.11: Infiltrados
Dentro dos corredores iluminados do Convento São Edgar, um casal de satânicos caminha conversando entre si sobre terem de organizar todos os suprimentos que Karl trouxe, pois os encarregados dessa tarefa apenas os guardaram no depósito de qualquer jeito. O diálogo entre os dois flui bem, até que a mulher de cabelo curto toca no braço do seu companheiro e os dois olham para a frente, se calando imediatamente ao verem quem está se aproximando.
ㅤㅤㅤㅤCom o capuz cinza cobrindo sua cabeça e também o rosto, Elizabeth anda tranquilamente, passando ao lado dos outros dois, que ainda a observam por mais alguns instantes antes de retomarem sua conversa. A loira torna a escutar as vozes e o nervosismo que a sombra do seu capuz esconde diminui, mas ainda seria evidente se alguém pudesse ver seu rosto e toda essa tensão se deve ao artefato que ela esconde na cintura, por baixo do sobretudo. Uma gota de suor desse pela lateral do seu rosto, chegando ao queixo, mas a mulher rapidamente a limpa, refletindo se foi cautelosa o suficiente para não ter sido vista roubando algo valioso, na mesma medida que é perigoso. Todavia, deixa de pensar nisso assim que chega em uma porta onde há uma placa identificando que ali funcionava uma sala de aula.
ㅤㅤㅤㅤAssim que gira a maçaneta e entra na sala, se depara com um homem corpulento e de barba ruiva, que veste uma blusa gola V azul e se ocupa varrendo o recinto. Ao perceber a porta se abrindo, ele olha imediatamente para Elizabeth, que tira o capuz, exibindo suas mechas loiras.
ㅤㅤㅤㅤ— Berto? O que faz aqui? — pede ela, olhando todo o interior da sala iluminada pelas janelas na parede ao fundo, constatando que eles estão sozinhos.
ㅤㅤㅤㅤ— Ué, o que parece que tô fazendo? Voando? — ele exibe a vassoura, se mantendo sério. Atrás dele, seu sobretudo está dobrado em uma cadeira.
ㅤㅤㅤㅤ— Com essa aparência, não ia me surpreender.
ㅤㅤㅤㅤ— E você veio fazer o quê aqui? Perguntas idiotas e me esculachar? — ele volta a varrer o piso. — Se sim, pode ir embora.
ㅤㅤㅤㅤ— Não, na verdade, eu vim fazer uma coisa aqui. — Elizabeth fecha a porta e começa a andar até Berto. — Ia ser sozinha, mas você pode me ajudar a fazer melhor...
ㅤㅤㅤㅤ— E o que seria isso? — Berto interrompe novamente a faxina e se vira para Elizabeth. Porém, no instante em que fica de frente para a mulher, a vê com um semblante malvado, cerrando os dentes enquanto mantém a mão direita à esquerda da cintura.
ㅤㅤㅤㅤO ruivo não tem tempo nem de falar, pois Elizabeth saca uma das suas facas e passa a lâmina com força e velocidade em cima da sua jugular, cortando e jorrando vários filetes de sangue, que só não pegam em suas roupas pois ela dá um salto para trás, observando Berto soltar a vassoura e cair de joelhos, com a destra tentando conter o sangramento; medida inútil e ele vai ao chão.
ㅤㅤㅤㅤ— Ótimo... vamos... — sibilado para si, ela se aproxima do cadáver ainda quente e limpa o sangue da lâmina nas suas roupas, o deitando com o tórax para cima, tomando cuidado para não se sujar com o fluido.
ㅤㅤㅤㅤTendo em mente que precisa ser rápida, Elizabeth guarda sua faca e põe o capuz novamente na cabeça, se encaminhando até onde está o sobretudo da sua vítima, o pegando para cobrir o cadáver, controlando suas mãos trêmulas, ela leva a destra ao coldre e pega uma pequena sacola velha, que contém uma das cargas de C4 que Karl não levou para a primeira investida aos infiéis, além de uma granada de fragmentação e uma granada incendiária. Ela suspira e coloca os explosivos sobre o cadáver, puxando o pino da granada menor.
ㅤㅤㅤㅤDando uma breve corrida, ela alcança a porta e respira fundo, abrindo-a com a maior naturalidade que consegue fingir, saindo do recinto e encontrando o corredor, completamente vazio e silencioso. A mulher começa a andar pelo mesmo caminho que faria se não tivesse entrado na sala de aula, voltando a ter sua postura fria e misteriosa. À frente, ela avista outro satânico, agora negro e com um cavanhaque feito recentemente. O homem a cumprimenta com o queixo e ela ignora, no instante em que os explosivos entram em colapso.
ㅤㅤㅤㅤElizabeth sabia que o poder de uma explosão de C4 teria, mas o poder da detonação que acontece é maior do que o esperado, fazendo com que toda a estrutura seja abalada como se eles estivessem passando por um terremoto. A loira não consegue se manter de pé e só não cai pois é amparada pelo outro cultista. Do lado de fora do convento, os satânicos que fazem a vigilância do perímetro se assustam tanto com o estrondo que arrancou pedaços da estrutura, quanto pelas enormes labaredas que estouram as janelas da sala no segundo andar — e outras vidraças por todo o prédio — e agora queimam intensamente, consumindo todos os móveis de madeira da sala enquanto que no estacionamento, as janelas dos veículos ali guardados também se estilhaçam pelo barulho estrondoso. Até mesmo Tommy, que vem sendo mantido em cárcere durante todo o inverno, se assusta com os abalos.
ㅤㅤㅤㅤNo corredor próximo do ocorrido, o afrodescendente ajuda Elizabeth a se recompor.
ㅤㅤㅤㅤ— Merda... o que foi isso? — se indaga, estupefato e com seus ouvidos zunindo.
ㅤㅤㅤㅤMesmo tendo ouvido a pergunta, Elizabeth não responde e realmente olha com espanto para o que acabou de fazer; seu coração está disparado e a mulher ofega de adrenalina.
***
Alheio a qualquer tipo de distração ao volante do caminhão frigorífico, Jonny traga com vontade o cigarro em sua boca, enquanto sacode a cabeça ao som de "Dig" da banda Mudvayne, que toca no rádio do veículo. Após jogar o bico do cigarro pela janela, o punk entra a rua do Residencial Kingdom e reduz a velocidade, finalmente parando na frente da casa onde esteve vivendo desde o inverno, vendo o Suburban de Lúcios estacionado na garagem. Ele desce da cabine e pega seu sobretudo, o vestindo e ajeitando-o no corpo. Do cargueiro, Jenny desce por uma porta lateral.
ㅤㅤㅤㅤ— Porra, aqueles putos quase me acertaram — ela resmunga limpando a poeira das mangas brancas enquanto caminha para perto do irmão.
ㅤㅤㅤㅤ— Agradece por estar viva. — Karl surge pela porta da frente da casa, com um sanduíche nas mãos. — E aí, como foi lá?
ㅤㅤㅤㅤ— Ei, isso era meu — declara Jonny, se referindo ao lanche.
ㅤㅤㅤㅤ— Perdeu. — o ex-militar dá uma enorme mordida.
ㅤㅤㅤㅤ— Ora seu...
ㅤㅤㅤㅤ— Chega disso! — Bart aparece atrás de Karl e ajusta o óculos em seu rosto. — Como foi a operação?
ㅤㅤㅤㅤ— Deu certo. As bombas que o Butch plantou do lado de fora explodiram, os infiéis mataram a si próprios, o portão foi pro saco, o tal do Hooker também e provavelmente eles tão com canibais até dentro do rabo — Jenny fala sorrindo, com orgulho e olha para a porta traseira do Suburban sendo aberta.
ㅤㅤㅤㅤ— Excelente. — Lúcios desembarca e sorri para seus seguidores. — Agora só temos que aguardar eles se renderem.
