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Capítulo Vinte e Dois

 Era a quinta vez que o celular vibrava ao meu lado e pela quinta vez eu o ignorei.

Estava jogado na cama, usando apenas minhas calças de moletom, meu cabelo ainda molhado do banho. Sentia um pouco de frio, mas não queria me mover para debaixo das cobertas. A concha que Evans havia me dado rodava entre meus dedos enquanto eu a observava. Ela era tão branca, como o pelo de algum animal debaixo do sol ou uma primeira nevasca, levemente rachada por listras amarronzadas e verdes. Como os olhos dela.

Sua imagem ficava girando em minha cabeça. A primeira vez que a vi, ela na praia, ela trabalhando, ela rindo, ela na roda-gigante, ela debaixo da chuva, ela debaixo de mim, ela, ela, ela. Meu cérebro era um disco arranhado, impossível de pular para a faixa seguinte. Eu a avaliava e voltava a avaliar, como se esperasse encontrar detalhes novos, mas nunca encontrava, pois já tinha gravado cada centímetro de Julia Evans, e isso não me decepcionava, pois ela era exatamente o que tinha que ser, sem mais nem menos.

Tudo nela era equilibrado, seu porte pequeno, poucas curvas, não havia nada extremo nela, e era exatamente aquilo que chamava minha atenção. Sua atitude firme e politicamente correta me tiravam a paciência, mas ao mesmo tempo me forçavam a refletir. A forma como havia falado comigo depois do casamento me deixou louco. Ela havia me comparado com o velho, ninguém, nem mesmo minha mãe, tocava naquele assunto daquela forma, era um limite rígido para mim. Então porque um par de olhos bonitos e uma concha estúpida me fizeram perdoá-la? Bem, eu não tinha ideia. Tudo era frustrante, ainda mais aquela vontade absurda de vê-la. Era como um vício. Seria porque estando com ela tudo parecia certo? Uma vez que tive um pouco do gosto, agora estou viciado no seu conserto, garota.

A forma que havíamos nos despedido na noite anterior, no camarim, me deixava louco. Ela me deixou excitado como o cacete e depois foi embora! Para ficar com outro cara! Só de lembrar daquilo... Eu havia pegado minha guitarra e ido embora sem olhar para o bar. Ela havia ficado com ele? Calum não a teria deixado ir embora com um estranho, deixaria? E se tivesse?

- Merda! – gritei, sentando. O celular estava vibrando outra vez. Resolvi atender. – Por que você não vai se foder, caralho?

Ashton soltou uma gargalhada.

- Alguém está puto.

- Diga logo o que você quer.

- O fodido seria você se não me atendesse, idiota. Rivers tem um novo serviço.

- Já? Mas acabamos um há alguns dias!

- Qual o seu problema? Antes estava choramingando porque Rivers estava demorando, agora porque está indo rápido demais? Parece mulher com o vem-não vem da menstruação.

- Cara, eu não posso viajar agora.

- Por que não? Não vai ser a primeira vez que encurtamos as férias. Aliás, onde você tá? Alguma praia?

- Só estou por aí, ainda não decidi onde parar.

- Sempre viajamos juntos. Dessa vez você nem me avisou que estava indo.

Passei a mão no cabelo, nervoso.

- Você ia ter que largar o meu saco alguma hora, eu não sou sua mulher.

- Você é minha vadia, babe. - ele riu. – Sério, Luke, volta pra casa, seja lá onde você estiver.

- Já falei, não posso. Minha conta nunca teve tantos zeros, eu quero aproveitar.

- Rivers não vai gostar disso.

- Foda-se ele também. Não sou a vadia que corre sempre que ele estala os dedos.

Ashton ficou em silêncio por um momento.

- Cuidado, Luke. Sério. Você não pode dizer essas coisas por aí.

Revirei os olhos.

- Sim, mãe.

- Quando eu tiver mais informações...

- Não me ligue. – desliguei e olhei para a concha na palma da minha mão.

As aulas estavam no fim. Entrei no estacionamento dos alunos com minha moto, esperando não ser expulso dali, e esperei no mesmo lugar onde a vi pela primeira vez.

O sinal tocou, cuspindo adolescentes do prédio em poucos minutos. Quase não a vi entre todas aquelas cabeças. Deixei a moto e corri para alcançá-la. Evans me viu mas não falou nada. Caminhamos lado a lado.

- Não ficou depois da aula hoje? – perguntei.

- Eu não costumo ficar de castigo.

- Só daquela vez?

Ela pareceu lembrar instantaneamente.

- Eu estava na biblioteca.

Saímos dos limites da escola e paramos na calçada. O silêncio estava estranho. Como havia dito, Evans não parecia estar zangada ou magoada, ela se mostrava indiferente. Usei um minuto para vê-la. Usava um vestido rosa claro com mangas e florido, tão tipicamente ela. Seu cabelo estava preso em uma trança, a ponta mal tocava o meio de suas costas. Notei que havia papel picotado nela. Peguei um e lhe mostrei.

- Alguma comemoração?

Evans deu uma olhada.

- Will. Lembra? O que é louco por você?

- Por mim ele acabará em um manicômio temático.

- Ah, é? E qual seria o tema?

- Os funcionários usariam tanga com estampa de animais. Nada mais.

- Will gostaria disso.

Evans falou e sorriu. Sorriu. Foi impossível não sorrir também.

Estávamos parados na calçada, os outros alunos esbarravam em nós a todo momento.

- Eu preciso ir. – falou, olhando para a rua, como se houvesse algo de interessante lá. Ela estava evitando olhar para mim.

- Também estou indo para o Comic's, posso te dar uma carona.

- Preciso fazer uma coisa antes.

- Qual é, Evans, você disse que estava tudo bem entre a gente.

- E está, não estou mentindo.

A estudei por meio minuto, parecia estar sendo honesta.

- Tudo bem, então.

Ela passou os livros para o outro braço.

- Até mais tarde, Luke. – começou a se afastar, mas eu a chamei.

- Eu estava pensando se você poderia me ajudar com algo.

- Com o quê?

- Eu pretendo ficar por um tempo na cidade, aluguei um lugar, mas está vazio. Não faço a menor ideia do que preciso comprar.

Evans me olhou esquisita.

- Você alugou um apartamento vazio?

- Não, tem uma cama, uma geladeira, essas coisas, mas o resto... – dei de ombros.

Ela balançou a cabeça.

- Entendi. Você quer que eu vá até o seu apartamento para te dar dicas de pratos.

- E talheres. – concordei, o mais sério que consegui.

- Não posso ajudar você a escolher talheres, tenho muita lição e um trabalho sobre Himmler.

- Eu posso ajudar você com o trabalho.

Ela ergueu as sobrancelhas.

- Você?

- Eu cursei o terceiro ano, só não terminei ele.

- Está falando sério? Não terminou o colégio?

- Não.

- Por quê?

- Desavenças.

Ela pensou um pouco.

- Isso não me surpreende. E o que você sabe sobre Himmler?

- Sei o bastante.

- Eu pagaria para ver isso. – ela riu.

- Então pague. Hoje, depois do trabalho.

- Tá brincando? Minha tia me mataria se eu me atrasasse. Além disso teremos tacos no jantar.

Fui trocado por tacos.

- Amanhã, então.

Ela pegou o celular no bolso e pareceu conferir a hora.

- Eu preciso mesmo ir.

Evans começou a se afastar outra vez. Eu a olhei invejoso, parecia tão fácil para ela se afastar. Corri e a alcancei em seguida.

- O que está fazendo, Luke? – perguntou, me vendo acompanhá-la.

- Acompanhando você até esse seu compromisso misterioso.

- E por quê?

- Esses são tempos perigosos.

- Ah, claro. E quem é mesmo você? O Batman?

- O primo mais bonito dele.

Evans deu mais alguns passos, então parou e se virou para mim.

- Quer mesmo me acompanhar?

- Adoraria.

- Você tem cigarros?

Ergui as sobrancelhas surpreso.

- Você quer meus cigarros?

Ela estendeu a mão, a palma para cima. Peguei o pacote cheio do bolso e lhe entreguei. Ela foi até uma lixeira na calçada e o jogou lá dentro.

- Agora podemos ir. – voltou a caminhar parecendo satisfeita.

Levei um segundo para me mover.

- O que foi isso?

- Adoro ajudar os jovens contra os perigos. – ela me lançou um sorriso debochado. – Se vamos ser amigos, regra número um: Não fume perto de mim.

- Tudo bem. – dei de ombros.

- Fácil assim?

- Não é um vício para mim, Evans.

- Já sei. "Eu posso parar quando eu quiser"?

- Exatamente.

- Deveria parar agora, então.

Caminhamos em silêncio por alguns minutos.

- Você viu o Ben? – ela perguntou, hesitante.

- Ainda não. Por quê?

Alguns passos antes de responder.

- Ele está... não exatamente bem. Deveria conversar com ele.

- Aconteceu alguma coisa? – eu realmente me importava? Talvez.

- Só ele pode decidir se vai te contar ou não.

- Justo.

- Então, quando você voltou?

- Quando fui ver você, no seu prédio. Foi a primeira coisa que eu fiz.

Evans me olhou, checando se eu estava falando sério. Eu estava.

- Isso foi há alguns dias. Andou ocupado?

- O sr. Banhento me mantem ocupado o dia todo. Não tive muito tempo livre.

Os turnos da manhã no trabalho eram completamente entediantes sem ela por perto.

- Ashton deve estar se sentindo sozinho. Vocês moram juntos?

- Estou sozinho dessa vez. Mas quando viajamos geralmente ficamos em prédios separados.

- Por quê?

Porque se a polícia encurralar um, o outro se safa.

- Eu preciso ter uma folga dele, ele precisa ter uma folga de mim.

- Ele também tem negócios?

- Os mesmo que eu.

- E você ainda não pode falar nada sobre isso.

- Seria entediante para você.

- Acho que entendo.

- Entende?

- Que não pode me contar. Você teria que me matar? – havia um sorriso brincalhão nela.

- Eu preferiria manter você presa. Comigo. – sorri. – Sua vez. Conte algo.

- Não tenho nada interessante para contar. – deu de ombros. – Não para você. Quero dizer, o que faço seria entediante para você também.

- Dever de casa, trabalho e amassos no sofá com algum amigo?

- Acabou de resumir minha vida.

- Você dá amassos no sofá? – era pra ter sido uma piada. Evans brincava o jogo das bases?

- Sofás são feitos para serem sentados. – foi sua resposta.

Ela apressou o passo e saltou para cima de um banco na calçada. Sua mão buscou apoio em meu ombro enquanto caminhava por ele. Pulou para o chão, rodopiou e sorriu brilhantemente para mim.

- Eu vou ficar aqui. – estávamos em uma parada de ônibus. Para onde ela estava indo? – Bem, obrigada por me trazer sã e salva, oh grande herói.

- Você me deve uma.

- Eu salvei seus pulmões de um câncer, não te devo nada.

Ergui a mão para colocar uma mecha solta de cabelo atrás de sua orelha. Evans me encarou, seus olhos bem claros por causa do sol de fim de tarde.

Mantive minha mão em seu rosto enquanto me inclinava devagar. Quando estávamos perto o suficiente, fechei os olhos e pressionei meus lábios nos dela, da forma mais gentil como nunca havia beijado alguém antes. Foi calor no peito e frio na barriga. Apoiei minha testa na dela, ainda de olhos fechados.

- Nós não temos que dizer nada. - passei meu polegar por sua boca. – Não devemos dizer nada. – apertei os olhos, com força. – Por favor, não diga uma palavra. – sussurrei. Se ela quebrasse aquele momento, eu também seria quebrado.

Voltei da última entrega sentindo que se sentisse o cheiro de pizza pelos próximos dois anos, vomitaria meu pâncreas. Não aguentava mais levar aquilo para cada canto daquela maldita cidade. Tirei a mochila das costas e a guardei no lugar, reprimindo a vontade de jogar aquilo no chão e chutar.

O Comic's já estava fechado. Uma das portas que davam para o salão estava aberta, então eu podia ouvir Patrick e Evans conversando enquanto limpavam as mesas. Aquele garoto-ketchup andava rondando Evans o tempo todo, como um cachorro preparando para levantar a pata. Imbecil.

Estiquei as costas, ouvindo o estalo. Todo aquele trabalho estava me matando.

- Alguém precisa de uma massagem. – Maggie comentou, entrando na cozinha. – Sorte sua que eu tenho mãos fabulosas. – ela as mostrou. As mãos da mulher eram grandes e grossas.

- Valeu Maggie, mas eu passo.

- Não seja envergonhado, venha, tire a blusa e se deite nessa mesa.

- Não, sério, não precisa. – imaginei aquelas mãos apertando os meus ossos e estremeci. – Estou bem.

- Tem certeza? Eu fazia massagem no meu ex-marido toda semana. Claro, se ele fosse assim como você, jovem, forte e viril, eu faria toda noite.

Deslizei para o lado, me aproximando da saída mais próxima. Maggie continuava tagarelando, parei na porta, metade do corpo na cozinha, metade no salão. Enquanto ela falava, lancei um olhar por cima do ombro e vi Patrick inclinado sobre a mesa que Evans organizava. O cretino babava na fantasia da garota descaradamente.

- Foi a última vez que a gente dormiu junto. – Maggie ia contando. – Não estou falando de... você sabe, isso já não existia há anos. Depois eu mandei ele para o quarto do Jimmy, nosso filho. Quer ver uma foto dele de quando era pequeno? Eu tenho na minha bolsa.

- Ahn, talvez outra hora...

- Ah! Está aqui! Veja essas bochechas!

Dei uma olhada na foto que ela segurava. Havia um garotinho gordo, rosado e vestido de marinheiro.

- Lindo, não era?

Olhei outra vez para o salão. Evans havia parado de organizar para ouvir algo que o garoto falava. Ele parecia nervoso.

De repente senti uma mão apertar meu braço. Virei e Maggie estava toda risinhos.

- Sim, sim, você tem braços grandes e fortes. – ela riu e ficou vermelha. – Se eu fosse trinta anos mais jovem você não me escapava.

Soltei uma risada para ela e passei para o salão, querendo colocar o máximo de distância entre a gente. Quando me virei, dei de cara com Patrick se inclinando para Evans. Congelei, me perguntando se realmente estava vendo o filho da puta beijar ela.

Evans virou o rosto logo em seguida e o empurrou levemente.

- Desculpe eu... – Patrick foi falando, embaraçado.

- Acho que você está confundindo as coisas.

- A culpa foi minha, eu pensei que você, talvez... – nesse momento ele me viu. Evans também olhou para trás e ficou tensa. – Acho melhor eu ir. Até amanhã, Julia.

Patrick tentou fugir como um rato, mas eu barrei o caminho com uma mão em seu peito. Ele ergueu o olhar para mim.

- O que foi? – perguntou, tentado soar intimidante, mas sua voz tremeu. Ele era uns bons vinte centímetros mais baixo que eu.

- Você é estúpido?

- O quê?

- Eu perguntei se você é estúpido.

Evans entrou no meio de nós, me empurrando.

- Ei, ei, o que você pensa que está fazendo? – ela quis saber.

- Eu quero saber se ele é estúpido.

