two imperfect pieces
▪ JAMIE E KIT HARINGTON APROVEITARAM O TEMPO LIVRE ENQUANTO LEVAVAM O CACHORRO DE ESTIMAÇÃO DE KIT PARA PASSEAR NO NORTE DE LONDRES NA MANHÃ DE SEGUNDA-FEIRA. A ESTRELA DE GAME OF THRONES E SUA IRMÃ, A VENCEDORA DO OSCAR DE 29 ANOS, FIZERAM UMA EXIBIÇÃO LEGAL E SEM ESFORÇO ENQUANTO USAVAM BONÉS DE BEISEBOL DA NEW ERA E JAQUETAS VINTAGE.
▪ TAYLOR SWIFT SE ACONCHEGOU EM PEÇA DA THE ROW EM MEIO ÀS TEMPERATURAS FRIAS DE LONDRES DURANTE O PASSEIO EM FAMÍLIA COM SEU CUNHADO, JOHN HARINGTON, E SEU SOBRINHO. ELA PARECIA CHIQUE E CASUAL SEM ESFORÇO EM JEANS DESBOTADOS E UM SUÉTER PRETO DE GOLA ALTA. A CANTORA COMPLETOU O LOOK COM UM CASACO AZUL, BOTAS CASTANHAS E UM LENÇO PRETO, ENQUANTO CARREGAVA O SOBRINHO NOS BRAÇOS.
⋆ ⋆ ⋆
No inverno, fora do pub mais badalado de Sparsholt - que também era o único pub de Sparsholt - Jamie se encontrou com Taylor.
O espaço era muito mais familiar do que qualquer outra coisa. As pessoas se reuniam lá como faziam há muitos anos, quando era o que tinham. Para conversar, jogar cartas ou mesmo apenas ouvir as histórias que caminhavam pelo espaço.
Naquela tarde, Taylor pediu sua Guinness, assim como outras pessoas na área. Mesmo que não fosse seu costume, ela aprendera a apreciar seus copos de Guinness, especialmente estando casada com uma inglesa.
A população de Sparsholt girava em torno de 900 pessoas. A população de ovelhas certamente era mais do que isso. Tudo parecia em sintonia com a natureza. O ar era limpo, úmido e vegetal. O sol da tarde estava baixo no céu, iluminando campos tão bucólicos que faziam o Shire parecer a Times Square. E Jamie estava vestida, como sempre, inteiramente de preto.
Camisa, casaco e calças de veludo cotelê, em tonalidades que variavam, em graus quase imperceptíveis ao olho humano, do cinza escuro ao azul meia-noite até o preto genuíno.
Taylor vivia dizendo que as três coisas de que ela tinha certeza eram a morte, os impostos e que Jamie usaria preto. Ela não sabia explicar, porque na verdade era inexplicável. Como sua conexão com o vermelho, especialmente quando acabava em seus lábios. Ela não sabia explicar, porque simplesmente estava lá.
De certa forma, era uma metáfora para o resto da vida da garota. Ela gravitava em direção a um espaço extremamente estreito. Talvez fosse besteira, mas talvez não fosse uma besteira total. Jamie passava tanto tempo de sua vida vestindo "fantasias" que se sentia quase nua em seu próprio estilo. Era tão consistente e neutro que quase sempre que se colocava em qualquer guarda-roupa - como as roupas que usava sendo dirigida por Guy Ritchie - ela se sentia profundamente diferente de seu eu mais limpo. No final, ela era conhecida por isso. Era um estilo casual de negócios com um toque de alta costura. As pessoas se inspiravam no que ela vestia, e sua influência na moda era inegável. De ternos a saias e vestidos, suéteres e calças flare. Ela usava tudo.
Taylor já era o tipo de pessoa que tinha passado por fases e fases, e depois do estilo moderado com que ela navegou pelo Folklore e Evermore, ela estava incorporando muito do que Jamie tinha em seu guarda-roupa no que ela vestia. Os tons escuros, o estilo clássico. Não atoa a marca que ela mais usava ultimamente era a The Row, porque à parte de suas peças Prada, era o que Jamie mais usava, já que tinha um apreço verdadeiro quanto a marca das gêmeas Olsen.
Segurando o celular aberto com o mapa de Sparsholt na mesa mais distante do bar, Jamie olhou para Taylor.
