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1. BEM-VINDO AO BRASIL


EU SABIA QUE AS coisas não seriam nada fáceis, mas, honestamente, também não achei que seriam tão difíceis.

Tudo começou na hora de arrumar as malas, quando não havia nada que eu quisesse levar. Tudo o que eu havia comprado me parecia demais agora. Os biquínis eram demais, e os vestidos também, e todo o resto. Tudo comprado pensando em ocasiões especiais. Em uma pessoal especial. Que agora não passa de um imbecil de merda.

Sentei no chão, encima do tapete e de toda aquela bagunça. Coloquei o rosto entre os joelhos e apoiei minha cabeça nas mãos. Eu sei que estava a própria imagem da derrota, mas o que eu poderia fazer? Realmente me sinto derrotada. Meu coração, minha perspectiva de futuro e todos os meus planos foram arrasados. A última coisa que eu queria era estar em uma viagem programada para ir com o meu ex-namorado.

Soltei um suspiro longo e cansado, foi então que alguém bateu na porta:

- Entre, pai - Falei enquanto melhorava minha postura e expressão da melhor forma que podia. Eu sabia que só podia ser o meu pai, isso baseado no simples tópico que é o fato da minha mãe nunca bater na porta.

Mais um ponto nisso tudo: terminar um relacionamento de anos e logo em seguida ter sido demitida do meu emprego, o que não tem qualquer relação exceto uma enorme maré de azar preparada para me destruir. Então agora significa que, por enquanto, sem ter como pagar um aluguei, tive que voltar para a casa dos meus pais.

- Ei, querida! - Ele sorriu animado enquanto entrava e encostava a porta. - Estou atrapalhando você?

- Não, está tudo bem - Respondi. Comecei a mexer em algumas peças, apenas para manter minhas mãos ocupadas. - Algum problema?

- Não, na verdade é uma notícia - Disse soando animado.

- Que tipo de notícia?

- Do tipo boa, é claro! - Ele estava mesmo animado. Normalmente meu pai não é o cara mais empolgado da festa, então se ele está assim, algo muito bom aconteceu.

- Então o que foi?

- Você conhece Joel Miller, certo? - Começou. Eu franzi as sobrancelhas, olhando-o sem muita expressão. - Oh, vamos lá, querida. Joel esteve aqui durante quase toda sua infância, não se lembra? Nos encontramos até hoje todo final de semana para assistir aos jogos e beber cerveja.

- Certo, Joel Miller - Falei em tom de reconhecimento, mesmo que e me lembre apenas muito vagamente dele. Nunca dei muita atenção aos amigos do meu pai. Texanos barulhentos ou rabugentos, reclamando de tudo e atirando para o alto nos feriados simplesmente sem razão alguma. Até onde consigo forçar minha memória, Joel era um dos quietos. Ele era educado e as vezes gentil, mas quase sempre estava com uma expressão estóica no rosto.

- Ele virá conosco na nossa viagem! - Meu pai abriu os braços como se fosse a notícia do ano.

- Ele vai o quê? - Perguntei, querendo que ele repetisse para ter certeza que eu havia escutado bem.

- Ele virá conosco - Repetiu. - Sabe, eu não tinha certeza se ele aceitaria o convite, mas acho que eu e o irmão dele, Tommy, fizemos um bom trabalho para convencê-lo. Joel está na mesma... situação que você, entende, querida? Ele está passando por um término e não tem saído muito de casa, na verdade ele nunca foi de sair e isso só ficou um pouco mais difícil.

Voltei meu olhar para as peças de roupas espalhadas. Eu não quero ser uma menininha mimada e estraga prazeres, mas ao mesmo tempo, eu não quero que ele vá. Já vai ser horrível e torturante estar lá como uma terceira vela, vendo casais e toda essa merda. Ter outra pessoa lá, alguém com o qual eu não tenho a menor intimidade, será extremamente desconfortável.

