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Cápitulo 4

                             SELENA

O ar dentro do palácio era diferente de tudo que eu já havia respirado. Um cheiro metálico e seco impregnava as paredes, misturado ao odor adocicado das flores em vasos nas mesas. Tudo aqui era uma tentativa barata de imitar a natureza que um dia foi nossa, como se os humanos tentassem se convencer de que haviam melhorado Avalon ao moldá-la à sua imagem.

O palácio pairava acima de mim, suas torres perfurando as nuvens como ameaças. Por anos, ele tinha sido uma monstruosidade distante no horizonte de Avalon, um símbolo de nossa subjugação. Agora, eu estava andando por seus corredores, asas presas sob o tecido áspero do meu vestido, o mármore polido brilhando com opulência cruel.

Meu estômago revirava, mas eu mantinha o rosto sereno. Precisava parecer submissa, dócil. Eles não poderiam desconfiar.

— Esta é a ala dos funcionários Fae — disse a mulher que guiava nosso grupo. A chefe das matronas, uma mulher humana imponente com uma expressão azeda, falou como se o ar que respirávamos a ofendesse.— Aqui é onde vocês podem circular livremente, mas não se enganem. Liberdade é uma palavra relativa.

O corredor era apertado, com paredes descascadas e móveis antigos que pareciam prestes a desmoronar nos fazendo andar em uma longa fila tomando cuidado para não esbarrar em nada. Atrás de mim estava Terrence, com um sorriso debochado no rosto. Seu cabelo estava desgrenhado, e as orelhas pontudas balançavam enquanto ele assobiava uma melodia irritantemente alegre.

— Anime-se, Selena — Terrence, sussurrou zombeteiramente, seus dedos longos ajustando seu chapéu. — Esta é a terra dos sonhos, não é? Um palácio para formigas como nós. — Ele gesticulou grandiosamente em direção à entrada, seu sorriso tão afiado quanto suas palavras

Antes que eu pudesse responder, minha guia nos empurrou para frente.

— Vamos, temos muito o que ver.

Os dormitórios eram tão sombrios quanto eu esperava - fileiras de camas estreitas pressionadas umas contra as outras, cobertores finos dobrados sobre cada uma. As paredes eram de pedra nua, frias o suficiente para fazer minhas asas doerem. Eu podia sentir os outros Fae nos observando de seus beliches, suas expressões uma mistura de exaustão e suspeita.

"Estes são seus aposentos. Mantenha-os limpos. Fiquem fora de vista, os membros da corte não são obrigados a olhar para suas feições... exóticas, muitos deles acabaram de chegar na Ilha e nunca viram seres iguais a vocês antes." Foi o que ela disse antes de nos deixar no alojamento.

— Isto é aconchegante — Terrence murmurou, passando a mão sobre uma das camas. Ela rangeu sob seu toque — Pelo menos não tem feno.

Ondine olhou para ele, seus lábios se contraindo para cima pela primeira vez.

Os dormitórios eram divididos entre homens e mulheres, apesar de o dormitório masculino ser habitado por trabalhadores braçais como cocheiras, jardineiros dentre outros, contando com Terrence havia apenas cinco costureiros homens no nosso grupo.

Isso fez os olhos de Terrence brilharem, "Dormir em um local apertado cercado de homens suados e musculosos? Meus deuses eu vou amar esse lugar" Foram as palavras dele.

Em seguida, eles nos mostraram os alojamentos de costura - uma sala apertada e mal iluminada, cheia de máquinas barulhentas e o cheiro de óleo e poeira. As costureiras se curvavam sobre seu trabalho, seus dedos se movendo como um relógio. Uma fada mais velha, suas asas opacas pela idade e seu rosto marcado por anos de serviço, deu um passo à frente.

— Eu sou Rheana, mas podem me chamar de Madame Rhea- ela disse, sua voz suave, mas firme. — Eu supervisiono as costureiras. Vocês começaram aqui amanhã. — Ela tomou o lugar da nossa guia Unseelie e continuou nos guiando.

Terrence abriu a boca, mas Madame Rhea o silenciou com um olhar cortante o suficiente para cortar.

Ela nos levou para o refeitório em seguida, uma sala sombria com longas mesas de madeira e tigelas de mingau esperando. O cheiro fez meu estômago revirar, mas minha expressão não vacilou. Eu não podia me dar ao luxo de fazer isso.

