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CAPÍTULO 3 - Dilacerado

A aula de biologia havia sido cancelada por conta de uma gripe do professor e só tinha sido avisado em cima da hora, o que foi alegria para alguns e frustração para outros. Elesis poderia ter evitado dar a volta no campus para ir para sua última aula se soubesse disso mais cedo, vez que, sua aula anterior era bem mais próxima ao refeitório a qual ela usaria para almoçar antes de ir para a clínica.

Ainda que fazer todo o trabalho administrativo não lhe trouxesse a experiência que gostaria, ainda era melhor do que trabalhar em uma mercearia no tempo ocioso que tinha após as aulas. Ali, pelo menos, as pessoas reconheciam seus esforços e a deixavam estudar em paz quando necessário e estavam felizes com sua conquista e escolha, mas, ainda assim, tentavam entender o por que não ficava em casa, vez que, seus pais não se importavam que ela trabalhasse, porém, depois do que havia acontecido... Ficar muito tempo dentro daquela casa era sufocante.

Ela estendeu seu almoço sobre a mesa depois de tê-lo pego no restaurante preferido dentro do campus, ainda que não tivesse com tanta fome, brincando com os pedaços miúdos de legumes que haviam ali, apoiando o rosto no braço apoiado sobre a mesa, sem muito interesse em comer aquilo.

Naquela manha ela conseguiu identificar uma costela a mais ao trocar de blusa para sair somente ao ver a sombra dela embaixo da sua pele branca, a barriga reta e funda, os seios que um dia foram bonitos e fartos mais tímidos sobre o sutiã e as pernas consideravelmente mais finas. Ela já havia perdido mais de dez quilos e sabia disso, mas não queira dizer que se importava.

Sabia que comer melhor não era a solução quando tudo o que comia era jogado para fora de madrugada todas as noites.

— Então é assim que você se alimenta? Fotossíntese? – a voz cortou o ar a sua volta e ela ergueu o rosto para quem quer que tapasse a luz do sol que recaia sobre seu rosto e sentava a sua frente.

— O que? – questionou semicerrando os olhos para tentar enxergar.

O azul cobalto se sobressaia sobre a pele tão branca quanto os cabelos, quando ela conseguiu distinguir quem se aproximou. Eles, os cabelos, eram mais longos, lisos sobre sua testa e acinzentados, quase num tom de prata.

— É só isso que você sabe falar? – Elesis ergueu as sobrancelhas para ele, nada intimidada enquanto o individuo puxava uma maçã da sua bandeja e a mordia com vontade. Ele estava todo de preto, além dos olhos azuis, aquela maçã vermelha era o único ponto de cor sobre aquele homem estranho. Seus ombros eram largos e os braços pareciam musculosos debaixo daquela roupa.

— Eu não costumo dar mais do que algumas palavras para pessoas que eu não conheço e que roubam minha comida. – disse afiada.

Ele tirou a maçã de frente do rosto, os lábios rosados eram cheios e convidativos, além de parecerem familiares. Talvez estivesse se lembrando de quando ele morria com os lábios cheios de sangue em seu sonho naquela noite.

— Você fala muito "o que", então. Sua comida, pelo jeito, está mesmo sendo roubada.

Os olhos intimidadores desceram do rosto dela até seu colo e se arrastaram como se ele pudesse ver por debaixo da mesa, até mesmo, por debaixo de suas roupas. Elesis soltou o garfo sobre a comida intocada. Não estava com humor para conversar com ninguém desde que... Desde muito tempo, ainda que quisesse saber quem ele era.

— Além de ladrão é engraçadinho?

— Se você me jurar que vai comer eu te compro outra maçã. – Ele enfiou a mão no bolso da jaqueta preta que usava e tirou de lá de dentro uma nota de cem. Os olhos de Ironwood se tornaram arrogantes e debochados para ele.

— Então é só engraçadinho?

— É um dos meus charmes. – Piscou o olho estupidamente azul para ela. Seus cílios extremamente grandes eram pretos e contornavam os olhos de uma forma elegante e destemida, dando a ele uma aparência ainda mais bonita. – E então? Não vai comer? – Questionou apontando para a comida com uma das sobrancelhas em pé. A incitação por sua alimentação era irritante.

— Se você quiser, sinta-se à vontade. – Seus lábios se curvaram em um sorriso preguiçoso.

— Ainda é muito cedo pra mim e me mantenho na minha melhor forma e peso ideal, ao contrário de você, Ruivinha, que parece pronta para o concurso cadavérico do clube de teatro. – Elesis riu, negando com a cabeça com a invasão. Quase todos a chamava de Ruivinha, mas se incomodou de como aquela palavra saiu perturbadora daqueles lábios com dentes alinhados e perfeitamente brancos.

Ela pegou a bandeja com o almoço intocado ao jogar a mochila sobre os ombros e seguiu com ela para a lata de lixo. Não havia comido absolutamente nada desde seu ataque de vômito madrugada adentro e não era a coisa mais inteligente a ser feita, mas estava totalmente sem fome, então, pelo menos, se fosse vomitar, não ficaria tanto tempo cuspindo a comida do seu estômago para fora.

— Passo. – respondeu com um meio sorriso arrogante antes de lhe dar as costas. Não tinha tempo e nem paciência para joguinhos com desconhecidos.

— A fama de Elesis Ironwood realmente a precede. – Cochichou as suas costas a fazendo respirar fundo para lhe encarar. De alguma maneira, seu olhar assassino não parecia afetá-lo.

— Eu tenho uma fama?

— Tem sim. – Ele ergueu as mãos como se estivesse lendo algo escrito em um outdoor, com os olhos azuis brilhando para o nada – Elesis Ironwood, magrela arrogante e prepotente que acha que é dona do mundo com seus cabelos ruivos esvoaçantes e seus olhos vermelhos como fogo. – Abaixou as mãos. – Isso, e é claro, o fato de que debaixo dessa máscara da dama de ferro existe uma mulher deprimida e precisando de um amigo.

— E você acha que esse amigo seria você? – deu os ombros, observando a estranha criatura a sua frente.

— Por que não? Somos iguais, eu e você.

— Acho que realmente minha fama me precede. – Piscou um dos olhos, lhe dando as costas. – Passar bem.

— Uma vez Dama de Ferro, sempre Dama de Ferro. – O ouviu cochichar, mas ignorou totalmente o comentário, saindo do campus sem olhar para trás.

O caminho até a clinica não era demorado, mas, de alguma forma, o tempo extra que teve com o cancelamento da sua aula havia sido consumido por seus passos preguiçosos que quase a fizeram se atrasar. A recepcionista lhe deu um oi antes de Elesis passar e ir para a saleta no final do corredor, onde precisaria, de uma vez por todas, organizar aqueles prontuários em seus devidos lugares.

Ela gostava do seu trabalho na clínica, os médicos dali eram bem receptivos com ela e sempre lhe ajudavam com coisas que a faculdade lhe ensinaria somente mais no futuro, mas, o que ela realmente gostava, eram das aulas de primeiros socorros que ela sempre espiava quando tinha um tempinho livre. Já havia o feito pelo menos duas vezes, uma sendo aluna regular, outra somente espiando pela janela em meio aos seus turnos.

Medicina era algo que era quase que intuitivo para ela, pois, por mais que fosse aquela criatura gélida que todos viam, gostava de ajudar as pessoas no que pudesse, pelo menos em tentar ajudar para que elas vivessem suas vidas, vivas.

— Elesis, querida, eu preciso ir no dentista. Eu não sei se volto hoje, as consultas marcadas já terminaram. Você consegue fechar o consultório? – a doutora Groover apareceu sorridente em sua saleta, colocando a cabeça para dentro pela fresta aberta da porta.

