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24. Sin Miedo

Abril trouxe mais que flores de verão e um aumento considerável de temperatura para Munique.

A chegada do quarto mês do ano veio acompanhada das quartas finais da Champions League, das semifinais da DFB Pokal e das rodadas finais da Bundesliga que se encerraria, como todo ano, em meados de maio.

Para Fernando Navarro, isso significou trabalho dobrado. Era como se todos os jogos importantes do time tivessem sido colocados nas últimas duas semanas de março e nas primeiras de abril, em uma sequência de jogos que exigia muito do espanhol e do elenco do Eintracht München em um geral, com viagens constantes pela Alemanha e para fora dela.

Para Summer, abril também não começou tranquilo como havia sido os últimos meses deste ano.

Saia do seu apartamento tão cedo pela manhã que, quando Nando estava por lá, não trocavam mais que um beijo sonolento de despedida. E, quando retornava, encontrava o lugar vazio ou com o jogador ocupando sua cama novamente, quase que na mesma posição que ela tinha deixado cedo.

Sua agenda mais lotada que o normal era por causa da Candy&Coffee week, evento anual no Das Versteck, criado muito anos antes por Frederich Kaufmann. Sempre acontecia nos primeiro dias do mês de abril, quando um mostruário extra de doces e bolos era colocado ao lado do caixa da cafeteria, trazendo os mais variados sabores do verão para o pequeno e aconchegante local.

A fama que o café tinha ganhado com aquela semana ficava explícita pelas filas eternas e pela lotação que o lugar ficava desde as primeiras horas da manhã.

Por um lado, Summer não poderia dizer que não estava feliz e orgulhosa do evento estar sendo um sucesso como todos os outros anos. Por outro, ela sentia falta das horas de sono perdidas e das vezes que ela realmente saboreou um au latte, e não apenas engoliu um café preto para mantê-la acordada.

E claro, sentia falta de Fernando em seu pé por boa parte do dia, tendo que se contentar com chamadas do Skype com a conexão ruim e de ligações que terminavam com um dos dois cochilando de um lado da linha.

Foram poucos dias, mas o suficiente para que Summer compreendesse que relacionamento à distância não era algo para ela. Gostava de contato, beijos roubados e calor corporal.

Ou melhor, ela gostava de sentir o corpo de Fernando próximo ao seu, de seus beijos no pé do ouvido e de sua voz sendo sussurrada em altas horas da noites.

Era por isso que ela estava contando as horas para ele voltar de Frankfurt, após mais um jogo fora de casa que acabou com a vitória do Eintracht München e um gol de Fernando, garantindo-os na final da Copa da Alemanha. Seria o primeiro fim de semana em muito tempo que eles poderiam passar juntos, selado por uma promessa feita por telefone um dia antes que seriam dois dias só para os dois.

Sem jogos, sem café e sem amigos ligando tarde da noite para convidar para uma festa aleatória em um dos barzinhos escondidos pelas ruas de Munique.

Summer tentava se concentrar nisso enquanto terminava mais uma das inúmeras tabelas do Excel que tinha se dedicado a preencher nas últimas três horas quando a porta da sua pequena sala nos fundos do Das Versteck foi aberta em um empurrão, mostrando uma Liesel sorridente por trás dela.

Hallo Sunny, o homem da mesa nove pediu para ver a gerente — a atendente falou, apontando para trás. — E ele pediu urgência.

A alemã juntou as sobrancelhas em surpresa, salvando o seu projeto no computador antes de se levantar, arrumar a saia longa florida que usava e colocar um sorriso no rosto, seguindo a funcionária.

A maioria das vezes que alguém pedia para falar com ela, sempre se assustando por causa da sua pouca idade, era para fazer uma oferta sobre o ponto ou deixar um currículo para se alguma vaga surgisse ali. Não que ela gostasse se gabar, mas sua cafeteria tinha uma boa fama pela região, sendo um recanto de paz para quem procurava ou a primeira escolha para quem precisava de cafeína.

Não podia imaginar o que seria tão grave para alguém pedir tanta urgência como o tom de voz de Liesel a demonstrou.

Mas soube que não tinha com o que se preocupar quando reconheceu quem ocupava a mesa nove, olhando distraidamente pelo vidro da cafeteria.

O sorriso forçado que colocou no rosto para esconder o cansaço desde que tinha deixado sua sala particular se tornou um verdadeiro assim que Fernando Navarro sorriu de volta quando a viu, levantando da mesa em que estava sentado.

Não se cansava de vê-lo na cafeteria, e por mais que adorasse os sobretudos que ele vestia durante o inverno, tinha que assumir que o verão o fazia muito bem. Deixava a sua pele ainda mais bronzeada e permitia que ele usasse blusas que deixavam visíveis suas tatuagens que ela adorava desenhar com a ponta do dedo durante a noite.

— Eu tenho uma reclamação a fazer com a gerente — foi a primeira coisa que Fernando falou, antes de abraçá-la. — Ela não atende o celular.

— Essa é uma reclamação forte, mas ela pode explicar — Summer falou, sorrindo ao olhar para os olhos de Nando. — Ela está tendo um dia cheio e o celular ficou por baixo dos papéis, mas ela está muito feliz com a visita inesperada.

— Uh, está é? — o jogador provocou, deixando o rosto pender levemente para o lado enquanto encarava os lábios rosados de Sunny. — Peça para ela me cumprimentar direito, então.

Summer apertou os olhos enquanto julgava a expressão maliciosa de Fernando, segurando o queixo dele com uma das mãos e juntamente seus lábios demoradamente. O jogador até se assustou, já que era ela que sempre preferia trocar carícias longe dos olhos das pessoas, mas não reclamou quando ela aprofundou o beijo.

Era o que três dias sem ter Fernando Navarro perto de si causava em Summer.

— Bom pra você? — murmurou, finalizando o beijo com dois selinhos.

— Melhor que o planejado — Nando falou antes de rir, passando a língua pelos seus lábios. — Summer, final da Pokal. Nós definitivamente não estamos ganhando a liga mas nós vamos ganhar a Pokal!

Assim que terminou de falar o espanhol passou os braços pela cintura de Sunny, levantando-a do chão e rodopiando com ela no meio da cafeteria lotada, enquanto ela sorria e tinha as duas mãos no rosto dele.

— Vocês vão ganhar a Pokal — ela confirmou, juntando seus lábios assim que o jogador a colocou no chão, levando os beijos até o pescoço dela. — E eu senti tanta a sua falta. Você quer dar uma olhada na nossa vitrine doce do dia? Eu quero um pedaço de cada...

Antes de Fernando pudesse falar qualquer coisa, Summer já havia entrelaçado seus dedos com os dele e o levado para o lugar mais ansiado pelos clientes presentes. Ele não reclamou da ação, segurando nos lábios um sorriso bobo enquanto ela explicava de que era feito cada bolo exposto, cada brownie que parecia delicioso e cada docinho de sabores que ele não conhecia.

Tinha a impressão de, por mais que aquela conversa o deixasse com fome, poderia escutá-la falar para o resto de sua vida.

— Você vai querer algo? Eu posso pedir para embalarem para viagem se você preferir ir descansar em casa... — Summer falou, fazendo um biquinho enquanto alternava o olhar entre a vitrine e o jogador. — Você deve estar cansado. Quando você vai ganhar uma folga?

Você — Nando respondeu em imediato a primeira pergunta da alemã, fazendo-a ganhar cor em suas bochechas. — Eu quero você.

Summer abriu a boca para responder algo, mas as palavras fugiram de sua boca quando Fernando a abraçou pela cintura, colando seus corpos.

— Jogos fora de casa enchem o saco, eu sinto falta de dormir e acordar com você — Nando falou pausadamente, olhando para seus olhos azuis. — Eu sei que as coisas estão corridas aqui, mas Liesel me garantiu que você pode passar uma noite longe. Posso te esperar no meu apartamento?

As palavras do espanhol tiraram um pequeno sorriso teimoso dos lábios de Sunny, que não conseguiria, nem se tentasse muito, resistir àquele pedido com sotaque pesado. Ela, tanto quanto ele, sentia falta de acordar ao seu lado, por mais que falasse a toda manhã que Fernando tinha uma mania muito feia de roubar todo o lençol para si mesmo durante a madrugada.

Mas ter o lençol só para si em seu loft, quando ele estava viajando, já não era mais tão divertido assim.

— Eu também sinto falta de dormir e acordar com você — ela falou de uma vez, vendo um sorriso crescer nos lábios do seu jogador. — Eu estarei lá. Sinto falta de José Cuervo também.

— Fale a verdade, você tem mais saudade do meu labrador do que de mim.

Fernando brincou vendo-a assentir com confiança, mordendo o lábio inferior antes de sorrir e passar as mãos pelo pescoço dele, olhando no fundo dos seus olhos castanhos.

— Oh, você me pegou — deu de ombros enquanto fingia desinteresse, vendo-o arquear as sobrancelhas. — O único motivo que eu tenho para beijar sua boca e passar todas as noites no seu apartamento é o seu labrador. O que te fez pensar que era diferente? Foram todas as vezes que eu te pedi um beijo ou todos os momentos que eu corri para os seus braços no meio da noite?

O jogador não deixou de sorrir, apertando-a pela cintura antes de roubar um beijo dos lábios vermelhos que estavam bem a sua frente.

— Está cada vez mais difícil resistir a você, cariño — murmurou baixinho perto do ouvido dela, assistindo-a sorrir em resposta. — Mas agora, mesmo contra a minha vontade, eu preciso deixar você trabalhar, passar na minha última sessão de fisioterapia e preparar um jantar divino para a mulher mais incrível da Alemanha. Sem a ajuda do Xavi dessa vez.

Summer riu com a menção da noite que tiveram umas semanas antes, assentindo levemente.

— Você quer que eu leve alguma sobremesa?

Fernando pareceu pensar por um instante, olhando para a vitrine recheada de doces que estava atrás dos dois. Eram tantas opções que ele nem mesmo conseguia escolher só uma.

Kalter Hund — repetiu o termo que ela tinha dito alguns instantes antes com dúvida, apontando para a torta feita de bolachas de manteiga e coberta com chocolate que já estava no final. — É a mais famosa, não é?

Ja — concordou, com um sorriso lateral nos lábios. — Você realmente prestou atenção no que eu disse.

— Eu sempre presto atenção no que você diz — Nando corrigiu, beijando-a mais uma vez. — Mas eu preciso ir agora, tenho muito trabalho a ser feito.

O jogador parecia realmente empolgado para o compromisso dos dois e Summer não escondeu o sorriso e o brilho nos olhos quando percebeu isso. Ele tinha agarrado com as duas mãos o papel de tomar conta da alemã e vinha mostrando dedicação a isso todos os dias.

Era usual dele perguntar diariamente para Summer, com a voz arrastada e um tom sério, como estavam as coisas. E ela tinha aprendido, de pouquinho em pouquinho, a falar a verdade para ele.

Não era o clichê 'está tudo bem?' que é dito por pessoas que realmente não se importam com a resposta.

Era uma verdadeira preocupação que o mantinha acordado pela noite quando a resposta não vinha no melhor tom, e deixava mais a vista sua ruga de inquietude entre as sobrancelhas.

— Vejo você em algumas horas? — Summer falou, puxando-o pelo colarinho da blusa que vestia, alternando o olhar entre seus olhos e seus lábios.

Ja — concordou, sorrindo antes de colocar uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. — Não se atrase, cariño...

Despediu-se com mais um beijo nos lábios antes de se afastar da alemã, traçando um caminho entre as mesas ocupadas com pressa. Assim que abriu a porta de vidro, voltou o olhar para Summer, e não escondeu um enorme sorriso nos lábios ao perceber que ela o observava.

Te amo! — Fernando falou mais alto que o normal, antes de acenar uma última vez e piscar para Summer, deixando-a com as bochechas rosadas pela atenção extra que tinha ganhado.

Aquelas palavras se tornaram muito frequentes nos últimos dias e a alemã achava extremamente graciosa a forma que Fernando sempre dizia, como se quisesse garanti-la como ele se sentia.

E era confortante para os dois saber que era mútuo. Todo o carinho, a preocupação e o brilho nos olhos que eles tinham quando viam um ao outro era puro dos dois lados. Ela amava ele por ele ser presente, se preocupar com tudo ao seu redor e ter um coração bom.

E ele amava ela, não só por Sunny ter feito Munique se tornar um lar para ele, mas também pela sua risada fácil, bom humor constante e pelo bem que ela o fazia.

Era 'Su luz del sol', como Ana costumava se referir a Summer sempre que Fernando a mencionava.

— Te amo também — Summer murmurou baixinho, enquanto observava pelos vidros Fernando entrar no seu carro de luxo e desaparecer da frente da cafeteria.

O pequeno mas sincero sorriso nos seus lábios a entregava mais que ela poderia controlar.

Sunny amava Fernando.

E não podia estar mais feliz e confortável com isso.

❄❄❄

As velas iluminavam toda a sala da casa de Fernando em Grünwald.

A enorme lua cheia que brilhava no céu escuro de Munique era responsável pela outra parte da iluminação e não havia nenhuma luz ou spot fluorescente ligado no lugar.

A mesa já não estava ocupada pelo casal que tinha apreciado um delicioso Carbonara, cortesia apenas de Fernando dessa vez, e brindado com vinho tinto em taças de cristais.

Eles tinham passado por muito nos últimos dias. Era como se eles tivessem vivido uma eternidade em poucos momentos, não restando nem um segundo para que eles pudessem respirar e serem só os dois por um tempo.

Sem preocupações familiares, sem estresse pelo trabalho ou qualquer coisa do tipo.

Só os dois, em um bolha imaginária que os mantinha protegidos do resto do mundo.

— E esse sou eu e Diego, com não mais de cinco ou seis anos de idade, tocando bola no estádio de um dos times que meu pai jogou na Itália.

Fernando murmurou perto do ouvido de Summer, que tinha a cabeça apoiada no peito do jogador enquanto os dois se apertavam no sofá escuro, por mais que houvesse muito espaço restante no móvel. Ela respondeu com um grunhido, com os olhos azuis atentos nas duas crianças que apareciam no vídeo antigo que passava na televisão.

— Agora eu entendo porque você me disse na primeira vez que saímos que o futebol sempre esteve em sua vida — ela comentou baixinho, deixando um riso leve escapar dos seus lábios quando um dos dois garotos, que ela presumiu ser Nando, deu um carrinho nada ético no irmão mais novo. — Você nasceu pra isso.

Fernando não respondeu, mas assentiu levemente mesmo sabendo que a mulher não podia ver. Sabia que queria ser exatamente como seu pai, Joaquim Navarro, desde quando podia se recordar de tê-lo visto jogar pela primeira vez, na Itália ou por algum time no Brasil.

E por mais que acumulasse boas notas em matemática e um futuro possivelmente bom nas engenharias como Ana sonhava, levou a mãe a loucura e o pai ao delírio quando falou, com menos de dezesseis anos, que seu sonho nada se parecia com a sala de uma faculdade. Seu sonho era ter a bola nos pés, uma torcida apaixonada ao seu redor e uma camisa com seu nome escrito.

Seu sonho muito se parecia a tudo o que ele estava vivendo.

— Às vezes é difícil de acreditar — Nando murmurou, pigarreando para que sua voz ficasse mais audível. — Quando eu tinha meus vinte e poucos anos, tive minha primeira lesão séria. Chorei como uma criança pequena, passei quase dois meses sendo minha pior versão e achando que nada mais daria certo pra mim. Achando que nenhum time bom ia querer me contratar e que, em um ano ou mais, o joelho ia acabar com minha carreira. Exatamente como foi com meu pai.

Não pensou muito antes de começar a falar e, quando se deu conta disso, estava contando uma das histórias que menos gostava na vida para alguém, depois de deixá-la guardada por anos seguidos.

Summer o observava com os olhos azuis atentos, com o queixo apoiado no peitoral do jogador, coberto por uma camisa preta, esperando pelo momento que ele iria continuar a falar dos seus medos que estavam sempre muito bem escondidos por trás dos olhos escuros e do sorriso encantador.

— Foi como o inferno para mim ficar imobilizado por três meses — continuou, engolindo em seco. — E toda vez que eu me deparo com esses pequenos problemas físicos que me colocam novamente em uma maca no departamento médico, tudo volta de uma vez. O medo de não ter uma saída, a dor de estar incapacitado, a sensação de estar imobilizado...

— Você não deveria se preocupar com isso agora, Nando — Summer esperou até ter certeza que ele não voltaria a falar para interrompê-lo, juntando as sobrancelhas enquanto o encarava. — Da última vez que eu chequei, grandes times lutam por você e seus números são um dos melhores da temporada.

Não mentia ou exagerava. Fernando Navarro realmente tinha chegado à liga alemã para aumentar o nível e acirrar a competição entre os times, colocando o Eintracht München entre os favoritos ao título da temporada, coisa que não acontecia há alguns anos. E mesmo que sua limitação física, ou algumas lesões pouco explicadas por exames, o tirasse alguns minutos de jogo, ele ainda era a peça chave do time Lila.

— Você já teve um medo assim, cariño? — ele a questionou, usando uma de suas mãos para mexer nos cabelos claros dela, espalhados pelo seu peito. — De perder tudo o que você conquistou. De passar por algo que te fizesse questionar tudo o que você quis para sua vida.

Summer escutou bem cada palavra do jogador, apertando os olhos antes de voltar a encará-lo.

Nunca fora uma criança medrosa. Era, na verdade, o terror dos seus pais, pela sua coragem imensa e curiosidade sem limites que acabava colocando-a em cima de árvores ou de lugares com o dobro da sua altura.

Também não tinha muitos medos pela sua adolescência. Fazia parte de uma pequena parcela de pessoas que não temia ter o coração quebrado antes do baile de formatura, ou tinha derramado mais lágrimas que o usual durante aqueles anos de estranheza que ia de suas primeiras vezes até a aprovação na faculdade.

Tinha conhecido o medo, de verdade, quando seus avós faleceram. Um atrás do outro, como se fosse uma pegadinha do destino ou apenas uma ligação forte demais entre Herr e Frau Kaufmann, como se um não pudesse permanecer sem o outro naquele plano.

E tinha descoberto o seu maior deles quando seu pai descobriu a Alzheimer.

Summer Kaufmann não fora uma criança medrosa, mas no alto dos seus vinte e poucos anos, ela tinha medo de tudo.

Tinha medo de acordar com uma notícia ruim vinda de Dresden. De não ter seu cantinho de refúgio no Das Versteck. De não ter os braços de Fernando ao redor do seu corpo no final do dia, ou os dedos firmes dele no meio da tarde.

Hoje — respondeu sem titubear, apertando os lábios em uma fina linha. — Eu tenho medo de perder tudo o que eu tenho hoje. Minha família, tudo o que eu consegui com meu café, você...

Deixou a frase morrer, sentindo o carinho na sua cintura feito por uma das mãos de Fernando parar, quando ele a levou até seu rosto, tocando seu lábio inferior com delicadeza.

— Eu não vou a lugar nenhum.

— E se eu for?

A ideia estava ali, desde quando eles tinham saído da casa dos pais de Summer em Dresden, algumas semanas atrás. Fernando sabia, e soube por um deslize de Lilie depois de algumas cervejas, que os planos de Summer não eram de ficar por Munique por muito mais tempo. Diferente dos dele que tinha deixado, junto com sua assinatura em um contrato de quatro anos no Eintracht München, a perspectiva de um futuro na cidade gelada da Alemanha.

— Eu sei que minha irmã te contou — Summer murmurou, engolindo em seco enquanto encarava os olhos escuros do jogador. — Desde que meu pai descobriu a doença, eu penso em voltar à Dresden. Lilie não apoia, muito menos minha mãe ou meu pai... Mas quando as coisas ficarem mais difíceis, eles serão carta vencida.

— É a sua decisão no final, cariño — Fernando falou, acariciando o rosto dela com a ponta dos dedos. — Se você achar que seu lugar é em Dresden, eu tenho certeza que sua família vai se acostumar com isso. E eu estarei aqui e lá, por você. Não sou um grande fã de distância, mas eu também não era um grande fã da Alemanha ou do frio. Mas hoje, não há outro lugar que eu queira estar.

Os olhos da alemã encheram-se de lágrimas e ela podia culpar a TPM ou o estresse que tinha passado nos últimos dias, mas não negaria que foram aquelas palavras de Fernando que tiraram seu ar.

Ela também não era fã de distâncias e tinha a prova disso toda vez que o jogador viajava para uma competição, mas era de Fernando Navarro que estavam falando. O homem que tinha conquistado seu coração, sua confiança e um lugar em sua vida.

Ele não estava indo a lugar nenhum.

E se ela estivesse, ele estaria ali para ela.

— Eu já disse que te amo hoje?

Sunny murmurou olhando para ele, levando sua boca em direção aos lábios cheios do jogador, fechando os olhos e encostando suas testas antes de fazer qualquer outro movimento. Podia sentir a respiração quente de Nando em seu rosto, o peito dele subindo e descendo embaixo do dela e a ponta dos seus dedos desenhando círculos invisíveis na pele da sua cintura, descoberta pela blusa que usava.

— Você pode repetir quantas vezes quiser.

Ela sorriu, encostando seus lábios levemente por algumas vezes antes de sentir os braços de Fernando abraçá-la pela cintura, fazendo daquela posição que estavam a mais confortável do mundo. Se ficassem em silêncio por mais alguns minutos, Sunny apostava que podia cair no sono ali mesmo, por mais que suas últimas noites tivessem sido de insônia.

Ficariam ali por horas se fosse possível, mas ouviram o som abafado de patas contra o piso se aproximar, fazendo com que Nando abrisse apenas um dos olhos para se certificar que José Cuervo não destruísse sua casa ou as taças de vidro que estavam na mesa baixa a frente dos dois.

Como se tivesse sido chamado, o cachorro correu em direção aos dois, parando a poucos centímetros de onde estavam para avaliar o casal que ocupava o sofá. O jogador permaneceu em silêncio, curioso para saber o que o cachorro aprontaria assim que ele colocou as duas patas no estofado, cheirando um pouco o ar antes de colocar seu plano mirabolante em prática.

Colocou a língua pra fora, passando-a pela lateral do rosto de Summer assim como ele costumava fazer com Nando quando ele passava muito tempo fora de casa, deixando baba e cheiro de cachorro pelo caminho.

José!

O grito veio quando Summer abriu os olhos e se deparou com a língua molhada do labrador, que balançava o rabo sem parar e colocava as patas em cima dos dois como se quisesse participar do momento que acontecia no apartamento em Grünwald.

— Tantos anos com José e eu nunca vi ele ser ciumento antes — Fernando comentou enquanto fazia carinho na cabeça do labrador, que não se aquietou por um segundo sequer. — Você realmente conquistou mais um nessa casa, Summer Kaufmann.

— Mais um? — ela questionou com uma das sobrancelhas arqueadas, só para ver o sorriso branco crescer no rosto de Fernando Navarro, antes dele respondê-la.

— Não acho que ainda seja um segredo que você me tem enrolados nos seus dedos — murmurou baixinho, com os olhos escuros fixos no rosto dela. — E que eu não vou a lugar nenhum sem você.

Summer assentiu levemente, fechando os olhos azuis da cor do mar antes de encostar o rosto novamente no peito de Navarro, deixando-se ser ninada pelo som das batidas do coração do jogador que chegavam aos seus ouvidos.

Ela sabia que também não iria a lugar algum sem ele.

Naquela noite, eles só se preocuparam em aproveitar a companhia um do outro entre os lençóis brancos e as juras íntimas de amor que escapavam entre os seus lábios.

Junho seria um mês bom para os dois.

Só não seria como eles esperavam.

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