56. Cástor Pollux foge
Era uma noite fria, muito fria. Estava em cima de uma árvore, observando, tomando decisões importantes. Cástor não queria mais matar ninguém inocente. Havia muito tempo que se rebelara contra a seita, porém fizera isso sem deixar que percebessem. Eram pessoas perigosas e influentes, que conseguiam tudo o que queriam, exceto os poderes alquímicos que Slazar colocou nos filhos. Ainda assim, tinham ele, o clone, a chave para que o poder fosse passado para outras pessoas.
Estava com um pressentimento estranho. Fazia muito tempo que não confiava naqueles canalhas assassinos. Sentia que tentariam matá-lo. Não tinha para onde ir, nem o que fazer, precisava ficar perto dos irmãos, a única família que ele tinha. Sentia agora um imenso vazio. Era apenas um objeto que as pessoas usavam à seu bel prazer. Nunca o consideraram. Sequer era tratado como ser humano.
Decidiu que não ficaria mais em seu esconderijo habitual. Não se encontraria mais com aqueles inúteis. Pediram para que ele investigasse onde estavam as prostitutas, mas ele não fez questão.
Desceu da árvore e se dirigiu à rua onde ficava a entrada da caverna. O sobrado estava abandonado há muito tempo. Um dos cômodos de cima era seu quarto.
Quando chegou lá dentro, observou se havia alguém. Estava tudo tranquilo por ali. Entrou no prédio e subiu as escadas. Fez uma trouxa com todos os seus pertences e jogou nas costas. Porém, quando se virou para a porta viu que ela estava bloqueada. O membro da seita apontava um revólver para ele, estava pronto para atirar.
— Onde pensa que vai, Quasimodo? — o homem perguntou.
— Mudar de quarto. — Cástor respondeu, cauteloso.
— Ora, mas todos estão podres, caindo aos pedaços, fique neste mesmo. — a voz era afável.
— Enjoei da podridão deste, quero outro.
Enquanto Cástor distraía o homem, raciocinava uma maneira de fugir. Era difícil. Estava no segundo andar de um sobrado, havia apenas aquela porta bloqueada para sair do quarto. O homem estava armado, ele sequer tinha um canivete.
— Por que a arma? — Cástor perguntou.
— Gosto de andar apontando armas às vezes.
— Irônico, eu detesto, mas é meu trabalho, certo?
— Claro. Um bom servo faz o trabalho sujo.
— Quais alternativas eu tenho? Morrer ou morrer? — Cástor disse dando um passo para trás.
— Morrer ou... Não sei ao certo. — o homem deu um passo à frente.
— E se eu não quiser? — outro passo para trás.
— Você não tem escolha. — Ele se aproximou mais.
Nesse exato momento Cástor se jogou da janela do quarto e o homem atirou. A bala acertou o braço do jovem. Ele caiu em cima da trouxa. O corpo todo doía, o tornozelo torceu, mas ele não podia ficar ali. Levantou, forçou o pé e saiu correndo com sua trouxa. Conhecia bem as redondezas, se embrenhou em um mato. Teve o cuidado de não deixar rastro de sangue.
O homem desceu as escadas e foi para a rua recolher o cadáver, contudo apenas o nada estava lá. Ele falhou, e pagaria algum preço por isso.
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