— Eu tenho uma pequena missão para nós — ela comentou.
No caminho para o pub, Jamie ouviu música de órgão tocando na estrada e quis dar uma olhada. Noel, que as esperava do lado de fora, entrou no carro com Max e as seguiu de perto enquanto elas caminhavam até a nascente, até a igreja da vila, e atravessavam o cemitério paroquial.
A igreja estava vazia quando elas entraram, então as duas partiram para uma das milhares de trilhas lamacentas que cruzavam a Inglaterra. Esses caminhos eram feitas para conversas, pensou Taylor.
Naquele espaço, Jamie se pegou pensando na última vez que estivera ali. Sparsholt não era novidade, mas a última vez que ela tinha visto aquela mesma paisagem, quase sete anos atrás, muita coisa estava diferente.
Antes, ela estava na escola de teatro. Ela era um pouco, se não totalmente, desconhecida. As pessoas falavam sobre Kit, e uma ou duas fotos ocasionais dela e de seu irmão em suas caminhadas por Londres estavam pela internet, mas nada mais. Com peças fora do West End e pequenos papéis em pequenos projetos, mas sem avanços. Ela passou seu último ano na escola de teatro em um estúdio no centro de Londres que tinha uma cadeira, uma xícara de café, alguns livros, uma pilha de roteiros e Charlie falando sobre as direções que eles poderiam tomar. Esse mesmo local agora havia sido transformado em um antigo e luxuoso armazém com acomodações de escritório no Soho, localizado ao sul da D'Arblay Street, entre as ruas Berwick e Poland. Charlie tinha uma equipe maior e duas das maiores estrelas que qualquer agente poderia desejar. Paul e Jamie estavam cotados para todas as grandes produções dos próximos anos, e era apenas uma questão de decidirem o que gostariam de fazer - Charlie tinha atingido a sorte grande com os dois, ele admitia.
Jamie, bem, agora ela estava formando uma família. Casada e esperando um filho. Ela tinha um Emmy, um Globo de Ouro, um Critic's, um Oscar e o luxo de escolher quando se tratava de papéis. Presumivelmente, mais algumas cadeiras, mais xícaras de café, mais livros e mais pilhas de roteiros. A diferença dela, comparando o presente e os últimos sete anos atrás, era que alguém tinha dado bola para ela. Então ela foi lá e fez o que podia fazer. Tudo se acomodou depois disso.
O problema de conseguir o que você queria, porém, era que geralmente vinha com alguma bagagem que você não esperava. Todo aquele cenário excessivamente invasivo. Taylor estava acostumada com isso há tantos anos na indústria - e ela aprendeu cedo, antes mesmo de completar dezoito anos, mas Jamie não viu isso acontecer até os vinte e poucos anos.
O que isso significava? Bem, isso significava ser aberta publicamente. Ela rapidamente passou de Jamie Harington, aquela garota que era irmã do cara que interpretava o Jon Snow, daquele programa de TV, para Jamie Harington, a atriz torturada que às vezes era um escape intenso ao ponto da mania e da ilusão. A maneira como ela tinha mergulhado em seus papéis não era nenhum método novo, mas ainda sim chamava atenção. Ela mal tinha sido reconhecida no último filme de Guy Ritchie, por seu personagem ser tão estupidamente idiota e agressivo - e ela achou divertido pensar nisso.
Voltando para o hotel onde estava hospedada, Laiston House, esse clássico em uma propriedade antiga, antes do jantar, Jamie tirou um tempo para conversar com a diretora Emma Seligman sobre a possibilidade de trabalharem juntas.
A maneira incansável e obsessiva de Jamie com seu trabalho tinha levantado algumas sobrancelhas sobre se ela podia separar a ficção da realidade quando seus personagens exigiam muito, ou mesmo se era difícil trabalhar com ela. Ela preferia se isolar no set quando o personagem parecia duro e complicado demais. Trocar TikToks e planos de fim de semana com seus colegas faziam com que tudo parecesse muito casual e rotineiro. No set de "A Simple Favour" o tom tinha sido diferente, ela realmente se divertiu. Com Guy, enquanto o diretor mantinha Can tocando por horas e horas, ela se mantinha imersa em uma atmosfera que não era fantasia. O mesmo aconteceu com Fresh.