- Não sou estúpido. – Patrick respondeu, me olhando desafiador, agora que tinha Evans como barreira.

Eu a tirei do caminho com facilidade, me inclinei para olhá-lo nos olhos, nossos narizes quase se tocando, e falei:

- Se você não é estúpido, não faça estupidezes.

Ele saiu dali rápido como um raio. Eu o acompanhei com o olhar até desaparecer na cozinha. Depois me deparei com Evans com as mãos na cintura e um olhar feio.

- Que foi? – perguntei.

- Não faça isso. Nunca mais.

- Eu fiz um favor para você!

- Eu não lembro de ter pedido nenhum favor.

Nos encaramos por todo um minuto, até que eu falei.

- O que aconteceu na outra noite? Quando eu fui embora do bar?

- Eu não sei quando você foi embora. Você realmente acha que o mundo gira em torno de você, não é?

Evans sentou em uma das cadeiras, parecia cansada até mesmo para discutir comigo. Ouvimos um som curto e ela pegou o celular, conferindo uma mensagem. Eu consegui ver as palavras "Avelan" e "Boo".

Aquele era o cara do bar? O filho da puta já estava usando apelidos com ela? E o idiota não sabia escrever avelã?!

- Você só precisava ter falado.

- Falado o quê?

- Que tinha outros planos hoje.

Ela suspirou.

- Eu só vou ver um filme em casa com...

- Na sua casa? – eu a olhava sem acreditar. Ela havia conhecido o bastardo há dois dias! O bastardo é você, esqueceu?

- Eu não consigo entender como isso pode ser da sua conta! – Evans levantou, irritada.

- Você sabe que eu me importo com você! Merda! Você sabe! Você sabe!

- Não, eu não sei.

Você nunca falou pra ela.

Eu a olhei, as palavras na minha boca. Foram outras que saíram.

- Seu amigo está esperando para jogar o jogo das bases no sofá com você. Não esqueça o chocolate com avelã.

Evans me olhou confusa, depois seu rosto se iluminou.

- Não...

- Eu realmente não quero saber, Evans. – comecei a me afastar, mas parei e me virei. – Você vendeu muito bem aquela imagem de garotinha. Até mesmo eu acreditei.

- Você não sabe do que está falando.

- O que eu sei é que eu não conheço você.

- E se eu estivesse saindo com outra pessoa, o que você teria com isso? Está agindo como se eu devesse algo a você. Eu não devo.

- Tem razão.

- E você é um completo idiota.

Eu a olhei por um momento, pensando na imagem que tinha dela e no que ela estava começando a mostrar. Concordei com a cabeça.

- Você está certa. De novo. Eu sou um fodido idiota.

Me virei e fui para o banheiro. Bati a porta com força, tirei minha jaqueta e a joguei no chão. Fui até a pia, apoiei minhas mãos ali enquanto me olhava no espelho. Inferno. Me encarei por todo um momento, então puxei a camisa do Superman pela cabeça. Fui até os armários, tentei abrir o meu mas estava emperrado, como sempre. Eu o chutei, repetidas vezes, até que a porta abriu. Apoiei uma mão na parede e continuei a chutar, até que ela se soltou da dobradiça, caindo no chão. Joguei a blusa lá dentro, peguei a minha e a vesti. Recuperei minha jaqueta e saí do banheiro. Cruzei com Maggie na cozinha. Ela me chamou.

- Agora não é uma boa hora, Maggie. – falei, vendo que ela segurava uma foto. Se ela me mostrasse algo mais daquela criança feia...

- Deixaram isso pra você.

Fui até lá e peguei a foto. Evans estava ali, com os braços ao redor de um garotinho sem um dente de leite. Sobre a cabeça do menino havia escrito "Max" e sobre a dela "Boo". A compreensão foi como um tapa. Olhei para o teto.

- Merda.

