"Meu intestino não estava bom"
Oi pessoal!
Devido aos inúmeros bugs que a nossa querida plataforma apresentou, tive esse atraso na postagem. E como eu estou de mudança, a coisa se complica ainda mais. Mas não se preocupem. Por causa disso, amanhã eu vou postar mais um capítulo!
Aliás, quero manter com a média de 2 a 3 capítulos por semana. Mas queria saber de vocês: qual dia é melhor?
Enfim, é isso. Boa leitura! o/
___X___
CAPÍTULO TREZE
"Meu intestino não estava bom"
†††
Vinícius, assim que saiu do carro, foi para a praia, no exato local onde Alice foi encontrada morta. Estava determinado a conseguir alguma pista que lhe fosse útil. Ao descer as escadas, encontrou seu amigo, Hugo Torres, de regata marrom e bermuda amarela, analisando o terreno também.
- Hugo? - Vinícius perguntou, ao ver o outro rapaz, parecendo estar absorto em seus pensamentos - O que está fazendo aqui?
- Oh, Víni, meu amigo! Estou aqui fazendo minha própria investigação do caso! - Respondeu, erguendo a cabeça. Vinícius ergueu uma das sobrancelhas e se aproximou.
- Não sabia que estava bancando o detetive.
- Ah, e você não está? - Questionou, e o outro virou o rosto.
- Sim, mas foi por causa da Alice. Que dizia ser minha irmã. Mas não era.
- Ah, então é verdade mesmo?
- Já sabia disso?
- Sim. A história já circulou pela gente. Você sabe... O clima aqui entre a gente está insuportável! Toda essa tensão gera muita curiosidade. Mas ainda é difícil de acreditar que ela e o Rodrigo escondia algo assim. E toda a história dela... Nossa! Mas isso até que faz sentido!
- Isso é verdade. Mas me diga, o que você já descobriu?
- Parece que aqueles policiais varreram tudo aqui. Mas, veja as marcas na areia! - Ele apontou - O local onde ela foi encontrada morta. Foi bastante movimentado. Algo me diz que o assassino não a arrastou e, simplesmente, a deixou ali. Acho que aconteceu alguma coisa nessa região antes, durante, ou depois do crime.
- Bem pensado. Ele não escolheu essa região aleatoriamente. Ela foi preparada para isso. Estava tão escondido que, quando a gente voltou da festa, não percebeu que tinha um cadáver aqui!
- E, bem... Alice é pesada. Acho difícil uma das garotas, sozinha, conseguir arrastá-la e fazer apenas uma listra de arrasto na areia. Acho que nem eu conseguiria. Ou foi um homem forte, ou mais de uma mulher. Talvez, as mulheres tenham deixado ela aqui.
- Não tinha imaginado isso. Suspeita de alguém? - Vinícius perguntou, pousando suas mãos na cintura.
- Bem, não posso deduzir quem matou. Mas vale ressaltar certas coisas. Beatriz vive sempre no celular, mas jamais alguém viu o que ela faz com ele. Já notei que suas amigas estão mais acuadas ultimamente. Taís, depois de ontem, pareceu-me esconder algo... Creio que ela esteja mais eufórica que normalmente. Não sei o porquê. Susana e Fernando também estão diferentes... Nunca esperamos coisa alguma do Caio. Ele sempre nos surpreende. Em certo momento, Renan parecia bem enciumado com Beatriz. Camila esteve com ele na festa, depois. Débora nunca escondeu seu desafeto com o governador e seus filhos. Micaela está outra pessoa! Mas talvez seja por ter te beijado. Miguel pareceu bem sentimental com a morte da Alice. Talvez alguém possa dizer que é falsidade, mas ele parece ser um cara sensível mesmo. E Tomas sempre foi antipático. Enfim, de qualquer forma, não consigo imaginar nenhum deles sendo capaz de matar alguém. Exceto, é claro, os membros da família Drummond, que não fariam nada que possa comprometer sua reputação. E isso é o que está tornando esse caso tão difícil! São muitos suspeitos!
- Não tenho notado tudo isso. Vou passar a reparar agora em mais coisas. Mas eu não duvido nada que outra pessoa tenha cometido o crime...
- Bem, pode ser. Estou gostando de fazer isso. É muito excitante! Antes de resolverem o mistério, quero já ter o meu suspeito. Com sorte, estarei certo. Mas ainda falta muito para descobrir. Depois de checar aqui, vou tentar vasculhar as coisas dos outros...
- Isso pode ser bom, mas é imprudente.
- Mas, com isso, poderemos achar o criminoso. Vou guardar todas as provas e depois eu te mostro! - Ele falou, empolgado.
