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00 - Prólogo

Ela correu o mais rápido que podia. Suas pernas pareciam falhar cada vez que o cheiro de sangue embriagava seu nariz. Ela implorava a todos os santos que Astrid estivesse bem e viva.

Ela entrou em um dos quartos, nele a rainha jazia morta em sua cama, com uma expressão de horror estampada em seu rosto.

A cada passo que dava as pilhas de corpos no castelo se amontoavam. Por favor Astrid, esteja viva!

O quarto da pequena Astrid era no último andar, perto da fachada da frente do castelo, ela abriu a porta com as mãos trêmulas, e naquele momento seu coração parecia estar sendo partido em mil pedaços. O estômago revirou, em tantos anos servindo ao governo ela nunca sentiu tanto pavor em ver pessoas mortas, mas, ali ao ver a pequena a Astrid morta, ela padeceu. Seu vestido branco, manchado de vermelho e a garganta cortada. Ela pegou o corpo da menina morta e chamou a pequena pelo nome, dezenas de vezes. A garganta ardeu num choro sofrido, as lágrimas brotavam insistentes no rosto da jovem. Não havia mais o que fazer.

Naquele momento, ela cegou de raiva e fúria e tudo que ela queria era ver os responsáveis mortos.

Ela ficou a espreita, esperando a melhor oportunidade. O golpe dado pela oposição escolheu um novo rei e sua posse seria logo no dia seguinte.

Imersa em rancor e ódio, ela esperou o rei subir ao púlpito para ser coroado. Por ser ilegítimo e temendo a fúria do povo, a cerimônia foi feita dentro do castelo. Ela lacrou todas as portas e num ato de fúria massacrou a todos dentro do castelo.

Manchada com o sangue dos inimigos ela aguardou para ser punida, não havia mais nada a temer.

-Betina! – Uma mulher da pele cor de ébano, tão linda quanto a noite e olhos âmbar, encontrou a jovem no mar de sangue. – O que foi que você fez?

A jovem Betina não respondeu. Ainda estava imersa na amargura e na tristeza.

-Precisa fugir! Eles vão matar você!

Betina olha para a mulher com os olhos opacos e sem vida. E disse com a voz rouca.

-Para onde?

-Betina! Tem que ir agora... a pequena Astrid iria querer que vivesse.

Quando ouviu o nome da menina foi como acender uma chama dentro dela. Lembrou-se de todas as conversas sobre ver o mundo e ser livre.

-Astrid? – o nome da menina saiu da boca de Betina como um suspiro.

-Sim. Vá viver Betina. Pela Astrid.

Betina decidiu acompanhar a mulher, saíram por uma passagem secreta no Palácio que dava acesso ao outro lado da cidade.

-Aqui. – Ela entregou uma pequena sacola. – Tem roupas, um pouco de comida. Um navio cargueiro vai sair esta noite, diga a eles que a Calígula mandou você.

-Obrigada. Serei eternamente grata.

-Viva sua vida.

A jovem obedeceu, seguiu sozinha até o porto. Pela cidade o burburinho era um só. A coroação Vermelha foi causada por uma mulher, Betina Drachen, uma arma de guerra, traiu a coroa e massacrou todos da oposição no dia seguinte ao golpe de estado.

Betina Drachen era procurada em Vermogen, viva ou morta.

Não havia lugar para ela naquele país. Não mais.

O navio imundo ia para Marley, onde iria deixar mantimentos para o povo que enfrentava uma crise política. A viagem iria demorar de 7 a 10 dias. Mais de uma semana sem ver a luz do sol, no porão do navio.

Entretanto, uma forte tempestade assolou o Açoite dos Mares, que era o nome do navio que pereceu diante da tempestade e sucumbiu no meio do mar. Todos os tripulantes mortos. Exceto Betina, ficou a deriva em cima de um pedaço de madeira e acabou parando em uma ilha remota.

Ela levantou com dificuldade e cambaleou para dentro da ilha que parecia deserta. Ela caminhou sozinha por alguns quilômetros, até que em meio a floresta ela viu algo que jamais iria se esquecer. Ao lado de uma árvore imensa um ser que parecia um ser humano de quase 15 metros, com o corpo descoberto, sem genitálias olhava para ela pronto para atacar.

-Mas, que merda é essa? Não pode ser! Aqui não!

-Continuem na formação!

Um grupo a cavalo, vestindo uma capa com o desenho de duas asas sobrepostas nas costas veio em direção ao monstro e pareciam voar com um acessório em seus quadris e cortou a nuca do ser fazendo-o cair.

Ela se escondeu e viu mais dois dos monstros correr em direção ao grupo. O grupo desesperado tentou correr em vão antes de ser massacrado.

Betina ficou incrédula com o que viu. Ela nem teve reação. Quando o monstro veio na direção dela ela pegou uma das Armas que eram um tipo de espada, subiu na árvore e saltou na nuca do monstro e o derrubou. E depois derrubou o outro.

Em questão de minutos um novo grupo surgiu. Um dos homens, um loiro de sobrancelhas grossas saltou de seu cavalo e fitou os olhos azuis na mulher mal vestida e ensanguentada.

-Mas, quem diabos é você?

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