ㅤㅤㅤㅤ— Com todo o respeito, pai. Poderia explicar por que não mandou nossas forças liquidarem os infiéis? — Bart guarda as mãos nos bolsos da sua calça, olhando o homem mais velho.
ㅤㅤㅤㅤ— É simples, doutor. Um ataque direto iria, inevitavelmente, nos custar algumas vidas e eu não estou disposto a pagar esse preço ainda, da mesma forma que eles não estão dispostos a morrerem para os canibais. Para isso, eles gastarão seus recursos, que segundo Butch, estão escassos.
ㅤㅤㅤㅤ— E onde quer chegar com isso? — o médico franze a testa.
ㅤㅤㅤㅤ— Caralho, você conseguiu ser médico com uma inteligência limitada assim? — Karl fala de boca cheia, se virando para ele, com uma cara debochada. — Eles vão gastar o pouco que têm nos mortos e ficarão mais fracos. Aí a gente ataca e dá cabo de geral, isso se os próprios mortos não fizerem o serviço.
ㅤㅤㅤㅤ— Exatamente — conclui Lúcios.
ㅤㅤㅤㅤ— Certo, agora entendi... Bom, o que nos resta então é esperar uma mensagem do Butch?
ㅤㅤㅤㅤ— É, né? Até lá, a gente fica de boa.
ㅤㅤㅤㅤO silêncio que recai sobre os satânicos é quebrado pelo som de uma moto ficando cada vez mais alto e fazendo todos, menos Bart, sacarem suas pistolas e irem para a frente do caminhão, vendo o sobretudo de um cultista balançar com o vento enquanto este se aproxima dos outros, pilotando uma Kawazaki Z 800.
ㅤㅤㅤㅤ— É o Milles? — indaga Jenny, vendo o motociclista freando.
ㅤㅤㅤㅤ— Lúcios, senhor. — Milles tira o capacete, revelando seu rosto aflito. — Recebemos um chamado do nosso posto em Nolbank City... aconteceu uma explosão no nosso reino.
ㅤㅤㅤㅤ— O quê? — Lúcios fica estupefato, sem reação com a notícia.
ㅤㅤㅤㅤ— Não possuo muitas informações, mas aconteceu no segundo andar do primeiro prédio e o barulho atraiu dezenas de infectados.
ㅤㅤㅤㅤ— Mas que merda...! Vamos voltar imediatamente, Karl! — o líder dos Satânicos olha para seu braço direito e caminha com pressa de volta ao Suburban. — Você também, Bart, pro caso de termos feridos.
ㅤㅤㅤㅤ— Sim, pai! — o médico se dirige até o veículo.
ㅤㅤㅤㅤ— E a gente? — pede Jonny, imóvel.
ㅤㅤㅤㅤ— Fiquem aqui! Se o Butch entrar em contato, alguém precisa responder! — responde Karl, embarcando no banco do motorista.
ㅤㅤㅤㅤDepois de pôr o capacete novamente, Milles liga a Kawasaki e derrapa com a mesma, virando-a para o caminho que fez anteriormente e sai em disparada. Karl engata a ré na SUV e deixa o território da residência, cantando pneus ao sair no encalço da motocicleta, deixando os irmãos Ronnie para trás.
***
Tanto o clima quanto o cheiro dentro e fora da Universidade Webber são desoladores. Ainda restam inúmeros cadáveres de sangrentos mortos espalhados pelo campus, cada um sobre uma poça do seu próprio sangue coagulado e que fede ainda mais graças ao sol. Resmungando de nojo, Abraham ajuda Jacob a carregar o corpo de uma mulher até a caçamba da caminhonete, o jogando sobre outros quinze, em variados estados de decomposição. Usando luvas de jardinagem, ele limpa o suor da testa com o antebraço nu e puxa a barra da blusa cor de vinho.
ㅤㅤㅤㅤ— Acha que vamos levar quanto tempo aqui? — Jacob bate na lataria da Colorado e Mia engata a primeira marcha, dirigindo até o portão destruído.
ㅤㅤㅤㅤ— Sinceramente? Se a gente acabar ainda hoje, vai ser lucro — comenta o gângster, segurando as pernas de um homem de terno. — Anda, empilha ali, pra ser mais fácil. — e aponta com o queixo para uma poça de sangue.
ㅤㅤㅤㅤ— Satânicos filhos da puta. — ele abeira o corpo e o segura pelos braços.
ㅤㅤㅤㅤ— É, Satânicos filhos da puta.
ㅤㅤㅤㅤOs dois seguem juntando alguns cadáveres enquanto Blake, Downs e Butch retiram os que estão na caminhonete e os jogam no acostamento da estrada em frente aos muros da faculdade.
ㅤㅤㅤㅤ— Esses arrombados foram espertos... as bombas atraíram mais sangrentos do que os tiros deles. — Downs joga o corpo de um idoso no asfalto. — Só queria entender como eles fizeram isso.
ㅤㅤㅤㅤ— Devem ter colocado durante a noite. Só uma pessoa toma conta e é apenas do portão. Vamos ter dado sorte se eles não souberem da maldita porta nos fundos. — Blake espalma as mãos após se desfazer de outro morto.
ㅤㅤㅤㅤ— Deviam selar aquela porta. Não é bom ficar dando sopa pro azar. — Butch estica suas costas.
ㅤㅤㅤㅤ— Quando acabarmos aqui, vou fazer isso. Tem uma máquina de solda em um dos depósitos. Vou chumbar até as dobradiças — diz o tenente, pegando outro sangrento.
ㅤㅤㅤㅤ— A gente põe a máquina na caçamba e leva até lá. Sei que essas coisas são pesadas. — Mia fica encostada Colorado, com os braços e perna cruzados.
ㅤㅤㅤㅤ— E a gente tem que ver o que fazer com esse portão. Não dá pra deixar ele assim por muito tempo. — Downs olha para a enorme entrada aberta e cospe no chão. — Isso sem falar nos mortos dentro da quadra.
ㅤㅤㅤㅤ— A Millie já cuidou desses aí. Eles não vão sair de lá — Blake põe as mãos na cintura e olha ao redor.
ㅤㅤㅤㅤ— Aquela menina tem culhões grandes. Ela vai se dar bem nesse mundo — comenta Mia.
ㅤㅤㅤㅤ— Ei — Butch estala os dedos. —, a gente pode acabar isso logo? Eu queria ver o último corpo aqui fora ainda hoje.
ㅤㅤㅤㅤOs três militares apenas concordam com o homem e logo voltam a descarregar os cadáveres da caminhonete, os juntando aos montes que já foram descartados.
ㅤㅤㅤㅤSaindo do prédio das clínicas, Dylan caminha devagar devido a transfusão. Aurora está ao seu lado e mantém a mão esquerda perto do seu braço, para ampará-lo caso ele tenha alguma fraqueza repentina.
ㅤㅤㅤㅤ— Você devia ficar com a Lydia — comenta o policial, sentindo o sol sobre sua pele após descer os degraus da entrada.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu expliquei direitinho o que a Ashley deve fazer. E a Yumi também tá lá. — Aurora olha para o cenário triste em que se encontra o campus. — Além do mais, você que não devia estar aqui.
ㅤㅤㅤㅤ— Não posso me dar ao luxo de sentar numa cadeira e descansar.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu sei, mas seu caso é diferente. Acabou de doar sangue — ela argumenta e o encara.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu não tive a mão decepada ou coisa do tipo, pra perder tanto sangue assim. — ele para de andar e fita a loira, que põe as mãos na cintura. — Sei que tá fazendo o seu trabalho, mas não precisa se preocupar comigo.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu preciso sim, pois te conhecendo, você vai querer ajudar eles. E se fizer muito esforço, considerando o sol que tá fazendo agora, eu não dou meia hora pra você desmaiar e aí eu vou ter que gastar com você, coisas que seriam pra Lydia — Aurora fala se aproximando de Dylan e ergue o indicador até o tórax dele, que recua um passo.