- Querida - Meu pai chamou. - Joel é um grande amigo meu, e de qualquer forma, já está pago, seria um desperdício. Foi difícil convencê-lo, então por favor, diga que está tudo bem.

Solte um suspiro e concordei com a cabeça, em seguida reforcei:

- Está tudo bem se seu amigo for.

Meu pai se inclinou em minha direção e plantou um beijo no alto da minha cabeça.

- Obrigada, campeã - Ele sorriu, usando o apelido que me deu quando era pequena. - Agora termine suas malas, estamos saíndo cedo amanhã e você ainda precisa descansar.

Balancei a cabeça positivamente e observei enquanto ele deixava o quarto. Depois, meus olhos cairam nas pilhas de roupas e um suspiro cortou para fora dos meus lábios. Comecei a arrumar minhas malas.

QUANDO MEU PAI disse que estávamos saíndo cedo, ele quis dizer cedo. Antes do nascer do sol. Antes das gatinhas ou essas merda. Ele está agindo como se estivessemos indo trabalhar na lavoura e não pegar a porcaria de um avião.

Eu estava de mau-humor. Não sou o tipo de pessoa agradável logo cedo, então tratei de me abastecer com cafeína e ficar na minha. Quando chegamos no aeroporto, Joel, o amigo, já estava lá. Deus, a que horas esse homem acordou?

Avaliei sua aparência rapidamente, começando d cima e registrando as ondas mescladas de castanho escuro e cinza que parecem não ter sido penteadas. A barba também grisalha, meio falhada e o bigode acima do lábio. Ele parece ser mais jovem que o meu pai, apesar de eu saber que ambos tem a mesma idade, não daria mais do que 45 para ele. Ele estava vestindo calça e camisa jeans, o que para a temperatura de Austin em Novembro é ótima, no entanto para onde estamos indo Joel não vai aguentar nem meia hora.

Busquei as memórias que eu tinha do sr. Miller, a maioria é da infância quando ele vinha aos churrascos que meu pai fazia, ou quando nós iamos nos dele. Sempre discreto, quase calado demais, mas falava nas horas certas. As últimas vezes em que visitei meus pais nos anos anteriores, Joel estava por ali também, mas sempre mantendo a mesma postura.

Apertei sua mão e resmunguei um "olá" com o máximo de simpatia que eu consegui, o que não é muita coisa às 04:30 da manhã. Joel também não estava mostrando os dentes a toa. Ele sorriu educadamente, sem separar os lábios.

- E aqui esta Alice, minha campeã. Você se lembra dela não é, Joel? - Meu pai perguntou.

- Me lembro, claro - Confirmou. - Você joga futebol muito bem.

- Jogava - Eu o corrigi. - Não jogo há muito tempo.

Ele balançou a cabeça, mas não disse nada, logo meu pai estava nos apressando para irmos logo ao portão de embarque.


JOEL ESTAVA NA poltrona ao lado da minha. Assim que me sentei, peguei meus fones e me preparei para entrar em modo "soneca" por um tempo. Apesar de não ter viajado de avião um grande número de vezes, não tenho problemas em voar. Será um vôo longo, aproximadamente 20 horas, depois uma conexão de mais 1 hora, então é muito tempo para matar. Tenho programado algumas reprises das minhas séries favoritas também.

No entanto, o homem sentado ao meu lado parecia um pouco perturbado. Observei enquanto ele tinha alguma dificuldade em apertar os cintos, quando pensei em ajudá-lo, uma aeromoça se aproximou com um largo sorriso brilhante nos lábios pintados de carmim.

- Deixe-me fazer isso, senhor - Ela ofereceu com uma voz melosa.

- Obrigada, querida - Joel agradeceu, a voz mais aveludada que eu já havia escutado saindo dele. Eu acho que nunca o escutei falando dessa maneira antes. - Essa coisa parece um quebra-cabeças.