Ela normalmente vinha armada com ideias. Sebastian tinha até comentado sobre em uma entrevista recente, sobre um caso enquanto eles estavam trabalhando em Fresh, quando, para colocar seus colegas de elenco no clima para uma cena, Jamie encontrou um vídeo no YouTube de acidentes horríveis e destruição e ela fez o departamento de som tocar alto nos alto-falantes para que todos pudessem ouvir. Aquela parecia ser uma mentalidade que Mimi estava buscando, enquanto um Sebastian incorporava um completo maluco em um estado de ódio lutando contra o personagem de Jamie.
No dia seguinte, as folhas estavam escorregadias sob as botas de Jamie e Taylor. As florestas ficavam cada vez mais densas, as árvores se curvando acima do caminho para formar um túnel verde coberto de mato sem fim à vista. A névoa começou a as envolver. Quando emergiram, puderam se encontrar em um século diferente. Quase um plano cósmico diferente.
Andando, Taylor comentou como parecia como um livro ambulante de aforismos. Ela e Jamie estavam conversando sobre isso na noite passada, e não era longe da verdade. Ela tinha uma lista completa de pessoas que citava ou fazia referência nominal, independente da conversa, aquelas sempre terminavam de maneiras transitórias. Como Henry James, T.S. Eliot, Walker Percy, Kenneth Lonergan, Mark Strand, Hilary Mantel, Karl Ove Knausgård, Franz Kafka, Barry Michels, Peter Brook, Thomas Kail, Jiddu Krishnamurti, Cate Blanchett, Bob Dylan, LCD Soundsystem, John Berryman e até John Keats falando merda sobre Lord Byron.
Em algum momento, crescendo, Taylor chegou a pensar que parecia uma idiota quando dizia coisas daquela maneira, mas então ela também pensava que iria continuar citando aquelas merdas, porque era quem era, e ainda que parecesse estar ostentando cultura de uma maneira muito boba - porque as pessoas achavam bobo - ela apenas não ligava. Ela queria dizer que tinha parado de se importar com o que as pessoas diziam num todo, mas então seria mentira. Ela não se importava com aquilo em específico, mas o resto... Bem, ela ligava. Ela era uma puxa-saco patológica, que - ainda que dissesse o contrário - queria apenas receber suas palavras de aprovação.
Aquele hábito foi registrado menos como uma pretensão do que como uma compulsão sincera de absorver o que era significativo para ela. Jamie quase podia ver aquela parte da mente de Taylor trabalhando em tempo real.
Elas se diferenciavam disso - levemente.
A mãe de Jamie, por um tempo, sempre sentia que ir para Bristol tinha a arruinado. No sentido de que ela a viu ficar muito introspectiva e mais depressiva sem se encontrar realmente, ou era como uma amostra grátis, o tipo de coisa que se vinha com a faculdade. Em Bristol ela aprendeu que palavras de aprovação não pareciam muito, e no seu dia-a-dia não era o tipo de coisa que a movia, o que ela não podia dizer quando estava no set de um filme.
Além de que, na época de Bristol, ainda no início, as pessoas costumavam dizer que Jamie sorria demais, o que talvez fosse difícil para os fãs de Jamie acreditarem quando a viam tão grata, mas séria, despejando ironia a cada passo de suas entrevistas.
Mas ela havia desembarcado em Bristol e estava trabalhando nos tipos de empregos que você trabalha quando está tentando ser alguém e sobreviver a faculdade, empregos temporários, como a da loja de iogurte. Ela odiava todos aqueles empregos, mas eram alguma coisa.
Nesses empregos ela estava muito acostumada, por meses e meses, a fazer um trabalho simples se acostumando a não ser vista. E enquanto aquilo era difícil, porque parte de si dizia que era desperdício de tempo, ela estava em paz com isso porque fazia parte da experiência de estar longe de casa.
No cinema, bem, Jamie queria criar um trabalho que lhe desse grande satisfação. Ela queria criar um trabalho em que fosse vista e apreciada. Havia algo sobre o reconhecimento dos colegas que sempre foi importante. Mas - e ali ela se diferenciava de Taylor - ela estava sempre tentando cultivar um lugar de tentar não dar a mínima para o que os outros pensavam de seus papéis, porque se não sempre acabaria como no último ano, errando suas linhas no primeiro dia de filmagens de Fresh porque estava nervosa demais com o que poderia entregar.