ㅤㅤㅤㅤ— Eh... tá bem.
ㅤㅤㅤㅤ— Ótimo. Será que consigo te levar de volta pro consultório?
ㅤㅤㅤㅤ— Não.
ㅤㅤㅤㅤ— Pelo menos eu tentei. Enfim... — ela olha ao redor. — isso tá horrível.
ㅤㅤㅤㅤ— A gente vai dar um jeito. Ainda estamos aqui, vai dar pra fazer.
ㅤㅤㅤㅤAurora sorri enquanto olha para Dylan, distraído observando os residentes trabalhando juntos. Ele passa a canhota no cabelo, o pondo para trás e começa a andar mais para o meio do campus.
ㅤㅤㅤㅤ— Quero ver a Millie. Você vem? — ele olha a médica por cima do ombro.
ㅤㅤㅤㅤ— Pra garantir que você não faça nenhuma burrada, sim — diz, já o seguindo.
Devido à insistência de Lúcios em falar que eles deviam chegar o mais rápido possível no convento, foram raros os momentos em que Karl dirigiu o Suburban a menos de 120 quilômetros por hora, reduzindo para 90 quando eles chegaram na estrada de terra. O líder dos cultistas ficou impaciente o caminho inteiro e seu descontentamento intimidou tanto o ex-militar, quanto Bart, que não disse uma única palavra a viagem inteira, mas também não tirou os olhos de uma coluna de fumaça cinza desde que a avistou.
ㅤㅤㅤㅤ— Rápido, Karl. Preciso saber o que está acontecendo.
ㅤㅤㅤㅤ— Estou indo o mais rápido que posso nessa estrada, pai. Não se preocupe, já estamos perto — responde o satânico, olhando à sua esquerda, onde estão dezenas de infectados atraídos pelo som de tiros não muito longe.
ㅤㅤㅤㅤLúcios resmunga e ignora os cadáveres ambulantes, focando apenas na fumaça que vê pela janela do passageiro. Após mais alguns instantes, Karl reduz a velocidade da SUV conforme se aproxima dos muros de pedra, mas antes que ele pudesse parar o veículo por completo, Lúcios abre a porta e desce, avançando até o portão, já vendo que o foco do incêndio vem do segundo andar do edifício, à sua direita.
ㅤㅤㅤㅤ— Abram!! Agora!! — ele puxa sua adaga do coldre e mata um errante cravando-a abaixo da sua mandíbula, fazendo a ponta sair no topo esquerdo da cabeça.
ㅤㅤㅤㅤRapidamente, dois dos satânicos que estavam atirando nos sangrentos descem do adarve e abrem os portões para Lúcios. O homem corre até o estacionamento, pisando nos pequenos cacos de vidro, olhando para cima e tendo uma dimensão melhor dos estragos.
ㅤㅤㅤㅤ— Entra logo, Bart! — Karl desce do Suburban já com sua faca de combate na destra e começa a lutar contra os reanimados.
ㅤㅤㅤㅤO médico atravessa os portões já correndo até a escadaria do edifício, abordando uma satânica que descia, carregando três rifles nos braços:
ㅤㅤㅤㅤ— Sabe dizer se temos feridos? — ele demonstra uma enorme preocupação.
ㅤㅤㅤㅤ— Duas pessoas estavam perto na hora, mas não se feriram, só ficaram meio desnorteados — responde.
ㅤㅤㅤㅤ— Quem são?
ㅤㅤㅤㅤ— A Elizabeth e o Mike.
ㅤㅤㅤㅤ— Como isso aconteceu? Quem foi o responsável? — Lúcios se aproxima de ambos, com seu rosto sendo estampado por ódio.
ㅤㅤㅤㅤ— Não sabemos ainda, pai. Estão controlando o incêndio no segundo andar e ouvi algumas comentando sobre terem restos de um corpo lá. Eu só sei disso.
ㅤㅤㅤㅤ— Certo... vá cuidar desses desgarrados. Quando isso for finalizado, quero uma reunião no auditório... quero entender o que raios aconteceu no meu reino. — ele começa a subir os degraus, sob o som dos tiros disparados contra os sangrentos.
ㅤㅤㅤㅤOs Satânicos dentro e fora dos muros do convento trabalham arduamente para controlarem o avanço dos infectados, sendo obrigados a usar suas armas de fogo, cuja grande maioria não possui silenciador e o barulho acaba por ser um chamariz extra para as dezenas de cadáveres ambulantes, que só começam a diminuir perto do meio-dia, permitindo que os cultistas passem a usar suas armas brancas para, durante cerca de mais uma hora, abater as criaturas que ainda vinham atiçadas por toda a movimentação.
ㅤㅤㅤㅤEntretanto, o trabalho de limpeza ainda não teve início. Assim que o último canibal foi morto, todos os satânicos se dirigiram até o auditório do convento, onde Lúcios esteve os esperando durante todo o tempo. Conforme os cultistas — muitos deles cansados e segurando seus sobretudos nos braços — se acomodavam, o líder da seita permanecia no palco, junto de Elizabeth, Karl e Bart, que estavam bastante desconfortáveis com a postura impaciente dele, que não espera todos se sentarem para começar a falar:
ㅤㅤㅤㅤ— Certo, meus filhos. Quero que todos prestem atenção agora, pois serei breve para que vocês retirem os corpos que estão nos nossos arredores! — tem início uma breve pausa. — Eu estava fora do nosso reino durante esse atentado, mas não é preciso muito para entender que isso claramente foi um ato de traição. Como ele foi orquestrado e por que não foi direcionado diretamente a alvos, eu não sei, mas já temos algumas especulações... Foram encontrados restos de um cadáver no local da explosão, mas como já devem imaginar, é impossível identificá-lo — Lúcios fala quase na ponta do palco e olha Elizabeth, esperando que ela se pronuncie.
ㅤㅤㅤㅤ— Bom, eu estava perto do local da explosão com o Mike. Em conversa com nosso pai, eu disse que suspeito que o indivíduo estava manipulando os explosivos e acabou se detonando com eles. Já checaram o arsenal e descobriram que estamos com duas granadas e uma bomba. Por que pegaram isso? Não temos como saber — declara após dar um passo adiante e quando conclui, retorna para onde estava.
ㅤㅤㅤㅤ— Devido a esse fatídico contratempo, tivemos que gastar muitos recursos para investir contra os canibais e também para controlar o incêndio. Devido a isso, teremos que pausar nossa operação contra os infiéis até que todo o armamento gasto seja reposto. Karl coordenará buscas em cidades mais distantes e isso tomará muito tempo. — ele põe a destra no rosto e afasta o cabelo para cima. — Enfim, a segurança no arsenal será reforçada e todos os aposentos de vocês serão revistados, para que não passemos por mais episódios assim. Agora estão liberados para iniciarem as tarefas de limpeza.
ㅤㅤㅤㅤDada a ordem de Lúcios, seus seguidores começam a se dispersar até as saídas. No palco, fica apenas o quarteto inicial e o mais velho enfim muda de postura, agora adotando uma rara de preocupação que não era vista por Bart há mais de uma década.
ㅤㅤㅤㅤ— Começo a organizar as buscas imediatamente, pai? — pede Karl, fitando seu superior.
ㅤㅤㅤㅤ— Sim, faça isso — Lúcios responde e junta as mãos atrás da cintura. — Doutor, você já foi olhar o menino dos infiéis?
ㅤㅤㅤㅤ— Sim, pai. Ele continua bem. Diferente dos que o senhor mandou para a universidade.
