Ambiente propício
Notas iniciais
Esse capítulo é muito muito especial, e por isso vocês irão notar uma certa mudança no layout dele, e consequentemente dos daqui para frente, que será alternar texto e as mensagens em algumas partes para conseguir captar tudo o que está acontecendo.
O título desse capítulo vem da música Enabling Environment, de Sleeping At Last.
Podem a considerar como a música desse capítulo <3
Gru
Luccas: Eieieieieie
Luccas: Gru?
Luccas: Você está aí?
Gru: Não.
Gru: Por que está me ligando as duas da manhã?
Luccas: Por que está acordado as duas da manhã?
Gru: É sério isso?
Luccas: Podemos conversar?
Luccas: Só um pouco.
Luccas: Ou não, não sei.
Gru: Tu é um idiota.
Luccas: Desculpe.
Gru: Vou atender.
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Número desconhecido
Número desconhecido: Maximillian?
Max: Quem é?
Número desconhecido: Desculpe a hora. Aqui é Bertrando Angelo, irmão do Beau, que namora seu irmão?
Max: Sei quem é. Aconteceu algo com Beau?
Número desconhecido: Não, é sobre Luccas.
Número desconhecido encaminhou um endereço
Número desconhecido: Ele está nesse endereço, ele precisa de alguém com ele.
Max: Estou indo lá.
Max: Sabe o que aconteceu?
Número desconhecido: Ele não está ferido, mas vai ter uma ressaca.
Max: Droga
Max: Luccas
Número desconhecido: Sinto sua dor, tenho meu Luccas também.
Número desconhecido: Cuide dele.
Número desconhecido: Não diga que eu disse isso, ou vou alterar minha imagem
Número desconhecido: Mas ele não precisa que briguem com ele hoje, ele só precisa de conforto. Briga depois. Ele não está em um bom momento.
Max: Muito muito obrigado Bertrando.
Max: Eu devo uma.
Número desconhecido: Só leva o idiota para casa, dá um banho, e conversa com ele.
Número desconhecido: E se puder...
Max: Eu aviso.
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Nício
Nício: Está tudo bem? Por que não voltou para cama?
Nício: Trando?
Bertrando: Volto em alguns minutos.
Nício: Quem era no telefone? Aconteceu alguma coisa?
Bertrando: Era o Lemos. O do meio.
Nício: Luccas está bem?
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Maximillian
Maximillian: Estou com ele
Maximillian: Muito obrigado Bertrando.
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Nício
Bertrando: Ele vai ficar.
Bertrando: Estou voltando para cama.
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Lian
Lian: Foquinha, eu quero te avisar uma coisa.
Beau: ?
Beau: Atento.
Beau: Desculpa, estava no laboratório conversando com um dos técnicos e lamentando minhas escolhas na vida.
Lian: Vejo que está no dia que não gosta de pessoas.
Beau: Me conhece tão bem amor. ◕‿◕
Lian: ʕ•ᴥ•ʔ
Lian: Meu coração
Beau: Meu mel
Lian: Meu bem
Beau: Mio tesoro
Lian: Minha torta de amora.
Beau: Torta de amora?
Lian: ...
Lian: Não sou bom nisso.
Lian: Enfim, má notícia. A família Lemos tem costume de passar o natal no sítio com a família toda que vem, e meio que por lá não pega telefone direito, muito menos internet.
Lian: Geralmente saímos dia 23, mas dessa vez resolveram que queriam mais tempo juntos, então adiantaram dois dias.
Lian: Então amanhã serei despachado e só volto dia 26.
Beau: Sem Lian até dia 26? ('_ゝ')
Lian: Dia 24 eu vou dar um jeito, me penduro na árvore mais alta para achar área se preciso.
Beau: Tu cai se fizer isso.
Lian: Verdade, cair por você.
Beau: Dio mio ó_ò
Lian: Eu disse que era ruim nisso ¯\_(ツ)_/¯
Beau: Eu espero você coração.
Beau: Vou sentir sua falta.
Lian: (。ŏ﹏ŏ) Eu também. Abstinência de Boo.
Beau: (T_T)
Lian: Pode falar no Skype hoje?
Beau: Horário de sempre?
Lian: Por favor. Quero uma overdose de Boo antes de ir.
Beau: ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Lian: hahahahhaha
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Luccas
Luccas: Bom dia AMIGO
Luccas: ❤
Trando: Amigo? Eu te dei essa intimidade?
Luccas: Ownt, não seja assim amigo
Luccas: Eu esperei TANTO por esse dia
Luccas: Fiz até nossa pulseira da amizade ❤
Trando: Tu alucinou Lemos
Trando: Me deixa trabalhar
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Diggory
Diggory enviou um áudio
Beau: Ah música de boa qualidade. (・ิω・ิ)
Diggory: Né? Bon Iver.
Beau: Quem machucou esse cara?
Diggory: hheuheuhuehueheuhe
Beau: Pelo menos a dor dele gerou boa música.
Diggory: Fato. Como tu está?
Beau: Bem. Um pouco triste de não ver a família no natal pela primeira vez, mas bem.
Diggory: (-_-;) é, Bertrando me contou que não vinha.
Beau: Onde encontrou o Trando?
Diggory: Minha mãe trabalha no mesmo hospital que ele está.