— Escutem bem — disse Madame Rhea, sua voz baixa e grave. — Existem lugares em Litha que vocês nunca devem pisar. Os bairros humanos são proibidos para nós. A Linha dos Tordos principalmente, aquele lugar é onde a maioria dos marinheiros vive. Se forem pegos lá serão linchados. As favelas Fae e O Porto também não são seguros, mas por outros motivos, assaltos e venda de substâncias ilícitas são muito comuns nesses lugares. Não pensem que só por estarem entre sua própria raça devem confiar nos outros, não confiem em ninguém.

— Nem em você? — Terrence perguntou com um sorriso cínico, ganhando um olhar fulminante.

— Essa sua língua irá te levar a lugares desconfortáveis, Elfo. — O tom com o qual ela falou a palavra elfo foi estranho, quase como se um humano tivesse dito.

— Acima de tudo — Ela continuou ignorando o que tinha acabado de dizer para Terrence — Nunca olhem nos olhos de um guarda, ou de qualquer humano, sempre sejam cordiais e discretos. Qualquer deslize pode custar a vida de vocês.

O grupo começou a se dispersar, murmúrios preenchendo o espaço, mas eu demorei. Meu olhar traçou as sombras das paredes do palácio. Futuramente, eu estaria na mesma sala que o príncipe Nathaniel, o homem que carregou as correntes do meu povo em seu nome.

Invisível, por enquanto.

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O ar estava pesado e úmido do lado de fora do palácio, e o vento frio cortava a pele mas eu mal sentia o desconforto. Nós, os costureiros, estávamos enfileirados contra uma parede lateral, a luz dos postes iluminando o ambiente. Madame Rhea falava, a voz dela carregada de cansaço e resignação.

— Vocês podem sair do palácio aos domingos ao meio-dia, mas devem retornar antes do anoitecer. Nenhum minuto a mais, ou os guardas terão motivos para prender vocês. Quanto ao pagamento, será entregue no final de cada quinzena. Não esperem nada além do necessário.

Eu mantinha os olhos fixos no chão, o semblante neutro que tinha treinado tão bem. Minha mente, no entanto, estava a mil. A carruagem que se aproximava pela longa estrada pavimentada com pedras brancas chamou minha atenção. Os cavalos trotando de forma tão ritmada que parecia ensaiado. Seu brilho dourado era inconfundível, mesmo à distância.

Era Ele. Meu alvo.

A porta da carruagem se abriu, e dele saiu ele: Nathaniel Philipp Augustus de Áragon III, nascido em Andure mas criado em Avalon, alvo da minha missão. Meu coração acelerou, mas mantive minha expressão neutra.

Ele era alto, de porte confiante e sorriso fácil, como se a terra sob seus pés não estivesse manchada pelo sangue dos meus ancestrais. Seus cabelos eram negros como as penas de um corvo e os olhos penetrantes que futuramente seriam penetrados por minha lâmina, seus ombros eram largos e sua mandíbula era definida com um rastro de uma barba raspada. Logo atrás dele desceu sua irmã mais nova, uma jovem de gestos delicados e olhar que oscilava entre desdém e nervosismo.

Eles foram recebidos por uma pequena multidão de figuras unseelies: o duque local, Arion, e outros nobres de aparência insuportavelmente altiva. Murmúrios e risos abafados flutuavam no ar enquanto eles trocavam saudações e palavras vazias, uma performance cuidadosamente ensaiada para todos ao redor. Os nobres agiam como se fossem se abaixar e beijar os pés dele, coisa que ele parecia saber e se incomodar.

O príncipe parecia distraído enquanto os cumprimentava, os olhos vagando até nos encontrar enfileirados como objetos à espera de aprovação. O sorriso dele se alargou quando nos viu e para minha surpresa - e de todos ao redor - ele começou a caminhar em nossa direção.

Os murmúrios cessaram instantaneamente.

O príncipe parou diante de nós, o sorriso tolo e inocente como de um cachorro olhando para o dono.

— Olá, — ele disse, casualmente, como se não fosse a maior quebra de protocolo que o reino já vira. — Vocês são os costureiros, certo? A equipe responsável por fazer minha família parecer minimamente apresentável.

A irmã dele soltou uma risada nervosa, claramente desconfortável.

— Desculpem por isso, —  ela disse rapidamente, olhando para os nobres como quem pede desculpas por uma travessura de criança. - Meu irmão é... fascinado pelas criaturas de Avalon.

Criaturas.

Fechei minhas mãos fazendo minhas unhas perfurarem a carne de minhas palmas mas me mantive em silêncio e com a expressão neutra.

Um silêncio desconfortável tomou conta do grupo. Madame Rhea deu um passo à frente, inclinando a cabeça. — Sua Alteza, — ela disse, claramente apavorada - é uma honra...

— Ah, poupe-me da formalidade,- ele interrompeu, ainda sorrindo. —Quero conhecer cada um de vocês, afinal de contas que tipo de futuro rei não conhece seu povo?

Então ele tomou a ação mais escandalosa de todas ele estendeu a mão para Madame Rhea que apertou com certa hesitação a mão do príncipe e em seguida ele passou para a próxima costureira da fileira.

Cada contato parecia um raio. Ninguém ousava olhar diretamente para ele. Eu sentia o ar ao meu redor pesar enquanto os nobres observavam, chocados e escandalizados.

Ele foi apertando mais mãos chegando mais perto de mim. Quando chegou a minha vez eu esperava que ele me desse um sorriso tolo, apertasse a minha mão e continuasse mas... Não, quando chegou a minha vez ele apenas me encarou.

O sorriso ingênuo e alheio a situação havia deixado seu rosto, agora suas sobrancelhas estavam arqueadas e sua expressão ilegível, ele me olhava como se... Eu não sei, não era nojo, não era curiosidade, não era espanto, eu nunca tinha visto um homem humano me olhar daquele jeito.

Seus olhos - tão azuis e brilhantes quanto o céu em um dia sem nuvens - encontraram os meus, e por um momento, o tempo pareceu parar. Ele continuou parado, me observando como se eu fosse algo que ele nunca tinha visto antes.

— Uau... — ele disse apenas, me olhando de cima abaixo. Limpei minha garganta e falei:

— Algum problema vossa Alteza? — me curvei em reverência, mantendo minha imagem de submissão. Quando voltei meu olhar para ele pude notar um leve rubor subindo em suas bochechas.

— De forma alguma, é só que... Perdão minha indelicadeza senhorita, mas passei dois anos na Guerra do Norte cercado de soldados sujos e feridos, então ainda fico surpreso quando vejo uma moça tão bonita.

Um riso abafado percorreu o grupo de nobres atrás dele. Eu sabia o que pensavam: que ele estava tirando sarro de mim, da "beleza exótica" de uma fada nativa.

— O senhor é um cavalheiro, Alteza.

— Qual é o seu nome? — ele perguntou, a voz curiosa, quase gentil.

— Selena Ris, — respondi, mantendo meu tom submisso e os olhos baixos, mesmo que cada fibra do meu ser gritasse para atacá-lo ali e acabar com tudo.

— Selena, —  ele repetiu, como se testasse a palavra, um sorriso curioso surgiu em seus lábios. — Espero que as roupas que você faça sejam tão belas quanto você, senhorita Ris.

Minha garganta apertou, mas forcei um pequeno sorriso. — Eu farei o meu melhor, Alteza.

Ele sorriu, aparentemente satisfeito, e recuou, dirigindo-se ao grupo.

— Agradeço a contribuição de todos vocês, vocês são extremamente úteis para o Palácio. Espero o melhor de cada um.

Ele se virou finalmente, voltando ao grupo de nobres e a princesa Beatrice, que olhou para ele com reprovação.

— Pelo amor da Luz, — ela murmurou, puxando-o pelo braço. — Vá lavar as mãos.

Ele riu e a ignorou, voltando à conversa com os outros.

Eu, no entanto, fiquei parada, o sangue fervendo nas veias. Ele podia sorrir, agir como um garoto encantado pelas "maravilhas de Avalon", mas eu sabia quem ele era. E logo, ele saberia quem eu era também.

— Meus deuses... — Terrence disse com um sorriso divertido no rosto.

— O que?

— O jeito que ele te olhou, só... Caramba, esse seu rostinho branco fez ele esquecer de cumprimentar o resto de nós.

— Provavelmente é só mais um humano com fetiche em mulheres Fae — eu respondi para que só nós dois ouvirmos quando a nossa fileira se dispersou.

— Queridinha eu já me relacionei com muitos homens antes, então eu sei indentificar a luxúria no rosto deles e preciso dizer, não é aquele tipo de olhar.

— Que tipo de olhar era aquele então?

— Não faço ideia, mas estou muito curioso para ver no que isso vai dar.

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— Boa noite a todas e durmam bem, acordaremos cedo amanhã — disse Maldade Rhea se retirando, me perguntei aonde a velha fada dormia se não aqui.

Deitei-me na cama estreita do dormitório, o colchão áspero e fino rangendo sob meu peso. A luz das lâmpadas a óleo balançava fraca nas paredes de pedra, mas meus olhos estavam fixos no teto. A raiva ainda queimava como brasas sob minha pele. Ele esteve ali, tão perto. Eu poderia ter terminado tudo naquela hora, mas não... Fiquei ali, quieta, fingindo submissão, engolindo cada palavra que queria cuspir em sua direção. Não, teria sido tolice, meus alvos são ele e os irmãos não posso me deixar ser dominada pela raiva cega.

Fechei os olhos, tentando acalmar minha respiração. Em minha mente, refiz o plano, analisando cada detalhe, procurando falhas. Ele vai pagar. Não importa o quanto eu tenha que esperar.

O cansaço, no entanto, venceu a fúria, e o sono me puxou para suas profundezas.

Quando abri os olhos, não estava mais no dormitório. Um vazio negro me envolvia, sem chão, sem teto, sem horizonte. Ainda assim, meus pés tocavam algo, embora não pudesse defini-lo. Dei um passo, depois outro, sentindo-me inexplicavelmente atraída para a frente. O silêncio era absoluto, opressor, como se até mesmo meu coração tivesse parado de bater.

Continuei caminhando, os passos ecoando suavemente nesse espaço sem eco. Então, à distância, vi algo.

A princípio, parecia uma árvore, mas à medida que me aproximava, percebi que era algo... errado. Enorme e retorcida, com galhos que pareciam mãos deformadas, e um tronco que gotejava como se estivesse derretendo. Quando cheguei perto o suficiente, vi o rosto: magro, quase esquelético, com olhos vazios que brilhavam com um branco espectral.

Cipós começaram a crescer de seus galhos, movendo-se como serpentes, envolventes, cheios de uma vida própria. Eles se estenderam para mim, envolvendo meus braços, minhas pernas, prendendo-me no lugar.

"Quem..." minha voz falhou, tremendo.

A entidade inclinou a cabeça, os cabelos longos como cipós caindo ao redor do rosto. Quando falou, sua voz não parecia vir de lugar nenhum e, ao mesmo tempo, de todos os lugares. Um sussurro que vibrava em meus ossos.

"Você busca vingança."

Eu engoli em seco, tentando encontrar minha voz. "Sim."

"O preço será alto. Você tem certeza?"

Senti os cipós apertarem, como se quisessem arrancar minha resposta à força. "Quem... quem é você?"

Os olhos vazios pareciam se aprofundar, como se me consumissem. "Eu sou a sombra na raiz. O sussurro entre os galhos. Você sabe quem eu sou, criança de Avalon."

Meu corpo tremia, mas eu não conseguia desviar o olhar.

"Você deseja algo, e eu posso ajudar. Mas lembre-se: tudo tem seu custo. Até mesmo sua alma."

As palavras penetraram em mim como espinhos, e antes que eu pudesse responder, o vazio começou a se desintegrar. A entidade desapareceu em uma tempestade de cipós e sombras.

Acordei com um sobressalto, o peito subindo e descendo rapidamente. O dormitório estava silencioso, exceto pelo som leve de algumas das outras faes dormindo. Olhei para minhas mãos, ainda sentindo o toque daqueles cipós, o peso daquelas palavras.

O sol já estava subindo, e o som de passos e vozes do lado de fora indicava que era hora de começar o trabalho. Relutante, saí da cama, os músculos ainda tensos e a mente confusa.

O que foi aquilo?

Balancei a cabeça, tentando afastar o pensamento. Não havia tempo para distrações. Eu tinha um objetivo, e nada - nem mesmo a entidade do meu pesadelo - iria me deter.
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Aqui uma arte lindíssima da Selena que eu ganhei.

Ela tem o cabelo comprido mas a artista me explicou que ela está usando um coque nessa imagem. Enfim espero que tenham gostado e até o próximo capítulo.

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