27. I Will Spend My Whole Life Loving You
Ninguém tinha dito a Summer Kaufmann como ela se sentiria no seu grande dia.
Nenhuma observação prévia que não fosse 'cuidado com líquidos perto do vestido' e 'não deixe Fernando te ver pronta antes da hora'. Além de rápidos lembretes das tradições para o dia do casamento que Lilie e Pia fizeram questão de repassar para que Sunny não esquecesse de nenhuma.
Mas ninguém tinha dito que borboletas iriam dançar no seu estômago desde o momento que ela acordara e que resolveriam fazer uma rebelião a medida que a hora da cerimônia se aproximasse. Nem que uma vontade avassaladora de ver Fernando a atingiria e que ela quase estivesse disposta a aceitar os supostos anos de azar que isso traria a eles só por beijo do jogador.
Em nenhum momento mencionaram que arrepios iriam percorrer pelo seu corpo de hora em hora e que o ar ia escapar com facilidade dos seus pulmões todas as vezes que ela tentava imaginar Fernando parado no altar.
Todas as reações poderiam soar assustadoras para alguns, mas faziam Summer se sentir como se aquele fosse o melhor dia da sua vida.
E ela não negaria que talvez fosse.
O grande dia de Fernando Navarro e Summer Kaufmann, doze de junho.
Quando Fernando poderia finalmente parar de chamá-la de fiancée a toda hora só porque gostava de como isso soava e passaria a usar o termo Frau. Sua linda esposa. Meine schön Frau, como ela tinha ensinado a ele na noite anterior.
Naquela altura, a sala que tinha sido barulhenta durante toda a tarde com o som de secadores, música alta de fundo, conversas e gargalhadas estava em completo silêncio de uma forma que se um dos grampos que segurava o véu preso nos cabelos dourados se soltasse e fosse ao chão, ela poderia ouvir.
Os olhos azuis de Summer estavam focados em sua imagem no espelho e ela não se recordava de outra vez que tinha gostado tanto do que via. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque bem arrumado coberto pelo véu, o vestido simples que ela tinha escolhido moldava seu corpo perfeitamente e os pequenos brincos dourados recebido das mãos da sua mãe mais cedo davam o toque final.
Em seu dedo, o anel de brilhante pesava mais que antes, como se ele também soubesse que aquele era o grande dia que ganharia companhia.
O último dia deles como namorados e o primeiro do resto de suas vidas. Um vida planejada inteira para estarem lado a lado nos momentos bons, nos ruins e até naqueles que eles sentissem que era demais para eles suportarem.
Como no dia da lesão dele ou a cada visita nova ao médico do pai dela.
Momentos que pesavam como uma tonelada para eles se enfrentados sozinhos, mas que se tornavam superáveis se houvesse alguém para recordá-los que tudo ficaria bem no final.
As duas rápidas batidas na porta de madeira fizeram com que Summer voltasse a atenção ao seu redor, passando os olhos pela última vez pelo seu vestido desenhado pela Rosa Clara. A parte de cima contava com um decote que deixava parte do seu colo a mostra e era todo feito de renda com pequenos brilhantes, mantidos no lugar por alças finas. A parte debaixo era completamente lisa e com um pequeno volume, feito de um fino tulê que só não era transparente por ser feito de duas camadas.
Sorriu ao ouvir mais uma leve batida, mordendo o lábio inferior com força assim que sua pulsação aumentou.
Era a hora.
— Pode entrar — Sunny murmurou com a voz fraca, sem desviar o olhar do espelho. — Eu estou pronta.
Deu um suspiro seguido de um enorme sorriso, virando seu corpo apenas para encontrar Viktor parado a porta, vestindo um terno cinza e com os olhos marejados ao observar a filha mais nova.
— Está na hora — Viktor anunciou enquanto andava em direção a ela, observando-a com um sorriso terno nos lábios. — Preparada?
Summer assentiu duas vezes, olhando mais uma vez para o espelho antes de voltar a atenção ao pai, parado em sua frente e a observando como se quisesse guardar aquele momento no canto das suas memórias para o resto da sua vida.
Ele não sabia por quanto tempo se lembraria daquilo, então fez questão de reparar em cada detalhe da filha. Até mesmo quantas pedrinhas haviam no brinco que ela usava e em qual era a renda que cobria o vestido branco que ela havia escolhido.
O Alzheimer poderia tirar aquela lembrança dele um dia, mas nada iria fazê-lo esquecer do calor que sentiu no peito e da emoção que o preencheu assim que viu Summer pronta.
Sua pequena garota, que nada mais tinha de pequena, era uma mulher formada que nos minutos seguintes iria andar em direção ao homem que escolheu para passar o resto da sua vida.
E o que trazia paz a Viktor era saber que Fernando a amava como ela merecia.
— Você sabe que hoje é o melhor dia da minha vida, não é? — Viktor falou, colocando as duas mãos no rosto da filha. — Ou melhor, o segundo melhor dia da minha vida. O dia de Lilie também foi especial.
Sunny assentiu rindo, sentindo seus olhos encherem de lágrimas antes mesmo que seu pai falasse qualquer coisa.
— É especial para mim te ver traçando o próprio caminho ao lado do homem que você ama — ele continuou, sorrindo. — E eu fico feliz que vocês dois tenham se encontrado, filha. Ele é um homem bom e você o merece. Vocês merecem a felicidade.
— É esse o momento que você vai fazer um discurso lindo sobre casamento que vai me fazer chorar? — Summer questionou, já abanando o próprio rosto. — Vá em frente.
Viktor deu uma longa risada, colocando as duas mãos nos ombros da filha e oferecendo um olhar de conforto para ela.
— Lilie ficaria brava se eu fizesse você chorar antes de você entrar no altar — falou, vendo Sunny rir. — Eu só precisava te dizer que estou feliz por você e pelas suas decisões. E que eu tenho muito orgulho da mulher que você tornou, que até alguns anos atrás brincava de se esconder no quintal.
— Papa...
— Me deixe falar dessa vez, ok? — Viktor pediu, vendo-a assentir. — Eu amo você e vai ser um prazer para mim te levar no altar para um homem que eu sei que te ama também. E eu sei que vocês dois vão tirar isso de letra, mas saiba ouvi-lo algumas vezes, Sunny. Você é difícil e eu sei disso porque você é exatamente como eu, mas saiba que eu tive que baixar minha guarda algumas vezes para que as coisas dessem certo com sua mãe — fez um pausa, trazendo um pequeno sorriso as lábios da filha. — Fernando mostrou que quer estar ao seu lado para tudo que vier, aceite sua companhia. E esteja ao seu lado também, sunshine. Ame intensamente, não pense duas vezes em pedir desculpas, ria do que você tiver vontade e não pense demais. Seja o sol da sua vida e leve calor para a de Fernando também. Seja o verão dele em pleno inverno e sua brisa quando estiver quente demais.
— Você está me fazendo chorar — Sunny murmurou entre lágrimas, passando os dedos no canto dos olhos. — Eu vou, Papa. Danke, danke...
— Só me prometa que vai ser feliz — Viktor pediu, com os olhos tão marejados quanto os dela. — Só isso.
— Eu prometo.
Foi a última coisa que Summer falou antes de fungar e abraçar o pai, escondendo seu rosto na curva do pescoço dele como se tivesse dez anos de novo e precisasse daquilo para se sentir segura.
Ela tinha passado dos dez anos há muito tempo, mas o abraço de Viktor ainda a transmitia segurança da mesma maneira e Sunny não conseguia esconder a emoção de ter a honra de ter seu pai ao seu lado no seu dia especial.
Não falaram mais nada após se afastarem e Summer apenas limpou algumas lágrimas que escorreram pelo seu rosto antes de entrelaçar seu braço com o de Viktor e andarem em direção a saída do quarto da casa de campo, onde tinha sido montado seu camarim pessoal.
Em pouco tempo ela estava de frente ao caminho marcado pelo tapete branco lotado de pétalas de flores brancas e a marcha nupcial soava, fazendo com que os convidados se virassem para ver a noiva entrar.
A decoração estava impecável.
A paisagem de Tegernsee, uma cidade tranquila ao sul de Munique centralizada por um lago de mesmo nome, dipensava comentários. A chácara escolhida por Fernando e Summer para o casamento contava com um enorme área verde na beira do lago, garantindo aos dois um altar enfeitado por flores brancas de frente a água.
A grama que rodeava todo o espaço estava verde como característico do verão e as árvores altas que rodeavam as mesas dos convidados tinham sido perfeitas como apoio para as luzes e as velas que tinham sido espalhadas por todo o local.
Os convidados não eram muitos, mas contavam com toda a família dela e dele, alguns amigos de Fernando de Barcelona, outros de Sunny de Dresden e os mais próximos de Munique dos dois.
Ao lado de Fernando estava Diego, com um sorriso grande que traduzia toda sua felicidade e orgulho de estar presenciando aquele momento.
Ele odiava ser a pessoa que dizia 'eu avisei', mas tinha feito isso assim que ficou sabendo sobre o pedido de casamento. Não tinha se esquecido de quando tinha dito ao irmão mais velho, em meados de outubro, que gostaria de ser o padrinho quando ele resolvesse se casar com Summer.
E lá estava ele no altar, realizando um sonho que tinha criado desde que colocara o olhar na alemã pela primeira vez, quando a apresentara para Fernando. Diera o padrinho, junto com Lilie, que era a madrinha que não conseguia conter as lágrimas desde que colocara os olhos na irmã mais nova.
Não que Diego achasse ruim estar ao lado da mulher que chorava, já que ela tinha oferecido um lenço a ele que salvou sua vida e as fotos que ele provavelmente apareceria.
E o frio na barriga, que Sunny jurou que sumiria assim que ela colocasse os olhos em Fernando, se fez ainda mais perceptível, mas não de uma forma ruim.
No momento que ele a viu, um grande sorriso apareceu em seu rosto e Nando se apressou para passar os dedos discretamente pelos cantos dos seus olhos. Sunny riu com a cena, trocando um rápido olhar com seu pai antes de voltar a encarar Fernando, que evitava piscar para que não perdesse um segundo sequer daquela caminhada.
Todos os olhares e sorrisos estavam em Sunny enquanto a marcha nupcial tocava, em seus graciosos passos pelo tapete estendido para que ela andasse em direção ao homem que logo se tornaria seu marido.
O olhar da alemã estava preso no jogador e não havia nada que a transparecesse mais confiança a ela do que ele. Vestindo um terno escuro, com as mãos na frente do corpo, os olhos brilhantes e um meio sorriso nos lábios que se parecia muito com o que ele havia dado quando eles se viram pela primeira vez.
Se Summer pudesse eternizar uma cena em sua vida, seria aquela.
Com Viktor ao seu lado, sua família a sua espera nas primeiras filas de cadeiras e Fernando de pé no altar, com a respiração acelerada e um brilho no olhar que ela tinha visto semelhante nos seus próprios olhos azuis.
— É a hora, sunshine — o homem mais velho falou, desvencilhando seu braço do dela antes de levantar o véu fino que a cobria e colocar as duas mãos em seu rosto. — Seja feliz.
Deixou um beijo na bochecha da filha logo após falar isso, fazendo-a apertar os lábios um contra o outro para evitar que as lágrimas rolassem pelos seus olhos.
— Danke Papa — murmurou em agradecimento, vendo assentir antes de ficar de frente a Nando.
— Toda sua, Fernando — Viktor falou, apertando a mão no futuro genro antes de envolvê-lo em um rápido abraço. — Vocês têm a minha bênção.
— Danke Viktor — o jogador agradeceu, assentindo rapidamente antes do homem se juntar a Kristin, Ana e Joaquim, do outro lado do altar.