Beau; Hospital?
Beau: Caio.
Beau: Caio, que hospital.
Diggory: Merda. Tu não sabia.
Diggory: Me desculpa Beau, liga para sua mãe.
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Mammà
Beau: Por que Bertrando está no hospital?
Beau: Eu estou tentando ligar.
Beau: Mammà
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Fratelli
Beau: Cadê o Bertrando
Ben: Quem é Bertrando?
Benigno: Uma questão mais importante: Por que Bertrando?
Beau: Que engraçado. Se pudessem ver meu sorriso agora.
Brando: Alguém está encrencado. Há anos não ouço Boo chamar o Tran assim.
Beau: Vocês sabiam?
Beau: Da operação.
Beau: Estão calados.
Beau: Eu não acredito que fizeram isso comigo.
Beau: Não me disseram nada.
Benê: Beau, se acalma.
Beau: Se ele tivesse morrido iam esconder de mim também?
Ben: Dio mio Beau.
Beau: Desculpa. Desculpem.
Beau: Mas eu to puto com vocês.
Beau: Muito muito puto.
Beau: Mas talvez eu tenha merecido um pouco por ter escondido o que aconteceu também.
Brando: Ei ei ei Lentiginni, isso não tem nada com isso.
Brando: Que porra Beau?
Nitto: Parem de falar palavrão.
Nitto: Quem contou a você?
Beau: Nenhum de vocês.
Nitto: Beau
Nitto: Merda
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Trando
Trando: Me desculpe, eu to bem
Trando: Beau, não faz assim
Trando: Levar gelo não faz bem para meu coração.
Beau: Que bom que acha isso engraçado.
Beau: Sabe quanto tempo eu demorei para conseguir ligar e falar com um de vocês?
Beau: Sabe o que eu pensei o tempo todo?
Trando: Sei bem, já passei pela mesma coisa.
Trando: Merda, não era para ter saído assim, não foi o que quis dizer.
Beau: Eu lamento as coisas que escondi, eu pensei que era a coisa certa a fazer, mas eu só me ferrei por isso, eu ferrei todo mundo.
Trando: Eu não tentei te punir Beau.
Trando: Só não queria te preocupar.
Beau: Bem, parabéns, ele não parou de chorar desde cedo.
Trando: Quem é?
Beau: Kaia.
Beau: Ele não conseguia falar com ninguém, imaginação rolou solta.
Trando: Merda
Beau: Concordo. Agora deixa eu cuidar do bolinho de tristeza enquanto você pensa em um jeito de pedir perdão pelo crime de fazer o irmão que só fala de você chorar.
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Benício
Tran enviou uma imagem.
Benício: Tudo saiu bem na conversa, eu vejo.
Benício: Só que não.
Tran: ...
Benício: Eu disse para não esconder dele.
Tran: Tu disse.
Benício: Essa menina sabe dar o golpe final, gostei dela.
Benício: Senti o ódio emanar.
Benício: Pelo menos sabemos que ele está em boas mãos certo?
Benício: Ele vai te desculpar.
Benício: To indo para o hospital.
Tran: Benigno está aqui.
Benício: Vou mesmo assim. Não posso?
Tran: Vem
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Lian
Beau: Hey, estás aí?
Beau: Lian?
Beau: Droga, esqueci.
Beau: Não era nada quando ver isso, só saudades.
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Beau: Eu te amo, tá?
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Benê
Benê: Beau
Beau: Eu sei que estou sendo hipócrita
Beau: Eu não tenho direito de cobrar nada a ninguém
Beau: Eu sei disso.
Benê: Não era isso que eu ia falar
Beau: Tu sabia? Da operação?
Benê: Eu sabia.
Benê: Eu não fui a favor dele esconder, ninguém foi
Benê: Mas sabe como ele é.
Beau: Eu não consegui ligar, ou falar com ninguém
Beau: Eu sei que foi irracional
Beau: Mas eu comecei a pensar
Benê: Beau, está tudo bem. Ele está bem.
Beau: Eu nunca contei a ninguém eu acho, mas desde daquele dia no banheiro da escola, eu sonho com isso de vez em quando. Com Trando morrendo.
Beau: Algumas vezes é um de vocês, mas quase sempre é ele.
Ben: Beau
Beau: Teve um momento lá, que eu não consegui sentir a respiração dele. Só uns segundos, antes de Nício chegar. Sabe como até hoje eu checo a respiração de vocês a noite?
Beau: Eu pensei que ele estava morto Ben, eu pensei que tinham matado o Trando.
Beau: E agora ninguém atendia e eu pensei eles não querem que eu saiba, ele ta morto.
Benê: Jesus Beau
Beau: É irracional. Eu sei que é, eu sei que vocês teriam me contado, eu sei.
Beau: Me desculpa.
Ben: Trando está bem, a operação foi um sucesso, todos estão bem. E logo Ben vai estar aí e não vai te soltar.
Ben: Tudo bem?
Beau: Tudo bem
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Ben
Ben: A gente tem muito o que conversar quando eu chegar aí. Benê falou comigo.
Ben: Vou te ligar
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Ben
Trando: Eu fiz uma besteira enorme.
Ben: Você fez.
Ben: Como eu disse que seria.
Trando: Falou com ele?
Ben: Sim. Dê um tempo a ele. Ele não está com raiva
Trando: Aham
Ben: Certo, ele está puto, mas não é bem isso
Ben: Ele ficou apavorado.
Ben: Ligue amanhã, conversem
Trando: Vai embarcar hoje?
Ben: Vou. Estou levando um presente para ele ficar melhor.
Trando: ?
Ben: Ci vediamo, fratello!
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Fratelli
Brando: Campo seguro? Ainda minado?
Nitto: Não tem graça Brando
Brando: Eu concordo, Beau puto é assustador
Brando: Mesmo por mensagem
Beau: Me desculpo pelo tom, mas vocês mereceram.
Nitto: Desculpa Beau.
Brando: Todo mundo foi contra.
Trando: Valeu por me jogar debaixo do ônibus irmão Brando.
Brando: Se for para me livrar da ira do Beau eu jogo mesmo.
Trando: Medroso.
Trando: Benê foi o único que intercedeu por mim.
Benê: Apesar de não ter merecido muito, me escuta da próxima.
Brando: Essa doeu até em mim.
Benigno: Então, todo mundo está bem? Reconciliados?
Beau: Perdoo vocês, por me fazerem chorar tanto que minha cabeça doeu
Brando: Meu deus, to me sentindo muito mal agora.
Benigno: Que bom que estão todos bem então, porque Sarah acabou de entrar em trabalho de parto
Beau: O QUÊ?
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Fratelli
Beau: Me contem
Beau: PESSOAL
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Pappà
Beau: PAPPÀ
Beau: EU TO MORRENDO DE CURIOSIDADE.
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Mammà
Beau: MAAAAAMMÀAAAAA
Mammà: ooooh
Beau: Não tem graça
Mammà: I don't want to die
Beau: щ(゜ロ゜щ)
Mammà: I sometimes wish I'd never been born at aaaaaaall
Beau: (*゚ロ゚) EU VOU LEMBRAR DISSO DONA CLARA
Mammà: mi dispiace amore mio.
Beau: Não teve graça ∑(゚ロ゚〃)
Beau: Não fala comigo.
Mammà: Beeeeau, volta.
Mammà: Perdoa a mammà Σ(・口・)
Mammà: É um menino e o nome dele é Bento.
Beau: Abençoado
Beau: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH
Beau: O(≧▽≦)O
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Fratelli
Benigno enviou 10 fotos
Beau: o(〃^▽^〃)o
Beau: Se ele espera mais um dia vocês ganham um presente de natal
Benigno: 10 minutos. Ele nasceu dia 23 as 23:50.
Beau:(*〇□〇)......!
Ben: PARABÉNS NIGNO.
Beau: BEEEEEN, CADÊ VOCÊ??
Ben: Em Madrid fazendo a conexão. Mais uma hora Boo, e chego no aeroporto.
Beau enviou uma foto
Beau: Atento esperando.
Brando: Aposto que ele está acampando nesse aeroporto faz é tempo.
Beau: ... ₍₍ (ง ˙ω˙)ว ⁾⁾
Ben: (*•̀ᴗ•́*)و ̑̑ Eu sou o favorito
Trando: (๑◕︵◕๑) Ele é Beau?
Beau: Vocês são ridículos
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Lian
Lian: Ei, Boo?
Beau: LIAAAAAAN
Beau: Tu subiu em uma árvore?
Lian: Mais alto hahaha
Lian: Empolgado? Fiquei preocupado com sua mensagem, mas parece melhor.
Beau: O filho do Nigno nasceu, Bento, e aconteceu mais tanta coisa.
Beau: Quanto tempo tem?
Lian: Engraçado você perguntar isso.
Beau: ? 「(゚ペ)
Lian: Eu sabia que você ficava bonito de azul
Beau: ?
Lian: Olha para trás, Boo.
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- Olha para trás, Boo.
Beau o fez, devagar. A primeira coisa que viu foram cabelos vermelhos. Era Adelina. Adelina estava ali, com Ben. Saindo do lado oposto do portão que ele pensava que ele sairia, mas não teve muito tempo em pensar em como havia sido enganado.
Ele estava ali, ao lado dela. Telefone na mão, sorriso no rosto.
Não se deu conta em como atravessou a multidão tão rapidamente. Seu coração estava acelerado, e ele devia ter vindo correndo também em sua direção, em segundos estava com os braços bem presos ao redor do outro garoto.
Eles passaram talvez minutos assim. Em um abraço apertado, enquanto as pessoas passavam por eles no aeroporto lotado. Algumas sorriam ao ver a cena. Ainda mais quando seus pés saíram do chão e ele o rodou com uma risada - que percebeu que logo seria um dos seus sons favoritos – para o abraçar de novo, apertado.
-Oi, Boo – ouviu a voz murmurar contra seu cabelo e sorriu, escondendo o rosto no peito que o apertava sufocado.
-Oi Julianbarte.
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Trúpe
Natasha enviou um vídeo
Natasha: É tão doce que estou enjoada
Max: Enjoada é? Hum
Natasha enviou uma imagem
Natasha: Vou ignorar seu comentário e continuar apreciando a vista, irmão
Luccas: ooooooooowwwnt
Luccas: Eles crescem tão rápido (T_T)
Natasha: Oh sim, irmão.
Natasha: Bom te ver
Natasha enviou uma imagem
Natasha: Eu e Boo. Juntinhos.
Luccas: A vá
Julian: E lá vamos nós(>y<)
Natasha enviou uma imagem
Natasha: Ganhei um bebê foca <3
Max: <3
Luccas: Continuo sendo o primeiro a encontrar com a família Angelo
Luccas: U-U
Natasha: E eu fui aquela que conheci Beau Angelo
Natasha: E abracei ele
Julian: hahahahah
Luccas: (¬_¬")
Natasha: E vou novamente amanha!
Julian: Vaaaamosss!!!
Max: Meninos...
Luccas: U_U
Natasha: <3
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Fratelli
Ben enviou um vídeo
Trando: WHAT
Brando: WHAT 2
Nitto: Como assim gente.
Benê: Que coisa mais linda
Benê: Meu deus Ben, foi uma surpresa?
Nigno: Isso é o Julian?
Nigno: Olha a cara de felicidade do Beau hahahaha
Benício: Quebraram o Trando
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Kaia
Kaia: Meu deos Boo
Beau: Eu sei ⌒°(❛ᴗ❛)°⌒
Kaia: Ele é lindo, tipo garoto tumblr
Beau: Eu sei O(≧∇≦)O
Kaia: Vocês dois são o verdadeiro significado de tanto faz
Kaia: Odeio vocês
Beau: o(^▽^)o
Kaia: Quem é a ruiva?
Beau: Adelina, noiva do meu irmão, irmã do Lian.
Beau: Kaia? Porque está com essa cara?
Kaia: Retiro o que disse, eles dois são o verdadeiro significado de tanto faz
Kaia: Acho que sou bi
Beau: ¯\_▒ – ﹏ – ▒_/¯ Ela causa esse efeito nas pessoas.
Kaia: Eles não vão ficar aqui?
Beau: Só Ben.
Beau: Nat e Lian preferiram ficar em um hostel, já tinham reservado ¯\_༼ ಥ ‿ ಥ ༽_/¯
Kaia: Own, Sad Boo
Kaia: Ownt, o jeito que ele te olha.
Kaia: Já beijaram?
Beau: ...não
Kaia: what
Beau: ¯\_▒ – ﹏ – ▒_/¯
Kaia: Essas crianças de hoje em dia.
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-Eu não estou cansado.
-Claro que não, só viajou o dia inteiro. Dorme Lian
-Mas...
-Ele não vai fugir docinho, vocês vão se ver mais tarde. Tira esse bico.
-Não fiz bico.
-Aham, fez nada. Durma.
Como se fosse possível.
Julian revirou um pouco na cama. Os dois estavam dividindo um quarto, e conseguia ver a silhueta de Nat deitada pela pouca luz filtrada nas cortinas.
Ele queria ter ficado com Boo, mas Nat tinha razão, eles não podiam se impor em uma republica já lotada, e também se sentia um pouco envergonhado em passar por desesperado.
Suspirou e fechou os olhos, e o rosto dele lhe veio a mente o fazendo sorrir.
E droga, Beau era uma daquelas pessoas que eram ainda mais bonitas pessoalmente. As sardas no rosto, a covinha na bochecha esquerda quando ele sorria, os olhos pareciam ainda mais claros do que nas fotos. E o cabelo dele...o cabelo era tão macio.
E a voz? Ele já tinha ouvido a voz dele, mas era diferente pessoalmente, mais rouca do que pensava.
A presença dele foi o que prendeu mais. Beau era confiante. A forma como ele caminhava era de quem tinha um propósito, sem hesitação alguma a vista. Os olhos dele pareciam mais velhos do que ele era também. Meio como Nat as vezes.
-Ele é adorável, né?
Ouviu a voz dela na escuridão, divertida. Sentiu seu rosto corar, devia estar se comportando como um bobão.
-Ele é... fascinante. – Pronto, uma melhor palavra. – Nunca vi ninguém como Beau.
-Uhum. – Nat bocejou. – Ele é um bolinho gentil, mas que você sabe que pode te colocar no chão. Viu os músculos no braço dele? Ou dos outros lugares...
-N.Natasha!
Ouviu a risada e sabia que ela tinha feito de propósito.
Mas tinha ficado um pouco surpreso. Beau tinha músculos realmente. As vezes esquecia que ele havia praticado luta por anos.
-Dorme Lian, que logo você vai ver seu Boo.
Mais fácil falar do que fazer.
E ele iria dormir.
Depois que fizesse uma última coisa...
Suas mãos buscaram automaticamente sua mochila ao lado da cama, procurando por seu caderno de desenhos.
- Julian... – Natasha suspirou.
- Vai ser só um esboço – disse rapidamente. – prometo.
- Claro. – O farfalhar de pano foi o único aviso que teve antes que um travesseiro o acertasse.
- Naat – Julian implorou com uma risada, enquanto travava uma batalha – perdida, ele sabia – pela posse do caderno.
Ele perdeu, como sempre.
- Você vai fechar esses olhos lindos antes que eu decida te deixar inconsciente, me ouviu? – Natasha estreitou os olhos.
Ele tentou esconder o sorriso com um falsa careta de descontentamento, mas falhou miseravelmente.
Natasha bufou e bagunçou seu cabelo.
- Você tem tempo para isso mais tarde, ursinho.
- Eu tenho. – respondeu Julian alegremente, puxando sua irmã para um último abraço, fazendo-a soltar uma gargalhada.
Sim, ele ainda tinha bastante tempo sobrando.
Julian mal podia esperar.
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-...e dia 26 vamos a Madrid, tem muita coisa para mostrar a vocês lá.
-Bem, parece que você planejou tudo. – Ben sorriu com a mão no queixo sentado na mesa da cozinha. Beau sabia que estava uma matraca enquanto preparava o chá. Havia arrumado o quarto para Ben dormir, mas ele havia insistido em ficar acordado um pouco mais com ele.
Sentiu os olhos macios do seu irmão nele, o pequeno sorriso de canto enquanto o seguia pela cozinha.
-É bom te ver sorrir assim.
Sentiu seu rosto corar completamente e o escondeu na geladeira, fingindo procurar alguma coisa. Ouviu a risada de Ben com isso e bufou ofendido. Sabia que ele estava fazendo de propósito.
-E ele é como você imaginava?
Melhor, muito melhor. Os olhos azuis gentis, o abraço dele não o deixava desconfortável, e apesar de ele ser maior que Ben ainda, ele não o deixava intimidado. Fazia tanto tempo que não se sentia a vontade com alguém além dos seus irmãos que era até um pouco assustador de sentir isso.
-Ele me deixa...- falou antes de conseguir se segurar, colocando os biscoitos no balcão, fitando as mãos. -...seguro? É, seguro.
Não olhou a expressão de Ben, mas a voz dele era mais gentil quando falou.
-Isso é bom. Muito bom.
Beau sorriu sem conseguir se segurar. Julian parecia um gigante gentil, com os olhos mais bonitos que havia visto, o cabelo de quem saiu da cama e certa inocência na forma como via o mundo.
-Você o ama mesmo.
Não era uma pergunta, mas assentiu mesmo assim, escondendo um pouco o rosto. Ouviu a risada baixa de Ben e jogou o pano de prato nele.
-Adelina é linda também. E...alguma coisa.
-É. – Ben sorriu de orelha a orelha. – A mulher mais maravilhosa que conheço. Ela que armou tudo isso, sabe? E tirou Julian de circulação por ele não conseguir mentir.
Tinha que ser.
Beau sorriu, ouvindo Ben falar de Adelina com olhos apaixonados. Era tão fácil distrair a atenção de si mesmo com os irmãos – exceto Trando – que era até bonitinho.
Iriam tomar o chá, e iria obrigar Ben a dormir, nem que tivesse que dormir também por perto, porque pelo jeito o irmão não queria largar dele.
Não que se importasse.
E então mais tarde veriam Julian.
Veria Julian. Julian ia passar dias com ele, até ele ir para Antártida dia 4.
Sorriu para a xícara, a voz de Ben como pano de fundo.
Talvez não conseguisse dormir.
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O último natal de Peter em família havia sido com Emilly.
Ainda assim, lá estava ele, na republica cheia de jovens ouvindo músicas natalinas e risadas. Sentado na única poltrona na sala com um prato de comida nas pernas, ele fitou a árvore de natal no canto feita de material reciclável e bufou uma risada.
Desviou os olhos ao redor, se sentindo menos estranho do que pensava.
Seu menino estava lá no balcão, trazendo coisas para mesa. O cabelo preso, uma roupa que parecia confortável e – riu com isso – os pés descalços. Como de costume. Ele sempre dizia que odiava sapatos, e isso era uma coisa de quem havia crescido na praia, mas Peter nunca conseguia entender direito.
O outro garoto – 'Peter, esse o Julian' – estava grudado nele, como havia os visto desde que chegara. Ele sorria de forma entusiasmada, os dois se movendo em sincronia pela casa. E era como ver o passado. A forma como eles se olhavam, era como ver a si mesmo e Emilly novamente.
O irmão dele também os fitava, os braços ao redor da mulher ruiva. Os olhos seguindo o irmão com um sorriso no rosto, satisfeito.
E Peter estava feliz. Embora planejasse fugir assim que desse meia-noite para casa, ele havia vindo, pelo seu menino. E não se arrependia.
Seu menino o fitou do outro lado da sala, olhando seu prato e então parecendo satisfeito em o ver comer.
Peter balançou a cabeça.
Talvez ficasse um pouco mais.
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Lian
Lian: O presente que você deu ao Peter
Lian: Você é a melhor pessoa Boo
Beau: o(^∀^*)o
Beau: Tu acha que ele gostou mesmo? Eu fiquei com um pé atrás, mas achei que ele precisasse de uma companhia.
Lian: Está brincando? Ele parecia em êxtase. Onde conseguiu o gatinho?
Beau: Em um abrigo, ele foi resgatado. Perdeu a patinha em um acidente.
Lian: (︶︹︶)
Lian: Mas eles têm um ao outro agora.
Beau: Eu amei o presente, eu já disse, mas digo de novo.
Beau: Me vê mesmo assim?
Lian: Eu te vejo muito mais do que isso, mas não consigo replicar totalmente a forma como eu te vejo.
Beau: Para, me fazendo corar.
Lian: hahaha, e eu adorei o meu também.
Beau: Mas o melhor presente foi do Ben.
Lian: O que ele te deu?
Beau: Ele trouxe você aqui. (•́⌄•́๑)૭✧
Lian: Beeeeauuuu
Lian: touchê.
Beau: . (∗'꒳')
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Fratelli
Ben enviou 22 imagens
Nitto: Turistando em Barcelona
Benê: Eles são tão fofinhos juntos, olha a cara do Beau.
Brando: Eu ainda estou incrédulo.
Brando: Ben conseguiu esconder algo do Trando.
Trando: Eles crescem rápido
Trando: E não foi ele, foi Adelina.
Ben: Verdade
Ben: Ainda assim, eu sabia uma coisa que ele não sabia
Brando: hahahaha, olha lá, ainda joga sal na ferida.
Benigno enviou 62 fotos
Trando: 62 Nigno? Sério isso?
Benigno: Bento é tão fofo
Benigno: Ele parece tanto com a mãe
Brando: O guri tem dias de vida, ele não parece com nada.
Benigno: Gasp!
Nitto: Blasfêmia Brando!
Benê: Claro que eles parecem.
Benício: Os pais falaram, eles sabem.
Benício: Quem me colocou no grupo, e quando foi isso?
Brando: Você é um Angelo também, apesar de Trando monopolizar você
Benício: Ownt Brando
Trando: Sai, é meu.
Ben enviou um vídeo
Ben: Beau parece tão feliz.
Benê: Não só ele. Sua cara Ben.
Ben: hahaha
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Madrid, Anjo caído e quando Julian não soltou sua mão.
Não era a primeira vez que vinha aos jardins do retiro de Madrid. Poderia até dizer que das atrações turísticas que vira desde que chegara meses atrás fora o lugar que mais gostara na Espanha. Se sentia calmo lá calmo, podia respirar melhor e pensar.
Era a primeira vez que não vinha sozinho, no entanto. Olhou de soslaio e segurou o riso ao ver Lian com o nariz enfiado nos panfletos, óculos deslizando pelo nariz, completamente enrolado em cachecóis e casacos, uma touca cobrindo os cabelos desalinhados. Estava mais acostumado com o frio, esquecia que não era o caso dele.
Sentindo o escrutínio os olhos azuis desviaram dos papéis e o fitaram. Tentou não ficar vermelho com a medida que ele lhe deu.
- Não acredito que está usando só uma jaqueta e uma touca Boo, aqui diz que é o segundo mês mais frio do ano.
-Garoto do sul aqui. – Deu de ombros.
Julian fez uma cara se desaprovação. Mãe galinha.
Colocou as mãos geladas nos bolsos e riu dele.
-Larga esses papéis e aproveite seu guia.
-Perdão meu guia magnífico.
Julian fez teatro de guardar os papéis na bolsa e o olhar atento, quase o deixando sem graça.
Quase.
- Esses jardins datam de 1630 e 1640.
-Uau
- O Conde-Duque de Olivares, vassalo e puxa saco do rei Filipe IV, ofereceu ao monarca alguns terrenos para o lazer da Corte ao redor do Covento de San Jerónimo el Real
Julian riu da sua narrativa, o seguindo quando saltou por um dos bancos em direção as estátuas favoritas.
A caminhada o fazia sentir menos frio. Isso e a presença de Julian bem perto enquanto caminhava.
-O complexo, também chamado de Palácio do bom retiro, foi adaptado e ajardinado. 145 hectares.
- Queria um puxa saco desses.
-Todos nós Julianbarte. Esses jardins foram concebidos pelo cenógrafo Italiano Cosme Lotti.
-Conhecido seu?
Beau riu com gosto.
-Esse lugar já serviu de quartel para Napoleão, e foi modificado várias vezes. Essa passarela, o paseo de las estatuas, tem obras de vários artistas retratando vários monarcas.
Julian assentiu, fotografando ao redor enquanto explicava mais toda a história do lugar.
Parou quando reparou que ele também o fotografava e fez cara feia.
-Parei.
Saiu correndo, a risada dos dois ao redor, até parar em seu lugar favorito. A fonte do anjo caído, de Ricardo Bellver.
Anjo caído.
Angelo.
Ficaram em silêncio lado a lado. Muito perto um do outro. A respiração saindo em vapor no ar enquanto recuperavam o fôlego.
-É lindo. -Murmurou olhando a obra, com o mesmo encanto da primeira vez.
-É sim.
Olhou de lado e percebeu que Julian não olhava para a estatua, mas para ele.
Ficou tímido, sorrindo e voltando os olhos para a fonte, encabulado.
Finalmente estava com frio, ao ficar parado tanto tempo.
-Vem cá.
Julian estendeu a mão e obedeceu hesitante e curioso. Olhou fascinado enquanto ele pegava suas mãos e o puxava para mais perto, sorrindo enquanto esfregava as mãos entre as suas até as aquecer.
Seu rosto ficou ainda mais vermelho quando ele o olhou de forma crítica, retirando seu cachecol vermelho.
-Não precisa!
Julian o ignorou e colocou o tecido em seu pescoço, o ajeitando a seu gosto.
Ele estava perto. Tão perto que as respirações se misturavam no ar.
Notou quando ele se deu conta disso também, se preparando para se afastar com um olhar de desculpas. Havia notado naqueles dias em como ele tinha cuidado em respeitar seus limites, sempre observando suas reações com cuidado.
Ficava grato, e um pouco frustrado consigo mesmo ao mesmo tempo.
Não deixou que se ele afastasse dessa vez.
Tocou hesitante o rosto dele com sua mão, Julian ficando bem parado, os olhos nos seus.
Esperando.
Contornou o rosto dele com os dedos devagar. Iniciando o contato. Era tão difícil estar assim com alguém nos últimos tempos. Sem sentir medo. Sem sentir-se errado.
Julian deixava tudo tão fácil. Simples.
Como respirar.
Aproximou o rosto do dele, os olhos questionando. Esperando que ele se afastasse. Era a primeira vez que fazia isso. Tomava a iniciativa. Queria isso. Queria que não tirassem isso dele também.
Julian sorriu, abaixando mais o rosto, permitindo que finalmente encostasse os lábios nos do dele com calma.
Prendeu a respiração por segundos e se afastou, o fitando.
Ele estava vermelho, e parecia bem satisfeito. Sorriu finalmente em resposta, voltando a encostar os lábios, dessa vez permitindo um beijo mais profundo, menos hesitante. E outro. E outro.
Sentiu as mãos grandes em sua cintura, suas costas. O trazendo devagar para mais perto. Logo estavam tão juntos que não sabia se de longe alguém veria duas pessoas ou uma só.
Mesmo quando pararam de se beijar, sentiu Julian beijar seu rosto inteiro, encostando a testa na sua e o fitando de uma forma que nunca ninguém havia feito antes.
Era incrível. E um pouco assustador, sentir tudo o que sentia naquele momento.
Ficaram assim por muito tempo, engolfados nos braços um do outro, sentindo-se quente e protegido como não se sentia em tanto tempo.
Ainda estavam assim quando Adelina os chamou de longe.
Se separaram devagar, um último beijo, outro na ponta do seu nariz que o deixou vermelho e sorrindo bobo.
Julian não soltou mais sua mão.
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Madrid, Anjo caído e quando Beau não soltou sua mão
Desde que chegara na Espanha seu cérebro estava sobrecarregado com tanta informação.
Na verdade, Julian se sentia uma mistura de calma e confusão do momento em que tirou – finalmente – o passaporte e marcou a data da viagem até realmente entrar no avião e pousar em solo europeu. Sua cabeça e seu coração eram uma bagunça nos dias que se seguiram.
Julian não tinha ideia de que dois sentimentos tão distintos poderiam coexistir em um único ser, todavia ele seria condenado se dissesse que lhe desgostava toda essa desordem emocional. Não quando seu peito e – clichê do século – sua barriga dançavam com borboletas inexistentes só de olhar para Boo.
Todo o ensinamento de sua mãe sobre encarar fixamente alguém foi definitivamente jogado no ralo quando Beau estava perto dele. Julian constantemente forçava a si mesmo a desviar o olhar daquele que tanto quis conhecer. Era uma tortura. Ele não queria deixar Beau desconfortável, portanto frequentemente Julian se obrigava a ter algo nas mãos. Como os papéis que segurava, no momento.
Mas era tudo em vão, se considerar a quantidade de vezes que Julian tropeçou nos próprios pés ao se ver admirando Boo. Poderia até estar fazendo um tolo de si mesmo, mas deus, ele não conseguia se importar.
Beau estava apenas a poucos passos de distância dele e era tudo o que sempre quis.
Ele e Boo, nos jardins do Retiro em Madrid.
"Respire" Encheu os pulmões e focou novamente nos panfletos em suas mãos, óculos escorregando em seu nariz. "Aja normalmente"
Olhou para cima e tentou com afinco não ruborizar ao encontrar Beau encarando-o. Uma brisa gelada passou entre eles e Julian estremeceu. – Não acredito que está usando só uma jaqueta e uma touca Boo, aqui diz que é o segundo mês mais frio do ano. – Replicou quando um arrepio percorreu seu corpo.
-Garoto do sul aqui. – Beau respondeu com um dar de ombros.
Os olhos de Julian se estreitaram por um instante e Beau apenas riu.
-Larga esses papéis e aproveite seu guia.
-Perdão meu guia magnífico. – Sorriu enquanto admirava Boo. Ele parecia tão à vontade naquele ambiente que Julian se via incapaz de desviar o olhar. Era muito mais forte que ele.
- Esses jardins datam de 1630 e 1640.
- Uau – exclamou com inteligência.
- O Conde-Duque de Olivares, vassalo e puxa saco do rei Filipe IV, ofereceu ao monarca alguns terrenos para o lazer da Corte ao redor do Covento de San Jerónimo el Real
Não pode conter o riso com a narrativa, enquanto Beau continuou adentrando no jardim em direção as estatuas. Julian seguiu-o feliz.
Boo transparecia tanta serenidade naquele lugar que Julian teve de se concentrar em não perder a explicação de seu belo guia turístico em função de ficar apenas admirando-o. Agradava-lhe ver que o véu de tensão que Boo comumente utilizava não estava presente agora. Era uma pequena vitória.
-O complexo, também chamado de Palácio do bom retiro, foi adaptado e ajardinado. 145 hectares.
- Queria um puxa saco desses. – brincou.