Observei a aeromoça se inclinar e ajudá-lo, suas mãos tocando as dele enquanto apertava a fivela cuidadosamente. Eu não sei se isso faz exatamente parte do protocolo, também nunca vi uma aeromoça sorrir tanto. É claro elas devem ser gentis e, em tese, deveriam sorrir e tudo o mais, mas geralmente elas não seguem muito essa regra.

- É sua primeira vez voando? - Ela pergunta gentilmente, Joel concorda com a cabeça. Ele parece até um pouco tímido enquanto admite isso.

- Sim, acho que só estou um pouco nervoso.

- Não se preocupe, estamos prevendo uma viagem tranquila e sem turbulências, o senhor terá uma ótima primeira experiência.

Alguém que está sentado um pouco mais a frente chama pela aeromoça, ela parece desgostosa em sa afastar de Joel, mas faz mesmo assim, afinal, é sua obrigação. É só quando ela se afasta e Joel volta seus olhos para mim que eu percebo que estava prestando atenção de maneira nada discreta em toda a conversa.

- Desculpe - Resmunguei. - É só que normalmente elas não costumam ser assim tão solícitas.

- Não? - Ele perguntou com uma expressão de surpresa. - Pensei que só estivesse fazendo o trabalho dela.

- Ela estava, mas... na maioria das vezes elas não estão felizes em fazer o trabalho - Dei de ombros.

Isso arrancou um pequeno sorriso do homem que balançou a cabeça.

- Já fez isso muitas vezes? - Ele pergunta, se referindo as viagens.

- Algumas, para visitar os parentes e tudo mais.

- Oh, claro - Ele concordou.

O assunto morreu. Aparentemente Joel não é muito comunicativo, e mesmo que eu seja, não estou em um bom humor para isso. Nos últimos dias, tenho sentido que a pessoa que eu era acabou desaparecendo junto com todas as outras coisas. Minha empolgação, minha vontade de conversar e me divertir, é como se tudo tivesse sido encoberto por uma extensa nuvem pesada de tempestade que nunca vai embora.

Deitei minha cabeça no encosto da poltrona e olhei através da janela, esperando que o avião decolasse logo. Minha mente já estava se voltando para Anthony, meu ex-namorado. Um misto de sentimentos tomando conta do interior do meu peito. Não é como se eu sentisse falta dele, não depois do que ele fez comigo, mas também é um sentimento de "como seria se ele estivesse aqui?". E se ele nunca tivesse feito o que fez? E se as coisas aínda fossem como antes? E se...

É uma infinidade de "e se..." dançando em minha cabeça. Tantas cenas que aconteceram, se misturando com as que poderiam acontecer. Me esforço para trazer minha mente de volta ao presente, sabendo que se eu pensar demais, posso acabar chorando novamente, mesmo depois de ter jurado a mim mesma não derramar mais nenhuma lágrima.

A aeronave começa a se mexer, vejo através da janela todo o processo de levantamento de vôo. Nesse momento, todo o meu corpo começa a ficar tenso, esses primeiros instantes sempre são um pouco difíceis para mim. Aperto o braço da poltrona com força, me concentrando em controlar minha respiração e murmurando para mim mesma de que está tudo bem. O avião chacoalha um pouco no ar até obter estabilidade e então acabou, tudo está tranquilo novamente. Solto uma longa respiração, meu corpo relaxando e os músculos se soltando.

- Está tudo bem?

Franzi as sobrancelhas, percebendo tarde demais que não era o braço da poltrona o qual eu estava me agarrando e sim o de Joel. Senti todo meu rosto pegar fogo de constrangimento, soltei rapidamente seu braço e o olhei timidamente.

- Estou, eu só... desculpe, os primeiros momentos são um pouco difíceis para mim. Eu não percebi que era o seu braço, eu só precisava de algo para me segurar - Expliquei envergonhada. Eu havia percebido que em todas as vezes em que viajei, havia alguém do meu lado para segurar minha mão e foi esse acalento que eu estava procurando quando achei que estava segurando a poltrona.

