O avião já sobrevoava terras brasileiras. Darja olhou pela janela e viu o mundo ensolarado sob o avião. Fazia já algum tempo que não via o oceano lá embaixo. A mudança de fuso seria um difícil desafio, mas ela precisava ser firme e cumprir seu trabalho. O escritório de Vladimir já tinha feito o trabalho de reservar uma vaga em um hotel. Também alugaram um carro para ela. Em relatórios que lhe deram, haviam anexado fotos de Cassius, Lilith e Alberto. Também tinha os endereços de residência e os locais de trabalho, assim como as trajetórias de vida. Eram dossiês enormes.

Mesmo com tantas informações que lhe tornavam o trabalho um pouco mais fácil, era preciso que ela fosse bastante cautelosa. Primeiramente porque seu biótipo claramente europeu já chamaria muita atenção, e depois, porque ela tinha um pouco do sotaque muito específico e se encontrasse um membro da seita ele poderia desconfiar.

A presença da seita era o que mais lhe preocupava. Ela sabia que esse grupo existia, mas não fazia a menor ideia de quem o integrava. Pensando no grau de periculosidade dessas pessoas e no interesse que tinham nos herdeiros, era possível que estivessem vigiando o escritório de Kowalski, talvez até mesmo a viram saindo de lá e a seguiram até seu apartamento e depois até o aeroporto em Liubliana. Todo cuidado era pouco. Assim que chegasse ao aeroporto no Brasil, procuraria uma farmácia e uma loja de conveniência. Compraria tinta de cabelo e roupas novas, seu estilo "advogada austera" seria notado caso continuasse como estava. Tinha plena certeza de que a seita mantinha vigilância sobre os herdeiros Olivier, sendo assim, ela precisaria se aproximar deles de uma maneira casual. Como faria isso? Precisava de um disfarce. O piloto anunciou que estavam chegando ao aeroporto de Brasília, logo pousariam. Nesse momento ela sentiu um frio na barriga. Dali iria de helicóptero até Oriente.

Como havia planejado no avião, foi a uma farmácia e comprou tinta para cabelos. Escolheu um tom azul escuro, possivelmente seu cabelo ficaria esverdeado. Na loja de conveniência adquiriu uma tesoura e algumas roupas. Foi ao banheiro do aeroporto, cortou o cabelo em modelo chanel um pouco acima dos ombros. Colocou vestido de algodão, branco, com estampa de pequenas flores, trocou seu par de óculos caros e chics por uma réplica barata, os sapatos caros de salto alto deram lugar a sandálias rasteiras que fizeram ela se sentir, no mínimo, minúscula. Ficou adorável e meiga em seu novo look, algo que não via no espelho desde a adolescência. O último passo foi tirar o batom vermelho e passar uma cor nude. Pronto, já estava diferente, quando chegasse ao hotel iria pintar o cabelo e elaborar um plano para se aproximar dos três irmãos.

Seguiu para o helicóptero que a levaria até Oriente. O piloto era um contratado particular do escritório de Kowalski, um de seus pilotos de confiança. Ele tinha dupla nacionalidade e vira antes dela apenas para transportá-la até Oriente, depois voltaria para a Eslovênia. Assim que a mulher e os herdeiros estivessem prontos, o escritório mandaria ele de volta, para escoltá-los até Liubliana. No entanto, não voltariam em um vôo comercial, mas sim em um jatinho particular fretado exclusivamente para os quatro. Ela subiu no helicóptero e foi rumo a seu destino final.