ㅤㅤㅤㅤ— Não é uma boa hora para as suas piadas, Bart.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu vou olhar os mapas e ver lugares não tão longe onde ainda não fomos — Karl comenta e solta o ar pelo nariz, olhando Lúcios. — Com licença.
ㅤㅤㅤㅤNo meio dos Satânicos que deixam o auditório, há um único que segue no sentido oposto, esbarrando e se espremendo no meio dos demais, quase caindo quando consegue sair do meio da multidão e se recompõe, caminhando apressado até onde está Lúcios. Karl resolve não sair, curioso com o que vai acontecer a seguir:
ㅤㅤㅤㅤ— Pai, pai! Nós recebemos uma mensagem dos irmãos Ronnie. Butch entrou em contato e disse que os infiéis resistiram ao ataque dos infectados.
ㅤㅤㅤㅤ— Esse dia tinha tudo pra ser ótimo... — o mais velho suspira, decepcionado. — Ele disse algo mais?
ㅤㅤㅤㅤ— Ele conseguiu matar um garoto na noite anterior e, durante o ataque, fez um novo membro deles ser devorado e uma mulher foi gravemente ferida. Também disse que a munição deles foi quase toda gasta.
ㅤㅤㅤㅤ— Ah... essas notícias sim são boas.
ㅤㅤㅤㅤ— Ele está aguardando novas ordens, pai.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu disse que nossa operação contra os infiéis estaria paralisada, mas após saber disso... — ele leva a destra ao queixo. — Hm...
ㅤㅤㅤㅤ— Pai, eu... — Elizabeth faz uma pausa, percebendo que o tom da sua voz saiu exaltado. — Desculpe. — ela tosse. — Eu tenho uma ideia.
ㅤㅤㅤㅤ— E qual seria, filha? — o líder da seita se vira curioso para a loira.
ㅤㅤㅤㅤ— Se os infiéis malditos resistiram ao ataque, significa que, assim como nós, eles estão cansados e ainda devem se esgotar ainda mais para retirarem os corpos. Como nós não podemos direcionar muitos recursos para lá, então vamos sequestrar alguns deles.
ㅤㅤㅤㅤ— Sequestrar? Do que você tá falando? Nosso objetivo é matar geral — Karl intervém, se aproximando deles.
ㅤㅤㅤㅤ— Quieto, Karl. Quero ouvir esse plano. — Lúcios ergue a canhota, pedindo silêncio.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu sei do objetivo. Mas se conseguirmos capturar alguns dos líderes que estão no caderno que o Butch fez e juntar com o garoto que está aqui, eles não terão opção. Fingimos uma troca pela menina que eles resgataram e capturamos todos. Sim, esse é o mesmo plano de quatro meses atrás, mas agora as circunstâncias são outras.
ㅤㅤㅤㅤ— E de quantas pessoas você precisaria pra isso? — Bart permanece de braços cruzados, olhando para o chão enquanto analisa o plano de Elizabeth.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu, Butch e os irmãos Ronnie — diz.
ㅤㅤㅤㅤ— Só vocês? Não querendo pôr em questão as suas habilidades, mas não acha isso... insano? — indaga Karl, com a testa franzida.
ㅤㅤㅤㅤ— Butch levaria apenas três até o residencial que os Ronnie estão. Lá, se dividiriam em duplas. Butch e um Ronnie pegam uma e eu com o que restar pegamos a outra dupla. Tiros nas pernas, sem eles verem. Sem erros. — ela permanece imóvel, fitando Karl e depois encara Lúcios.
ㅤㅤㅤㅤ— É... eu vou precisar de muita gente pra cobrirmos mais área em menos tempo. Vocês quatro, com certeza, podem dar conta de três deles — conclui Karl.
ㅤㅤㅤㅤ— Tem certeza de que quer ir? Posso designar outro irmão seu até você estar recuperada do seu desconforto com o atentado. — Lúcios toma a palavra, olhando para Elizabeth.
ㅤㅤㅤㅤ— Pai, eu estou com raiva do que fizeram ao nosso reino. Quero descontar isso em alguma coisa e adoraria que fosse em algum dos blasfemadores que tanto riem da nossa crença. Não é uma tontura que vai me impedir disso. — sua voz sai sem emoção alguma e ela abaixa levemente a cabeça, mas ainda encarando o mais velho.
ㅤㅤㅤㅤ— Certo então... pegue equipamentos para a sua viagem. Aproveite que vai para a localização dos Ronnie e você mesma explica o plano para eles e para o Butch.
ㅤㅤㅤㅤ— Irei me aprontar imediatamente. Com sua licença. — ela anda sem mexer os braços e com certa pressa até a escadaria do palco e segue até a saída mais próxima. Ao deixar o auditório, pode finalmente respirar mais aliviada, levando as mãos ao cabelo e o amarrando, para então seguir até o arsenal pela segunda vez no dia.
***
Os primeiros raios de sol iluminam o campus da universidade para anunciar a chegada de um novo dia, mas para alguns residentes, a sensação de que eles ainda estão no anterior, tendo em vista que o trabalho de queima dos cadáveres dos sangrentos mortos ainda está sendo feito. Antes do anoitecer, eles conseguiram remover todos os cadáveres que estavam dentro da zona segura e começaram a cavar uma vala na floresta, onde os jogaram a atearam fogo com whisky e fósforos. A nuvem escura e fedorenta sobe aos céus enquanto Jacob e Downs alimentam o fogo com mais cadáveres.
ㅤㅤㅤㅤNo jardim cemitério, Yato já foi enterrado e uma cruz fincada em seu túmulo. Ashley e Max foram as mais emotivas durante o breve sepultamento, a primeira por causa da sua proximidade com o garoto e a última por se sentir culpada em ter dito que Oliver devia vir para a universidade.
ㅤㅤㅤㅤDurante a noite, sem que ninguém desconfiasse, Butch entrou em contato com os irmãos Ronnie, perguntando o que ele devia fazer e foi informado sobre o plano orquestrado por Elizabeth; também que a loira já estava com eles, apenas esperando que ele leve alguns dos infiéis para a armadilha. Após ter essas informações, ele apenas aguardou o amanhecer para ir atrás de Dylan e contar uma história sobre ter achado um condomínio durante suas saídas atrás de caças e que eles podiam achar suprimentos no local, que não explorou pois não tinha um veículo para trazer os possíveis achados. Interessado, o policial reuniu alguns dos sobreviventes na tenda do estacionamento, onde o satânico infiltrado explicou novamente.
ㅤㅤㅤㅤ— E esse condomínio é perto assim daqui? — pede Max, sentada sobre a mesa de piquenique.
ㅤㅤㅤㅤ— Sim, uns quatro, talvez cinco quilômetros — responde.
ㅤㅤㅤㅤ— Todo mundo tá cansado de ontem. Abraham acordou só pro velório do Yato e foi dormir outra vez. E outros tão nessa mesma situação — comenta Alex.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu vou, não ajudei em nada na hora de tirar os corpos — Dylan pronuncia-se, mantendo os braços cruzados. — Quem mais tiver disposto, pode ir também. A vantagem é ser aqui perto.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu vou. — chamando a atenção de todos, Yumi chega até a tenda, com sua M-24 nas costas.
ㅤㅤㅤㅤ— Yumi? Você não ia ficar com a Lydia? — indaga Thomas.
ㅤㅤㅤㅤ— E como soube disso? — completa Dylan.
ㅤㅤㅤㅤ— A Ashley me contou. — ela encara o policial e depois Thomas, com os olhos rodeados por olheiras. — A Aurora pode precisar de remédios pra ela quando acordar. Eu quero ir atrás do máximo que eu puder — diz a asiática.
ㅤㅤㅤㅤ— Só mais uma pessoa e podemos ir. É melhor não tirar muitos daqui. — Butch se levanta da cadeira onde estava sentado.
ㅤㅤㅤㅤ— Então podemos ir. — Millie surge atrás da morena, com o cabelo amarrado.
ㅤㅤㅤㅤTodos os presentes, até mesmo Butch, olham para Dylan, que baixa a cabeça e leva a destra até a nuca, fitando a menor logo em seguida.
ㅤㅤㅤㅤ— Você não tem muitas outras opções, Dylan. — a garota o encara. — E eu posso e quero ajudar.
ㅤㅤㅤㅤ— Tá bom. — ele suspira. — Vou pegar a caminhonete e vocês se aprontem. Os demais, podem se dispersar.
ㅤㅤㅤㅤEnquanto Millie, Yumi e Butch preparam mochilas e a contam as munições que podem levar, Dylan parou a caminhonete perto do prédio das clínicas, de onde sai com um balde cheio de água com detergente e depois de andar até a caçamba do veículo, despeja a solução sobre as manchas de sangue seco dos cadáveres, numa tentativa de melhorar o cheiro. Ao ver a entrada do edifício, nota Aurora saindo do mesmo caminhando até ele:
ㅤㅤㅤㅤ— Eu fiz uma lista dos remédios que a Lydia possa precisar. Não acho que consigam achar metades deles em casas, mas não custa nada tentar. — ela lhe entrega um pedaço de papel dobrado.
ㅤㅤㅤㅤ— Certo. — Dylan pega a lista e a guarda no bolso da frente da blusa social cinza que está vestindo. — Como ela tá?
ㅤㅤㅤㅤ— Tá reagindo bem. Embora o corte tenha sido feio, não parece ter machucado muito o crânio. Eu precisei raspar a lateral da cabeça pra que o cabelo não pegue nos pontos — Aurora responde e abraça os cotovelos.
ㅤㅤㅤㅤ— Pelo menos ela tá viva. O cabelo vai crescer de novo.
ㅤㅤㅤㅤ— É. Escuta — ela afasta o cabelo para trás da orelha esquerda. —, quando voltarem, a gente pode conversar, né? Sabe, o que eu te falei naquela madrugada.
ㅤㅤㅤㅤ— Sem falta — Dylan garante e sorri de canto, vendo Millie e Yumi saírem do prédio.
ㅤㅤㅤㅤ— Falta só o Butch, ele tá terminando de contar a munição dele — diz a asiática, abrindo a porta de trás da caminhonete para Millie entrar.
ㅤㅤㅤㅤ— Ok, eu vou voltar pra enfermaria. Deixa que eu levo pra você. — Aurora pega o balde e acena com a cabeça. — Cuidado lá fora. — e volta para o edifício.
ㅤㅤㅤㅤ— Já percebeu que ela passa mais tempo com você agora? Desde o inverno, eu acho. — Yumi se aproxima de Dylan, que fecha a caçamba da Colorado.
ㅤㅤㅤㅤ— Ela veio me entregar uma lista de remédios.
ㅤㅤㅤㅤ— Não tô falando só disso e você sabe. Não ficaria surpreso de você acabar se aproximando dela assim como fez com a Millie. — a mulher sorri.
ㅤㅤㅤㅤ— Butch, vem logo — Dylan interrompe a conversa, indo até a porta do motorista assim que vê Butch saindo.
ㅤㅤㅤㅤYumi revira os olhos, ainda sorrindo e se encaminha até a porta de trás, embarcando ao lado de Millie. Por fim, o satânico se acomoda no banco do passageiro e Dylan liga a caminhonete, dirigindo até o portão, onde acena para Jacob e Downs, seguindo rumo ao residencial Kingdom.
— Ok, meninas, o Butch disse que eles tão pra sair da toca. Daqui a alguns minutos, eles vão chegar aqui. — Jonny sai do banheiro onde estava conversando no rádio com seu contato.
ㅤㅤㅤㅤ— Você disse pra ele que tô aqui? — Elizabeth se levanta da poltrona de onde jogava Damas com Jenny.
ㅤㅤㅤㅤ— Disse sim. Ele já sabe do plano todo. Você e eu vamos sair daqui e caçar dois infiéis enquanto a Jenny espera o Butch aqui com o último.
ㅤㅤㅤㅤ— Exatamente, vamos logo. — a loira se prontifica e pega uma Beryl 7.62, já a colocando nas costas.
ㅤㅤㅤㅤ— Finalmente um pouco de movimento por esse fim de mundo. Já não aguentava mais ficar aqui. — Jenny engatilha sua FN Fall e a entrega para seu irmão. — Vê se não faz merda lá fora.
ㅤㅤㅤㅤ— Relaxa, eu já tomei minhas doses matutinas. Tô cem por cento alerta, nada vai me surpreender — o punk garante, acompanha Elizabeth até a saída e fecha a porta após passar para o lado de fora.
***
Está tudo estranhamente calmo nas ruas do bairro. O cantar dos pássaros pode ser ouvido de várias direções, bem como as folhas recém-nascidas nas copas das árvores sendo sacudidas pelo vento. Se não fosse pela falta de pessoas e os usuais sons de veículos, despertadores e até das vozes humanas, nem pareceria que o lugar faz parte de um apocalipse.
ㅤㅤㅤㅤPerto das primeiras casas do condomínio, Dylan estaciona a caminhonete logo atrás de um Audi A4 Avant cinza. O policial é o primeiro a descer, já com seu fuzil nos braços e uma mochila olhando ao redor enquanto os demais desembarcam e empunham suas armas.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu não olhei muitas casas por aqui, então quase tudo deve estar intacto — comenta Butch, passando a bandoleira da AR-15 no ombro.
ㅤㅤㅤㅤ— Entendi. Vamos nos dividir? — pede Yumi, ajustando as alças da sua mochila.
ㅤㅤㅤㅤ— Duas duplas, pra ser mais rápido — responde. — Você pode vir comigo e o Dylan fica com a Millie.
ㅤㅤㅤㅤ— Beleza. Qualquer coisa, a gente volta pra caminhonete — conclui a asiática, seguindo-o.
ㅤㅤㅤㅤ— Vem — o policial chama Millie e enquanto os outros dois entram em uma rua à direita, eles seguem em frente.
ㅤㅤㅤㅤA garota saca a Beretta do seu coldre e acopla um silenciador na mesma, apertando firme o acessório. Dylan segue na frente, explicando que é melhor eles começarem a vasculhar a última casa da rua e depois voltarem olhando as outras. Millie apenas confirma e o segue por cerca de cento e vinte metros até chegarem em uma esquina onde dois sangrentos estão caídos no asfalto, chamando a atenção de Dylan, que se aproxima de ambos.
ㅤㅤㅤㅤ— O que foi? — indaga Millie, indo logo atrás dele.
ㅤㅤㅤㅤ— O sangue. — ele aponta para as poças vermelhas que brilham ao redor das cabeças e se agacha, virando o cadáver de um homem de terno. — Eles foram mortos faz pouco tempo. Tiro na cabeça.
ㅤㅤㅤㅤ— Bom, não somos os únicos por aí. — a menor imediatamente muda sua postura, ficando mais alerta e observando os arredores.
ㅤㅤㅤㅤ— E nem por aqui, pelo visto. — Dylan se levanta e se dirige ao quintal da última casa. — Vamos logo, antes que a gente tope com alguém.
ㅤㅤㅤㅤ— Certo.
ㅤㅤㅤㅤOs dois param na frente da porta vermelha e Dylan a empurra com o pé mirando a M-4 no interior da antessala vazia, que leva para a cozinha e tem a sala de estar à direita. Ele acena positivamente para Millie e entra com cautela na residência, sendo seguido pela menina, que observa cada detalhe da casa de classe média, estranhando alguns armários de madeira no cômodo da direita estarem completamente vazios e o piso próximo estar cheio de cacos de vidro, mas segue Dylan de perto, entrando na cozinha.