- Sem problemas, querida - Ele murmurou gentilmente. - Acho que eu meio que precisava disso também.

Imagino como deve ser difícil para um homem como ele admitir isso. Admitir que precisava de outra pessoa em um momento de vulnerabilidade. Mesmo que fosse em uma situação tão simples como essa.

Balancei a cabeça, oferecendo um pequeno sorriso, depois voltei novamente meu olhar para a janela. Preparei meus fones novamente e fechei os olhos. Eu precisava dormir e me concentrar em não permitir que minha mente fosse vagar para locais desnecessários novamente.

ESTAVAMOS NA METADE do vôo quando notei Joel movendo-se desconfortavelmente ao meu lado pelo que parecia ser a milésima vez só nos últimos cinco minutos.

- Ei, está tudo bem? - Perguntei quando ele gemeu baixinho.

- Está, é só... acho que minhas costas não gostaram dessa poltrona - Ele respondeu baixo. Percebi suas orelhas ficando vermelhas. Ele estava com vergonha de admitir que estava com dor.

- É um vôo bem longo, acaba sendo desconfortável - Falei. Olhei rapidamente por cima do ombro e constatei que o lugar atrás do meu estava vazio. Rapidamente puxei a alavanca da poltrona e a reclinei para trás. - Certo, vamos trocar de lugar.

- Você não tem que fazer isso - Ele recusou imediatamente. - Eu estou bem.

- Você precisa se deitar um pouco e eu não me importo de ficar sentada - Insisti. Ele não tem tanto espaço, pois o lugar atrás dele estava ocupado e ele não poderia empurrar sua poltrona.

- Você não precisa - Ele continuo sendo teimoso.

- Mas eu quero - Insisti. - O que meu pai diria se eu deixasse que o amigo dele passar dor a viagem inteira?

Joel ainda estava hesitante, mas acabou cedendo. Conseguimos trocar de lugar rapidamente e ele teve mais espaço para se arrumar na poltrona.

- Obrigada, querida - Ele agradeceu, e mesmo que tenha usado exatamente as mesmas palavras que usou quando agradeceu a aeromoça, dessa vez seu tom era diferente. Parecia realmente agradecido.

- Não é nada - Eu dei de ombros. Dei play novamente na série em que eu estava assistindo na tela da parte de trás da poltrona. Pensei por um segundo e peguei um dos fones, oferecendo a Joel. - Quer assistir comigo?

Ele olhou surpreso para o fone.

- Claro - Aceitou. - O que você está vendo?

- É uma das minhas séries favoritas - Falei. - Já vi umas sete vezes, mas é só para matar o tempo. Se chama How I Met Your Mother.

- Eu perguntaria sobre o que se trata, mas ela já tem um nome bem auto explicativo.

Eu ri baixo

- Tem razão - Concordei.

Voltamos nossa atenção para a tela e depois de um tempo, percebi que Joel estava mesmo atento ao que estava vendo. Ele não ria, no máximo um repuxar dos lábios, mas acho que é como ele é.

Em algum momento eu acabei pegando no sono mais uma vez e quando acordei já estávamos pousando. Agora é madrugada, mas não impedia de estar extremamente quente e seco. Notei quando Joel mexeu desconfortavelmente na gola da camisa.

- Deveria ter colocado algo mais leve - Ele comentou quando percebeu meu olhar nele.

- Bem-vindo ao Brasil - Falei.

Encontramos meus pais do lado de fora do avião. Meu pai já estava reclamando de alguma coisa que eu não iria me esforçar para entender enquanto minha mãe tentava contornar a situação.

- Certo, o próximo avião sai em uma hora e meia, temos tempo de comer algo decente - Ele resmungou. Isso me fez lembrar de sua aversão por comidas servidas em aviões.