- Bem, está certo. Só fique esperto pois a detetive pode te chamar a qualquer momento. - Vinícius respondeu, rindo, e voltou para a casa. Estava cansado e preferiu ir descansar um pouco. Olhou seu relógio. Eram 15 horas já.
No quarto onde se fazia as investigações, a porta era aberta por Beatriz Drummond, que entrava comprimindo os lábios e deixando transparecer seu nervosismo - não tanto quanto o irmão - para o interrogatório com a detetive Louise.
- Boa tarde! - A mulher cumprimentou, em uma fala amigável e Bia sorriu de leve - Beatriz Drummond, certo?
- Sim, detetive. Bem, devo ser a maior suspeita nesse crime, né? - Ela falou com um tom doce, mexendo nos seus cabelos longos e loiros.
- A vítima foi jogada do seu quarto, se não sabe! - Louise foi franca, e assentiu.
- Pois é. Acho que todo mundo já está sabendo disso. Já não se fala outra coisa entre o pessoal aqui e isso me deixa inquieta. Meu pai ficou louco, mas como sabe da minha inocência, falou para eu dizer somente a verdade. Estava mais preocupado com essa história que está circulando de como originou tudo isso. De qualquer forma, vou seguir seu conselho.
- Muito bem. Saiba que deve dizer toda a verdade aqui. Serei bastante justa e compreensiva e, se quiser que eu mantenha em sigilo certos detalhes, manterei. Desde que convenha fazer isso, é claro.
- Obrigada! - Ela ia começar a falar, mas Louise a interrompeu.
- Aliás, já fiquei sabendo que tem preferência por meninas no amor - informou, sendo bem direta.
Beatriz arregalou os olhos assustada. Rapidamente, levantou o dedo indicador, furiosa.
- Quem disse essa... - Falou, mas logo desfez o gesto e abaixou a cabeça - Ah, quem eu quero enganar? Sempre me atraí por outras garotas sim. Mas nunca tive coragem de contar para meu pai. Ele é muito conservador.
- E isso não te faz mal?
- Muito! Mas eu quero mudar. Eu preciso! Posso passar a gostar de rapazes também. Pena que não conheço um que eu me agrade da mesma forma, ou um que me faça sentir bem... Mas, o que isso tem a ver com o caso? - Ela indagou, indignada com a afirmação.
- Não é mais segredo para nós que você e Alice tiveram uma relação mais íntima. E que essa proximidade desencadeou todos esses acontecimentos - Respondeu, demonstrando mansidão. Beatriz suspirou, chateada.
- Então não preciso falar mais nada sobre isso - disse, erguendo as sobrancelhas.
- Negativo. Quero saber tudo que possa ser relevante para a solução desse crime. - Explicou, expressando firmeza em sua fala.
- Está bem. Há uns meses, eu entrei em uma rede social chamada "KnowNow". Você faz sua conta, mas ninguém sabe quem é você. E então, pode realizar o bate-papo com várias pessoas anonimamente. Lá, eu podia contar sobre o que sentia e ninguém descobriria quem sou eu. Era uma válvula de escape, sabe? Encontrei a "Allieda" lá. Que é, na verdade, a Alice. Mas eu juro que não sabia disso. Fui descobrir anteontem, em Rio das Ostras, quando ela me contou. Ela conversava comigo ciente da minha identidade e me fez de palhaça por um bom tempo!
- E sobre o que conversavam?
- Sentimentos, na maioria das vezes. Às vezes, eu falava da minha rotina também e de como me sinto mal pelas atitudes do meu pai. De alguma forma, ela soube que eu era Beatriz Drummond. Não sei como, pois o site parecia ser tão seguro... Enfim, era bobagem. Não tinha nada que relacionava com ameaças, ou coisa do tipo.
- Certo. Vocês conversaram depois de ter descoberto que ela era a "Allieda"?
- Só na noite de ontem. Eu estava bêbada. Esqueci até do que ela tinha feito. Mas fiquei com muita raiva dela. Não ao ponto de matá-la, é claro. Por favor, não pense isso! A gente dançou um pouco. Apenas.
- Sei. E não notou nada de estranho nela ou em alguém da festa?
- Eu estava bêbada. Mesmo que tivesse notado, não lembraria. Apenas sei que Renan ficou muito enciumado quando viu a gente dançando. Bobagem! De qualquer forma, não o imagino jogando Alice pela janela.
- Entendi. Falou com ela depois disso? - Louise questionou, e a jovem engoliu a seco. Parecendo um pouco nervosa com aquilo já.
- Não. Foi a última vez.
- Fiquei sabendo que você demorou um pouco para ir a outra festa com os jovens. O que ficou fazendo?
