Alastair e Geoff andam por um corredor escuro do hospital, com apenas algumas poucas luzes ligadas.

- Então, o Conselho não te contou nada? - pergunta Alastair.

- Me contou que você fez uma apresentação deveras interessante e que seu projeto pode acabar com aqueles babacas do MK Ultra.

- Me sinto lisonjeado por eles terem falado isso.

- São só uns velhos enrugados que se impressionam com qualquer coisa nova, é por isso que eu existo, eu que avalio os projetos aprovados, assim posso dizer se vale a pena ou não investir.

- É claro... - responde um sério Alastair.

- Chegamos.

Os dois param em frente a uma grande porta de aço, nela estava escrito: "Sala de Reprogramação, somente pessoal autorizado". Geoff tira uma chave de ferro do bolso e abre a porta, que mostra ser uma passagem para outro corredor, bem mais escuro, ambos andam até o final e chegam numa sala, a escuridão não deixava nada discernível.

- Deve ter um interruptor por aqui - diz Geoff, passando a mão pela parede - Achei!

Ele puxa o grande interruptor e as luzes se acendem, revelando a sala, uma sala de concreto com uns 50 metros quadrados, algumas mesas e cadeiras, uma escrivaninha, armários e numa das paredes, uma grande janela de vidro, mostrando a sala ao lado. Alastair se aproxima da janela.

- Um vidro espelhado - ele diz - Nunca havia visto um.

- Sim, é para eu poder ver enquanto você faz o seu experimento na sala ao lado.

Alastair olha surpreso para Geoff, que responde:

- O quê? Você acha que eu vou deixar você ficar trancado sozinho num quarto com uma criança fazendo o que bem entender? Se você quiser fazer alguma barbaridade, faça, mas à minha vista.

- Sim, senhor - responde Alastair.

Geoff sai da sala por alguns minutos e retorna com mais dois homens que vieram com ele.

- Ignore eles.

- Você é quem manda - Alastair pisca para Geoff.

A porta da outra sala se abre e revela um dos homens de Geoff, segurando um menino pelo braço, o homem senta o garoto numa cadeira da sala e se retira do aposento, Alastair observava pelo vidro em silêncio, com um semblante sério.

- Ali está a sua cobaia - Geoff diz, colocando a mão no ombro do rapaz, segurando uma ficha com a outra mão - O nome dele é David, tem 10 anos, os pais eram imigrantes que morreram de malária, pobres diabos, sem nenhum parente conhecido vivo, é perfeito.

Alastair tira a mão do seu ombro e vira na direção dele, ainda com total seriedade.

- Eu posso falar com o garoto?

- Você pode fazer o que quiser com ele, mas lembre-se, eu estou observando tudo e anotando bem aqui - Geoff cutuca a própria cabeça.

Alastair sinaliza com a cabeça e sai da sala, em direção ao aposento ao lado.