desrespeito
DOIS ANOS ANTES
Em seu escritório, Alastair tomava sua terceira taça de vinho, satisfeito com o seu sucesso, o Projeto Salute havia tido êxito na sua primeira cobaia.
- Eu sabia que ia conseguir - ele diz, sorrindo, só naquela noite, ele havia repetido essa frase inúmeras vezes.
- Sim, Mestre, você conseguiu - Beatrice, sentada no sofá do escritório, acenava com cabeça, só naquela noite, ela havia repetido essa frase para ele inúmeras vezes.
- Sedativos, alucinógenos, um jogo de tabuleiro e voilá, conseguimos reprogramar a mente humana, Bea - sua voz já estava afetada, mas mesmo assim enchia a taça pela quarta vez - Os idiotas da CIA levam anos para realizar o que conseguimos fazer em poucos dias, tem noção disso?
- Acho que você está simplificando demais, Mestre, você conseguiu criar um método revolucionário de reprogramação.
- Não me dê todo o crédito - ele levanta da cadeira e vai em direção a ela - Você me ajudou bastante.
- Apenas fiz o que pediu - Beatrice manteve a calma, já sabia que ele ficava sentimental quando se embriagava.
- Eu só tenho a te agradecer, minha boneca - Alastair segurou seu rosto e a beijou na boca, ela continuava calma, o beijando de volta de forma sútil.
- Você está um pouco bêbado, Mestre - ela diz assim que ele se afasta.
- Só um pouquinho - Alastair pisca para Beatrice - Onde está Geoff? Ele devia estar bebendo com a gente...
- Não se lembra, Mestre? Você o mandou buscar o Monarca Crowley.
- Eu fiz isso? - Alastair soltou uma gargalhada - Meu pai, ele vai querer me matar, ele odeia quando eu o faço de assistente...
- Ele o odeia de qualquer jeito.
Alastair se senta na mesa do escritório e dá de ombros.
- Bom... é verdade, dane-se ele!
- Dane-se quem? - Geoff pergunta, entrando no escritório.
- Geoff!!! - Alastair levanta e vai na direção do Monarca - Venha! Beba comigo, temos muito o que comemorar.
- Não - ele responde.
- Mas eu adoraria uma taça! - um entusiasmado Crowley entra na sala - Nunca duvidei de você, meu garoto!
Alastair abre um sorriso ao ver seu antigo Mestre. Ele vai em sua direção e o dá um abraço.
- Nada teria sido possível sem você, Mes- digo, Monarca.
- Essa vitória é de todos nós, temos muito o que comemorar, seu projeto vai nos deixar ricos! - Crowley olha para Beatrice - Ei, boneca, me arranje uma taça limpa, sim?
- Sim, senhor - ela se curva em respeito e vai em direção ao armário, onde se encontravam algumas taças de vidro.
Alastair, Crowley e Geoff sentam em volta da mesa do escritório, Beatrice serve os dois Monarcas com o vinho.
- Mais alguma coisa? - ela pergunta.
- Não, saia - responde Crowley, rapidamente.
Beatrice se retira da sala e fecha a porta, Alastair a observa ir embora, não queria que ela fosse, mas ele não iria contrariar seu amado ex-Mestre.
Do bolso do seu paletó marrom, Crowley tira algumas cartas.
- O que é isso? - pergunta Alastair.
- Suas cartas, garoto - diz Geoff, sério.
Alastair levanta as sobrancelhas fingindo surpresa, sabia que ia levar um puxão de orelha.
- Se Richard visse essas cartas, Ally... - Crowley abre uma - Temos tradições, não podemos ficar passando por cima delas como se fossem bobagem.
- Olha, eu...
Crowley levanta a mão, mostrando o dedo, Alastair não devia falar, só ouvir.
- "Continuo achando que é uma forma idiota de se escrever" - Crowley dá um olhar de reprovação para seu ex-discípulo - É esse tipo de atitude que faz com que você descubra que a mãe foi envenenada na banheira.
- Você consegue ser burro e gênio ao mesmo tempo, Alastair - Geoff diz, após beber um pouco do vinho - Você pode estar tentando criar algo novo para o Conselho, mas ficar desprezando as tradições e as vontades dos superiores desse jeito é arriscado demais.
