Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo XXVI

6 anos antes

As nuvens pesadas e escuras indicavam outra tempestade de areia se aproximando, tão forte quanto as cinco que vieram antes. As rajadas de vento vinham do sul, fazendo as poucas folhas que sobraram nas árvores caírem no terreno árido.

A subida até a montanha era íngreme, os cascalhos e pedregulhos faziam os pés de Said escorregarem pelo solo repleto de lodo, por vezes o fazendo ir de encontro ao chão lamacento. A pesada vestimenta de guerra não evitava que arranhões e alguns cortes profundos fossem causados em sua pele, deixando assim o corpo do futuro sheik marcado com feias e aparentes cicatrizes.

Sentindo o vento gélido e arenoso quase incomum no deserto mas tipicamente aceitável para a estação do ano, cobriu-se mais um pouco com a capa feita de couro e pelos de carneiro. O cheiro era forte fazendo suas narinas coçarem e o odor incomoda-lo a ponto de sentir dores de cabeça.

No entanto detalhes como esses podiam ser descartados quando se estava muito próximo da zona inimiga. Firmando suas botas nas pedras cobertas de musgo terminou sua subida até o fim da montanha.

Não tão longe, pontos pretos os quais pareciam tendas, marcavam a areia desértica e suas bandeiras em vermelho indicavam que o Império Otomano marcara seu território e uma hora ou outra seus homens iriam atacar.

Estava de tocaia. Espiando cada passo.

Era uma das poucas coisas que não  gostava realmente de ter aprendido em seu treinamento como guerreiro - e por azar - era o que fazia de melhor. Said havia ganho honrosas medalhas do exército por ser impecável e astuto na espionagem.

Não haviam muitos recursos que permitiam que visse a longas distâncias e o único jeito que encontrou fora aquele. Apenas no alto, muito próximo do topo era possível ver o acampamento do exército turco do outro lado da faixa de areia.

Deram sorte que as tempestades de areia ocorreram durante toda aquela semana, dando tempo para que preparassem seus homens para a guerra que vinha. Said se escondera atrás de um dos poucos arbustos presentes na montanha e passou horas observando os turcos, descobrindo cada armadilha, contando suas armas, seus esconderijos e verificando se não haviam mulheres e crianças com eles.

Ele bufou.

Sim, haviam tantas que era difícil de contar. Crianças corriam pela areia fina espalhando os grãos pelo ar seco,  algumas mulheres costuravam roupas e tecidos, enquanto outras cozinhavam para o batalhão em uma estalagem improvisada.

Malditos turcos - Ele pensou.

Desceu a montanha irritado com aqueles homens. Contrariando tudo, as leis e os mandamentos colocaram suas famílias na zona de combate. Mulheres e crianças que não deveriam sequer estar próximos de um exército quanto mais de uma zona de guerra. Não conseguia entender como podiam ser tão inconsequentes.

Todos vão morrer, e nós carregaremos sangue inocente em nossas mãos - Mais uma vez seus pensamentos o atormentaram - Malditos turcos..

Voltando a base, entrou na tenda sentindo o alívio de finalmente encontrar uma sombra. Apesar do tempo nublado o sol desértico ainda queimava.

- Por quê está com essa cara? - Ouviu o amigo lhe perguntar, enquanto o mesmo se levantava com certa dificuldade de uma rede velha pendurada nas hastes de ferro da tenda.

- Mulheres e crianças - ele disse, parando um momento para tomar a água do cantil deixado na mesa - Muitos deles, trouxeram todos. - E terminou ouvindo instantaneamente o burburinho se formar entre os guerreiros.

- O que?! - o outro vociferou - Vermes! Malditos turcos! - gritou batendo na mesa, verbalizando todos os pensamentos de Said. - Quem esses canalhas pensam que são? - E voltou a esmurrar a mesa com o punho, descontando toda a sua raiva no móvel de madeira fina, que se rachou ao meio diante da força do homem.

- O que faremos? - perguntou outro homem que escutava a conversa sentado em um banquinho - Se não agirmos logo irão nos atacar - Afirmou irritado - O que faremos, Zayn? - Perguntou ao comandante 

- Mataremos todos - respondeu Zayn firme, mesmo não gostando do rumo que a guerra estava tomando. - Mataremos todos - Ele repetiu não se preocupando em medir a força daquelas palavras, carregando no olhar um misto gélido e sombrio de ódio.

Said ficou calado, sua expressão era muito próxima de alguém que havia visto um fantasma, uma assombração. Ele não apreciava a maneira como o amigo conduzia tudo, como resolvia uma guerra com simples palavras  -mataremos todos - não era de fato um comando simples assim. Mas era guerra, e naqueles e em outros tempos tudo se resolvia com sangue.

Os homens não ficaram surpresos ao ouvir aquilo, estavam acostumados a lidar com diversas situações difíceis. Mas Zayn seu fiel e melhor amigo sabia que o futuro sheik se incomodava em tirar vidas inocentes, no entanto por mais que quisesse poupar Said de agir com violência, o comandante do exército de Kuwait não tinha escolha, precisavam atacar.

Quando foram designados para aquela zona de combate não esperavam que os turcos fariam tal coisa. Outrora acostumados com guerras de caráter quase pacífico, quando poucos homens perdiam suas vidas e as terras eram divididas por igual, não sabiam ao certo o que esperar do inimigos vermelhos.

Precisavam retaliar depois do massacre que os turcos fizeram no reino. Nenhum dos kuwaitinos tinham escolha. Não podiam simplesmente desistir e voltar para suas casas. Kuwait estava devastada, suas vilas destruídas, plantações saqueadas e muitas famílias foram dizimadas. Não podiam recuar, deviam isso ao seu povo. Precisavam recuperar a honra arrancada pelos turcos, precisavam limpar com suas espadas o nome de suas famílias.

Precisavam destruir todo o exército turco, mesmo que precisassem assassinar todo aquele povo.

- Zayn? - chamou o amigo - Venha comigo, quero lhe mostrar algo.

O homem o seguiu prontamente, levando consigo seu arco e algumas flechas. O artefato era quase medieval, mas para ele era seu melhor armamento.

Zayn Ayalla tinha vinte e cinco anos naquela época. Em seu corpo musculoso e bronzeado carregava inúmeras cicatrizes causadas pelas guerras e a feição sempre fechada e ranzinza  fazia parecer que ele possuía muito mais idade do que realmente tinha.

Desde os quinze ele lutava e defendia pelo reino, seguindo o caminho dos irmãos mais velhos que infelizmente já não estavam mais vivos.

Os cabelos negros eram curtos e ficavam constantemente escondidos por de baixo do turbante cinza, os olhos castanho-escuros carregavam uma combinação de dor e solidão e em seu rosto uma aparente cicatriz na sobrancelha esquerda costumava assustar quem chegava perto. Na perna esquerda sentia o leve puxar dos tendões inflamados e machucados quando fora ferido durante a invasão turca.

Zayn tinha mais marcas do que podia contar, mas as feridas mais profundas eram por dentro.

Seguindo o amigo, subiram novamente a montanha e Said esperou que ele entendesse a gravidade da situação.

Os turcos estavam mais perto do que deveriam, próximos o suficiente das margens do mar que rodeava uma das ilhas de Kuwait, impedindo que o exercíto kuwaitano pudesse se alimentar e suprir suas necessidades durante o tempo ali. Tinham sido cercados.

- Teremos que atacar a noite - Zayn informou recebendo um olhar confuso de Said - Eles vão precisar dormir e não podem fazer fogo com a ventania e o frio que fará durante a madrugada. Vamos atacar enquanto estiverem dormindo.

- Está louco? Nossos homens não enxergarão nada - bufou inconformado.

- Eles não precisam enxergar, Said. São guerreiros, lutam e movem uma espada de olhos fechados - ele disse observando a movimentação dos turcos, que comiam e dançavam em plena luz do dia como se nada estivesse acontecendo - Precisam apenas matar esses homens, usaremos a luz da lua a nosso favor e o frio que impedirá esses malditos de saírem de suas tendas. Se cada um de nossos homens entrar em uma tenda e matar quem estiver dentro, venceremos essa guerra. Mas precisamos dizima-los até que não sobre nenhum. - Terminou sua análise com o costumeiro olhar de desprezo que usava para se referir a aquela gente.

Até que não sobre nenhum...

Até que não sobre nenhum...

Aquela frase martelava Said, não conseguiria matar tantos inocentes, mesmo que fosse preciso.

*

Presente

Said acordou assustado. Suor espesso escorria por seu rosto e por todo o corpo desnudo. Os cabelos pinicavam molhados em sua nuca e uma dor de cabeça quase dilacerante o atingia.

Pesadelos.

O Sheik tinha muitos pesadelos acumulados durante os anos, durante as guerras. Durante a última guerra. Said sonhara que estava lá, revivendo novamente aqueles dias de puro terror.

Ele não tinha mais medo.

Said não se lembrava de quase nada depois daqueles dias ou pelo menos fingia não se lembrar. Ele não tinha mais medo, mas ainda conseguia ver o medo estampado em milhares de olhos inocentes, via o clamor por piedade diante do massacre.

Bufou sentindo lágrimas pesarem em seus olhos.

O sheik carregava pesadas bagagens e vidas em suas costas. Sangue e dor. Em sua espada havia mais cicatrizes do que em seu próprio corpo e embora fosse tão metafórica aquela alusão elas tinham um pingo de verdade. Um rio vermelho e sangrento de verdade.

Suspirou.

Respirou profundamente.

Várias e várias vezes até sua respiração voltar ao normal. Estava acostumado a acordar daquela forma. Estava acostumado a carregar aquela culpa.

Olhou para o lado e viu tão serena a princesa dormir, com os lábios entreabertos e as mãos apoiando o rosto sob o travesseiro. Calmaria e paz. Safira tinha essas duas virtudes, duas coisas que Said desconhecia a muitos anos.

Fechou os olhos ao ouvir o zumbido em seus ouvidos, o barrulho dos passos sob a areia molhada, o vapor quente entrando em suas narinas, o brado de seus homens quando era hora de atacar. O galope ávido e selvagem dos cavalos de guerra. E o grito. O choro. Os últimos suspiros de tantos outros.

Se levantou não suportanto aquela agonia viceral que o assolava e seguiu para a sacada do quarto. Fazia silêncio, muito silêncio. As lampârinas do castelo estavam quase todas apagadas e a vila que não ficava tão distante parecia dormir tranquilamente.

Apenas sua mente está pertubada. E viciada... a culpa é sua. Tudo aconteceu por sua culpa. Se você não existisse milhares de vidas seriam poupadas da morte. - sua mente o atormentava.

Passando a mão no rosto cansado, exaurido de conviver com aqueles demônios, olhou pro céu observando o mar de estrelas que cintilavam sob o azul escuro. As nuvens pesadas e formosas dançavam entre si ofuscando o brilho luminoso da lua cheia cada vez que passavam por ela.

Said imaginou se Allah estaria no céu, olhando pra ele naquele instante. O julgando. Escrevendo no livro da vida todos os seus erros. Seus pecados. Sentenciando seus dias na Terra e enviando castigos tortuosos que talvez não fosse capaz de aguentar.

Mas lembrou-se por um momento que Allah era bondoso demais para manipular tamanhas crueldades - mesmo que Said merecesse - Se ele estava ali vivo certamente ainda haviam muitas coisas para que vivesse. E talvez ao longo de seu caminho suas falhas fossem perdoadas.

Deixou uma lágrima solitária cair.

Quando ele tinha se tornado tão frio e cruel? Onde aprendera a desligar qualquer resquício de humanidade presente em seu ser? Porque era tão fácil privar alguém de sua existência?

A guerra o havia transformado. Moldado. Rasgado. Quebrado. E o remontado, com suas milhões de partes destruídas. 

Suspirou mais uma vez.

Se recompôs e voltou ao quarto, parando na porta da sacada e se sentando na poltrona redonda e macia que havia ali.

Passou a madrugada inteira olhando Safira. Observando o ir e vir de sua respiração, os espasmos involuntários do corpo adormecido e vislumbrou a feição atormentada de quem sonhava com algo muito ruim.

Não era necessário pensar muito para desvendar do que se travata o sonho. Aquelas últimas semanas quando voluntariamente ficara em posições parecidas com aquela havia presenciado aquela cena diversas vezes, vendo a princesa acordar tão apavorada quanto ele em seus próprios pesadelos.

Said odiava ver aquilo. Odiava o fato de Safira se tornar tão ferida e machucada quanto ele. Odiava ve-la na pontinha do abismo - muito perto - de cair. Ele não conseguia puxa-la pois estava tão vulnerável e perdido quanto ela.

Ele também estava caindo no abismo.

Ele sabia que seriam poucos os momentos em que ela se esqueceria de seus traumas. Que viveria uma vida normal. Que sorriria como se nunca tivesse chorado em sua vida. Seriam poucos os momentos em que ele a tocaria e ela se deixaria levar. Poucos seriam os dias felizes e muitos os dias fatídicos. Dias, semanas, meses ou anos torturantes e por vezes insuportáveis.

Seu maior desejo naquele momento era apagar as memórias ruins que  Safira tinha, mas Said não tinha qualquer poder para fazer tal coisa.

Serei o seu escape. O seu refúgio. Um porto seguro - ele pensou.

Said tivera o seu quando precisou. Por muitos anos, mesmo que o seu escape tenha ficado no passado.

Ao nascer do sol voltou pra cama, deixando um carinho no rosto angelical da esposa, que estava novamente sereno sem qualquer resquício de tormenta. Beijando calidamente a testa dela, se ajeitou na cama trazendo o corpo dela mais próximo de si.

Fechou os olhos, para minutos depois Safira acordar.

*

Nota da autora:

Neste capítulo vimos um pouco do passado de Said e a primeira aparição de Zayn o melhor amigo do sheik e comandante do exército.

Teremos mais alguns desses "sonhos/flashbacks" durante o livro onde vocês vão descobrir tudo o que aconteceu durante a guerra de Kuwait contra o Império Otomano, e é claro, o que fez o nosso sheik se tornar por muitas vezes frio e cruel.

Espero que tenham gostado, deixem seus comentários e se tiverem algumas teorias sobre o que acontecerá no livro comentem também!

Apertem na 🌟, um ótimo domingo a todos ❤

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro