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Capítulo Dezenove

Ka-zar, o boxer dos irmãos do Ashton, estava sentado bem na minha frente, babando litros com os olhos grudados no meu sanduíche de carne.

- Odeio quando ele faz isso. – reclamei enquanto mastigava e o encarava de volta. - Você não alimenta esse bicho?

Ashton estava sentado no chão da sala, limpando sua bateria. Ele fazia aquilo todo dia.

- Ele come mais do que eu e nunca fica satisfeito. – respondeu.

Empurrei o resto do sanduíche na boca, mastiguei, engoli e sorri para o cachorro. Ka-zar fez um barulho de decepção e foi se deitar perto de Ashton.

Peguei meu celular para ver a hora, esperando que os irmãos dele estivessem voltando da escola. Harry e eu jogávamos videogame até a hora do jantar. Era a melhor forma de passar o tempo, mas esperar estava me matando.

- Rivers não entrou em contato?

- Pela décima vez, Hemmings, não.

Levantei e fui até a janela. Empurrei a cortina e espiei a rua. Estava exatamente igual desde a última vez que eu olhei, há cinco minutos.

- Tem certeza que ele tem o seu novo contato? – perguntei.

- Tenho. E você, já se livrou do antigo?

- Ainda não. – Ben tinha aquele número, era a única forma que ele teria de me encontrar caso precisasse me informar de alguma coisa ou de alguém. Eu me sentia muito idiota, é claro que se acontecesse algo com ela, eu seria a última pessoa para quem Ben pensaria em ligar. Mesmo assim resolvi manter o celular.

- Se Rivers descobrir...

- Ele não vai. A não ser que você fale alguma coisa.

- Eu não tenho nada a ver com isso.

Ashton ficou em pé para limpar os pratos já lustrosos. Eu quase poderia me ver neles. Voltei para o sofá e me deitei, encarando o ventilador no teto. Ouvi o celular de Ashton vibrar e sentei rapidamente.

- É o Rivers?

- Cara, não, é a minha mãe.

- Merda. – caí de novo nas almofadas.

- Aliás, ela está me lembrando de não deixar você comer o nosso jantar de novo. Aquilo foi mancada.

- Eu comprei pizza pra vocês depois.

- Ela ficou toda a tarde cozinhando aquilo, seu cuzão.

- E estava uma delícia.

O celular dele vibrou de novo. Sentei.

- E aí?

- Porra, é uma notificação. Qual o seu problema? Rivers trabalha com cuidado e você sabe.

- Mas ele falou do novo serviço há duas semanas. Nunca demorou tanto.

- É verdade, mas, sei lá, cara. Estamos em casa, com dinheiro, o que mais você quer?

Levantei e fui até a janela, a rua estava igual. Nada acontecia ali?

- Pare de andar pra lá e pra cá, está deixando o Ka-zar ansioso.

Lancei um olhar para o bicho, ele grunhia baixinho.

- Ei, Ka, quer dar uma volta?

O cachorro ficou de pé imediatamente, animado.

- Ele não pode. Vou levar ele para ser castrado mais tarde, esqueceu?

- Por isso mesmo, deixe as bolas do bicho sentirem o ar puro por uma última vez.

- Ele vai cansar, está em restrição hídrica e alimentícia.

- Cara, dá pra não falar como um puto cientista?

Ele me olhou como se eu fosse burro.

- Significa que ele não pode comer nem beber água.

- Nada de comida nem sexo? Pobre animal, está perdendo os dois maiores prazeres da vida. – fui até Ka-zar e cocei suas orelhas, como forma de apoio solidário.

- Ele vai poder comer depois.

Ashton colocou o pano no ombro e deu um passo para trás para admirar sua bateria. Parecia uma mãe orgulhosa olhando para seu bebê.

- Ela não é linda? – perguntou.

- Não tanto quanto a minha garota. – atravessei a sala até onde havia deixado minha guitarra. Passei a correia pela cabeça e dedilhei um pouco.