Enquanto íamos até alguma das lanchonetes do aeroporto, minha mãe sugeriu a Joel que ele fosse até um dos banheiros para se trocar.

- Vá colocar uma roupa fresca, Joel, tenho certeza de que nem o Texano mais forte resiste ao calor que está fazendo - Ela segue falando, emendando que estamos em um dos estados mais quentes nessa época do ano e tudo mais.

Sentamos para comer enquanto Joel havia saído para se trocar no banheiro do aeroporto. Me sentei de frente para meus pais e suspirei baixo, pensando ou quanto seria difícil fazer qualquer coisa descer pela minha garganta áspera. Pedi um não muito forte, me conformando que não conseguiria comer nada naquele momento.

— Você deveria comer alguma coisa – Minha mãe tratou de dizer enquanto me lançava um olhar reprovador.

— Não estou com fome – Murmurei de volta.

— Sabe, eu estava pensando... – Ela começou, meu pai a olhou em sinal de advertência, mas ela o ignorou totalmente. – Que você poderia ser mais amigável. Andar por ai com fones de ouvido e cara amarrada não vai melhorar a situação em que você já está.

Eu a olhei com descrença, por um segundo não acreditando que ela estava realmente me falando aquelas coisas.

— Você deveria ser grata por eu estar aqui, em primeiro lugar – Falei, olhando-a com expressão muito séria. – Por mim eu nem teria vindo nesta viagem.

— Mas você veio, então se esforce e tente não parecer que está aqui por obrigação.

Uma resposta mordaz estava na ponta da minha língua, mas fui interrompida por Joel arrastando a cadeira ao meu lado, a única disponível para ele, e se sentando. Olhei rapidamente para ele, percebendo o conjunto de linho azul claro que ele estava vestindo. Era realmente uma bermuda, não daquelas curtas, e sim uma abaixo do joelhos, provavelmente o máximo que ele aceitava usar, e uma camisa de botões brancos.

— Nunca imaginei ver Joel Miller vestindo qualquer coisa que não fossem jeans e botas – Meu pai falou, o alívio estava nítido em sua voz, feliz por mudar de assunto. Já Joel não parecia tão feliz assim.

— Sarah insistiu em me levar às compras quando descobriu que eu faria a viagem – Ele deu de ombros. Parecia um pouco desconfortável vestindo àquilo. – Aparentemente minhas roupas habituais não são "aceitáveis".

— Ela tem razão – Resmunguei para mim mesma enquanto mexia distraidamente o drink com o canudo, não me dando conta de que havia dito alto demais. A cabeça de Joel de virou imediatamente para mim e eu gaguejei um pouco: – Ahn... quero dizer, estamos no Brasil e em um estado quente como o Pernambuco, usar as roupas que normalmente você usaria em casa vai decididamente matá-lo de calor.

Desviei o olhar, me sentindo um pouco estúpida. Percebi que Joel balançou a cabeça.

— É, vocês duas estão certas – Concordou. – Mas aínda me acho um idiota vestindo isso.

Meu pai começou a falar novamente, desviando o assunto de Joel, para o alívio do mesmo que, pelo que notei, não gosta de ser o foco das atenções. Mais uma vez voltei a me concentrar na bebida girando dentro do copo enquanto a mexia com o canudo, ainda me sentindo irritada com a minha mãe por simplesmente se recusar a entender o quão difícil estava sendo para mim me sentar aqui e me esforçar para não agir como se meu mundo inteiro não tivesse desabado na minha cabeça em tão pouco tempo.

Não estou falando apenas do namorado. Estou falando de tudo. Meu emprego, meu apartamento, meu futuro... simplesmente tudo desapareceu. Não tem a possibilidade de eu apenas me sentar e sorrir, brincar ou conversar como se todos esses malditos problemas não existissem mais.

— Você está bem?

Joel perguntou baixo. Meus pais estavam ocupados demais conversando entre si.

— Claro – Concordei, dando um gole na bebida. – Nada com o que se preocupar.

Olhei para ele pelo canto dos olhos e notei sua expressão levemente franzida. Ele parecia gentil e por um instante achei que ele insistitira, mas ele não o fez, como se não quisesse ser intrometido. Ele tinha a mesma energia que naquele momento dentro do avião quando segurei seu braço por acidente; é acolhedor e compreensivo.

Minha mãe se levantou, alegando que precisava ir ao banheiro. Já meu pai saiu resmungando pela demora da comida, dizendo que iria atrás do garçom. Revirei os olhos, pensando no pobre trabalhador que teria que ouvir o português mal falado do meu pai reclamando da demora. Ele não é exatamente mau educado, só incoveniente, o que já é o suficiente.

Ficamos somente nós dois na mesa.

— Então tudo bem – Joel concordou, seguindo nossa conversa, em seguida indicou a bebida. – Isso parece muito colorido, é bom?

— Gin e algumas frutas, eu gosto pelo menos – Dei de ombros. – Você pode experimentar se quiser.

Estendi meu copo para ele, Joel franziu as sobrancelhas por alguns segundos, provavelmente se questionando se deveria fazer isso. Ele pegou o copo e experimentou um pouco, depois que sentiu o gosto da bebida na lingua, balançou a cabeça.

— Não é ruim – Me devolveu o copo. – Só não é um whisky.

— Então você só bebe whisky?

— E cerveja.

— Coisas de homem – Zombei, revirando os olhos. Joel riu baixo ao meu lado. Sua risada é grossa e rouca.

— Eu não diria isso, só que tenho bom gosto.

Olhei para ele e ri também.

— Está dizendo que eu não tenho bom gosto? – Perguntei forjando indignação.

— Você sabe escolher problemas de TV – Ele deu de ombros. – Já as bebidas...

— Ah, cala a boca – Falei quando ele parou por um segundo, deixando claro sua zombaria. Apesar disso, estávamos sorrindo, estava sendo... legal.

Não me lembro da última vez que alguma coisa pareceu ser legal para mim.

O SEGUNDO VÔO foi bem mais rápido. 1 hora saindo de Recife até o arquipélago de Noronha, onde passaremos uma semana em um resort.

Durante o vôo e depois no trajeto até o resort, voltei ao torpor que estava no começo da viagem, quase vinte horas atrás. Novamente pensando em como seria se ele estivesse aqui. Sempre fizemos planos sobre como seria quando ele viesse conhecer o Brasil. Ele parecia achar tudo incrível quando eu falava a respeito das minhas visitas a minha família por parte de mãe que vivem aqui.

Enquanto via toda a paisagem incrível, é simplesmente impossível não pensar na pessoa com a qual eu sonhei em dividir esse momento, e isso faz com que eu queira me bater. Eu sou uma completa idiota por continuar me importando, eu sei disso.

Assim que chegamos e meu pai fez o check in, fomos para os quartos. A reserva de um dos quartos de casal foi substituída por dois quartos de solteiro. Não haviam mais tantas opções, então os quartos de solteiro que são um ao lado do outro ficaram longe do quarto dos meus pais. Acho que isso acaba sendo um ponto positivo para mim, afinal, a última coisa que eu quero são meus pais entrando e saindo do meu quarto o tempo inteiro.

Meus pais foram atrás de próprio quarto enquanto eu estava pronta para entrar no meu.

— Bom descanso, Joel – Falei, antes de empurrar minha porta para abrir. Ele estava parado exatamente na mesma posição, sua mão na maçaneta.

— Para você também, querida.

Ambos entramos em nossos respectivos quartos e fechamos as portas. Não perdi muito tempo explorando o quarto, me preocuparei em fazer isso depois que tiver tirado algumas horas de sono em uma cama de verdade. Em pouco tempo, eu já estava dormindo.

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