— Claro. O doutor Patrick já foi também? – Ela anuiu e jogou a chave na direção da garota. – Nos vemos amanhã.

— Até amanhã. – Assoprou um beijo e se afastou, recostando a porta.

Ela pode ouvir ao fundo o som do sino tilintando quando a médica abriu a porta e saiu para as ruas em direção ao seu dentista. Ainda faltavam algumas horas para que ela precisasse ir embora, na verdade, ela poderia muito bem dispensar a recepcionista e as duas irem para casa, mas tinha de organizar aqueles prontuários e quanto menos tempo ficassem em casa, melhor seria.

Seu estomago começou a protestar, quase a questionando se teria piedade e colocaria alguma coisa para dentro e em resposta ela abriu a gaveta, pegando uma das barrinhas de cereal que estavam ali e a mastigou sem dar muita importância, voltando sua atenção para a papelada e o computador.

Seus dedos eram tão ágeis quanto seus olhos ao observar as folhas e os números na tela sem se perder, digitando com rapidez o emaranhado de números que usavam para fazer a identificação de cada paciente. Estava tão absorta em seu trabalho que só se tocou que a hora havia passado quando Valerie abriu sua porta, assim como a médica havia feito.

— Ei, estou indo, tudo bem? Vou deixar as luzes da recepção acesas, mas vou trocar a placa. – A placa informando se estavam abertos ou fechados. Elesis piscou os olhos, vendo que o cômodo já havia escurecido, pois a noite já caia.

Ela esfregou o osso em meio aos olhos, jogando os fios do cabelo para trás.

— Tá bem. Eu vou terminar esse daqui e vou ir embora também. Bom descanso. – Valerie respondeu com um sorriso cativante e se afastou.

Ela nem havia percebido a hora correndo no relógio, mas ao olhar ao redor da sala viu que boa parte do seu trabalho já estava concluída. Suas costas doíam, assim como seus olhos quando ela se remexeu na cadeira, ouvindo o tilintar do sino informando que Valerie havia saído.

Elesis ficou em pé, organizando os papeis sobre a mesa, os tirando do meio do caminho e os botando onde deveriam ficar. Enquanto organizava sua própria bagunça antes de ir para casa, pode ouvir o sino da recepção tocando novamente, provavelmente Violet que havia esquecido de alguma coisa. Houve um período de silencia absoluto e logo em seguida, o som estrondoso de algo batendo contra a mesa que foi arrastada.

Elesis arregalou os olhos, indo em direção a porta. Havia certa movimentação vindo da recepção, algo que fez os pelos dos seus braços se ouriçarem.

— Fica calmo! – a voz sussurrada chegou aos seus ouvidos e ela arregalou os olhos, pegando o cabo de uma vassoura deixado no canto da sua sala e seguindo pelo corredor. Não era muita coisa, mas ela poderia ser rápida para se defender mesmo com aquilo.

Houve um grunhido de dor e o cheiro conhecido de sangue chegou as suas narinas. Elesis apertou o passo, correndo até a recepção. O local estava escuro, já que Valerie provavelmente havia descido os toldos das janelas, mas ainda assim, ela conseguiu ver os cabelos brancos na luz fraca que vinha do corredor.

Seus olhos se arregalaram com a cena: o rapaz de cabelos brancos da faculdade estava em cima de outro, suas mãos estavam cheias de sangue enquanto tentava pressionar o ferimento no peito do homem caído. O corte descia por seu tronco, se iniciando da costela até a barriga, fino e preciso, fazendo o sangue jorrar conforme tentava se contorcer.

Elesis arregalou os olhos, tentando pensar em como reagir, mas os olhos de cobalto do rapaz de cabelos brancos lhe atingiram em uma suplica desesperada que a fez largar o cabo e correr até ele.

— O que aconteceu? – Perguntou ao se ajoelhar sobre o ferido. Suas mãos se encheram do liquido quente e vermelho do sangue que vazava da sua barriga. Ela sentiu o cheiro familiar lhe assolar, igual fazia em seus sonhos, mas respirou fundo.