- Quer tocar alguma coisa? – perguntei.

- Agora mesmo.

Tocamos We will rock you e Clocks. Ka-zar começou a morder uma almofada no meio da terceira música e Ashton teve que correr até o sofá.

- Solta isso! – ele puxava a almofada de um lado e o cachorro do outro.

- Acho que ele quer negociar, a almofada por suas bolas. – falei.

- Cara, ele já acabou com duas só essa semana!

Após uma longa batalha, finalmente Ashton conseguiu abrir a boca do bicho e salvar a almofada babada.

- Espero que a baba seque antes que minha mãe chegue.

- Ei, chega aqui. - sentei no braço do sofá e o chamei. – Eu quero te mostrar uma coisa. – peguei o celular e o entreguei. Ashton deu uma olhada.

- Uma música?

- Minha.

Eu vi seus olhos se moverem mais um pouco.

- A letra é boa. Toca ela aí.

Peguei o celular de volta, apoiei no joelho para poder ler as cifras e toquei um pouco. Balancei a cabeça no ritmo, percebendo que aquela tinha algum futuro.

- Esse é o refrão. Só tenho isso.

- Eu posso te dar uma mão, depois.

- Você quer me dar uma mão, Irwin? – lancei um sorriso para ele.

- Quer ser castrado também? Talvez o veterinário faça um dois por um.

- Venha colocar essas mãos calejadas em mim, gostoso! – tentei puxar sua camisa, mas ele pulou pra trás, rindo.

- Vá se foder, Luke! – ele sentou ao meu lado e moveu o celular para poder ver algo.

- Say you want me back in your life, so I’m just a dead man crawling tonight. Escreveu isso pensando em alguém específico?

- Não.

Ashton me lançou um olhar, depois ergueu as mãos.

- Ok, se você está dizendo.

Eu o ignorei. Olhei a hora mais uma fez, impaciente. Onde estava Harry? Eu precisava jogar.

- Eu tenho o nome perfeito para a sua música escrita para ninguém em específico. – Ashton falou.

- Ah, é? Qual?

- Youngblood. – ele riu.

- Foda-se, Irwin.

Levantei e joguei a almofada babada nele, xingando ainda mais em minha cabeça, porque o nome era perfeito.

- Tem certeza que vai fazer isso? – perguntei pela quinta vez enquanto estacionava o carro em frente a clínica veterinária.

- Absoluta. – Ashton respondeu.

Lancei um olhar para o banco de trás e vi Ka-zar meio nervoso, como se soubesse que teria suas bolas cortadas.

- Pobre bicho, perderá o melhor que a vida tem a oferecer. – lamentei por ele.

- Ele que tivesse pensando nisso antes de engravidar a dobermann do quarteirão ao lado e a setter da sra. Benson. Eu ainda nem encontrei uma casa para dois dos últimos filhotes dele! Acredite, uma mistura de boxer com poodle não é muito agradável.

Desci do carro e dei a volta, apoiando a cintura no capô enquanto Ashton lutava para tirar Ka-zar do banco. O animal resmungava e babava sem parar.

- Se ele arranhar meu estofado... – avisei. Eu havia trazido minha moto para casa, mas ela estava guardada na casa da minha mãe, haviam muitas memórias ligadas à ela. Eu estava usando o mazda 3 1999, que havia comprado aos dezenove anos, com um dos primeiros pagamentos de Rivers.

Ashton não respondeu. Depois de sofridos vinte minutos, ele conseguiu colocar Ka-zar na calçada, ainda com a ajuda de uma collie (ele precisou dar em cima da dona de meia-idade para usar sua cachorra), bastou colocar os olhos na fêmea que Ka-zar pulou para fora animado.

- Seus dias dourados acabaram, amigão. – Ashton falou lhe dando tapinhas na cabeça. – Agora, seja um bom garoto e vá com o Luke.

- O quê? – perguntei, levantando a cabeça. Estava checando se haviam ligações perdidas. Onde merda estava Rivers?

- Eu pensei que você podia, sabe, acompanhar ele.

- Você quer que eu vá assistir as bolas do seu cão serem arrancadas?

- Ei, cara, você sabe que eu não me dou bem com sangue e essas coisas.

Era verdade, Ashton começava a suar só em ver algum instrumento médico. Ele dizia que havia ficado traumatizado após uma cirurgia quando era criança, não que eu acreditasse, para mim ele era só um cuzão medroso.

- Eu vou e entrego ele ao veterinário, nada mais. – falei, dando volta no carro.

- Mas ele precisa de um rosto conhecido por perto durante o processo.

- Então entregue uma foto sua a ele! Espera, ele vai estar dormindo.

- Ele precisa sentir que tem alguém conhecido lá. Vamos, Luke, você é meio que tio dele.

- Talvez eles nem me deixem entrar.

- Você vai poder assistir por uma janela.

Lancei um olhar de você-é-um-filho-da-mãe-insistente e peguei a guia do Ka-zar. Ashton nos seguiu até a recepção e eu continuei, guiado por uma assistente com peitos maiores que minha cabeça, até a sala de operações. O veterinário já estava ali esperando. Ele era um homem velho, com cabelo irregular cinza e grandes olhos. Batizei ele de dr. Estranho em pensamento. Agradeci por ele não fazer nenhuma pergunta, já que eu só sabia qual era o nome do bicho.

De jeito nenhum eu iria assistir aquilo, então ocupei uma das cadeiras que estavam por ali e trabalhei na letra da minha música.

Depois de deixar Ashton e Ka-zar, com as bolas recém-cortadas e sonolento por causa da anestesia, fui para casa da minha mãe. Finalmente ela havia largado os apartamentos minúsculos, não era tão desconfortável estar com o namorado dela quando havia bastante espaço entre a gente.

A casa era pequena, cinco cômodos, apenas um quarto, mas estava bem conservada. Era pintada de um azul feliz, com os umbrais brancos. As flores na entrada lutavam pela vida, rogando por um pouco de água.

Encontrei minha mãe na cozinha, tentando seguir uma receita pelo Youtube.

- Ei, vejam só quem lembrou que tem uma casa. – ela falou se esticando para me dar um beijo.

Eu estava há dois dias na casa do Ashton. Eu amava minha mãe e sentia falta dela, mas o sofá da sala ficava muito perto da porta do quarto e eu meio que podia ouvir os dois durante a noite.

- O que você está tentando fazer? – perguntei pegando uma maçã na bancada e dando uma mordida. Estava morto de fome.

- Espaguete.

- Está seguindo uma receita de espaguete? Mas é só fazer a massa e jogar molho em cima, mãe. – Deus, eu conseguia preparar aquilo.

- Eu não sou a melhor cozinheira e você sabe.

E como sabia. Fui criado a base de sucrilhos, leite e comidas pré-aquecidas. Na maioria dos lugares onde moramos nem havia cozinha, então.

- Vou ter que fazer mais macarrão, não sabia que você iria jantar com a gente.

- Onde está o Elijah?

- Ele vai chegar a qualquer momento.

Terminei minha maçã, apoiado no balcão e observando minha mãe, os novos sinais de envelhecimento que eu ainda não havia notado me chamaram a atenção, mas ela ainda continuava tão bonita.

Meu celular vibrou e eu o peguei rapidamente, esperando ser Rivers. Não era, era uma selfie de Ashton, na privada. Eu queria rir, mas estava meio decepcionado e meio irritado. Onde diabos havia se enfiado Rivers?

- Isso foi um suspiro? – minha mãe perguntou, concentrada em picar uma cebola. Ela movia a faca como um destro que perdeu a mão direita e estava aprendendo a usar a esquerda.

- Era o Ashton, eu estava esperando outra pessoa.

- Qual o nome dela?

- Quem disse que é ela?

- Então é ele? – ela até me lançou um olhar. – Porque se for ele, não tenho nenhum tipo de problema e...

- Não, mãe! Do que você... Não, não.

- Então?

- Estou esperando meu chefe entrar em contato.

- Você já vai viajar outra vez?

Ah, merda, aquele olhar...

- É meu trabalho, mãe.

- Mas eu ainda nem abracei você o suficiente. – ela deu a volta na bancada para me envolver com seus braços. Sua cabeça ficava quase em linha reta com meu ombro.

- Cuidado com a faca. – falei, pois ela não a havia largado.

- Oh, é verdade. Deixa eu colocar ela aqui. Certo, eu não quero que você vá. – ela segurava meu rosto com ambas as mãos, como quando eu era pequeno e ela queria minha total atenção. Antes eu precisava olhar para cima, agora eu estava no alto.

Peguei suas mãos e as beijei, colocando sobre meu coração.

- Eu amo você, mãe.

- Oh, querido, eu também amo você. E eu sei que está tentando fechar o assunto, mas preciso saber para onde você vai dessa fez.

- Eu ainda não sei, é disso que se trata a ligação.

Eu vi algo em seu olhar, algo que me deixou gelado. Tive medo que ela perguntasse sobre o que exatamente se tratava meu trabalho, eu sempre lhe dei respostas muito evasivas. Minha mãe balançou a cabeça, fez um carinho no meu peito e voltou para sua cebola.

- Ao menos eu sei para onde você vai depois. – ela falou.

- Ah é?

Ela me lançou um olhar-de-mãe.

- Você vai voltar para aquele lugar. Eu só não sei porquê, certamente não é pelo seu pai.

Virei uma das cadeiras para ficar de frente para ela e sentei. Não havia espaço suficiente para esticar minhas pernas entre a mesa e a bancada, então as mantive dobradas.

- Eu não sabia que tinha planos futuros. – brinquei.

- Eu conheço você, garoto. Está impaciente desde o primeiro dia de volta. Não para de checar esse celular e de andar para lá e para cá. Você quer resolver esse novo negócio para poder voltar, não é?

Cem pontos para Liz Hemmings.

- Você não vai me contar? – ela perguntou, depois de um momento.

- Contar o quê?

- O que há de tão interessante lá.

Não consegui não sorrir.

- Bom, é uma garota.

- Eu sabia! – ela largou as verduras e se inclinou na bancada para me olhar de frente também. – Como ela é?

- Ela é... diferente.

- Diferente como? Eu nunca conheci nenhuma garota com quem você saiu.

É porque eu as largava no dia seguinte.

- Diferente do tipo... normal. – dei de ombros.

- Você é péssimo com descrições.

- Mãe, não importa. Ela não quer me ver.

- Por quê, não? O que aconteceu entre vocês?

Minha barriga estava roncando. Quanto mais rápido eu contasse, mais rápido o jantar iria ficar pronto.

- Ela tinha um namorado, eles terminaram e ela me usou como sex toy. Fim.

- Foi só isso? Uma noite?

- A gente era meio amigos antes.

- Então ela gostava de você.

- Acho que sim. Tudo era meio complicado.

- Daí ela disse que não queria mais te ver?

- Acho que foi culpa minha. Eu a tratei mal depois.

- Por que você fez isso?

- Ela chamou o nome do namorado enquanto dormia. Aquilo ferveu meu sangue.

- Oh.

- Pois é.

Ficamos quietos por um momento, cada um com seus pensamentos. Minha mãe falou primeiro.

- Então você vai voltar lá e tentar consertar as coisas.

- Eu não sei o que vou fazer, eu só preciso... ver ela.

- Vai ficar tudo bem depois de uma conversa, aposto que ela também gosta de você. Meu filho é um gato.