Fernando voltou a atenção a Summer, sentindo seus olhos encherem de lágrimas mais uma vez igual tinha acontecido quando ela tinha dado o primeiro passo no tapete branco que a levaria até ele. Não podia deixar de notar o brilho nos olhos de Summer, os pequenos detalhes da renda do seu vestido ou seu sorriso, que ela não conseguia conter.
Nunca imaginou que ela pudesse ficar ainda mais linda de branco, mas ele desconfiava que era por causa do genuíno sorriso que tinha nos lábios.
— Você está linda — ele comentou, com um sorriso nos lábios enquanto a observava. — Linda, linda.
— Obrigada, Nando — Sunny agradeceu com um pequeno murmúrio, sentindo-o se aproximar e deixar um demorado e carinhoso beijo em sua testa antes de voltar a observá-la. — Você também.
— Obrigado, cariño. Eu acho que a bota ortopédica até deu um charme a mais.
Brincou, vendo-a sorrir junto a ele antes que os olhos olhassem para o padre parado à sua frente, dando início a cerimônia que iria atar o laço mais importante que eles podiam querer ter entre eles naquele momento.
E, por mais que nenhum deles percebessem quando acontecia, vez ou outra eles deixavam o olhar escapar e procurar um ao outro, se certificando que aquilo era real e que estava realmente acontecendo.
Eles estavam se casando.
Não era um plano distante, um devaneio às três da manhã ou uma conversa boba entre eles no meio de uma viagem de carro.
Fernando e Summer realmente estavam de frente a alguém que iria torná-los marido e mulher até o pôr-do-sol por mais que eles soubessem que isso era pura formalidade e que eles tinham se escolhido como marido e mulher muito tempo antes.
Após alguns minutos, que se passaram como pequenos instantes para os dois, eles escorregaram as alianças prateadas pelos seus dedos, olhando fixamente para os olhos um do outro enquanto repetiam as palavras pedidas pelo padre.
Entre sorrisos e arrepios, eles prometeram se amar e se respeitar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias das suas vidas até que a morte os separasse.
Assim que isso fora dito e o padre deu a autorização para que o noivo beijasse a noiva, fazendo com que todos os convidados ficassem em pé, eles trocaram um sorriso que significava mais do qualquer coisa que fosse dita.
Estava feito.
Daquele momento em diante, o anel cravejado de brilhantes do dedo anelar da mão direita, como tradição da Alemanha, simbolizava o amor dos dois.
As mãos de Sunny foram para os ombros de Fernando e as dele se posicionaram na cintura dela, segundos antes que seus rostos se aproximassem e eles fechassem os olhos, juntando seus lábios. Uma chuva de confetes prateados explodiu em cima dos dois, junto com uma chuva de arroz providenciada pelas daminhas de honra com suas graciosas cestinhas de madeira.
— Meine schön Frau — Fernando sussurrou no ouvido dela enquanto todos aplaudiam os dois, roubando um selinho. — Eu gosto de como isso soa.
— Mi marido — ela murmurou de volta para ele, fazendo-o rir. — Seu irmão me ensinou a falar.
— É claro que ele ensinou.
Fernando sorria enquanto falava, abraçando Sunny pela cintura enquanto ela passava os braços pelo pescoço dele e sorria junto a ele. Os olhos dos dois estavam marejados e por um instante, não haviam aplausos, gritos de incentivo e confetes brilhantes presos em seus cabelos.
Por um segundo, só havia os dois no meio da paisagem verde em contraste ao azul das águas calmas do lago Tegernsee. E Nando aproveitou aquele momento para deixar um beijo na bochecha da alemã antes de encostar seus narizes novamente e beijar seus lábios.
As pontas dos dedos dele estavam dormentes e ele as escorregou pelas costas nuas de Summer até encontrar o limite do seu vestido, fazendo-a se arrepiar completamente pelo contato e tirar um pequeno sorriso dos lábios do jogador.
Mein Gott, como ele a amava.
Ele a amava a ponto de sorrir toda vez que ela sorria, buscar sua mão todas as vezes que ela repousava em cima da mesa e desejar sua companhia por todos seus dias. Nando amava todos seus pequenos sinais, a maneira que seu riso soava e todas as imperfeições que a tornavam real.
Ele a amava o suficiente para querer construir uma história e uma família com ela, cedo o suficiente para que nada pudesse ficar longe dos olhos de Viktor.
Ter Sunny ao seu lado era como um sonho bom demais para ser acordado. A única coisa que o fazia querer abrir os olhos todas as manhãs ao lado dela era para se certificar que não era um projeto da sua imaginação.
Era real assim como o amor dos dois era.
— Te amo.
Nando sussurrou próximo ao ouvido de Sunny, fazendo-a sorrir bobamente enquanto ele limpava com as pontas dos dedos uma lágrimas teimosa que escorreu pelas bochechas dela, antes de fazer o mesmo com as suas próprias.
Ninguém poderia culpá-los pelas lágrimas.
— Te amo também.
O jogador deixou um carinhoso beijo em sua bochecha antes de entrelaçar seus dedos com os de Summer e levantar suas mãos unidas em meio a gritos, soluços e palmas dos seus convidados.
Um mês antes, era para ele ter levantado o troféu da Pokal daquela mesma maneira. Com lágrimas nos olhos, um grande sorriso nos lábios e uma felicidade que não cabia em seu peito.
Mas ele nem precisava ter passado por aquela situação para saber que, naquele sábado de junho, levantar a mão de Summer junto a sua era muito mais importante.
Ao seu lado, estava o que ele mais queria no mundo.
Não o escudo da Bundesliga ou a taça da Copa do Mundo. Não uma chuteira dourada ou a orelhuda da Champions para beijar após uma final disputada em um estádio neutro.
Summer Kaufmann.
Ou uma vida toda ao seu lado.
❤
O sol já começava a sumir no horizonte do lago de Tegernsee quando Fernando e Summer terminaram de tirar todas as fotos e cumprimentaram todos seus amigos e familiares.
A mesa dos jogadores do Eintracht München era a mais barulhenta de todas e Angie comentava, com terceiras e quartas intenções, como Fernando tinha sido rápido em pedir a mão de Summer. Moncho, que fingia não perceber a indireta-direta da namorada, se limitava a rir enquanto virava o motivo número um de piadas dos amigos.
Ramírez percebeu o quão sortudo era por Angie não ter terminado com o buquê de flores brancas de Sunny nas mãos ou a falação não teria terminado tão cedo.
O motivo de terem se casado tão depressa foi um segredo que Sunny e Nando concordaram em manter só entre os dois.
Os convidados apenas sabiam que eles se amavam o suficiente para terem certeza que queriam dar aquele passo importante juntos, mas a antecipação do evento que aconteceria de qualquer forma em alguns meses fora algo que eles preferiram não explicar.
Mas nenhum dos dois tivera dúvidas do que estavam fazendo por nenhum momento e toda vez que Sunny se lembrava das palavras de Fernando e da sugestão dele de antecipar o pedido por causa do pai dela, ela tinha mais certeza do homem que escolhera para traçar a vida.
Em outra mesa estava parte da família de Sunny e de Fernando, junto com Pia, Sven e um pequeno curioso que olhava encantado para tudo o que havia ao seu redor.
— Muito obrigada por virem — Summer falou, apoiando uma das mãos na cadeira da mesa, sorridente. — Eu sei que foi complicado por causa desse pequenino.
— Você acha que eu deixaria de assistir você se casando, sunshine? — Pia falou, colocando as mãos na cintura. — Kai acompanhou todo o relacionamento de vocês dois dentro da barriga, não seria justo deixá-lo fora de cerimônia.
Todos os olhares caíram para o pequeno bebê deitado confortavelmente no colo de Pia, com os cabelos claros como os de Sven mas os olhos escuros como os dela.
Kai resolveu nascer, por coincidência ou não, logo após Sunny visitar Pia e Sven na nova casa dos dois, para avisar que ela e Fernando estavam noivos. Na data do casamento ele tinha apenas um mês de vida e todo cuidado era necessário.
— Oh, me dê esse pequeno um pouquinho — Fernando falou, pegando-o no colo com zelo. — Hallo, Kai. Eu sou o Onkel Fernando e provavelmente em alguns anos você estará reclamando do meu sotaque pesado e correndo por aí com uma camisa do Eintracht München só para irritar seus pais. Eu prometo te ajudar com isso.
Summer riu da fala de Fernando, abraçando-o pelos ombros enquanto também mantinha a atenção no rosto do pequeno Kai no colo do seu marido.
A cena de Nando com um bebê no colo e um grande sorriso nos lábios enquanto o observava era tão terna que fazia com que a imaginação de Summer fosse para longe.
Ele tinha jeito.
Provavelmente por ser irmão mais velho ou ter muitos primos menores, o que Summer descobriu com as crianças que corriam e brincavam sem parar entre as mesas das festas, deixando os pais (e os garçons) malucos.
Fernando sabia exatamente como segurar de uma forma que Kai ficasse confortável em seus braços e prendia a atenção do bebê como poucos. Em um momento, o pequeno até deu risada de algum barulho estranho que o jogador fez com a boca para chamar sua atenção, fazendo com que todos ao seu redor rissem juntos.
Ela não tinha dúvidas de que ele seria um bom pai quando chegasse a hora.
Precisou que a fome surgisse para que Kai deixasse os braços de Fernando para os de Pia, liberando-o para beber um pouco do seu copo de whisky e bater um papo rápido com seus amigos da Espanha antes de visualizar seu irmão andar em sua direção, um pouco mais animado que o normal.
— ¡Mi cuñada! — Diego falou, passando uma mão pelo pescoço de Fernando e a outra pelo de Summer. — Eu estou tão feliz por vocês.
— Obrigada Di — Sunny agradeceu, deixando um beijo no rosto dele. — É um prazer para nós dois te termos como padrinho.
Diego assentiu, dando uma piscadinha discreta para Nando assim que ela terminou de falar, fazendo o irmão prender o riso.
Um dia ele contaria a Sunny que soube que aquilo ia acontecer desde o primeiro encontro dos dois.
— Eu desejo que o amor que uniu vocês dois só aumente com o passar dos anos — Di falou sério, retirando um sorriso dos lábios dos noivos. — E que você me dêem um sobrinho logo, estou esperando.
— Diego Navarro — Nando o repreendeu por mais que Sunny estivesse sorrindo.
Mais uma coisa que eles levariam aos seus planos para os anos seguintes.
— Eu não disse nada que vocês não pensaram antes, inclusive eu até achei que era o caso do casamento corrido mas aí eu percebi que você estava bebendo e não fazia muito sentido — Diego desatou a falar, fazendo com que as bochechas de Sunny ficassem rosadas. — E muito obrigado pelo buquê, Sunny. Quem sabe eu não sou o próximo a subir ao altar também?
— Você nem namora, Diego — Fernando arqueou uma sobrancelha, fazendo o irmão mais novo rolar os olhos.
— Detalhes, Nandito, detalhes... — falou, antes de deixar um beijo no rosto de cada um e seguir para o meio da pista de dança.
Nando e Sunny trocaram um olhar cúmplice antes que ela pegasse uma nova taça de Champagne da bandeja de um garçom que passava, aproveitando para olhar ao seu redor e se certificar que tudo estava certo.
Foi quando os braços de Fernando abraçaram sua cintura por trás e ele aproveitou o pescoço livre dela para deixar vários beijos pela extensão, fazendo-a rir e se arrepiar.
— Dance comigo — Fernando pediu, vendo-a virar a taça de vidro antes de deixá-la na mesa. — Só uma música.
As palavras dele a recordaram de outro dia, fazendo-a sorrir desconfiada antes de assentir.
— Eu acho que estou tendo um déjà vu — murmurou, aceitando a mãos que o jogador a oferecia e seguindo com ele até o meio da pista de dança. — Nós dois, músicas latinas e você irresistível com uma blusa social branca com dois botões abertos... Se parece muito com a nossa primeira noite no Latino's, mas agora você tem um acessório a mais.
— Isso não foi exatamente o que você falou no dia, mas eu aceito — Fernando brincou, colocando as mãos na cintura dela enquanto ela colocava as suas nos ombros dele. — Esse acessório limita meus movimentos e eu não prometo uma dança de tirar o fôlego como foi naquele dia, mas nós podemos ter um flashback de quando tudo começou.
— Não foi lá que tudo começou — ela o corrigiu, franzindo o cenho. — Foi no café, quando você falou sobre minha parede de fotos. Ou na gôndola, quando você me contou um pouco da sua história e me pediu para ouvir sobre a minha. Ou com as flores na semana seguinte...
Fernando a observava encantado, deixando que um pequeno sorriso tomasse seus lábios enquanto se recordava de todos aqueles momentos.
Da primeira vez que colocou os olhos nela e do beijo desengonçado que deu em sua bochecha quando saíram juntos pela primeira vez. De quando colocou sua mão em cima da dela na gôndola e do primeiro beijo interrompido por Diego. De como, desde aquele momento, ele se imaginara com Summer ao seu lado.
— Você está certa — o jogador falou, assentindo. — Começou bem antes da noite do Latino's. Pra mim, foi quando você sorriu pela primeira vez... O resto foi só consequência.
Summer buscou as palavras para respondê-lo, mas escolheu por encostar a sua testa com a dele e fechar os olhos, sorrindo.
— Você não está com medo? — ela questionou, buscando a resposta nos olhos castanhos dele. — Nós fizemos tudo com tanta pressa...
— De uma vida toda com você ao meu lado? — Fernando questionou, vendo um pequeno sorriso ganhar os lábios de Summer. — Nein. Parece muito bom para mim, você não pensa o mesmo?
Summer se limitou a rir, juntando seus lábios com os de Fernando mais uma vez, sentindo-o subir suas mãos até o meio das suas costas.
Uma vida toda com Fernando ao seu lado.
Quando essa ideia passou pela mente de Sunny, ela não teve medo.
Na verdade, isso foi um dos poucos sentimentos que não passaram pela sua mente enquanto ela sentia o toque dos dedos dele nas suas costas, seu hálito fresco de menta com Champagne batendo em seu rosto e observava seus olhos castanhos brilhando tão próximos.
Ela guardava para si cada pequeno detalhe do homem à sua frente e nem percebeu quando a música acabou, prestando mais atenção a maneira que seus lábios se curvavam e a sua respiração calma chegava até seu rosto.
Sunny sabia que a vida era sobre isso.
Sobre se deparar com pessoas em uma tarde chuvosa, que se parecem como todas as outras, mas que vão mudar sua vida de uma forma inimaginável. Sobre achar abrigo longe de casa e perceber que o verdadeiro lar não tem forma definida.
A vida é sobre encontrar verões no meio do inverno, sobre amar sem medos e se entregar sem medir as consequência. É sobre parar de temer o futuro e viver o presente como se ele fosse tudo o que tivéssemos.
A vida era sobre dançar sem saber os passos certos.
E, se Fernando fosse seu par naquela dança, Summer não se importava em saber quantas músicas haviam se passado.
Ela só seguraria em sua mão e sabia que estava preparada para qualquer coisa que viesse, preparada para qualquer correnteza que eles pudessem encontrar em seu caminho para a felicidade.
Sabendo que sempre teriam o verão no meio do inverno, um lar longe de casa, um corpo para se aninhar durante a noite e uma mão para segurar no fim do dia, quando todas as luzes já estivessem apagadas.
Juntos, eles apenas iriam navegar nas águas turbulentas que a vida poderia se tornar.
Navegar em direção ao final feliz de suas vidas.
Navegar, sempre, em direção ao outro.
And how am I lucky enough to say
Baby, isn't crazy that we're born only to die?
Oh, but lately I've been counting my stars
Cause I will spend my whole life loving you.
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