Catorze
Esses cinco anos que passei no acampamento treinando só fizeram de mim um homem melhor, mais maduro, mais experiente, porém certas coisas nunca mudaram, como meu coração palpitar descontroladamente apenas em olhar para um certo par de olhos azuis. Treinei mais do que o suficiente, na tentativa de ser o melhor soldado e fazer meu pai se orgulhar, porém sempre tive em mente que se eu fosse o melhor, jamais poderia estar totalmente com a Safira. Não vivemos em guerra e não temos ameaça, mas nunca se sabe quando algo pode acontecer e só de pensar em colocar a vida da princesa em perigo somente pelo fato dela estar comigo eu já sinto um arrepio frio subir pela espinha. Por isso doei somente 99% de mim e o Julian sempre percebeu, mas nunca interferiu ou disse que eu estava errado, apenas deixou com que eu seguisse naquilo que acreditava.
O primeiro ano foi o mais difícil. Passei inúmeras noites em claro até me acostumar a dormir só e enfrentar sozinho meus pesadelos. Treinei duro e aprendi muita coisa importante, por isso me considero um excelente guerreiro, digno da confiança do comandante e do Rei. Mas apanhei muito também e isso foi necessário para eu aprender que nem tudo é fácil e que preciso me esforçar bastante para alcançar certos objetivos.
Digamos que me sinto mais corajoso, mas isso é só porque ainda não encarei a princesa, tenho certeza que vou tremer todo. Durante todo esse tempo a cada vez que acordava me lembrava dos seus olhos brilhando para mim com expectativa e sempre que me deitava para dormir visualizava seus cabelos esvoaçados pelo meu travesseiro. Seu cheiro foi algo que nunca me abandonou e os meus sentimentos nunca mudaram, pelo contrário, se é que é possível, eles apenas cresceram e se fortaleceram. Conversei muito com o Julian e o Alfredo sobre meus sentimentos e eles me aconselharam bastante. É até estranho dizer para o meu irmão que amo a garota que ele também ama, mais estranho ainda é ouvir ele dizer que preciso fazê-la enxergar esse amor. Alfredo nos contou sobre ter se declarado para a Liz e em como isso foi libertador, ele sempre nos contava o que planejava fazer quando voltasse a rever a loirinha e eu fico muito feliz que ele tenha coragem de enfrentar seu pai para viver o amor que lhe alimenta.
Agora estamos voltando para casa e minhas mãos estão soando mais do que tudo. Como será que todos estão? Como será que a princesa está? Será que surgiu outra pessoa em sua vida? Será que ela nos esqueceu? É possível que ainda queira nossa amizade? Esses e mais outros pensamentos ficam rondando a minha cabeça até o momento que os portões se abrem e avisto o castelo um pouco mais a frente. Antes mesmo de chegarmos na metade do caminho eu pulo do veículo e ando em direção a alguns guardas que estão andando por ali, escutando apenas os gritos do Julian e do Alfredo. Me aproximo deles e todos parecem já saber quem eu sou, pois se curvam numa reverência que eu acho desnecessária, pois não sou nenhum príncipe.
- Vocês sabem me informar onde a princesa se encontra? – Pergunto aos mesmos e um deles olha em direção ao jardim que fica do lado leste do castelo.
- A princesa Safira encontra-se no jardim leste. – Ele me responde e eu agradeço, já saindo em direção ao local. Estou nervoso, não tenho como negar, mas não quero ser imprudente e impulsivo. Caminho devagar, como se isso fosse me ajudar a ficar mais calmo e controlar minhas emoções, mas percebo que não adianta de nada quando chego no jardim e encontro uma mulher recolhendo umas espadas. Ela está de costa e sozinha, seus cabelos são tão negros quanto me lembro. Minhas pernas parecem ganhar vida, pois vou me aproximando sem perceber e ela parece escutar meus passos.
- Já estou indo, só estava pegando algumas coisas. – Ela diz e se vira para mim. Acho que perco todo o fôlego que existe em meu pulmão ao encará-la. Uau! Odin, uau! Safira está... perfeita. - Ó! Desculpe-me. Pensei que fosse um de meus amigos. – Ela diz e vejo suas bochechas corarem. Perfeita!
Continuo lhe encarando, porque estou sem fala. Sua presença, sua beleza, vê-la de novo me faz perceber o quanto estava com saudade dessa garota, ou melhor, mulher agora, e que mulher. Analiso seu rosto que se tornou mais maduro, alguns traços são novos para mim, mas ainda consigo reconhecer todos os antigos que estão decorados na minha mente e na palma da minha mão. Seu corpo... sou um homem agora e é impossível não notar o quão sedutor ele parece ser, o quão tudo nela parece fazer esquentar tudo em mim, misturando sensações que já conhecia com outras que nunca experimentei.
Acho que passo tempo demais lhe encarando, pois, sua expressão para mim é de interrogação, até que parece constatar algo.
- Luke? – Posso ver sua feição se moldar desde a surpresa até a felicidade.
Dou um sorriso ao ver que ela demorou um pouco para me reconhecer. Não a culpo, estou bem diferente do garoto que saiu daqui a cinco anos atrás.
- Quanta demora para me reconhecer, princesa. – Falo em tom de brincadeira.
- É que você está tão diferente. – Ela diz e seus olhos me avaliam o tempo inteiro, fazendo meu peito se aquecer cada vez mais.
- Espero que esse diferente seja algo bom. – Sorrio ao dizer, sei que amadureci muito, mas ainda tenho plena convicção de que sou um cara muito bonito.
- É claro que é bom. Você está lindo, Luke. – Ok! Eu me achar bonito é uma coisa, mas ouvir isso da mulher que sou apaixonado me faz ficar um pouco envergonhado, num primeiro instante. Desvio o olhar, mas logo volto a lhe encarar. Abra seu coração. Me aproximo e o vento bagunça um pouco seu cabelo, então de forma involuntária pego uma mecha e fico enrolando a mesma no meu dedo.
- Devo dizer o mesmo de você. – Falo e lhe encaro. Seus olhos me prendem, não consigo desviar. - Você se tornou uma bela mulher, princesa.
Ela ruboriza e até penso que vai se afastar, mas me surpreende quando me pede um abraço e, sem hesitar, lhe puxo para os meus braços e aconchego seu corpo ao meu. A falta que eu senti de tocá-la e sentir seu cheiro me faz ficar inebriado e apertá-la com força contra mim, mas então um pigarreio nos chama de volta para a realidade e nos soltamos, dando de cara com o Julian que está atrás dela.
Sua empolgação é grande ao revê-lo e não posso reclamar, foram muitos anos longe um do outro, está mais do que certo que devemos aproveitar. A princesa nos observa e posso quase sentir o que ela está sentindo, pois tenho certeza que todos os três têm o mesmo brilho no olhar. Resolvemos voltar para o castelo, ainda não vimos ninguém e não seria educado chegar e não cumprimentar. Sem contar que estou com muita saudade dos meus pais, assim como eles também devem estar de mim. Quando adentro os portões do castelo, aquele calor familiar me acolhe e finalmente sei que estou em casa. É, eu voltei.
***
Quanto tempo, meus amores! Eu estava muito agoniada por não estar presente aqui. Prometi que postaria dois capítulos de uma vez, mas meu computador quebrou e demorou para eu conseguir arrumar ele. Escrevo no word, então não tive nem como dar uma adiantada.
Peço que me perdoem, o capítulo também não está tão grande, porque eu ia postar dois. Mas se tudo der certo, amanhã ou depois já estarei postando o outro, que vai ser narrado pela Liz e pelo Alfredo.
Não desistam de mim e continuem acompanhando a histórias desses nenens.
Me contem o que acharam do ponto de vista do Luke ao retornar!
Beijos, amo vocês!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro