro, você está com ciúmes, mas tem certeza de que não é nada a mais? Que não sente nada romântico por ela?

— É claro que é algo a mais! Ela está namorando um idiota repulsivo e controlador — rebati, impaciente. Priscila suspirou e mexeu o sorvete de uma maneira preocupada, evitando meu olhar.

— Disso eu não posso discordar — murmurou.


Fui até a casa da Lari no dia seguinte. Mandei mensagem para me certificar que ela estaria sozinha e que eu não precisaria lidar com o Vitor. Já foi difícil demais não socá-lo durante as aulas daquela manhã.

Cumprimentei-a rapidamente quando entrei na sala, então me virei para ela e, ainda de pé, fui direto ao assunto.

— Por que você apagou suas fotos no Instagram? — Cruzei os braços, tentando não transparecer tanto minha irritação, mas era tarde demais. Larissa levantou uma sobrancelha ao me olhar.

— Você estava me stalkeando no Instagram?

— Estava procurando uma foto nossa — justifiquei. Não era totalmente mentira. — Por que você apagou suas fotos? — insisti ao me sentar no sofá, tentando adotar uma postura menos defensiva. Lari deu de ombros, deslizando as mãos pelos cabelos.

Ela tinha unhas mais curtas e menos chamativas, percebi. Estavam pintadas de um rosa quase branco.

— Os meninos da sala estavam comentando, Vitor ficou incomodado. Nós namoramos, afinal, ele também apagou fotos sem camisa e tudo mais — explicou ela, e eu queria gritar, queria chacoalhá-la pelos ombros. Como ela conseguia me contar aquilo sem ver quão problemático era? Como ela aceitava aquilo?

— Ele não tem que ficar incomodado com merda nenhuma, Vitor é seu namorado e devia confiar em você, confiar o suficiente para saber que não importa o quão provocantes suas fotos sejam, ele continua sendo seu namorado — explodi, sentindo os olhos lacrimejarem. Eu estava tão brava! Brava com ela, brava com o Vitor. Que tipo de lavagem cerebral a Lari havia sofrido para defendê-lo desse jeito?

— Meu Deus, Pietra, não foi nada demais. É claro que ele ficaria incomodado com as fotos provocantes da namorada — retrucou num tom irritado, ainda de pé. Eu respirei fundo, tentando recuperar minha calma e afastar minhas lágrimas.

Nunca havíamos brigado assim, eu nunca fiquei tão brava com ela.

— Lari, isso não é saudável — falei com cautela, sabendo que pisava num terreno perigoso. — Primeiro ele controla o seu feed do Instagram, mas depois o quê? Vocês usam o mesmo celular para ver a mensagem um do outro? Ele te obriga a se afastar das pessoas que não gosta porque está incomodado? — continuei, liberando o peso do meu peito e tentando fazer com que ela enxergasse. Lari balançou os cachos volumosos, sua pele já escura havia adquirido um tom avermelhado.

— Não é assim — disse ela, e eu me levantei do sofá com os braços cruzados.

— Então como é? — desafiei quando a olhei nos olhos, esperando que ela provasse que eu estava errada, que me mostrasse alguma racionalidade em vez de ficar endeusando aquele idiota.

— Vitor é um amor comigo, ele... — Eu a interrompi com uma risada amarga, incapaz de ouvir aquilo. O cara era obcecado com as mensagens dela, implicava com as fotos provocantes e a exibia como um troféu. Eu estava bem certa de que não gostava das unhas em gel também.

Lari não era mais a garota provocante que eu conhecia, suas roupas estavam bem mais recatadas ultimamente.

— Eu vou para casa — murmurei, já acelerando em direção à porta. Eu não tinha estômago para ouvir a Larissa. Não tinha estômago para ver aquilo acontecendo. Eu só queria chorar e chorar, acordar daquilo como se fosse um pesadelo.

— Pietra — ela chamou, tentando segurar meu pulso. Afastei-me do toque dela como se fosse venenoso.

— Eu vou para casa e esperar que você caia na real, porque só pode estar delirando. — Então corri para fora e bati a porta na cara dela. Ofeguei na rua deserta, olhando para as cruzes que brilhavam acima do muro do cemitério.

Não sei como cheguei em casa, só sei que segurei as lágrimas até desabar na minha cama, a porta do quarto trancada. Encolhi entre os travesseiros, soluçando e contendo a vontade de gritar.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas estava com o celular na mão, esperando que Lari me ligasse, mandasse mensagem, qualquer coisa.

Meu celular ficou em silêncio pelo resto do dia.

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