Balancei a cabeça, negando.

- Não, eu fodi tudo.

- Olha a boca.

- Você não entende. Eu acho que... eu acho que foi a primeira vez dela, sabe.

Minha mãe ficou ereta, me encarando.

- A garota era virgem? E você a tratou mal depois?

- Sim, mas eu... O que você-

Minha mãe tinha agarrado uma frigideira e estava caminhando até mim. Ela me acertou nas costas antes que eu ligasse os pontos.

- Mãe! – levantei, derrubando a cadeira. – O que você tá fazendo?!

- Você... é... um... filho... da... – ela tentava me acertar, mas eu desviava. Consegui tomar a frigideira de sua mão. Ela me deu um tapa no ombro e apontou o dedo bem no meu nariz. – Eu acho bom que você vá lá e se desculpe com aquela pobre menina, Luke Robert Hemmings ou eu juro que eu vou...

- Wow, mãe! – levei a frigideira para o fogão e afastei a faca dela também, por precaução.

Ela me fuzilava com o olhar, estava realmente brava.

- Termine o jantar e aproveite para pensar em como vai resolver isso.

- Sim, senhora. – segurei um riso. Ela está me castigando!

- Estou falando sério, Luke, eu não levei dois pontos lá em baixo para que mais um macho escroto viesse para esse mundo! – ela marchou para longe de mim.

Assim que minha mãe saiu da cozinha, o riso passou e comecei a realmente pensar no que faria. Algumas ideias me passaram pela cabeça, mas nenhuma me animou muito. Eu sentia que havia fodido tudo, que não importaria o que eu fizesse, Evans nunca iria me perdoar. Eu era um puto escroto. Mesmo sabendo que era uma batalha perdida, eu precisava tentar.

- Eu cortei as malditas bolas desse bicho e ele continua a enlouquecer ao ver uma fêmea. Onde está seu tesão? Na goela?! – Ashton bufava enquanto tentava segurar Ka-zar no lugar.

- Talvez. – falei, distraído, olhando ao redor.

- É a próxima coisa que eu vou cortar!

A golden que atraiu a atenção de Ka-zar já estava longe, com sua dona gostosa, mas o bicho seguia puxando a guia para segui-la.

- Veja, Ka. – mostrei para ele a bolinha de tênis na minha mão. – Você quer?

A atenção dele foi capturada. O bicho tentou abocanhar minha mão, mas fui mais rápido. Com a ajuda da bolinha, conseguimos levá-lo até o meio do parque. Rivers finalmente havia aparecido e marcou o encontro ali. Ashton insistiu em levar o cachorro para dar uma volta.

- Será que ele já chegou? – perguntei.

Passei o olhar pelo parque mais uma vez. As pessoas que rondavam por ali não se encaixavam no perfil que estávamos acostumados a encontrar, se bem que naquele mundo não havia perfis. Só tínhamos um nome: Kenzie.

- Vamos dar uma volta perto do lago, lá tem uma visão melhor.

Fomos até bem perto da água, caminhamos um pouco e depois resolvemos sentar. O dia estava frio, péssimo clima para se estar sentado no chão gelado, com documentos ilegais nas suas roupas e um cão que não parava de choramingar.

- Acho que ele quer nadar. – comentei coçando suas orelhas. – O seu cachorro é tão burro que pularia ali.

- Boxes não nadam. Ele quer se soltar e encontrar alguma cadelinha para depravar. Sério, será que o veterinário esqueceu um pouco de testosterona no saco desse bicho?

- Como eu vou saber?

Ashton me passou a guia.

- Segure isso. – ele pegou seu celular e entrou no Google. – Aqui diz que mesmo após a castração, ainda há a vontade de cruzar, só que, claro, sem gerar cria.

- Isso é uma pena. Rapazes tão lindos deveriam ser capazes de passar essa genética para a frente.

Ashton e eu olhamos para cima. Meus olhos acompanharam longas pernas em uma meia-calça escura que se perdia dentro de um sobre tudo vermelho. Seu rosto me fez pensar em Audrey Hepburn, na época do filme que minha mãe adorava.

Nos apressamos em ficar de pé.

- Eu estava falando do meu cachorro, claro. – Ashton explicou. – Eu ainda tenho os meus...

- Fico muito feliz por você.

A mulher olhou disfarçadamente para o lado.

- Como vai o Rivers? – perguntou.

Ashton e eu trocamos um olhar.

- Você é o... Wow. – falei, olhando-a mais uma vez. Como havia pensado antes, não haviam perfis.

- Estávamos esperando um cara. – Ashton falou. – Kenzie. Ah, claro, deve ser de Mackenzie. Nome falso legal.

A mulher o ignorou totalmente, se virando para mim.

- Não gosto desse lugar, o seu cachorro está chamando muita atenção, ele não para de ganir nunca?

Ka-zar estava fazendo um barulho terrível, as pessoas olhavam para a gente. Ashton tentou acalmá-lo. Kenzie voltou a falar comigo.

- Há um café ali na frente, vamos até lá.

- Eles não aceitam cães. – Ashton falou.

- Bom, fique aqui com ele. – ela soltou, depois me olhou novamente. – Eu só preciso de um de vocês. – então ela virou as costas e começou a se afastar.

Ashton e eu tivemos uma rápida discussão sobre quem ficaria com Ka-zar e quem iria encontrar Kenzie. No fim ele não conseguiu rebater o meu argumento de que o bicho era dele.

Entrei no café agradecendo o aquecimento do local, minhas mãos já estavam ficando rígidas lá fora. Passei os olhos pelo lugar e encontrei Kenzie em um dos reservados. Fui até ela e sentei.

- Então, está com tudo aí? – ela perguntou, sem rodeios. Estava esquentando os dedos em seu cappuccino.

- Estou. – peguei o envelope no bolso interno do meu casaco e o deslizei pela mesa.

Kenzie o abriu e conferiu os papéis rapidamente.

- Parece que estão ok.

- Só trabalhamos com os melhores. – sorri.

Ela guardou tudo cuidadosamente em sua bolsa.

- Você fala como um dos chefes e não como um bode expiatório.

- Eu posso não ser o que pareço ser.

A mulher me estudou por meio minuto.

- Você definitivamente é um bode expiatório.

Sorri e me encostei no banco acolchoado.

- E você não parece em nada com os contatos que tive antes.

- Não pareço?

- Não mesmo. Geralmente são caras com tatuagens feitas na prisão.

Ela abriu seu sobre tudo e desabotoou a blusa que  estava por baixo para que eu pudesse ver, entre seus seios, uma rosa.

- Penitenciária feminina de Wisconsin. Seis meses. – ela fechou o sobre tudo sem se importar em fechar os botões da blusa.

- Agora você só precisa de cem quilos de músculos e uma cicatriz de facada ou tiro, então eu vou me sentir em casa.

- Vou ficar devendo os cem quilos de músculo, mas a cicatriz... Eu posso mostrar para você. – ela pegou um pouco de creme com o polegar e o chupou, olhando diretamente para mim. Eu sorri.

Kenzie colocou uma nota debaixo do cappuccino, pegou sua bolsa e levantou. Eu a assisti caminhar até o lugar que levava aos banheiros. Olhei para a nota, ela havia deixado dez dólares. Sem chance de um café cheio de frescuras custar tudo isso. Peguei sua nota, guardei no bolso e coloquei uma de cinco no lugar.

Levantei e fui até os banheiros. Conferi se havia alguém por perto e abri a porta do feminino, passando só minha cabeça.

- Está vazio. – Kenzie estava com a cintura apoiada na pia, seu sobre tudo aberto.

Entrei e fui até ela, agarrando sua cintura e a beijando, sem rodeios. Senti o gosto do café e de chocolate.

- Não tenho muito tempo, vamos pular essa parte. – ela falou, a respiração acelerada.

Kenzie me empurrou até uma das cabines. O espaço era minúsculo, eu me sentia dentro de uma caixa, minha cabeça aparecia por cima da porta. Ela sentou no vaso e seus dedos rápidos se livraram do meu cinto, botão e zíper. Kenzie nem se preocupou em baixar meu jeans antes de me envolver com a boca.

- Porra, isso é... – eu respirava como Ka-zar depois de uma corrida. Apoiei as mãos nas paredes, os cotovelos apertados, e segurei um gemido. Assisti-la era extremamente excitante. Poderia existir algo melhor do que aquilo? Receber todo o prazer que o sexo oferece sem ter que fazer o mínimo esforço, apenas absorver.

- Olhe para mim. – pedi e ela obedeceu. Cacete.

Ouvi a porta ser aberta e dobrei minhas costas, me apoiando na descarga. Kenzie também ouviu. Usei uma mão para segurar sua cabeça e movi a cintura, não queria que ela parasse.

Quem quer que tenha entrado no banheiro não parecia querer sair. Depois de alguns minutos, minhas costas começaram a doer, eu precisava me esticar por um segundo. Levantei devagar, espiei para fora e vi uma senhora tentando puxar papel de uma máquina de secagem automática. Justo uma velha? Xinguei e voltei a me dobrar. Kenzie aumentou o ritmo e precisei segurar com muita força outro gemido. Eu estava muito perto de gozar, meu corpo tremia e eu queria soltar o que estava preso na minha garganta. Cacete, cacete, cacete.

Finalmente ouvi a porta bater e me estiquei, sentindo o alívio.

- Se você não quiser engolir, é melhor parar. – avisei.

Kenzie deslizou todo o comprimento lentamente, com os olhos em mim, usando a língua no final. Eu fui até a beira. Ela levantou, de alguma forma conseguiu me sentar no vaso. Enquanto se movia para sentar em meu colo, vi que havia se livrado de tudo da cintura para baixo, eu não tinha notado aquilo antes.

Tentei alcançar minha carteira, para pegar um preservativo, mas ela me parou.

- Meu anticoncepcional é maravilhoso.

Kenzie me deslizou para dentro dela e começou a se mover imediatamente. Gozei na terceira penetração, desabando contra a descarga.

- Isso é o que se ganhar por foder com garotos. – ela reclamou, irritada, ficando em pé. Eu ainda estava muito perto do céu para me importar.

Quando recuperei um pouco das minhas forças e abri os olhos a vi se limpando com papel higiênico.

- Eu preciso jogar isso. – falou.

Eu levantei, ajeitando minhas roupas. Ela jogou o papel no vaso e deu descarga. Estávamos muito apertados com ambos de pé, então sai da cabine.

Kenzie pegou sua bolsa do chão do banheiro e a levou até a pia. Recuperou sua calcinha e meia calça e as vestiu. Depois me olhou.

- Você ainda está aqui?

- Estou esperando o dinheiro.

Ela parou de mexer no cabelo e me encarou surpresa.

- Você é prostituto?

Eu quase ri.

- O dinheiro dos documentos.

- Ah. Claro. – ela mexeu outra vez na sua bolsa e me entregou um envelope.

Contei as notas de cem, separando em grupos de dez. Guardei no bolso interno do casaco.

- Então...

- Você me deve um orgasmo.

- Só me dê um momento.

Ela mordeu o lábio enquanto pensava.

- Não dá, não posso me atrasar. – suspirou. – Talvez nossos chefes voltem a nos unir, um dia.

Eu duvidava muito.

- Quem sabe. Você ainda não me mostrou sua famosa cicatriz.

- Eu não tenho cicatriz.

Ela lançou um meio sorriso, pegou sua bolsa e foi embora.

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