ㅤㅤㅤㅤ— Já olharam esse lugar — comenta o policial, abrindo as portas do armário vazio.
ㅤㅤㅤㅤ— O que acha que tinham naqueles armários na sala? — Millie olha os balcões, constatando que os mesmos também estão vazios e as gavetas só guardam talheres.
ㅤㅤㅤㅤ— Bebidas. Whisky e essas merdas. Gente rica assim gostava de gastar dinheiro nisso pra se exibir. Hoje em dia, álcool só serve pra fazer molotov — ele responde e fecha uma gaveta, bufando por não ter achado nada.
ㅤㅤㅤㅤ— Molotov são aquelas garrafas que as pessoas colocavam fogo e jogavam?
ㅤㅤㅤㅤ— É, são. Vamos sair, ver as outras casas em outra rua. Se olharam essa, devem ter vasculhado as vizinhas. — Dylan começa a andar até a saída.
ㅤㅤㅤㅤ— Depois me ensina a fazer essas coisas? — ela o segue.
ㅤㅤㅤㅤ— An? Pra quê você quer saber isso? — ele sai da casa e segue pisando na grama em direção à calçada.
ㅤㅤㅤㅤ— Não sei, vai que a gente precise pôr fogo em alguns sangrentos ou em qualquer coisa? Já vi como esses molotovs funcionam na TV.
ㅤㅤㅤㅤ— Bom... coloca na lista.
ㅤㅤㅤㅤ— Que lista? — ela franze o cenho, curiosa.
ㅤㅤㅤㅤ— De coisas que vou te ensinar — responde. Passando a bandoleira da M-4 pelo ombro, Dylan chega na calçada do outro lado da rua.
ㅤㅤㅤㅤ— Mas não vai ter tempo pra ensinar nada, palhaço. — Jonny surge dentro de uma varanda, mirando a Fall na direção de Millie, que petrifica ao ver o satânico.
ㅤㅤㅤㅤ— Merda! — Dylan leva a destra até a Desert Eagle em seu coldre.
ㅤㅤㅤㅤ— Nada disso, seu porra!! Tem gente atrás de vocês também! — o punk aponta com o queixo, para Elizabeth se aproximando e mirando a Beryl na direção do policial, que desiste de sacar sua arma. — Agora a menininha aí joga a arma.
ㅤㅤㅤㅤ— Dylan... — Millie o olha, esperando que ele fale ou faça algo.
ㅤㅤㅤㅤ— Droga... bota a arma no chão. — erguendo as mãos até a altura dos ombros, ele caminha para trás e fica à esquerda da menor, que solta sua Beretta e fica da mesma forma.
ㅤㅤㅤㅤ— Maravilha. Agora a gente vai atirar nas suas pernas, pra garantir que não vão tentar nada. — Jonny destrava a Fall. — Vai no cara aí, Elizabeth. Deixa a menina comigo. — ele mira o cano da arma na direção de Millie.
ㅤㅤㅤㅤ— Merda, não!! — Dylan não pensa duas vezes antes de avançar na direção da menina, lhe envolvendo em seus braços e ficando de costas para Jonny, no instante em que escuta um tiro. Porém, ele não ouve nenhum grito, apenas o som de um corpo caindo.
ㅤㅤㅤㅤAinda abraçando Millie, ele ergue a cabeça e olha para a varanda, vendo apenas uma mancha de sangue fresco nas paredes de madeira. Ao se virar na direção da satânica, vê a mesma com os braços levantados, segurando a Beryl pela bandoleira. Do cano da arma, sai uma fina coluna de fumaça. Confuso com o que acabou de acontecer, ele solta Millie, que estava encolhida em seus braços e saca a Desert Eagle.
ㅤㅤㅤㅤ— Ok, o que tá acontecendo aqui? — indaga, mirando na mulher.
ㅤㅤㅤㅤ— O Butch também é da seita do Lúcios. — Elizabeth vê a adolescente catar a Beretta e também mirar contra ela. — Seja lá quem tá com ele, tá em perigo também.
ㅤㅤㅤㅤ— Dylan, a Yumi. — Millie o olha.
ㅤㅤㅤㅤ— Droga... — Dylan não sabe se acredita ou não na mulher e uma parte sua diz para ele matá-la ali mesmo, e outra para ele correr na direção onde os dois foram.
ㅤㅤㅤㅤ— Foi o Butch que matou o garoto do grupo de vocês... e o outro, ele jogou aos mortos pra parecer um acidente. Foi ele também que plantou as bombas ao redor da universidade e, no inverno, viu o tal Marco levando a Millie pro Lúcios — ela explica e aponta para a menina com o queixo, após finalizar.
ㅤㅤㅤㅤAté então, Dylan não havia pensado no fato de Elizabeth saber o nome de Butch, mas depois de narrar tudo isso, sua ficha cai.
ㅤㅤㅤㅤ— E por que tá fazendo isso? Traindo seu pessoal. — Dylan mantém as mãos firmes segurando a pistola.
ㅤㅤㅤㅤ— Eles não são meu pessoal. — ela suspira. — Escuta, eu quero falar tudo pra vocês, mas precisamos ajudar a sua amiga primeiro. Além do Butch, tem outra mulher aqui e ela-- — Elizabeth é interrompida pelo som de disparos ao longe.
ㅤㅤㅤㅤ— A gente tem que ir atrás da Yumi! — Millie abaixa sua pistola, olha Dylan e começa a correr na direção dos tiros, andando na calçada entre as casas.
ㅤㅤㅤㅤ— Millie! — sem opção, o policial vai atrás dela e vê Elizabeth o seguindo.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu vou por outro caminho. Vai ser uma merda se o Butch me ver com vocês.
ㅤㅤㅤㅤ— É bom que isso não seja outra armadilha. — Dylan a fuzila com os olhos.
ㅤㅤㅤㅤ— Confia em mim. — a loira entra em um beco entre duas cercas, se separando dos dois.
ㅤㅤㅤㅤNão restam muitas alternativas para Dylan, que sabe que está apostando alto em acreditar na palavra de uma satânica, após descobrir que uma pessoa que ele acreditava ser de total confiança não passa de um espião. Ele abeira Millie e os dois seguem juntos, ouvindo outro disparo.
***
Enquanto caminham, Yumi nota Butch se afastar um pouco e pergunta porque eles não começam a vasculhar as casas mais próximas. O satânico explica que durante suas "andanças" pelo lugar, encontrou uma casa que lhe chamou a atenção por estar com várias malas e bolsas enterradas na neve dos seus arredores durante o inverno e gostaria de ir nela primeiro, mesmo que não tenha mais nada do lado de fora. Sem questionar mais, Yumi apenas segue o homem, se mantendo atenta enquanto segura sua M-24.
ㅤㅤㅤㅤOs dois caminham por mais alguns metros, até que ele aponta para uma residência mais modesta e menor, de dois andares, com as portas e janelas fechadas — e cobertas com cortinas —, diferindo das demais da rua.
ㅤㅤㅤㅤ— Era nessa aqui. Vamos dar uma olhada lá dentro — diz Butch, andando por um pequeno caminho de concreto até a porta.
ㅤㅤㅤㅤ— Tá, calma. — Yumi saca sua CZ-75 e toma a dianteira, parando perto da porta e batendo na mesma com a coronha da pistola.
ㅤㅤㅤㅤ— Isso pode atrair canibais — comenta Butch, com um pequeno revólver nas mãos.
ㅤㅤㅤㅤ— É essa a ideia. Dylan me mostrou pra ver se tem mortos dentro de alguma casa.
ㅤㅤㅤㅤ— Bom, não tem nenhum outro barulho. Entra.
ㅤㅤㅤㅤA asiática então gira a maçaneta e empurra a porta com a canhota e entrando num corredor escuro onde à sua esquerda, está um grande vão dando acesso à sala de estar, enquanto que na direita, há uma parede com três quadros e uma porta. À frente, está a escada que leva ao segundo andar e mais ao fundo, cerca de três metros e meio, a porta entreaberta que lhe permite ver o balcão da cozinha e também é de onde sai a luz que ilumina parcialmente o caminho.
ㅤㅤㅤㅤ— Vem, a cozinha é logo ali. — Yumi segue pelo corredor e mesmo ficando atenta, ela é pega de surpresa quando uma mulher careca e vestida de branco surge da escuridão da sala de estar, saltando na sua direção com uma faca na mão direita, aplicando um golpe que fere as costas da sua canhota, o suficiente para fazer o sangue jorrar e ela largar a arma. — Porra!! — ela sente a dor na sua mão imediatamente.
ㅤㅤㅤㅤ— Perdeu, vadia! — com um sorriso malicioso no rosto, Jenny rapidamente projeta sua mão esquerda contra o rosto de Yumi, lhe agarrando pelo cabelo e lhe puxando, indo para trás da mulher, envolvendo seu braço direito em seu pescoço. — Quietinha... — ela começa a sufocar a mulher.
ㅤㅤㅤㅤ— Bu-- Butch!! — Yumi tenta falar mesmo não conseguindo mexer a mandíbula. Porém, ela vê que o homem parado na porta está rindo e se aproximando devagar.
ㅤㅤㅤㅤ— Vocês são todos uns idiotas. — ele sorri, guardando o revólver. — E agora você, o Dylan e a Millie são nossos.
ㅤㅤㅤㅤ— É isso mesmo, sua puta oriental. Butch era um infiltrado do Lúcios. Graças a ele, sabemos tudo sobre vocês. — a mulher torna a rir, pressionando a ponta da sua faca nas costas de Yumi, que sente seu ombro sendo superficialmente perfurado. — Agora vem logo amarrar ela. Ainda temos que ver como a Elizabeth e o meu irmão tão se saindo.
ㅤㅤㅤㅤ— É pra já. — ele se aproxima mais delas, que estão no meio do corredor. — Vou usar a bandoleira do rifle até você pegar as cordas.
ㅤㅤㅤㅤMesmo em uma situação desfavorável, Yumi consegue se manter calma o suficiente para esperar até que o satânico esteja perto e o vê puxar uma faca da sua cintura, usando-a para cortar a bandoleira da M-24 em volta do seu busto. Ela espera apenas a arma cair no chão e ergue a perna direita com força, acertando sua canela em cheio nos testículos do homem, que imediatamente perde sua força nas pernas e começa a cair, mas antes disso, Yumi põe o pé direito no chão e ergue a perna esquerda até o tórax de Butch, o empurrando e se jogando para trás junto de Jenny.
ㅤㅤㅤㅤSurpresa pelo ataque de alguém que acreditava estar rendida, a satânica até tenta se manter no lugar, mas acaba sendo empurra na direção das escadas, batendo com as costas no corrimão e sentindo uma forte dor na região do seu rim esquerdo.
ㅤㅤㅤㅤ— Desgraçada... — Jenny leva a canhota até a parte atingida e tenta se recompor.
ㅤㅤㅤㅤSem dizer nada devido às dores em seu pescoço, Yumi avança contra a mulher e a agarra pela orelha esquerda, a puxando com força. Gritando de dor e raiva, Jenny ergue a destra com a faca, pronta para matá-la, mas a asiática já a interrompe com um soco na boca do seu estômago, fazendo-a errar a estocada, mas, ainda assim, cortando eu braço esquerdo junto com o casaco jeans que estava usando.
ㅤㅤㅤㅤSeus cortes ardem e latejam, mas Yumi já recuperou o fôlego que perdeu no estrangulamento e ainda segurando a orelha da mulher, ela empurra sua cabeça contra o corrimão da escada, fazendo-a bater com a boca na superfície de madeira, quebrando três dos seus dentes e fazendo o sangue jorrar como se fosse uma torneira aberta. Jenny então entra em desespero pela dor fulminante do golpe e Yumi a solta, vendo-a cair sentada no chão, soltando a faca e levando as mãos à boca enquanto grita e chora.
ㅤㅤㅤㅤSem hesitar, a asiática cata a lâmina do chão, a segurando para baixo e se aproxima de Jenny, segurando seu ombro com a canhota e fincando a faca no topo da cabeça careca da mulher, matando-a instantaneamente.
ㅤㅤㅤㅤOfegante e em choque por ser a primeira vez que mata um ser humano dessa forma, ela solta o cabo da faca e se afasta, levando as mãos a cabeça. Todavia, ela lembra que não tem tempo para se lamentar por nada, pois Butch ainda está na casa.
ㅤㅤㅤㅤ— Filho da-- — no momento em que ela vira o rosto na direção da porta, sua visão escurece por um momento após ser atingida na cabeça pela coronha do seu rifle, num golpe dado pelo satânico.
ㅤㅤㅤㅤA mulher cambaleia para trás, sentindo o líquido quente escorrendo do corte na sua testa, mas consegue se manter de pé, embora esteja desnorteada. Butch, por sua vez, joga a M-24 no chão e avança contra Yumi, lhe dando um soco de direita em seu rosto, fazendo-a se jogar contra a porta da cozinha e cair no piso de cerâmica suja.
ㅤㅤㅤㅤCuspindo sangue, ela começa a se arrastar até o galpão, tonta e com sua visão turva, quase escurecendo enquanto escuta os resmungos de Butch, que se apoiou na parede ainda sentindo uma enorme dor em sua virilha e na intimidade. O homem vê que Yumi está tentando se levantar, usando o balcão como apoio e mesmo vacilante, se encaminha até ela:
ㅤㅤㅤㅤ— Sua maldita... — ele força seu corpo no de Yumi, a empurrando contra bancada de mármore e segura seu cabelo com a canhota. — Uma mulher como você seria muito bem aproveitada como uma seguidora do Lúcios. Mas agora... eu não vou me importar de te matar, pelo que você fez com a Jenny.
ㅤㅤㅤㅤSentindo fortes dores pelo corpo, Yumi olha rapidamente para a bancada repleta de enlatados e embalagens velhas e novas, fixando a visão em um picador de gelo enferrujado perto de um pacote aberto de biscoitos da Oreo. Quando Butch saca seu revólver, ela consegue agarrar o utensílio com a canhota suja de sangue, virando a ponta afiada para baixo e, gritando, leva o braço para trás, perfurando seu oponente logo acima da bacia.
ㅤㅤㅤㅤO grito do homem é ensurdecedor e ele aperta o gatilho do revólver, disparando contra o teto. Yumi aproveita esse momento para puxar o picador, deixando o sangue dele vazar pelo ferimento e o golpeia outra vez, lhe furando bem próximo do primeiro ferimento. Mas agora ele reage, recuando ainda segurando a mulher pelo cabelo e, seguindo no seu momento de fúria, ele ergue a cabeça de Yumi e a joga contra a bancada dura. Os dois vão ao chão logo em seguida e o revólver escapa da sua mão, disparando outra vez, agora atingindo o vidro de uma janela acima da pia.
ㅤㅤㅤㅤ— Merda... merda...! Sua... — ele leva a canhota até os ferimentos, tentando conter o sangramento frequente e olha para Yumi caída inconsciente, com o rosto para ele, podendo ver o sangue escorrendo do ferimento causado pela pancada. — Tomara que você volte como um deles. — respirando fundo, ele puxa o picador e o joga no piso, sabendo que precisa sair de lá urgente.
ㅤㅤㅤㅤO satânico engatinha até o revólver e o pega, ficando de pé com certa dificuldade devido aos golpes que Yumi lhe deu e anda o mais rápido que pode até a saída. Porém, assim que põe o primeiro pé para fora, é surpreendido por um canibal usando uma blusa gola pollo vermelha, que só não o ataca pois ele é mais rápido e consegue dar um tiro de baixo para cima; acertando o queixo da criatura e saindo no topo da cabeça.
ㅤㅤㅤㅤ— Desgra... ah, não... — após ver o cadáver caindo à sua esquerda, ele olha na direção e pode ver uma grande horda de sangrentos que foram atraídos pelos disparos. Sem outra opção, ele bate em retirada, mas o sangue que pinga dos seus ferimentos cria um rastro que atiça os mortos e faz com eles o sigam.
— Millie, aqui! — Dylan alerta a menina e entra em um beco à direita, vendo o asfalto da pista ao final deste.
ㅤㅤㅤㅤ— Acha que estamos perto? — pede Millie, se esforçando para ficar perto dele.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu espero que sim. — ele olha ao redor e reconhece Butch pelo casaco marrom que o mesmo usa, vendo-o por cima da cerva. Ele anda mancando, mas com pressa. — Butch!!
ㅤㅤㅤㅤO satânico escuta a voz de Dylan e cessa seu avanço, se virando e identificando o policial e Millie. Ele logo pensa que Elizabeth e Jonny falharam, então ergue o revólver, disparando três vezes contra ambos.
ㅤㅤㅤㅤ— Pro chão! — Dylan para de correr e se vira para Millie, a segurando e levando-a consigo para trás de uma caçamba de lixo.
ㅤㅤㅤㅤButch dá seu último tiro com o revólver do tambor e vendo a aproximação da horda, torna a correr até onde a caminhonete foi estacionada.
ㅤㅤㅤㅤ— Filho da puta. — Millie se põe de pé e avança até o fim do beco. — Cadê a Yumi?!
ㅤㅤㅤㅤ— Fica perto, Millie! — Dylan corre atrás da menina, vendo dezenas de sangrentos vindo pela esquerda, na mesma rota que Butch fez. — Merda...
ㅤㅤㅤㅤAssim que vê os primeiros canibais bloqueando a saída, Millie para escorregando em jornais velhos e ergue sua Beretta, disparando na cabeça da errante mais próxima, depois repetindo o processo com mais dois enquanto anda para trás. Dylan alcança a menina e também atira, nos quatro canibais mais próximos e segura no ombro da menina.
ㅤㅤㅤㅤ— Não dá pra passar por aí, vamos voltar!
ㅤㅤㅤㅤ— Mas e a Yumi? — mesmo relutante, ela não resiste e os dois fazem o caminho contrário.
ㅤㅤㅤㅤ— Se não acharmos o Butch, não vamos achar a Yumi.
ㅤㅤㅤㅤSentindo seu corpo se banhar em suor frio, o satânico traidor avista a Colorado vermelha no mesmo lugar que Dylan a estacionou e se apressa para chegar no veículo, escutando os tiros que provavelmente são da autoria de Dylan e Millie. Quando ele finalmente alcança a caminhonete, uma voz familiar o chama:
ㅤㅤㅤㅤ— Butch?! Espera! — Elizabeth sai de um beco entre duas casas e atravessa a rua até o homem.
ㅤㅤㅤㅤ— Elizabeth? Droga... cadê o Jonny? — ele se apoia na lateria do veículo, agora com as duas mãos sobre as perfurações.
ㅤㅤㅤㅤ— Ele vacilou e os infiéis o mataram — ela responde e ajeita a Beryl nos braços. — Cadê a Jenny?
ㅤㅤㅤㅤ— Morta... a Yumi a matou.
ㅤㅤㅤㅤ— E cadê essa?
ㅤㅤㅤㅤ— A vadia me furou com a porra de um picador, mas eu matei ela. Deixei pra virar. Agora liga essa porcaria, vamos sair daqui — ele resmunga e se desencosta do veículo, abrindo a porta do passageiro.
ㅤㅤㅤㅤ— Acho que não. — A loira mira a Beryl na coxa direita do homem e aperta o gatilho, disparando duas vezes.
ㅤㅤㅤㅤO homem vai ao chão gritando e leva a destra até a coxa, fuzilando Elizabeth com os olhos enquanto contém sua exaltação.
ㅤㅤㅤㅤ— Mas que porra você tá fazendo?!! — ele arfa, pensando e encarando a mulher. — Você... você tá com os infiéis? Você tá traindo o Lúcios??!
ㅤㅤㅤㅤ— Eu nunca gostei dele e nem do que ele faz.
ㅤㅤㅤㅤ— Sua blasfemadora... Lúcios salvou você! Ele ensinou a todos que devemos fazer o que for necessário e você o trai? — a fúria no rosto dele é evidente.
ㅤㅤㅤㅤ— Eu tô fazendo o necessário. — ela dispara outra vez, agora na cabeça dele.
ㅤㅤㅤㅤFeito isso, ela olha para a sua esquerda e vê a horda se aproximando vorazmente com orquestra grotesca de grunhidos e rosnados carregados de bile e sangue. A mulher então revista Butch, tirando seu revólver descarregado e dando a volta na caminhonete, embarcando na mesma. Após juntar os fios da ligação direta, Elizabeth engata a primeira marcha e sai com o veículo, seguindo na direção de onde partem mais tiros.
— Atenção à frente! — Dylan grita para alertar Millie dos três sangrentos que estão na saída do beco onde a dupla corre. O policial ergue a Desert Eagle e dispara duas vezes, esvaziando seu pente, mas deixando apenas o último canibal de pé.
ㅤㅤㅤㅤ— Já vi! — sem ter muita prática ainda, Millie diminui sua corrida e mira a Beretta na direção do homem vestido com um avental de cozinha e dispara, acertando o olho esquerdo do chef, que cai sobre o corpo de um dos que Dylan havia matado.
ㅤㅤㅤㅤA menina torna a se apressar e os dois cruzam o trio de infectados, chegando em uma das ruas do bairro, vendo que o número de sangrentos nas proximidades aumentou drasticamente por causa dos tiros. Sem muitas opções, Dylan guarda a pistola descarregada no coldre e tira a M-4 das costas, destravando-a e disparando uma rajada nas pernas dos primeiros sete canibais de uma horda que se aproxima pela esquerda.
ㅤㅤㅤㅤ— Isso vai atrasar eles um pouco, temos que chegar na caminhonete — diz o policial andando de costas, vendo os errantes tropeçarem e caírem sobre os que se rastejavam.
ㅤㅤㅤㅤ— O Butch atirou na gente... ele deve ter fugido pra lá também — comenta Millie, atirando em uma mulher de regata preta na saída do beco.
ㅤㅤㅤㅤ— E o filho da puta tava mais perto do que a gente. — ele mira o fuzil novamente, mas antes que possa atirar, escuta um som de buzina acompanhado de um motor.
ㅤㅤㅤㅤTanto ele quanto Millie param de andar e observam alguns dos sangrentos se virarem na direção do barulho, não tardando até que dezenas deles sejam arremessados pela Chevrolet Colorado, que passa abrindo caminho no meio da horda. Ao volante da caminhonete, Elizabeth freia ao lado da dupla, já abrindo a porta do passageiro:
ㅤㅤㅤㅤ— Entrem, rápido!! — ela está eufórica.
ㅤㅤㅤㅤ— Vai, vai! — mesmo relutante, Dylan empurra Millie para a porta de trás, que a própria menina abre para embarcar, enquanto ele fecha a do passageiro depois de sentar no banco.
ㅤㅤㅤㅤA loira então pisa fundo no acelerador e sai em disparada pelas ruas infestadas de sangrentos, que seguem o veículo inutilmente.
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