-Todos nós Julianbarte. Esses jardins foram concebidos pelo cenógrafo Italiano Cosme Lotti.
-Conhecido seu?
A risada de Beau reverberou em seu peito, fazendo cambalhotas dentro dele. Congratulou-se mentalmente por fazê-lo rir.
- Esse lugar já serviu de quartel para Napoleão, e foi modificado várias vezes. Essa passarela, o paseo de las estatuas, tem obras de vários artistas retratando vários monarcas.
Julian assentiu, enquanto puxava a máquina fotográfica para registrar o momento, como Natasha havia requisitado. Focou na paisagem, arquitetura, mas acabou voltando o foco novamente para Beau.
Não conseguia sentir-se inteiramente culpado quando Boo olhou-o com uma careta. Podia ver o brilho de diversão nos olhos cor de mel, afinal.
-Parei.
Beau disparou em uma corrida e Julian seguiu rindo, até que eles por fim, pararam em frente a uma fonte, uma estátua de um anjo bem no meio dela. Julian olhou para Beau com dúvida e parou quando notou que este parecia estar imerso em pensamentos.
Julian não poderia fazer nada, a não ser admirar.
A estátua do anjo naquela fonte não chegava aos pés da beleza do anjo ao seu lado.
Queria que aquele momento durasse para sempre. Só ele e Beau, ali, lado a lado. Julian sentia como se estivesse em um sonho. Nem mesmo o ar gelado que transformava sua respiração ofegante em vapor poderia tira-lo daquele estupor.
-É lindo. – Beau murmurou de repente, olhar ainda fixo na obra de arte.
-É sim. – Respondeu, mesmo que soubesse que o Angelo e ele não estivessem falando da mesma coisa.
Os olhos dos dois se encontraram e Julian teve o prazer de assistir o rosto de o rapaz ruborizar. Seu próprio rosto em chamas quando Boo voltou seu olhar mais uma vez a fonte.
Então o notou tremer de frio.
-Vem cá. –Chamou e estendeu as mãos até ele, que o fitou de forma confusa, mas as recebeu mesmo assim. Sentia-as tremerem um pouco quando se encontraram e não pode deixar de sorrir com o toque da pele gelada e macia entre as suas.
"Garoto do Sul, hum?" Julian olhou-o. Não saberia dizer se Beau havia entendido a pergunta não feita, ou se a vermelhidão no rosto do Angelo devia-se ao toque entre suas mãos ou o frio.
Esfregou as mãos dele entre as suas, as aquecendo. Quando satisfeito, resolveu fazer mais uma coisa. Não podia deixar Beau com frio, e já percebia que ele era bem teimoso em esconder o desconforto.
-Não precisa! – Beau exclamou quando Julian começou a retirar o cachecol vermelho de seu pescoço para envolvê-lo no outro rapaz, ajeitando o tecido cuidadosamente.
O comentário que tinha na ponta da língua sobre as cores do cachecol morreu em seus lábios quando percebeu o quão perto eles estavam agora. Tão perto que Julian podia sentir a respiração de Beau tocar seu rosto. Perto o suficiente para notar os nuances de cores nos belos olhos de Beau. Perto demais, verdade?
"Tanto para não ser estranho, bom trabalho, idiota". Lembrou-se de repente. Julian se preparou para se afastar do espaço pessoal de Beau, um pedido de desculpas pronto para ser lançado...
Quando sentiu.
O toque gentil em seu rosto congelou-o no lugar.
Isso e os olhos hipnotizantes de Beau.
Julian sentiu os dedos de Beau contornando seu rosto vagarosamente e mal se permitia a respirar. Estava preso sob o olhar conflitante do rapaz.
Ele não queria se afastar. Mesmo que seu coração estivesse batendo loucamente, Julian permaneceu imóvel. Esperando.
Beau aproximou o rosto do seu, uma pergunta em seus olhos. Ele queria responder, mas sua voz não existia no momento.
Julian deixou que suas ações respondessem por ele.
Diminuindo a distância entre seus rostos, Julian permitiu que Beau finalmente encostasse os lábios nos dele com suavidade.
Duraram apenas alguns segundos, mas foi como se um raio tivesse transpassado seus ossos com pura energia.
Beau fitou-o e o que quer que sua expressão demonstre fê-lo satisfeito suficiente para sorrir lindamente. Beau beijou-o novamente, mais profundamente dessa vez. E de novo. E mais uma vez.
Julian envolveu suas mãos na cintura dele, trazendo-o mais perto de si, o corpo dele relaxando em seus braços.
Seus lábios deixaram os de Beau e se passearam pelo rosto do rapaz, beijando cada traço que tanto lhe encantava. Descansou sua testa na dele e apenas apreciou o tesouro em suas mãos.
Ele queria se enrolar para sempre naquele momento.
Ficaram assim por algum tempo, abraçados e felizes. Julian nunca se sentiu tão alegre, assustado e pleno como agora.
Quase perdeu a voz de Nat chamando-os de longe.
Separaram-se devagar com mais um beijo, um nos lábios e o outro que Julian pôs na ponta do nariz de Beau; O que fez o rapaz ruborizar instantaneamente.
Julian podia viver para ver essa cor e sorriso nos lábios de seu Anjo.
Beau não soltou mais sua mão.
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