- Sim. Quando chamaram para os fogos, eu saí por um momento sim, porque senti uma vontade absurda de ir ao banheiro fazer... Você sabe. O número dois. - Ela falou e instantaneamente, suas bochechas coraram - Quando voltei, já tinham ido em outra festa. Perguntei às minhas amigas Calista e Sabrina onde estava todo mundo. Elas foram até lá me buscar. Só isso.
- Hum - Louise anotava tudo com atenção. Normalmente, teria agentes para fazer isso, mas ela os dispensava. Como escrevia rápido, conseguia perguntar e anotar as respostas sem problemas - E quando foi que isso aconteceu?
- Por volta da meia noite e meia. Quando cheguei, já eram uma e quinze da manhã.
- Nossa, tanto tempo!
- Meu intestino não estava bom! Mas acredito que não queira saber dos detalhes disso...
- Oh, por favor! Não há necessidade! - Ela disse, e as duas esboçaram um sorriso amarelo - Sendo assim, pode ir. Caso se lembre de qualquer coisa, fale comigo. É muito importante que se descubra quem cometeu esse crime.
- Entendo e contribuirei com tudo, dentro do possível.
- Seu pai disse que ia se ausentar nesse momento, ele te falou algo?
- Oh, ele falou sim. A gente vai dar uma passada em uma lagoa que fica a quatro quilômetros daqui. Garanto que não fugiremos. Mas a gente deve voltar ainda hoje.
- Tudo bem. Só o lembre para estar atento, pois posso chama-lo a qualquer momento.
- Ok. Mais alguma coisa?
- Não. Muito obrigada. Pode ir. Antes, gostaria que chamasse Susana Moura aqui. Pode ser?
- Oh, claro! - Ela respondeu, levantou-se e saiu.
Louise já estava cansada. Não queria mais ouvir aquelas pessoas. Mas era preciso. Refletiu com as palavras de Beatriz. "Se ela pensa que conseguiu se fazer de inocente, está errada. Ela sabe muito mais do que diz"
Nesse instante, a mulher magra, de cabelos lisos e castanhos que batiam no ombro, chegou. Trajava um vestido roxo elegante.
- Com licença - disse ela, educadamente.
Louise, cordialmente, deu-lhe "boa tarde" e pediu para que se sentasse.
- Em que posso ajudar, senhora detetive?
- Bem, preciso que a senhora nos ajude a montar a noite do crime novamente. Assim, conseguiremos achar o assassino. Pode fazer isso?
- Não perfeitamente. Mas vou contar do início. Ontem, ficamos aqui na praia e voltamos para casa às 17 horas. Chegando lá, Rodrigo e sua esposa saíram. E então, Christian deu a ideia de fazer uma festa aqui. Eu, obviamente, fui contra. Mas ele era dono da casa, de certa forma. Eu tentei avisar o Rodrigo, mas não consegui. Dava fora de área. Muito menos o caseiro, que não atendia! Então, fiquei por aqui mesmo e resolvi curtir também. A festa começou. Bebi um pouco de refrigerante e já me senti desnorteada. E então, pedi drinks e cerveja. Entreguei-me naquela festa. Sinto-me tão envergonhada hoje. Parecia uma adolescente de novo.
- Entendo a senhora. Mas, se eu estiver certa, algo naquela bebida estava alterado.
- Achas isso?
- Sim. Só precisarei comprovar. Enfim, é só isso? Em algum momento, saiu da outra festa e voltou para casa?
- Ah, eu estava tão bêbada, que saí com um rapaz para uma moita lá perto, eu confesso.
- Um rapaz? - A detetive ficou curiosa e ergueu uma das sobrancelhas.
- Sim. Ai que vergonha! E era aluno meu! - Ela corou, levando a mão ao rosto.
- Sei que está constrangida, mas nesse caso, é importante dizer quem é.
- Ok, foi o Fernando! Sempre achei asiáticos lindos! Ele sempre prestou bastante atenção nas minhas aulas. Tirava boas notas. Chamou-me para dançar, meio sem jeito, e acabamos ficando depois. Não foi nada muito quente, mas aconteceu.
- Entendo, fique tranquila pois, se quiser, eu não conto nada para ninguém.
- Oh, obrigada!
- Mas, quando foi isso?
- Por volta das uma da manhã.
- Tudo bem. Pode ir já, professora. Apenas chama-me, por favor, Isabela Ribeiro, por gentileza.
- Claro, querida! Boa sorte na investigação! - Desejou, e saiu calmamente.
"Quanta coisa aconteceu na noite de ontem, hein!" Pensou a mulher, e riu sozinha.
- Chamou-me, detetive? - A jovem Isabela perguntou, atrás da porta. A mulher fez que sim e ela entrou, meio sem jeito.
- Boa tarde! - Louise disse.
- Boa tarde!
