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14. Christmas Lights and You

A enorme casa de tijolos localizada em Blasewitz, área quieta e arborizada de Dresden, estava mais barulhenta que o usual.

Uma música natalina soava pelos auto falantes da sala, a enorme mesa de madeira localizada no jardim estava quase toda ocupada, além das conversas altas e risadas frequentes que poderiam ser ouvidas pelos vizinhos.

A véspera de natal não tinha trazido só velas perfumadas e presentes para embaixo da árvore de Viktor e Kristin Kaufmann. O feriado também tinha levado Lilie e Summer de volta para casa, além de Andreas, noivo da mais velha.

De outra maneira, aqueles dias finais de dezembro tinham levado luz, movimentação e alegria para a casa que sempre fora famosa por isso.

It's the most beautiful time of the year... — Summer cantarolou enquanto cortava agilmente os legumes a sua frente. — Lights fill the streets spreading so much cheer...

— Quem colocou Justin Bieber para tocar? — Lilie questionou ao entrar na cozinha colocando luvas grossas de cozinha nas mãos, abrindo o fogo a seguir. — Se eu fosse a responsável pela playlist da noite...

— Nós só íamos ouvir músicas antigas — a mais nova a cortou, separando os legumes cortados e voltando a olhar para a irmã. — É o aleatório da playlist de natal, logo chega em alguma música que você gosta.

— Eu espero, sunshine — Lilie falou, antes de deixar a cozinha com uma travessa quente lotada de butterplätzchen, indo em direção a sala. — Não demore muito aí, venha logo para o jardim para que nós possamos conversar.

Summer assentiu rapidamente e lavou as mãos depois de despejar os pequenos cubos de cenoura no arroz que esfriava ao seu lado, pegando uma pitada de alecrim para despejar em cima do ganso que repousava em uma grande bandeja, em cima do fogão.

O tradicional banquete da véspera de natal da Alemanha já estava praticamente pronto e envolvia um ganso assado, o que Lilie negava graças a seu estilo de vida vegano, Zimtsterne, biscoitos em forma de estrela de canela, butterplätzchen, as famosas bolachas de manteiga, maçãs assadas e Glühwein, ou vinho quente.

O cheiro delicioso que podia ser sentido na cozinha da casa dos Kaufmann mostrava que tudo estava quase pronto por ali e estava especialmente apetitoso graças as receitas da família e ao talento de Summer por ali.

Kiss me underneath the mistletoe, show me baby that you love me so... — continuou a cantarolar a medida que a música avançava, deixando que um sorriso escapasse dos seus lábios. — Oh, oh, oh...

— O que aconteceu em Munique que você está tão brilhante e cantarolante, Sunny? — Kristin perguntou assim que se aproximou da filha mais nova, deixando um beijo nos seus cabelos loiros. — Hum, isso está cheirando tão bem!

— Não está? — Summer concordou, roubando uma Zimtsterne e sentindo o delicioso gosto de canela assim que ela começou a se derreter na sua boca. — O Glühwein está incrível, eu já estou indo para o meu terceiro ou quarto copo.

Recuperou sua taça para que pudesse dar mais um gole no vinho quente, passando a língua nos lábios para tirar qualquer resquício de gota de tinha ficado por ali, puxando o ar antes de continuar.

— Como está o Papa, mãe? — Summer questionou, apoiando-se no balcão da cozinha, ainda com a taça de vidro nas mãos. — De verdade, você não precisa mais me esconder nada porque eu não sou mais uma criança.

Kristin demorou para responder, mantendo seus olhos presos na vasilha a sua frente enquanto mexia o arroz de um lado para o outro. Porém não precisava nem levantar o olhar para perceber que Sunny media todos seus movimentos, esperando ansiosa por uma resposta.

— Você vai ser pra sempre minha pequena, Sunny... Ele está bem melhor desde quando nós trocamos os remédios, antes estava sempre reclamando de sonolência e você sabe que seu pai não vai se acomodar em dormir o dia todo — explicou para a filha, que assentiu enquanto ela falava. — Eu não sei se é bom ou ruim o fato do seu pai saber exatamente o que está enfrentando. Cansei de ir ao escritório tarde da noite e encontrá-lo lendo artigos e artigos sobre Alzheimer. Mas agora as coisas estão começando a se complicar, ele está esquecendo as coisas básicas e... Ah, Summer...