O caído tinha cabelos pretos, o rosto lívido estava sem cor e os olhos cinzas demonstrava agonia e desespero. Ela ergueu a barra da sua jaqueta, o corte era profundo, dava para ver seus órgãos se remexendo por debaixo da sua pele. Elesis respirou fundo, tentando evitar que o tremor lhe dominasse.

— Ele caiu. – Foi tudo o que o de cabelos brancos respondeu. Ele era ainda maior visto assim tão de perto, seus ombros quase esbarrando aos de Elesis conforme ela tentava descobrir o que iria fazer.

— E você espera que eu acredite nisso? – Rosnou antes de puxar a tesoura de cima da mesa de Valerie, rasgando a roupa no caminho até o corte.

— Kai! – O ferido grunhiu, se contorcendo de dor ao segurar o colarinho do de cabelos brancos. Kai.

— Fica calmo! – rosnou ele em resposta, antes de olhar para Elesis. – Preciso de algum lugar para poder limpar o ferimento.

— Limpar o ferimento? Ele precisa ir para cirurgia agora! Olha o que aconteceu com a barriga dele, eu consigo ver suas tripas daqui! – Respondeu, mas os olhos de cobalto foram mais intensos do que ela, insistindo.

— Faça o que ele está dizendo. – O ferido instruiu. Elesis abriu a boca para falar, se negando sobre aquilo. – Ninguém vai saber que estivemos aqui!

— Isso é... Isso é... – Ela tentou falar, mas novamente ele se contorceu de dor e o grito de desespero ecoou sobre a recepção.

— Merda, garota! Onde eu consigo ajudar ele? – Kai protestou, desesperado. Elesis respirou fundo, ficando em pé, indo em direção ao corredor.

— Eu vou procurar uma maca...

— Não precisa disso. – Kai respondeu, pegando o outro no colo como se ele não pesasse os pelo menos 80 quilos. O sangue gotejou por todo o caminho enquanto ela seguia pelo corredor até a última sala. Não tinha outro lugar, a não ser usar a sala conjunta do consultório veterinário ao lado, que tinha acesso pelos dois lados, vez que era da irmã do doutor Patrick.

Kai jogou o outro em cima da maca veterinária de ferro que rangeu sobre seu peso. Ela puxou a luminária cirúrgica para cima dele enquanto o de cabelos brancos rasgava suas roupas, puxando-as para o lado. O peito do homem brilhou em branco e vermelho, feito mármore sujo de tinta. Dava para ver todas as marcações do seu abdômen, a pele alva brilhando em perfeição, agora cortada de cima abaixo por algo muito afiado.

— Sai daqui. – Ele disse com um resquício de voz.

— O que? Não! Você está...

— Sai daqui! – Insistiu mostrando os dentes. Elesis abriu a boca e Kai a encarou, seus olhos reluzindo em uma ordem silenciosa que ela ousou desacatar, mas que foi se transformando em desespero ao que o colega se contorcia em dor.

— Limpe o caminho e feche as portas. Eu cuido disso.

Ela queria ter algo para falar, algo para protestar, mas... O que ela poderia fazer? Ela tinha apenas um curso de técnicas de primeiros socorros, isso não se aplicava numa situação como aquela, com o peito dilacerado ao meio e o sinal de morte iminente.

Ele iria morrer. Ela sabia que ele iria morrer. Não havia como alguém sobreviver a uma corte como aquele, na verdade, ela nem sabia como é que ele estava consciente.

Elesis negou com a cabeça, dando alguns passos para trás, de volta para o corredor.

Sem saber o que fazer, ela seguiu as ordens que lhe foram dadas, correndo até a recepção, fechando as portas de ferro antes de ir atrás de um pano para limpar todo aquele sangue.

Assim que ela se ajoelhou na poça de sangue, o primeiro grito cortou a clinica silenciosa em puro terror.

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