O prédio de Evans estava quieto quando estacionei em frente a ele, a maioria das luzes dos apartamentos já estavam apagadas. O porteiro, um velho na casa dos sessenta, barrou meu caminho antes de chegar ao elevador. Seus olhos de coruja me avaliaram dos pés à cabeça e devem ter chegado a conclusão de que eu era um assaltante.

- Você não pode subir assim. Qual apartamento está procurando? – perguntou, tentando parecer firme, mas eu podia ouvir o leve temor em sua voz gasta.

- O dos Evans.

O velho me olhava ainda mais desconfiado.

- Não tem nenhum Evans aqui, rapaz.

Parei por um segundo, me perguntando se estava no lugar errado, mas não, o prédio era aquele.

- A Julia mora aqui. Julia Evans.

Ele pareceu saber de quem eu estava falando.

- São quase dez da noite, rapaz. Não acha um horário impróprio para visitar uma senhorita?

Puta porteiro metido.

- Com isso não precisa se preocupar. – respondi, forçando um sorriso. – Somos primos. Acabei de chegar de viagem.

O velho juntos as sobrancelhas em dúvida.

- E onde estão suas malas?

- Problemas com a bagagem. O aeroporto vai mandar depois.

- Pensei que Rebecca era a única tia das crianças.

- Meu pai era irmão de criação do pai dela. Cresceram juntos, mas o meu foi para o Colorado, onde eu nasci. – precisei me concentrar para não rir.

- De criação, é? Hum. Vou precisar ligar para o apartamento deles. – falou por fim, caminhando para detrás do balcão.

Merda, ela nunca vai me deixar subir. Pensei em mandar o velho para o cacete e pegar o elevador, mas a ligação dele seria mais rápida. Poderia ameaçá-lo, mas não queria dar com a polícia naquela noite.

- Eu gostaria de fazer uma surpresa. – falei rapidamente. – Como não nos vemos há muito tempo...

- Sinto muito, mas as crianças estão sozinhas.

- Mas...

- Diga-me, rapaz, você gostaria que eu deixasse um garoto subir para o apartamento da sua prima às dez da noite, quando ela está apenas com o irmãozinho, sem consultá-la antes? – as suas sobrancelhas brancas e cheias subiram, me desafiando. Cruzei os braços.

- Não, não gostaria. – na verdade não gostaria de saber de qualquer infeliz subindo para o apartamento dela, fosse a hora que fosse. Ponto.

O velho não se incomodou em seguir falando, pegou o interfone e apertou uns botões.

- Boa noite, menina. – fez uma pausa. – Seu primo está aqui embaixo. Posso deixá-lo subir? – outra pausa, então virou para me olhar. – Qual é mesmo o seu nome?

Fiquei em silêncio, tentando pensar em alguma coisa.

O porteiro voltou a atenção para o interfone, soltou um "Tudo bem, então. Boa noite" e desligou.

- Ela sabe quem você é. Pode subir. Apartamento 4B.

Fiquei surpreso e com um pouco de esperança, talvez não fosse tão difícil ela me perdoar. Peguei o elevador tamborilando os dedos nas pernas, estava nervoso.

As portas deslizaram no quarto andar. Parei em frente ao B e respirei fundo. Não seja covarde, bastardo! Toquei a campainha e dei um passo para trás. Esperei um minuto e lá estava ela, usando uma blusa grande demais, que descia até suas coxas, cabelo solto nos ombros e pantufas. Aquela visão me fez sorrir e esquecer o nervosismo. Ela era uma mistura de algo sexy e algo fofo.

- O que você quer? – perguntou cruzando os braços e me fulminando com o olhar. Era toda um coelho que se achava um leão.

- Posso entrar?

- Acho que não é uma boa ideia.

- Eu sei que sua tia não está, não vai nem precisar me apresentar ou dar explicações.

- Esse é o problema.

Ah, ela não queria estar sozinha comigo. Por que, Evans? Com medo de cair na tentação? Sorri com o pensamento.

- Diga logo o que quer, Luke.

- Não seja má, estou congelando aqui fora.

Ela me avaliou.

- Você está bem vestido.

Esse é o problema? Sorri e tirei a jaqueta, deixando cair no chão.

- O que você está fazendo? – ela quis saber, abrindo bem os olhos.

Não respondi. Puxei a camisa pela cabeça, seus olhos se prenderam em meu peito e sua expressão me agradou muito. Levei as mãos para a frente da calça e abri o único botão.

- Pare com isso agora! – Evans olhou freneticamente pelo corredor, verificando se havia outro espectador para meu strep tease. Ao ter certeza que estávamos sozinhos, agarrou minhas roupas e me puxou para dentro. – Vista-se! – ordenou, fechando a porta.

- Aqui dentro está bem quentinho. Eu posso ficar assim. – passei as mãos por meu peito, sorrindo ao vê-la seguir o movimento. Suas bochechas queimaram e ela desviou o olhar.

- Luke, por favor, vista-se.

- Se insiste tanto. – dei de ombros e vesti a camisa, deixando a jaqueta sobre um móvel. – Agora, vai me ouvir?

Ela revirou os olhos e caminhou até o sofá, comigo logo atrás. O lugar era pequeno, quase do tamanho do meu apartamento, mas parecia ter dois quartos a mais. Era aconchegante, diferente do vazio em que eu vivia e da decoração clean da casa dos Leicester. Os móveis usados, as plantinhas, os quadros, os sinais de criança por todos os lados, tudo indicava que ali vivia uma família, pequena, mas feliz.

Sentamos de frente para o outro, nosso joelhos se tocando. Prendi o olhar no dela antes de falar.

- Desculpe, eu fui um idiota.

- É, você foi. Você sempre é. – ela parecia mais cansada que irritada.

- Você nunca me disse que seu irmão menor te chamava de Boo. – tentei me defender.

- Você também não fala muito sobre a sua família.

Baixei o olhar. Eu não falava sobre minha família com ninguém, o que diria? Que meu pai sequer me deu seu sobrenome? Que a família da minha mãe a abandonou quando ela foi largada grávida?

- Eu não entendo, Luke. Por que você é assim? – Evans me olhava confusa, como se eu fosse um quebra-cabeças com todas as peças tortas.

- Assim como? Um merda? Um louco?

- Você é distante, desapegado, mas então, do nada, explode e parece com...

- Com?

- Com ciúmes. – admitiu encarando os próprios dedos. – Eu sei, é estúpido, mas o jeito que você saiu falando aquelas coisas, por causa de uma mensagem. Também quase bateu no Patrick quando ele me beijou.

Ficamos em silêncio por um incômodo minuto. Eu estava lembrando do beijo do cretino limpador de mesas e dos olhares cobiçosos que ele lhe dava.

– Tudo bem, pode me chamar de idiota, eu sei que nada a ver você estar com ciúmes, bobagem, mas...

- Você tem razão. – falei, cortando-a. Havia fechado os olhos para me controlar e, quando voltei a abri, a encontrei com a boca entreaberta de surpresa. – Porra, Evans, você imagina a boca deliciosa que você tem? – ela engoliu em seco e piscou. – Sim, eu tenho ciúmes de você. Quero bater no meu irmão até ele esquecer todas as vezes que te tocou. E adoraria esmurrar o infeliz serve mesas por ter te beijado, bateria tão forte até acabar com toda a vontade que ele tem de olhar para você. Infelizmente, não é apenas desses dois babacas que eu tenho ciúmes, ah, não Evans, eu queimei por dentro ao ver você e aquele outro filho da puta no bar. Tenho certeza que vai ser assim com qualquer um que chegar perto de você. – agarrei Evans pelos braços e a puxei para mais perto, deixando minha testa encostar na dela. Seus olhos confusos e perplexos se perdiam nos meus. – Pena que não poderei acabar com nenhum deles. Sabe por quê?

- Por quê? – sua voz tocou meu rosto, quente e com seu perfume característico. Meu corpo ficou tenso de desejo e fechei os olhos.

- Porque você não é minha. – dizer aquilo em voz alta me deixou aborrecido, era como admitir uma falha. Abri os olhos e lá estava outra vez, sua boca entreaberta. – Ah, garota...

Levei meus lábios para os dela e a beijei. Deslizei as duas mãos até a base de suas costas, então subi, apertando-a contra mim. Não existia sensação semelhante, sentir sua barriga tocar a minha, seus seios pressionados em mim, sua boca permitindo que minha língua a explorasse.

Os braços dela estavam ao meu redor, mas eu sentia que necessitava de mais partes dela me tocando. Sem quebrar o beijo, empurrei-a para trás, deitando-a no sofá e deitei por cima de seu corpo, sustentando meu peso nos braços, mas usando um pouco para me pressionar contra ela. Agora estávamos unidos, coxas com coxas, cintura com cintura, dorso e bocas. Tudo colado, como se fôssemos um.

– O que você me diz? – perguntei quando parei o beijo para respirar. Levei os lábios para seu pescoço, explorando e me embebecendo com seu cheiro. Inferno, era possível que meu corpo já estivesse respondendo?

- Hum?

Tomei a boca dela novamente, indo mais fundo e mais fundo. Minha mão encontrou o caminho por baixo de sua blusa e segurei seu seio, ela estava sem sutiã. Evans gemeu quando o massageei.

- Me responda. – implorei.

- Você não perguntou nada. – ela sussurrou, os olhos fechados, absorvendo as sensações.

- Quer ser minha garota?

Ela abriu os olhos e eu não consegui dizer o que estavam neles.

- O que vocês estão fazendo? – alguém perguntou.

De repente, eu estava no chão.

- Max?! – Evans ficou de pé, pisando em mim.

- Ai, merda! – xinguei.

Ela passou por cima de mim e foi para perto do garoto.

- Vocês estavam se beijando. – o menino falou, trocando o olhar entre sua irmã e eu. – Você estava beijando ele, Boo.

- Não, não estava.

- Estava sim! Eu não sou um bebê, eu sei o que é um beijo! E eu vou contar para o Ben!

Fiquei de pé e fiz uma careta. Que se foda o Ben.

- Max, esse é o Luke. Somos só amigos.

- Por que você estava beijando ele? Você não é namorada do Ben? – o menino agora me encarava bravo, tão parecido com a irmã mais velha que me deslocou.

- Ela não é mais namorada do Ben. – falei.

- Isso é verdade? – ele, perguntou olhando para Evans.

- Sim, nós... terminamos. – ela estava desconfortável e vermelha. O garoto, Max, marchou para plantar os pés bem na minha frente. Sua cabeça mal tocava minha cintura.

- Ela também não é sua namorada. – garantiu.

- Ainda não. – concordei, então sorri para Evans. Ainda estava olhando para ela quando meu pé foi chutado por uma pantufa. Pulei para trás.

- Max! Pare com isso! – a irmã o puxou para longe. O garotinho me olhava furioso.

- Eu não quero ele aqui! Não quero que te beije! – gritou.

- Max!

- Eu quero que ele vá embora! Eu vou contar pra tia Becky!

- Para o quarto, Max, agora.

- Só quando ele for embora!

Evans se virou e me empurrou até a porta.

- Ele não é assim.

- Parece que ele não gostou muito de mim.

- É só que ele adora o Ben.

Revirei os olhos e bufei.

- Quem não ama o Ben?

- É melhor você ir embora. Calum ou minha tia podem chegar a qualquer momento.

Peguei meu casaco e passei meus dedos em seu rosto. Ela inclinou a cabeça, descansando em minha palma.

– Não esqueça, você me deve uma resposta. – falei, querendo beijá-la, mas o garoto ainda estava por perto.

Abri a porta, lancei um sorriso para ela e saí.

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