Capítulo XXXVIII
A semana do luto terminava e com ela aos poucos a princesa se reerguia da sua redoma de tristeza. Safira ainda se recuperava do aborto e permanecia por muitas horas repousando. Depois do sheik muito implorar ela havia retornado aos aposentos dos dois e embora não tivesse a mínima vontade de conversar ou resolver suas diferenças com Said, permanecia quieta em sua cama aceitando de bom grado os carinhos que o marido fazia em seus cabelos.
- Está sentindo dor? - Ele perguntou se aconchegando ao lado dela
- Não... já estou melhor. Minha cabeça também não dói mais. - Negou esboçando um breve sorriso.
- Falta muito para que me perdoe? - Perguntou com os olhos culpados
- Não se trata de tempo, Said... se trata de você e de suas mentiras e omissões. - Comentou cansada.
- Habib... - Ele a fez olhar em seus olhos - Eu tive medo de você me odiar... eu tive medo disso acontecer. Por Allah eu não fiz por mal... eu juro que não. Meu coração é seu Safira, sempre será seu. - Disse vendo os olhos dela marejarem.
- Obrigada por ser sincero - Disse suspirando - No fundo eu já o perdoei a muitos dias. - Falou recebendo do sheik um sorriso arrependido.
Said a beijou levemente, apenas sentindo o doce de seus lábios. A beijou com saudade e com um misto de culpa. A beijou com alegria embora vivessem aquele momento de tristeza.
Eles superariam aquela perda, como superaram todas as outras coisas.
- O que fez com Mahira? - Perguntou ao se lembrar que desde o dia em que ela esteve em seus aposentos não a havia encontrado outra vez.
- Mandei que trancassem ela no quarto - Respondeu amargo - Não quero vê-la, pois sou capaz de arrancar o coração dela com minhas mãos. Aliás, por Allah! O que estava pensando ao aceitar algo vindo dela?
- Eu não sei... - Confessou se sentindo culpada pela própria ingenuidade - Por um momento pensei que ela estava sendo sincera... eu nunca imaginei que ela faria algo isso... eu nunca.. - Dizia já indicando que choraria mais uma vez.
- Shiii.. Habib não chore - Said imediatamente a acalentou limpando as lágrimas e a abraçando em seu corpo. - Vai ficar tudo bem... vamos todos ficar bem.
Os dois adormeceram cada um lidando com seus próprios sonhos, por vezes aterrorizantes por vezes limpos e sem cor. Safira naquela noite sonhava mais uma vez com o bebê, mas já não enxergava o seu pequeno príncipe, desta vez uma menininha de cabelos fartos e negros, de pele tão bronzeada quanto a de Said era quem corria pelo palácio carregando uma boneca nas mãos. A risada infantil parecia música nos ouvidos da princesa e no outro canto do salão dourado via a si mesma tocando no piano branco.
"Mama! - A menina dizia - Mama! Olha como minha princesinha está linda nessa abaya rosa! - Mostrava para Safira a boneca.
Safira não conseguia distinguir suas falas mas percebera pelo sorriso da menina que o que falara era algo bom. Logo as duas estavam sentadas tocando o piano e tudo o que a princesa ouviu foi a melodia.
" Um dia bela flor... vais encontrar um amor... "
BUM! BUM!
Acordaram no susto ouvindo o que pareciam explosões, misturadas a gritos abafados tomados pelo pavor.
BUM! BUM! BUM!
E novamente novas explosões foram ouvidas fazendo Safira finalmente se sentar na cama com os olhos arregalados.
- Said... o que está acontecendo? - Perguntou para o sheik que já havia se levantado e trocava as vestes de dormir por uma que a princesa nunca tinha visto.
Roupas de guerra - Ela pensou ao vê-lo colocar o que parecia uma armadura espessa e pesada
- Said..? Me responda o que estava havendo? - Perguntou novamente abismada com a rapidez do sheik e assustada ao perceber que de dentro dos baús que ele revirava, pegava a imensa espada de prata assim como outras armas até então desconhecidas para a princesa.
- Estão nos atacando - Ele respondeu com os olhos passeando rapidamente pelo quarto em busca de qualquer coisa que o ajudasse - Fique aqui e tranque a porta. Eu mandarei alguém para levá-la até um esconderijo subterrâneo. - Disse parando o que fazia para observar os olhos estáticos de Safira - Você me ouviu? Tranque a porta. Eu a amo, habib.
- Said... - A princesa tentou chama-lo mas o sheik já havia saído do quarto, deixando que o vento gelado do corredor entrasse nos aposentos acordando Safira de seu transe - Eu também te amo - Disse para o nada e correu até a porta trancando tudo.
*
Zayn também havia acordado, e em seus aposentos se armava de tudo o quanto era possível. Seu velho arco e flechas estavam pendurados em seu corpo, a espada de prata semelhante a do sheik já estava posta e presa em sua cintura. A armadura de ferro adornava seu peitoral e os cabelos até então soltos eram escondidos de qualquer jeito em seu turbante cinza.
Saiu apressado ao ouvir passos no corredor encontrando Said igualmente assustado - e preparado - indo em direção ao andar inferior.
- O que acha que é? - Ouviu Said perguntar enquanto desciam as escadas
- Turcos, aqueles malditos turcos - Foi tudo o que o comandante respondeu. E logo viram ao longe da entrada do castelo as bandeiras vermelhas sendo erguidas pelos soldados.
Eram muitos homens. Andando lado a lado em marcha perfeita. O uniforme vermelho era quase imperceptível devido a escuridão da noite, fazendo com que apenas as inúmeras tochas fossem vistas como se flutuassem no ar indo em direção às portas do palácio.
Atravessavam o caminho de pedras brancas, passando pelo jardim de narcisos destruindo as belas flores com as pisadas firmes. Os primeiros guardas indianos já estavam posicionados, mas não eram páreos para tantos guerreiros otomanos.
De dentro do salão os criados e os dois guerreiros kuwaitanos estavam postos aguardando apenas a primeira investida dos turcos nos portões. Said sentia as mãos suarem frio e a todo instante olhava para as escadas com medo de que Safira não o tivesse obedecido.
O som das espadas se chocando podia ser ouvido por eles e logo o chacoalhar das portas começou. Alguns criados jogavam os corpos contra a porta tentando impedir que os turcos entrassem, mas a força dos guerreiros era maior fazendo com eles cedessem e abrissem passagem.
Não houve tempo para pensar e logo a espada de Said se movia rapidamente pelo salão atravessando e cortando os corpos dos guerreiros. Vinham para cima deles com fúria, alternando entre as espadas e os punhos que insistiam em esmurrar as faces de Said e Zayn.
O sheik viu que a situação estava calaminosa ao enxergar os grandes canhões de explosivos sendo empurrados em direção ao castelo.
- Zayn! - Gritou vendo o amigo na mira das bombas - Bombas! Recue! RECUE! - Bravejava ao mesmo tempo que lutava com mais homens do que podia contar.
Logo uma nova explosão ocorreu preenchendo de fumaça e estilhaços o salão. E então mais outra atingindo as janelas e os vitrais coloridos espalhando as vidrarias pelo ar que caíram cortantes sob os corpos dos guerreiros até mesmo dos próprios turcos.
Zayn estava abaixado, se rastejando pelo piso espelhado tentando passar desapercebido por entre os corpos já apagados. A luz escassa o ajudava na missão e por muito pouco conseguiu chegar aos fundos da escadaria, onde a passagem secreta para o subterrâneo estava - ao menos uma delas - empurrando a pequena porta com os pés sentindo o cheiro de mofo invadir suas narinas e entrou.
O comandante havia acompanhado parte da construção do castelo e sabia que ali estavam guardados os armamentos e apetrechos de guerra. Na penumbra procurava pelos explosivos e granadas, assim como mais flechas para o seu arco. Estava preocupado por ter deixado Said e os criados lutando sozinhos mas sabia que sem ajuda dos armamentos não conseguiria ajudá-los e não saíriam vivos depois daquela madrugada.
*
Safira andava preocupada de um lado ao outro no quarto, o som de novas explosões a assustavam e temia pela vida de todos no palácio, principalmente pela vida de Said.
Ninguém havia ido buscá-la, ninguém tinha como ir. Ninguém iria de fato.
"Allah me ajude" - Pensou ao abrir a porta e espiar o corredor dos quarto.
Fazia silêncio no ambiente e a princesa lentamente colocou os pés para fora do quarto. Se estivesse certa - e estava - a última faixa da parede era falsa e levava ao esconderijo. Passou pelos quartos de Layla e Soraia encontrando as duas juntas no último cômodo.
- Vocês estão bem? - Perguntou vendo as duas abraçadas no chão.
- Graças a Allah minha menina... - Soraia disse em suplicada - Estamos bem... acordamos com os barulhos. Onde estão os outros?
- Said desceu... acho que estamos sendo atacados. O comandante deve estar com ele - Falou ao mesmo tempo que uma nova onda de explosões começou, desta vez mais próxima de onde elas estavam. Tudo parecia tremer, desequilibrando as mulheres - Precisamos ir, vamos para o esconderijo. Se ficarmos aqui iremos morrer - Disse ajudando as duas a se levantarem.
As três correram o mais rápido que podiam até a parede falsa. Safira segurava a faixa enquanto as outras duas entravam no corredor escuro. Acenderam as lâmparinas observando o beco vazio e gélido. A princesa ainda estava do lado de fora quando o chão tremeu novamente e os vitrais do primeiro andar estouraram.
Um grito assustado de Layla foi solto no ar e a jovem princesa se agarrava ao corpo de Soraia em proteção.
- Vamos Safira, vamos logo. - A irmã disse apressando a princesa para que entrasse no esconderijo, mas algo impediu Safira de continuar.
Socorro! Alguém me tira daqui! Socorro!
A princesa ouvia ao longe os gritos de Mahira, a odalisca batia com força na porta de madeira em seu quarto do outro lado do corredor.
Me ajudem! Alguém me tira daqui!
Ouviu novamente. Seu lado racional dizia para continuar e entrar no esconderijo com a irmã e Soraia. Mas seu coração mandava outra coisa.
"Não posso deixa-la morrer assim" - Pensou - "O bebê... Said não pode perder outro filho."
Logo seus pés voltaram ao corredor e recebendo os olhares confusos das mulheres disse
- Corram, no segundo corredor virem à direita. Encontrarão uma porta, a chave fica entre as pedras. Entrem no quartinho e tranquem, não saiam de lá por nada neste mundo. - Disse afoita - Eu as encontro em breve - Se despediu fechando a passagem.
Os pedidos histéricos da odaliscas se tornavam cada vez mais altos e Safira se apressou pra chegar ao quarto. Se desequilibrando mais uma vez por conta das explosões. A fumaça estava cada vez mais forte e ia tomando conta do primeiro andar, fazendo a princesa tossir.
- Mahira! - Ela gritou ao chegar na porta - Estamos sendo atacados! Vou tirar você daí
- Safira? É você? - Perguntou parecendo em dúvida - Por Allah me tire daqui, eu preciso de ajuda!
- Estou procurando as chaves! - A princesa gritou do outro lado em busca de algum esconderijo para as chaves do quarto.
"Said deixa as chaves presas em seu bolso... " - Se lembrou daquele ínfimo embora essencial detalhe.
- As chaves estão com Said! Terei que empurrar a porta até que ela ceda - Disse ajeitando as mangas da abaya para que usasse os braços sem o escorregadio do tecido fino. - Saia de perto da porta - Avisou antes de jogar o seu corpo contra a porta de madeira.
A primeira vez foi irrelevante, fazendo com que apenas o braço da princesa doesse. A segunda fez a madeira chacoalhar, mas nada da porta se abrir. Então no que parecia a décima tentativa, parte da porta se cedeu deixando um vão apertado que permitia que somente alguém magro e esguio o suficiente pudesse passar.
- Por Allah... Mahira! - Safira arregalou os olhos ao ver a odalisca.
As vestes de Mahira estavam molhadas e a mulher se contorcia no chão do quarto segurando a barriga com desespero. Um líquido pegajoso escorria pelas pernas dela e filetes de sangue se misturavam a ele.
- Minha bolsa estourou - Ela disse quase sem forças - Por Allah o bebê vai nascer Safira... chame alguém, chame Soraia... preciso de uma parteira.
- Mahira.. - Safira tentava dizer mas estava atônita com a cena em sua frente - Não.. não há ninguém que possa nos ajudar no castelo. Estamos sendo atacados. - Disse terminando de passar a última parte de seu corpo pelo vão da porta e finalmente adentrando no cômodo.
Logo a princesa se ajoelhou ao lado da odalisca vendo que a mesma suava frio e tremia de dor. Mahira instintivamente segurou uma das mãos de Safira como se precisasse de força para soltar um de seus gritos de dor.
- Eu preciso te tirar daqui Mahira... vamos eu vou te ajudar a se levantar - disse tentando fazer com que a mulher se apoiasse nela - Vamos me ajude Mahira... temos que ir.
Os estilhaços continuavam a se espalhar e os brados dos homens eram escutados pela princesa e pela odalisca que compartilhavam em suas faces o mesmo olhar de pavor.
- Eu não consigo me levantar - A mulher disse quase desfalecendo e voltou a se deitar no chão ainda segurando a mão de Safira - Eu não conseguirei passar com essa barriga pelo vão da porta, eu não consigo andar. Princesa - apertou ainda mais a mão dela - Você precisa fazer o parto, precisa fazer esse bebê nascer. - Disse com os olhos vermelhos e trincando os dentes pela nova onda de dor que lhe atingia.
- Eu não.. não posso fazer isso - Dizia em negação - Eu nunca fiz um parto... eu não sei o que fazer.
- Por favor... se não fizer isso o meu filho vai morrer - Olhou em súplica para a princesa.
"Você matou o meu" - Safira pensou sentindo uma pontada de ódio lhe atingir, mas seu coração novamente não deixava que ela fizesse o mal à aquela mulher.
Safira então se afastou para ficar próxima ao ventre da odalisca. Tremia pois nunca havia feito algo parecido e sequer tinha visto partos em sua vida, execeto pelo seu próprio quando médico retirou seu bebê morto.
Rasgou o tecido da camisola de Mahira deixando que o tecido tampasse a sua visão impedindo que a odalisca visse o parto acontecer. O líquido amniótico continuava a descer misturado com sangue e a mulher começava a urrar de dor em tempos menores do que antes.
Tudo o que a princesa pensou foi em pegar a água das bacias do banheiro que ainda estavam mornas, tesouras e e rasgar outro pedaço do pano para Mahira colocar na boca. Safira tinha consciência da dor que a odalisca sentiria e naquele momento elas não podiam chamar atenção. A princesa limpou o que podia, vendo que teria que pedir para Mahira fazer força.
- Quando eu disser três você vai respirar fundo e vai fazer força... o quanto você puder. Entendeu? - Disse quase em desespero incerta se aquele era mesmo o correto a ser feito - Você me entendeu?
Não ouviu um sim, mas um grito veio em forma de resposta juntamente com o aperto em sua mão livre até então. Mahira respirava freneticamente o que não ajudava em nada pois atrapalhava o processo da expulsão tornando as dores ainda maiores.
- Mahira se concentre, respire devagar e faça força. Agora! - Pediu outra vez vendo a mulher forçar o máximo que podia e logo a cabeça do pequeno bebê coroava. - Isso continue, está vindo... faça força de novo! - Pedia vendo que estava dando certo.
- Eu não consigo - A mulher deixando que seu corpo caísse pra trás - Está doendo muito, eu não consigo mais empurrar - Disse fraca.
Safira notou que ela ardia de febre e a pulsação ficava cada vez mais fraca assim como a respiração que antes estava disparada se tornava totalmente irregular e lenta.
- Mahira falta pouco! Por favor, faça força! - Gritou desesperada - Agora faça força! - Disse apertando a mão da odalisca e puxando ela pra que se posicionar novamente e num último surto de fôlego Mahira empurrou, bravejando sentindo seu corpo se rasgar de dentro pra fora.
Logo um choro alto e estridente ressoou no quarto e nos braços de Safira o bebê completamente ensanguentado preso ao cordão umbilical havia nascido.
- Nasceu! Nasceu... - Safira exclamou feliz ainda tremendo com a criança no colo. Logo enrolou o bebê nos lençóis e com ajuda do fogo da lâmparina esterilizou a tesoura e cortou o cordão que ligava o bebê a mãe - Mahira seu bebê nasceu - Disse virando sua atenção para a odalisca.
Mahira respirava fracamente, mas recebeu a criança em seus braços que chorava copiosamente como se precisasse contar ao mundo que havia chegado.
- Shukran... obrigada Safira - A odalisca agradeceu - É um menino? - Perguntou esperançosa
- É uma linda menina - Safira disse vendo a odalisca esboçar um sorriso - Vou te ajudar a alimenta-la enquanto termino de te limpar.
A princesa posicionou o neném nos braços de Mahira para que mamasse e voltou sua atenção ao ventre da odalisca e se assustou ao ver que o sangue continuava a escorrer dela. Muito sangue.
- Mahira... - disse preocupada vendo a líquido escuro sair da mulher - Você está tendo uma hemorragia.. por Allah - Se desesperou e começou a tentar estancar a hemorragia com os lençóis - Mahira você está sentindo dor? Mahira? - Perguntava enquanto se concentrava em parar o sangramento, mas entranhou que a mulher não a respondesse. - Mahira? - disse ao colocar seu olhos na odalisca.
A mulher parecia perder o tom bronzeado da pele e tremia com o bebê em seu colo, estava fraca e perdendo a pulsação.
- Mahira... por Allah precisa reagir, vai ficar tudo bem... eu estou conseguindo parar a hemorragia. Eu.. eu vou parar o sangramento. Espere só um pouco - Dizia nervosa tentando voltar sua atenção para o ventre dela.
A odalisca parou Safira segurando brevemente em seu braço a impedindo de continuar o que estava prestes a fazer.
- Princesa eu não vou aguentar - disse num sussuro - Está doendo tanto... minha visão está escurecendo... - Falava e tossia ao mesmo tempo - Eu preciso que segure o bebê - Pediu entregando a bebezinha a Safira.
- Mahira está tudo bem, são só as dores do parto... isso vai passar - Safira tentava explicar a mulher embora soubesse que a hemorragia não deveria fazer parte do nascimento daquele bebê.
- Me desculpe princesa - A odalisca deu um breve riso - Me desculpe... pelo seu filho - dizia sentindo a respiração falhar outra vez. - Eu lhe tirei o seu filho...
- Está tudo bem - Safira disse medindo novamente a temperatura da mulher vendo que a febre continuava a queimar a pele de Mahira - Está tudo bem Mahira... seu bebê está aqui, essa dor vai passar - Falava tentando ignorar a dor que sentia ao ouvir aquelas palavras. Nada apagaria o que aconteceu.
- Princesa... - Mahira chamou sua atenção que estava ocupada em ninar o bebê que indicava o início de um novo choro - Olhe para mim
- Sim? - Safira a olhou novamente - Precisa dar de mamar a ela... está com fome..
- Princesa... - A odalisca repetiu - Uma vida pela outra... cuide da minha filha, ela agora é sua. Eu sinto muito... - Disse deixando lágrimas caírem - Uma vida... pela outra. - E então num último suspiro, Mahira se foi.
Safira tentou desesperadamente ressuscitar a mulher, mas nada adiantava mais. A odalisca estava morta.
A pequena bebê se remexia no colo de Safira que chorava em pânico, o vestido da princesa estava tomado pelo sangue de Mahira e os braços que seguravam a menina estavam dormentes. A princesa não sabia o que fazer naquele momento até que uma nova explosão aconteceu, invadindo o quarto com a fúria do vento estraçalhando os móveis de madeira fazendo Safira se encolher protegendo a menina.
Nos segundos antes de correr em direção ao esconderijo e passar pela porta quebrada observou o pacotinho em seus braços abrir os olhos. Um brilho âmbar iluminava o rosto da menina. Como a jóia castanha-alaranjada assim eram os olhos da pequena.
"Iguais aos de Said" - Pensou
Safira sorriu por instantes e disse para a bebê que parecia a olhar fixamente.
- Você se chamará Amber, pois tem os olhos da cor da jóia. Princesa Amber Al-amin Mamun, minha filha.
E assim se destinou ao esconderijo levando a menina consigo. Não olhou para trás com medo do que veria em meio ao pandemônio que ocorria naquele lugar. Adentrou a parede falsa ouvindo apenas os passos apressados dos guerreiros invadirem o castelo, mas as palavras de Mahira a acompanharam por todo o caminho.
Uma vida pela outra.
Às vezes a justiça chega antes do que se imagina.
*
Eu tô sem chão pra esse capítulo...
Não se preocupem que essa invasão continua no próximo.
Agora vocês já sabem de quem será o próximo livro ❤ Todas as histórias estarão interligadas, então considerem o livro de Amber realmente como uma continuação de Safira só que agora com outra princesa em outros tempos e com novas emoções e talvez com inimigos que já conhecemos.
É uma boa hora pra eu avisar que Safira está acabando?
Eu volto na próxima semana. Beijos ❤
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