— Ele está com medo — concluiu, suspirando ao olhar para o copo em suas mãos.

— É claro que ele está com medo, ele sabe o que acontece e como isso vai evoluir... A única coisa que ele não sabe e que é exatamente o que importa hoje é a cura para isso. Os médicos dizem que é uma questão de tempo até que ele perca a noção do que está acontecendo e depois disso... As coisas vão ser complicadas, meine Prinzessin.

Summer concordou, mordendo o lábio inferior com força para tentar evitar que as lágrimas viessem a tona.

Todo assunto que envolvesse seu pai nos últimos meses era o ponto fraco que ela não deixava ninguém conhecer.

— Eu queria poder ajudá-lo.

— Todos nós queremos isso, Sun, mas eu não acho que seja fácil assim — a mãe falou, acariciando o ombro da filha. — Não fique muito tempo pensando nisso, seu pai odeia saber que tem preocupado você e sua irmã...

— É inevitável, Mama...

— Eu sei, filha, eu sei. É por isso que você tem que manter sua cabeça em outras coisas — cortou Sunny, abrindo um sorriso em seguida. — Você não tem algo para me contar? Algo novo?

Summer pensou por um instante, acabando o resto do vinho que restava em um gole antes de colocar a taça em cima da pia.

— Estou contratando mais um funcionário para o Das Versteck... Nós estamos completamente lotados nesse final de ano e...

Sunshine... — Kristin a cortou, cruzando os braços. — Por que você não me conta algo que aconteceu com você nos últimos dias? Podemos falar do café amanhã.

Ela só precisou de dez segundos para desfazer a careta de confusão e rir, sentindo suas bochechas ganharem cor.

Era claro que Lilie tinha mencionado Fernando para os pais das duas.

Todas as perguntas repetidas que Kristin Kaufmann tinha feito desde que Sunny tinha colocado os pés em Dresden, dois dias depois da irmã mais velha, agora faziam total sentido.

"Como estão as coisas em Munique?" Fernando.

"Como foi a visita natalina desse ano?" Fernando.

"Você veio sozinha? Sem nenhuma companhia?" Fernando.

Lilie contou — Summer murmurou, escondendo o rosto com as mãos. — Aquela tagarela...

— Só porque ela achou que você já tivesse contado — a mais velha confessou, se aproximando da filha e a observando com olhos curiosos. — Me diga tudo!

Summer mordeu o lábio inferior inferior antes de soltar uma lufada de ar e apoiar as duas mãos atrás do seu corpo na bancada de madeira.

Desde que chegou em Dresden para a festa de natal da sua família, decidiu que iria usar o tempo longe dos ares de Munique para colocar sua cabeça no lugar.

E colocar sua cabeça no lugar significava deixar Fernando, ou sua memória dele, trancado em Munique, a alguns quilômetros de distância de Dresden.

Não pensou se ia ser tão difícil, com a imagem do jogador cruzando seus pensamentos mais vezes ao dia do que o saudável, não contendo a animação toda vez que ele a endereçava uma mensagem de texto só como uma recordação de que ela até poderia se esforçar, mas talvez não fosse capaz de tirar os olhos do espanhol da sua mente.

Todas as suas distrações marcadas para aqueles dias, como almoço com os amigos de infância, horas ocupadas na cozinha dos seus pais e minutos diários correndo com os cachorros no meio da neve não foram suficiente para apagar, ou até mesmo clarear, as memórias de Fernando.

E no momento ela sorria como uma boba, pensando por onde começaria a falar dele para sua mãe.

— Eu quero saber também...

A voz de Viktor fora ouvida antes que Sunny pudesse vê-lo, entrando na cozinha e roubando um biscoito de manteiga da segunda bandeja.

O homem de pouco mais de cinquenta anos e cabelos completamente grisalhos abraçou a esposa pelos ombros em seguida, sorrindo para a filha mais velha.

— Sunny tem algo para contar a nós dois — Kristin incentivou a filha, fazendo-a ganhar cor nas bochechas e rolar os olhos. — Vá em frente, estamos escutando.

— Eu estava desconfiado que ela estava escondendo algo desde que chegou aqui — Viktor falou, sorrindo. — Estou ansioso para ouvir.

Ela não duvidava que seu pai tivesse percebido pequenas alterações no seu comportamento nos dois dias que estivera em casa, já que eles sempre foram muito ligados e ele era capaz de compreendê-la com um simples olhar.

— Eu conheci alguém... — Summer começou, abraçando seu corpo em seguida. — Ele se chama Fernando.

— Fernando... — Viktor analisou, assentindo. — Não é um nome comum.

— Porque ele não é daqui... Ele nasceu na Itália, sempre morou na Espanha — Sunny se apressou para explicar, sorrindo na sequência. — E agora ele está morando aqui. Nós nos conhecemos há um tempo e... Eu acho que posso dizer que as coisas estão sérias.

Era a primeira vez que ela admitia em voz alta aquilo, apesar de rondar sua cabeça por alguns dias em claro enquanto olhava para o teto do seu quarto.

Não eram mais só amigos, não estavam mais se conhecendo e nem parecia saídas casuais.

O que eles estavam tendo era sério e era algo a se manter.

Da mesma forma que Nando era alguém que ela queria manter.

— Eu aposto que ele está te fazendo muito feliz — Kristin falou, juntando as mãos enquanto não parava de sorrir. — Como você se conheceram? O que ele faz?

As típicas perguntas que sempre eram feitas pelos pais foram ouvidas, fazendo Sunny rir antes de continuar.

— Nos conhecemos no café, no dia do bazar... E ele é um jogador de futebol. Eintracht München, a nova contratação.

Kristin arqueou as sobrancelhas em surpresa com a última afirmação da filha, assentindo. Ela podia não ter um vasto conhecimento sobre futebol, mas sabia que o nome do time era forte e significava algo.

Viktor, porém, sabia que aquilo era alguma coisa grande. Conhecia futebol e seu time o suficiente para saber que ele era uma estrela em Munique.

— Eu aposto que você não se impressionou com isso — Viktor falou, deixando que um sorriso escapasse dos seus lábios.

Uhum — Summer murmurou antes de olhar para os próprios pés, dando de ombros. — A única parte que faz diferença nisso é que ele está sempre viajando e eu estou constantemente sentindo falta dele...

— E isso parece novo pra você — a mais velha afirmou, vendo a filha assentir e ganhar cor nas suas bochechas. — Por que você não nos contou isso antes, Sunny? Você sempre conta.

Summer sorriu tristemente porque sabia que aquilo era verdade e tinha certeza que a pergunta viria uma hora ou outra. Sua mãe e Lilie sempre foram suas maiores confidentes e não havia um namoro frustrado que elas não soubessem todos os detalhes, desde o seu primeiro beijo atrapalhado aos dez anos.

A diferença é que quando ela tinha dez anos, sua maior preocupação era aprender a fazer divisão corretamente na escola e manter a nota alta no curso de inglês.

Seus pais eram imortais e os problemas não existiam, na sua visão infantil.

Eu só... Eu acho que aconteceu na hora errada — murmurou, suspirando. — Não queria encher vocês com coisas tão simples quando nós estamos enfrentando tantas coisas com o Papa...

Desviou o olhar dos pais a sua frente quando falou aquilo, buscando coragem para voltar e encará-los.

— Por favor, little sunshine — Kristin sorriu enquanto olhava para a filha, buscando sua mão em seguida. — Você não pode controlar isso... Não vai ser na hora que você quer e nem mesmo na forma que você deseja. Só... Acontece. E se você é sortuda o suficiente de encontrar isso... — fechou suas mãos em volta das mãos de Sunny, apertando-a. — Guarde.

Sunny assentiu quando a mãe terminou de falar, tentando guardar as palavras dela em sua cabeça antes de abraçá-la.

Ela era sortuda.

Claro que era.

— Essa é a vida, sunshine, e eu não quero te ver deixando a sua para cuidar da minha — Viktor falou firme, assentindo. — E você ainda tem ela toda pela frente e tem que aproveitar todo momento dela, como eu fiz. Com todas as memórias ou não, eu sei que eu fui feliz e que eu sou feliz. Seja também.

Summer prendeu o ar porque sentiu que qualquer movimento em falso seria suficiente para fazer com que as lágrimas que enchiam seus olhos escorressem pelo seu rosto.

Não costumava chorar, principalmente na frente de outras pessoas, e tinha certeza que seu pai só tinha presenciado aquela cena uma ou duas vezes na vida em vinte e dois anos.

Mas ela não conseguia fingir que tudo estava bem ao ver seus pais enfrentando aquele problema.

— E você... Você merece ser feliz, incondicionalmente feliz! — Viktor continuou, abraçando a filha. — E se Fernando te faz feliz, então aproveite.

Ele faz... — Sunny assentiu, cerrando os olhos e abrindo-os antes de se afastar do seu pai. — Obrigada.

Naquele momento, Summer se sentia com algumas toneladas a menos nas suas costas após compartilhar um dos motivos da sua tão repentina felicidade com seus pais.

A única coisa que ela queria era pegar o primeiro voo com destino para Barcelona e abraçar Fernando até que pudesse desaparecer com todo e qualquer resquício de saudade que tinha em seu corpo.

Foi naquele exato momento que ela decidiu o destino da passagem reservada para o dia trinta e um de dezembro.

— É ele, não é? — Viktor a tirou dos devaneios, fazendo com que Sunny percebesse que seu celular vibrava em cima da mesa da cozinha. — Você deveria atender.

— Não se preocupe Papa, eu posso retornar depois...

— Não — Viktor cortou a filha, sorrindo. — Eu acho que você deve atender agora. Nós vamos estar na sala esperando por você para jantarmos...

Summer assentiu ao pegar o celular, fechando os olhos assim que seu pai se aproximou e deixou um beijo nos seus cabelos loiros.

— Diga ao meu genro que eu estou mandando um abraço... E que eu quero uma visita dele, nos próximos meses com uma camisa autografada de presente.

Ela riu com a fala do pai, observando seus pais até que eles saíssem da cozinha com as mãos dadas.

Em seguida seu olhar caiu para a foto de Fernando sorridente que aparecia na tela do seu celular, não conseguindo tirar o sorriso dos seus lábios antes de tocar no ícone verde.

Estava pensando em você...

— Por que nós temos que usar gravata mesmo? — Fernando questionou enquanto se atrapalhava com o laço da peça na frente do espelho.

Diego deu um longa checada no irmão antes de puxá-lo pelo colarinho, desfazendo a atrapalhada que ele tinha conseguido fazer e recomeçando o laço.

— Porque mamãe pediu que nós usássemos e nós fazemos tudo o que Dona Ana Navarro pede — Diego respondeu, concentrado. — Então, o que você está achando de estar em Barcelona de novo?

Fernando riu pelo nariz com a pergunta do irmão, ficando sério em seguida porque ele costumava ter uma resposta pronta na ponta da língua.

Aquela só era a terceira vez que ele voltava a Espanha, depois de se mudar em definitivo para a Alemanha. Gostava da sensação de estar em casa que sentia quando o avião que estava encostava a primeira roda no chão da pista de pouso do El Prat, o aeroporto de Barcelona.

Daquela vez, porém, tinha sentido algo diferente.

De primeira, achou que fosse apenas jet-lag e que passaria com algumas boas horas de sono no seu quarto na casa da sua mãe. Depois, culpou a diferença de temperatura entre Munique e Barcelona, já que a primeira apresentava números negativos e a segunda ficava entre 8 e 15 graus. Achou que, pela súbita mudança, pegaria um resfriado que era o culpado pela sensação estranha que ele sentia em seu corpo.

Não precisou de muito para perceber que não era nada disso.

Em dois dias, o jogador já sentia falta de andar pelas ruas cobertas com camadas de neve, mesmo que amasse o calor. Desejada arduamente estar de volta ao centro de treinamento em Grünwalder, fazendo piadas com os colegas de time e recebendo puxões de orelha do grandioso Afonso Reino.

E, ele não podia negar que já sentia falta de conversar com Summer olhando em seus olhos, imaginando quantas tempestades ela escondia por trás das suas íris azuis.

Foi deitado na sua cama, com os braços dobrados atrás da sua cabeça e com a atenção presa no lustre do seu quarto, que ele percebeu que se sentia um estranho ali.

Nem mesmo sua estante cheia de livros e de DVDs que ele costumava assistir duas a três vezes por dia quando era menor era suficiente para transmiti-lo o sentimento de conforto.

— É sempre bom estar com vocês — respondeu sincero para Diego, observando enquanto ele finalizava o laço. — Mas voltar pra cá é diferente agora.

— Diferente como? — Diego questionou o irmão mais velho, sorrindo assim que arrumou sua gravata. — Pronto.

— Valeu — Nando agradeceu, olhando novamente para o espelho em sua frente. — Não sei... Só é diferente.

Diego, conhecendo como só ele conhecia o irmão, preferiu não insistir, apenas deixando que um sorriso crescesse em seu rosto enquanto o observava.

Para ele, ver seu maior companheiro ser feliz e tendo sucesso em qualquer que fosse o lugar, era bom o suficiente. Fernando não era muito de falar, mas não precisava de muito para saber que ele estava realizado.

E mesmo que doesse para Diego pensar que talvez nunca mais disputaria um jogo do mesmo lado que seu irmão, ele entendia.

— É ela também, não é? — Di questionou, empurrando o ombro de Fernando. — Summer. Você não consegue esquecê-la por um minuto!

— Isso não é verdade! — Fernando retrucou, rindo. — Eu nem estou falando dela...

— Você está mordendo sua língua para não passar o dia falando dela, irmão — Diego concluiu, negando. — Você gosta dela.

O silêncio foi a resposta de Fernando, apertando os lábios em uma fina linha apenas para não dar o gostinho de sorrir assim que o irmão terminou de falar.

Você gosta dela! — Di repetiu, esperando uma objeção que não veio do mais velho. — Você não consegue segurar o sorriso quando eu menciono ela e fica calado toda vez que eu pergunto... Você só faz isso quando está envergonhado e quando sabe que eu tenho razão. É o capítulo quatro no livro que eu estou escrevendo: "Fernando Navarro, uma biografia não autorizada."

O som da risada de Fernando preencheu todo o quarto, fazendo com que Diego risse junto.

Seu silêncio sempre fora uma resposta positiva, e Di tinha razão nisso.

Você caiu por ela... Bem que mamãe disse que um dia você ia conhecer alguém que ia te fazer questionar até as coisas em que você acredita... Como Barcelona sempre ser sua casa.

— Eu disse isso há muito tempo atrás — Nando o corrigiu, apontando um dedo em direção ao mais novo. — Éramos crianças! Você muda sua cabeça depois de viver um pouco...

— Ou de conhecer alguém especial — Di completou, recebendo um dedo do meio como resposta. — Sério, é bom te ver feliz.

Fernando assentiu, não discordando do fato de que estava muito feliz, apesar de todas as dúvidas que ainda cruzavam sua cabeça.

— Eu tenho medo... — Nando confessou, apertando os lábios em uma fina linha. — Às vezes ela parece querer me afastar e eu nem sei se ela percebe que faz isso. Ela fez isso quando eu a levei no Südostenstadion, quase fez isso no dia da visita e está fazendo isso desde que eu cheguei aqui. Eu tento, pergunto como foi o dia dela como sempre faço, tento ligar, conversar... Ela só continua me empurrando para fora e é difícil quebrar isso de longe.

— E você está com medo de acabar amando sozinho? — Di perguntou, arqueando as sobrancelhas e fazendo biquinho ao perceber a cara de surpresa do irmão. — O que? Nunca ouviu a palavra com "a"? Bom começar a se acostumar com ela...

— Não é isso... Quer dizer, é, mas...

Mas...

— Eu não quero ter isso em mente agora porque eu não consigo parar de pensar na possibilidade dela estar sentindo a mesma coisa que eu — falou de uma vez, colocando as mãos nos bolsos da calça social que vestia. — Eu só queria que ela deixasse isso mais claro.

Sem pressa, um dia você vai descobrir isso — Diego falou em prontidão, apertando o ombro do irmão em um gesto carinhoso. — Não espere algo grande, só fique atento nas pequenas atitudes. São as pequenas coisas que entregam os nossos reais sentimentos, Nando, como a sua atitude de entregar uma passagem a ela. Ela sabe, mas você pode esperar um tempinho mais para descobrir.

— Você está falando como o irmão mais velho... Ou como o velho Joaquim.

— Eu vou tomar isso como um elogio. — Os dois riram juntos instantes antes que o nome de Diego fosse gritado por alguém no piso de baixo. — Eu vou ter que descer agora, mas por que você não liga para ela? Como é que fala feliz natal em alemão mesmo? Frohe...?

Frohe weihnachten — Fernando murmurou com certa facilidade, rindo no momento que Rafa estalou os dedos e apontou para ele.

— Exatamente isso, agora ligue para ela — falou ao irmão, fazendo o gesto do telefone com as duas mãos antes de sair do quarto.

Com o fechar da porta, Fernando se viu sozinho novamente no lugar que passou noites e mais noites quando era menor.

Apesar da banda que sua mãe tinha contratado para festa já estar tocando no andar inferior, o silêncio dentro do quarto se fazia presente.

E sozinho, cercado apenas de brinquedos da sua infância, troféus de campeonatos que disputou anos antes, camisas enquadradas e uma coragem temporária, ele discou o número de Summer.

De primeira, desejou que caísse na caixa postal como outras vezes que tinha tentado falar com ela de Barcelona.

Pensou que seria mais fácil lidar com o silêncio, em comparação com a frieza que talvez encontrasse da alemã do outro lado da linha.

Mas depois, ele soube que precisava ouvir sua voz.

Nem que fosse só um desejo de feliz natal, uma risada sem graça e um pedido para ligar para ele outra hora.

Ele só precisava que Sunny atendesse.

— Eu estava pensando em você...

Fernando até perdeu o raciocínio quando a voz de Summer soou pelo celular, rindo sozinho antes de falar qualquer coisa.

Já tinha começado bem melhor que o esperado.

— E esse é provavelmente o melhor jeito de atender o telefone — Fernando brincou, fazendo-a rir do outro lado da linha. — A festa da minha mãe vai começar em alguns minutos e eu não sei como estarei meia noite, então... Feliz Navidad, cariño.

Feliz Navidad! — Summer tentou falar, enrolando-se na segunda parte. — Eu provavelmente te ligaria em alguns minutos, de qualquer forma...

— Você ligaria? — o jogador não escondeu a sua surpresa ao perguntar, sorrindo. — Isso é bom.

Uhum — concordou, rindo. — Eu espero que você esteja tendo uma noite maravilhosa com sua família.

— Eu estou — respondeu rápido, demonstrando seu nervosismo. — Eu espero que você também...

— Estou.

O silêncio se fez presente na ligação após ela falar, mas não parecia certo que ele fosse quebrado. Fernando só se concentrou na respiração leve de Summer que se fazia audível do outro lado da linha e no som longe da canção natalina que ele também conseguia escutar.

Do outro lado, Summer fechou os olhos e era quase como se ele descansasse ao seu lado, com a respiração agitada que ela estava tão acostumada a ter como canção de ninar.

Nando? — Sunny chamou, abrindo os olhos e continuando após receber um murmúrio como resposta. — Eu vou.

Fernando juntou as sobrancelhas, confuso com a fala dela.

— Para onde?

Para Barcelona — Sunny falou, fazendo com que um arrepio percorresse pelo corpo de Fernando. — Se o convite ainda estiver de pé, óbvio.

— Sunny, você sabe que não precisa vir se...

Nando — ela o cortou, rindo. — Eu quero passar o ano novo com você. Eu tenho certeza disso.

Mesmo que Fernando buscasse entre todas as palavras existentes, não conseguiria formular uma frase que fosse eficaz o suficiente em traduzir o sorriso que ele deu assim que ouviu as dela.

Talvez ainda não fosse o gesto significativo dela.

Mas já era alguma coisa e ele estava imensamente feliz com isso.

— Então eu vou esperar por você, cariño.

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