- Mas eu nunca...
- Silêncio, escute - Crowley diz com firmeza, para que Alastair não ousasse falar de novo.
- O Conselho não recebeu muito bem o fato de você ter matado a cobaia que eles escolheram - Geoff continua - E também o fato de você deixar uma boneca andando livremente por essa instalação e tendo função na sua equipe também não está sendo visto com bons olhos.
- Ainda bem que Helms e os Bispos ainda estão levando fé no seu projeto, mas até eles tem um limite, não o ultrapasse, menino. Não há resultado satisfatório que esteja acima das preferências do Conselho.
Olhando para o chão, Alastair acena concordando. Geoff deixa a taça na mesa e se levanta.
- É melhor escutar o nosso conselho, garoto, o fato é que seu projeto foi aprovado de forma unânime por causa de Helms e da aprovação de Bartolomeo, sem contar o respeito que todos tem pelo seu pai, mas o fato de que um garoto criou um procedimento que pode reprogramar a mente humana em tempo recorde é assustador.
Alastair levanta a mão para falar, Crowley acena com a cabeça, permitindo.
- Não é um procedimento, é um soro, mas eu ainda não criei... - Alastair responde, ainda de cabeça baixa.
- Como assim ainda não criou? - Geoff pergunta, confuso - O "vôo da borboleta" que você aplicou em Alice...
- É um soro incompleto - interrompe Crowley - Apesar do soro fazer um estrago na cabeça de Alice, Alastair precisou usar outros artifícios para reprogramar a mente dela, o jogo de tabuleiro, o labirinto, o obelisco...
- Mas eu pensei que...
- Você acha mesmo que o nosso objetivo é ficar criando reinos mágicos para cada criança traumatizada que trouxermos aqui? - Crowley interrompe novamente - O Projeto Salute tem como objetivo principal reprogramar a mente com apenas uma dose do "vôo da borboleta". Dissociação completa em segundos, tivemos que aplicar em Alice por dias antes dos primeiros indícios da personalidade Mia surgir.
Geoff fica indignado com a resposta de Crowley, ele se sentiu enganado com todo o andamento do projeto.
- Agora que você fala isso? Então tudo foi uma perda de tempo, o Conselho sabe do verdadeiro objetivo do projeto?
- Apenas Helms sabe, meu pai e Monarca Crowley foram conversar pessoalmente com ele alguns dias antes da minha apresentação, eles acharam que era arriscado demais apresentar o projeto em sua forma original para o Conselho, já que muitos tem seus próprios negócios e objetivos, então muitos poderiam querer o soro para si, por isso decidimos apresentar o projeto como algo mais complexo, com várias doses, o labirinto e etcetera, mas terminou que eu ainda não consegui aprimorar a fórmula, então não estamos exatamente mentindo para o Conselho sobre o nosso modus operandi.
Crowley acende seu charuto e o coloca na boca, ele olha diretamente para Geoff.
- Sem contar que não foi nenhuma perda de tempo, Johnson, deu tudo certo, Mia é real, ou seja, o Projeto Salute deu resultado, mas nosso objetivo é melhorar até a perfeição, não é mesmo, Ally?
- Sim, Monarca Crowley.
- Que seja - Geoff dá de ombros - É bom que termine esse "soro mágico", garoto, pelo seu próprio bem.
- Sua preocupação comigo é notável - responde Alastair, de forma sarcástica, ele sabe que Geoff não dá a mínima para ele, mas sabe que, se Alastair cair, ele vai junto.
- Tsc, eu vou voltar para Washington - Geoff anda em direção a porta - Vou tentar acalmar os ânimos de alguns Monarcas mais barulhentos, mas vê se não faz outra merda, essa situação já tá muito delicada sem contar com o seu desrespeito às tradições do Conselho.
Ele aponta para Alastair, que levanta as mãos como se estivesse encurralado.
- Você quem manda, prometo ser o mais respeitoso possível.
- Eu acho bom, e mantenha aquela sua boneca na coleira - Geoff responde, se retirando do aposento.
Crowley e Alastair ficam em silêncio por alguns segundos, mas logo o Monarca quebra o silêncio.
- Então...e como está Mia?
- Você vai adorá-la - Alastair se levanta rapidamente - Venha comigo.
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