- Então, senhorita Ribeiro, a maioria dos jovens daqui fizeram a mesma coisa. Ficaram aqui, na festa. Foram soltar fogos. E depois, partiram para outra festa. E realmente foi essa a verdade. No entanto, contigo foi diferente. Sabemos que, em momento nenhum, saiu da casa. Falei algo errado?
- De maneira alguma. Está certíssima.
- Pois bem. Conte-me a sua versão da noite de ontem.
- Certo. Mas não acho que poderei ajuda-la. Depois que foram soltar os fogos, eu e Christian fomos no quarto dos pais dele, fizemos sexo e dormimos profundamente, em seguida. Quando deu umas três horas, Rodrigo chegou, deu aquela bronca, me mandou voltar para meu quarto. Nem cheguei a ver Alice.
- Tem certeza disso? Pois ela foi jogada da janela do quarto ao lado do que você ficou com Christian.
- Absolutamente. Se me permite a pergunta, que horas ela morreu?
- Entre onze horas e três da manhã.
- Então, deu meia noite, mais ou menos, eu fui para o quarto do governador. Trinta minutos depois, já estávamos dormindo por causa do cansaço, e ficamos afetados com a bebida. Às três horas, Rodrigo chegou e, bem... O resto você já sabe.
- Não tem nenhuma suspeita sobre quem poderia ter cometido essa barbárie?
- Nenhuma - ela respondeu, balançando a cabeça, sem demonstrar nenhuma expressão.
- Dessa forma, obrigada pela colaboração. Pode se retirar, então. Só chame, para mim, Renan Nascimento, por favor. Está bem?
- De nada! Farei isso - ela falou, dando um sorriso e indo embora.
Enquanto Renan não chegava, Louise olhou seu relógio. Já eram dezesseis horas da tarde. Olhou a lista que tinha feito com a relação dos suspeitos:
- A princípio, faltam onze - falou consigo mesma, em um suspiro.
Nesse momento, Renan entrou no quarto, enérgico, mas sério.
- Com licença - ele falou, educadamente.
- Por favor, sente-se aqui. - Ela indicou, e ele assim o fez - Primeiramente, qual era a sua relação com a vítima?
- Quase nula, para falar a verdade. Era a psicóloga lá da escola. Dirigiu o carro até aqui. Nunca me dirigiu uma palavra.
- Entendo. Mas reparou em alguma atitude suspeita dela ou de outros alunos?
- Não. Não sou de reparar essas coisas - falou, franzindo o cenho.
- Mas o que acha dela?
- Não tenho o que achar. É indiferente para mim. Era uma moça atraente, divertida, carismática e decidida. Não tive outra impressão.
- E quais foram seus passos na noite passada? Não se lembra de nada que alguém tenha feito que possa indicar que está relacionado ao crime?
- Dancei um pouco aqui na casa. Fui ver os fogos. Fui para a outra festa. Bebi demais para lembrar de mais alguma coisa.
- Na outra festa, o que fez, basicamente?
- Ah, dancei com algumas meninas, inclusive com Camila. Bebi também, e só. A festa acabou e chamaram a gente para voltar, e foi o que fiz.
- Entendi - eles ficaram em silêncio por um tempo. Ela checou um pouco suas anotações, e se voltou a Renan novamente - fiquei sabendo que, o senhor ficara furioso quando Alice e Beatriz dançaram. Parece que você ainda é apaixonado pela filha do governador e não queria vê-la com ninguém.
Ele suspirou fundo e demorou alguns instantes para elaborar as melhores palavras para sua resposta.
- Não vou mentir, senti raiva sim. Ainda sou louco por aquela loira. Mas não sou um cara violento. Não estamos mais namorando. Nem voltaremos a namorar. Então, tenho que esquecê-la e deixa-la viver do jeito que quiser. Aliás, a bebida mexe com as nossas expressões.
- Sei bem. Essa bebida ainda me deixa desconfiada. Enfim, acho que terminamos por aqui. O senhor está liberado. Muito obrigada!
- Eu que agradeço. Quer que eu faça algo?
- Sim. Chame o estagiário de biologia para mim. Miguel Cordeiro.
Nesse momento, Vinícius bateu na porta, e a detetive pediu que entrasse.
- Lou, você lembra quais foram os pertences que pegamos da Alice? - Ele, em meio aos seus questionamentos internos, perguntou.
- Não lembro de cabeça, mas tenho uma lista aqui.
- Posso dar uma olhada? - Ele sugeriu e ela assentiu, abrindo as notas onde estava a relação de material que coletaram - Está faltando a câmera dela!
- Como assim?
- Ela tinha uma câmera digital semiprofissional. Se vocês não a pegaram, alguém a roubou!
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