Atuar poderia ser um jogo bastante ridículo, Jamie admitia.
Deixando Sparsholt, Jamie seguiu com Taylor para sudoeste da Inglaterra, para se encontrar com sua família, onde eles tinham uma casa costeira em uma posição no topo de um penhasco, construída na rocha abaixo. Era uma casa à beira-mar com todos os quartos tendo suas vistas de quase 360 graus sobre Croyde Bay e Saunton Sands, direto para o mar.
Deborah, David, Kit, Rose, Winston, John e Kate se juntaram a Jamie e Taylor e eles passaram alguns dias no pacífico condado litorâneo. Em seus dias gastando o tempo em caminhadas na praia e comendo do caminhão de pesca local. Taylor teve a magnífica oportunidade de ver neve caindo na areia da praia, quando as manhãs viraram e o frio se tornou ainda mais difícil. Mas ela amava aquele clima, então se animou e saiu com um Winston absurdamente agasalhado em seus braços para caminhar até a praia e observar as ondas.
Mais tarde ela seguiu com John e David para um pub não tão longe quando eles comentaram que queriam ver um pouco do movimento por ali, enquanto isso o resto do pessoal se manteve em casa, acendendo um fogo na área externa, se enfiando de baixo de suas mantas enquanto mantinham uma conversa animada com vinho, chás e Jamie com seu copo de Ginger Ale, que era uma opção de bebida, melhor do que outras porque não continha cafeína. Taylor pediu uma bebida quando se sentou nas mesas do lado de fora com John e David, com uma iluminação agradável tomando o espaço, e então ocupou o lugar observou enquanto ele enchia e ficava mais quente e barulhento.
Ela tomou um gole de sua IPA e ouviu John pedir uma porção honesta o bastante de peixe com batatas fritas - e pão, claro. Foi depois disso que mergulhou em uma conversa com o cunhado e o sogro. O assunto girou até parar na situação recente - o fato de que Jamie estava grávida.
Quando jovem, Taylor tinha imaginado uma existência distante e criativa para si mesma. Ela romantizou, até certo ponto, o fato de que não conseguia se imaginar tendo uma família. Seus amigos também não - eles admitiram. Ela não sabia se estaria pronta para ter uma família se continuasse se sentindo naquele lugar de fome em que por um longo tempo sentiu que estava - nada realizada artisticamente. Ela sempre queria mais, mas então a pandemia acertou todo o mundo em cheio, e ela se viu fazendo exatamente o que queria fazer sem precisar se preocupar com nada, e quando teve a consciência disso, as coisas apenas seguiram dali.
Ela era tão dedicada a fazer arte e ser compositora que simplesmente não havia muito espaço para mais nada. Então, quando ela conheceu Jamie, muito mudou. Quando 2020 chegou, ainda mais coisas mudaram, e aí veio a vontade de dar um passo adiante e pensar em filhos. Andrea, que acompanhava a filha por tanto tempo, sabia que ela estava disposta a viver uma vida tão ascética em devoção para se tornar a melhor artista que poderia se tornar - ainda que não admitisse em voz alta - então era bom ver outras coisas na vida dela tendo prioridade, porque ela seria uma ótima mãe, assim como era uma ótima parceira.
A vida ascética persistiu até os trinta anos. Gigi tinha perguntado para Taylor tempos atrás se ela estava esperando para ser estável e ainda mais bem-sucedida em sua carreira até dar o próximo passo com uma família. Taylor tomou seu tempo para pensar sobre, porque não sabia se tinha formulado isso conscientemente.
Mas 2020 e 2021 tinha mostrado como ela tinha se tornado uma das mulheres mais poderosas da história da música. Ela estava satisfeita - ou pelo menos quase. Ela continuaria trabalhando, mas então agora tinha essas coisas que sentia que podia fazer bem como ter filhos lindos, e se dedicar a eles.
O trabalho era um ambiente muito empolgante e cheio de desafios para onde ir agora. O trabalho ainda era um centro, mas não era bem um centro real. Era o que Taylor faria à parte do que realmente importava.
Taylor tinha demorado a entender isso. Mas se pegou pensando na família que estava prestes a formar - e então parecia óbvio como ela tinha finalmente chegando em termos com tudo aquilo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro