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Capítulo Dez

O Blues era um bar chique, no meio de um bairro chique, frequentado por gente chique. Havia uma área para apresentações, um bar cheio de cristais, mesas iluminadas por velas e um corredor discreto que levava aos banheiros. No fim deste corredor, uma porta dava entrada a uma sala apinhada de mesas de sinuca.

O lugar havia sido descoberto por Ashton e era a primeira vez que eu visitava. Ao passear entre as mesas, eu me senti mais que destacado, sendo o único usando jeans e uma jaqueta de couro. Os jogadores eram homens ricos, com seus paletós estirados nas costas das cadeiras e as mangas dobradas até os cotovelos para não sujarem de giz. Eu quase podia ver na testa de cada um: sou rico, minha mulher e meus amigos nem sonham que estou aqui.

- Posso pegar seu lugar? – perguntei a um homem grisalho que havia acabado de perder suas últimas fichas. O sujeito me olhou de uma ponta a outra.

- Não deveria estar com seus amigos da escola?

Não deveria estar em um asilo?

- Eu não estudo.

- Garotos como você deveriam estar na escola.

- Velhos como você deveriam estar avaliando a próstata.

O velho abandonou o taco e saiu resmungando sobre a falta de educação dos jovens. Quando desapareceu de vista, virei para olhar meu novo parceiro.

- Não ligue para o Joe. Os produtos que a mulher dele usa no cabelo deixam ele assim. – aquele era mais jovem, totalmente careca, mas com uma barba loira acidentada. – Eu sou o Danny, aliás.

- Luke. – peguei o taco e comecei a passar giz na ponta.

- Eu conheço você, rapaz? Algo em você me parece familiar. – Danny me olhava, enquanto bebericava seu drinque caro.

- Não frequentamos os mesmos lugares.

- Estamos os dois aqui, não estamos?

- Costuma visitar outras salas de jogos? O Arcade, Pináculo, Frizze’s?

- Não, apenas aqui.

Dei de ombros e comecei a ajeitar as bolas. Um sujeito com cara de garçom apareceu e eu comprei minhas fichas. Não deixei de notar que Danny ainda me encarava.

- Tem algum parentesco com os Leicester? – perguntou quando o garçom das fichas saiu. Sua pergunta me acertou como um soco surpresa. Fechei a cara.

- Pareço carregar um sobrenome assim?

- Desculpe, não quis irritar você. Leicester é um conhecido, frequentamos o mesmo clube e jogamos tênis juntos às vezes. Você me fez lembrá-lo.

- Como funcionam as apostas? – mudei o rumo da conversa para o que importava.

Danny explicou o sistema de fichas e começamos a primeira partida. Eu havia aprendido a jogar sinuca no colegial, bem, quando eu escapava do colegial. Ao ser expulso, passei a me concentrar no jogo e peguei o jeito. A primeira tacada de Danny espalhou as bolas, deixando uma boa jogada para mim. Encaçapei duas em seguida e errei a terceira. Danny, usando uma tabela, encaixou uma bola e armou a mesa de tal forma que não me deixou tocar até o fim do jogo. Passei as fichas sem tentar esconder minha surpresa e recomeçamos. Perdi mais duas jogadas e estava em busca da minha vitória quando meu celular tocou. Lancei um olhar para o visor e reconheci o número.

- Não vai atender? – Danny perguntou fazendo sua jogada.

- Não. – a bola branca acertou a vermelha com força e a levou para dentro do buraco. Meu celular voltou a tocar.

- Atenda de uma vez, está me desconcentrando.

Pousei o taco no chão e atendi.

- Inferno! Alô?

- Sou eu, Ben.

- O que você quer?

Danny fez a branca encaçapar a laranja e ainda ajeitou a verde.

- Queria saber se estava a fim de sair.

- Sair? Você e eu?

- Você ainda está na cidade?

Danny acertou a verde, mas perdeu a azul.

- Espere um momento.

Deixei o celular de lado e mirei a amarela listrada. Encaçapei ela e as próximas duas. Voltei a pegar o celular enquanto Danny assumia.

- Estou no meio de uma partida. – falei.

- Termine e passe por aqui. – sua voz mostrava um pouco de impaciência.

Observei a jogada de Danny antes de continuar.

- Não vai dar, irmãozinho. Outro dia.

- Foi você quem deu a ideia, lembra? Agora o pai insiste que...

Foda-se as vontades do seu pai, pensei irritado, mas um sorriso surgiu junto com uma ideia.

- Se bem me lembro da minha proposta, ela envolve uma terceira pessoa.

Ben ficou em silêncio por um minuto. Danny havia errado a tacada e me esperava.

- Estava pensando em ir jogar alguma coisa. Julia não curte muito esportes.

- Estou neste momento cercado de marmanjos jogando sinuca. Preciso de um pouco de interação feminina.

- Eu vou ser sincero com você. A Jay não é a sua maior fã.

Ergui as sobrancelhas.

- A sua garota não gosta de mim? Poxa, quase me magoou.

- Ela não conhece você, então...

Você também não me conhece.

- Vai jogar ou não? – Danny cutucou meu ombro com seu taco. Afastei aquilo com um tapa.

- Essa é uma ótima oportunidade para que ela me conheça, não acha?

- Luke, eu não...

- Estão cutucando minha cintura com um taco, garoto, se continuarem descendo vou perder a última virgindade que me resta. Preciso ir.

- Talvez a gente...

- Eu escolho o lugar. Passo aí em uma hora. 

Ben suspirou, derrotado.

- Tudo bem. Vai chamar uma garota? Ou Jay pode ligar para uma amiga, uma de verdade, dessa vez.

- Eu encontro minhas mulheres. – desliguei e peguei o taco. – Vamos terminar com isso.

O táxi me deixou em frente a casa dos Leicester. Ben e Evans estavam passeando pelo jardim, trocando olhares melosos e sorrisos bobos. Era como assistir aqueles filmes idiotas sobre o amor.

Enquanto me aproximava, analisei os dois. Ben parecia pronto para um jantar com a avó, todo jeans novos, camisa social e mocassim. Ridículo. Evans tomou mais minha atenção. Era a primeira vez que eu a via usando algo que não fosse um vestido. Passei os olhos por sua blusa xadrez, vermelha e sem mangas, e parei em seu short jeans. A garota não tinha uma bunda fantástica, mas me agradou. Seu all star não a ajudava a ficar mais alta, então Ben precisou se dobrar um pouco para beijá-la.

- E aí? – falei o mais alto possível, para que se afastassem.

- Oi, Luke. – Ben falou, passando um braço pelos ombros da garota.

- Oi. – Evans sorriu, animada. – Que bom que você aceitou sair com a gente.

- Vocês que vão sair comigo. Eu estou no comando.

A animação da garota desinflou. Ela olhou para Ben, mas ele estava olhando para mim.

- Então, vamos no meu carro? – perguntou, notando a ausência do jeep. Eu não iria admitir que havia ido sem carro para poder dirigir o dele.

- Esse é o plano.

- Não convidou uma amiga? – Evans quis saber.

- Ela vai nos encontrar depois.

- E onde vamos? – Ben perguntou, enquanto andávamos em direção ao maybach. Precisei me esforçar para que eles não notassem minha ansiedade para dirigir aquela máquina.

- Escute, eu não tenho documentos falsos, não bebo álcool nem uso qualquer tipo de drogas. – Evans esclareceu, muito séria.

Soltei uma risada.

- Com quem acha que está saindo?

- Com você.

- Não lhe ensinaram que é muito feio julgar as pessoas antes de conhece-las?

- Eu tenho bons palpites.

- Depois você precisa me contar sobre eles. – dei um puxãozinho na ponta de seu rabo-de-cavalo. - Onde estão as chaves do carro?

- Eu dirijo. – Ben falou, apressado.

Ele acha que vou bater seu carro caro. Segurei uma risada. Seria interessante deixar minha marca na pintura, mas eu não arriscaria nada com Evans lá dentro.

- Você não sabe para onde estamos indo.

- Eu conheço toda a cidade, você só precisa dizer.

- Vamos lá, Benjamin, é uma surpresa.

O garoto apertou as chaves na mão antes de me entregar. Tinha que admitir, ele estava trabalhando duro para que aquilo funcionasse.

Entramos no carro e eu senti que estava no paraíso. O couro do banco se ajustou ao meu redor, o painel de última geração, a iluminação, os detalhes em bege e preto, o cheiro... tudo era magnífico.

Foda-se a encenação.

- Eu estou quase tendo um orgasmo aqui. – falei, experimentando o volante.

Os dois me ignoraram. Ben estava ao lado e Evans no banco de trás.

Liguei o motor e aquilo ronronou para mim. Meu sorriso machucava minhas bochechas. Começamos a nos mover.

- Então, me contem algo sobre vocês. – falei. Porra, eu pareço tão feliz. Preciso me controlar.

Foi Evans quem falou.

- Nos conhecemos quando Ben mudou para minha escola.

Eu estaria mais interessado em mijar em uma mosca do que ouvir essa baboseira.

- Por que você não está em algum lugar caro? – olhei para Ben de lado. O vi dar de ombros.

- Eu gosto da John Quincy. A escola tem um bom programa de esportes.

- Sabia que Ben nada? – Evans comentou. Eu a olhei pelo retrovisor e a vi mexendo em algo eletrônico embutido no banco de trás.

- É mesmo, irmãozinho?

- Acho que já comentei isso com você.

- Pode ser. Minha memória é ruim.

- Ben é muito bom. Está para entrar nas estaduais. – o tom de orgulho era nítido na voz dela. Oh, ele sabe bater os braços e as pernas, grande merda. Revirei os olhos. – E você, Luke, pratica algum esporte?

- Eu jogo sinuca.

- Sinuca não é um esporte, é?

Dei de ombros.

- Eu lembro que você gostava de futebol. – Ben comentou.

Eu nunca gostei de futebol, só jogava nos verões com ele porque eu sabia que aquilo o divertia.

- Agora prefiro jogos que usem a mente, sabe, estratégias. E música.

- Você toca alguma coisa? – Evans parecia realmente interessada.

- Guitarra.

- Isso é demais. Meu irmão, Calum, toca baixo.

- E ele é bom?

- O melhor que eu conheço. - Imaginei quantos baixistas ela conhecia. - Podemos ouvir você tocar algum dia?

Eu poderia tocar e ouvir você, garota. Sorri.

- Quando você quiser.

Houve um pequeno silêncio. Percebi que dirigir um maybach naquela cidade puritana perdia um pouco da magia. Seria o máximo experimentar o biturbo em alguma avenida larga.

- Ben disse que você está aqui a trabalho.

- Ele disse? – lancei um olhar para o lado, o garoto olhava pela janela.

- Com o que você trabalha? Sem ofensas, mas não me parece um homem dos negócios.

- Porque eu não uso terno e gravata? Há negócios e negócios, Evans.

- E em que tipo de negócios você se encaixa?

Chequei os retrovisores para fazer uma ultrapassagem. Depois olhei para a menina bonita lá atrás. Ela me encarava de volta pelo espelho. Precisei lembrar que estava dirigindo para mover o foco.

- Eu tenho um chefe muito ocupado, então, caras como eu se encontram com pessoas com quem ele precisa acertar algo.

Ben prestava atenção na conversa, agora.

- Que tipo de assuntos? – ele quis saber.

- Os mais variados. – era hora de mudar de assunto. Por sorte consegui ver as luzes coloridas logo a frente e apontei. – Nosso destino.

Entrei no grande estacionamento, procurando uma vaga. Quando descemos do carro, a garota foi a primeira a falar, surpresa.

- Um parque de diversões?

- Não é divertido? – perguntei.

- Isso foi realmente uma surpresa. – Ben falou.

- Onde achou que eu ia levar vocês?

- Talvez em uma casa de stripper ou algo assim.

- Esse vai ser um programa para quando estivermos sozinhos.

Evans me deu um tapa no ombro e rimos. Ben limpou a garganta e falou:

- Melhor procurarmos a bilheteria.

A fila estava gigantesca, mas se movimentando rápido. A multidão, em sua maioria, era formada por famílias, mas havia alguns adolescentes em pares. Evans estava toda animada, dando saltinhos e apontando para tudo. Sorri com sua alegria.

- Onde querem ir primeiro? – perguntei, quando já estávamos com os ingressos nas mãos.

- Podemos ir na roda gigante, assim vamos ver todo o parque.

Concordei com ela e pegamos a fila. Ben pareceu aprovar o lugar, estava relaxado e sorrindo. Enquanto a fila se arrastava, os dois me esqueceram completamente, Evans tagarelando sobre qualquer coisa e Ben parecia feliz em apenas ouvir e acenar com a cabeça. Eles eram tão... casalzinho.

- Ah, Luke, não deveríamos esperar a sua amiga? – Evans perguntou quando estávamos a ponto de sentar nas cadeirinhas.

- Se ela já estiver aqui eu vou encontrá-la lá de cima. – respondi.

Ben e Evans sentaram juntos e eu fiquei de frente para eles, com uma garotinha ao meu lado. A menina estava dando as últimas mordidas em um cachorro quente.

- É melhor que isso aí fique dentro de você. – avisei.

- Se eu vomitar, miro nas suas calças. – e a fedelha ainda sorriu.

O brinquedo ganhou vida e começamos a subir. A vista do topo era magnífica, com todo o movimento lá embaixo em contraste com a quietude das ruas distantes. Lá de cima, a cidade parecia ainda menor, eu podia ver seus limites. Como seria ter crescido ali?

- Eu quero a minha mãe.

Olhei para o lado e vi a menininha a ponto de chorar. Oh, perfeito.

- Ao menos que sua mãe tenha asas, ela não vai chegar até aqui. – falei.

- Pobrezinha, ela está assustada! Não seja um monstro! – Evans reclamou. – Está tudo bem, querida, já vamos descer.

- Você pode segurar a minha mão?

Evans se esticou, tentando alcançar a menina, mas a distância era muita. Ela olhou para mim. Lancei um olhar de "que foi?".

- Segura a mão dela.

- O quê? Não. – as mãos da menina estavam sujas de molho de tomate e sabe se lá mais o quê.

- Não seja um ogro!

– Ela disse que ia vomitar em mim!

- Luke!

- Mande o Ben!

A menina começou a chorar.

- Ben está aqui e você está aí.

- Trocamos de lugar. - soltei o cinto de segurança.

- Você ficou maluco? Coloque isso de novo! – Evans gritava, mas eu a ignorei.

- Vamos, irmãozinho, não vou ficar aqui pra sempre.

Ben parecia assustado, mas soltou o cinto e passou para o meu lugar e eu ocupei o dele. Evans me deu um tapa forte no ombro quando sentei e apertei o cinto.

- Nunca mais faça isso! – ela gritou, me fuzilando com o olhar.

Ben agarrou a mão da menina e estava falando com ela baixinho.

- Não surte, Evans, está tudo bem.

- Vocês poderiam ter caído.

- Sim, assim como essa cadeira pode soltar e nos jogar para a morte.

- Não brinque com isso. – ela estava realmente brava.

Olhei-a por um minuto, sua irritação era atraente. Então, desviei o olhar.

- Ei, olha lá, uma casa fantasma. – apontei para a construção com a entrada em forma de uma cabeça de demônio. – Vamos?

- Não, obrigada. Prefiro o carrossel.

Ri de sua proposta.

- Vai lutar pelos cavalinhos com as crianças?

- Se for preciso. – ela também riu.

O brinquedo começou a pausar, enquanto as pessoas iam saindo, logo chegou nossa vez. A garotinha pulou para fora o mais rápido possível, mas antes de ir embora abraçou Ben, sujando sua roupa cara. Ele não pareceu se importar. Evans pulou nos braços dele assim que pode, parecendo maravilhada. Oh, claro, ele segurou a mão de uma pirralha. Que grande homem! Bufei.

- Alguém também está com fome? – perguntei para separar os dois.

- Eu vi uma barraca de lanches lá de cima, está logo ali. – Ben falou.

- Ótimo, outra fila. – reclamei, mas ninguém me deu atenção.

Por sorte a barraca de hambúrgueres não estava tão lotada, então não perdemos muito tempo ali. Encontramos um lugar para sentar e comemos em silêncio, observando as pessoas ao redor. Tentei lembrar da última vez que estive em um lugar como aquele e tudo o que me veio foram às vezes em que Ashton e eu arranjamos confusão, roubando os bichos de pelúcias das barracas ou sendo expulsos pelos seguranças após ficarmos bêbados. Aquela era a primeira vez que eu estava em um parque de diversão me divertindo como todo mundo, respeitando as regras.

- Preciso ir ao banheiro. – Ben anunciou, ficando em pé.

- Vamos esperar bem aqui. – a garota recebeu um beijo rápido e ele saiu.

Evans amassou o papel de seu lanche e eu o peguei, amassando o meu também. Mirei o cesto de lixo há uns dois metros de distância e errei as duas jogadas.

- Agora eu sei porque você não gosta de esportes. – ela debochou.

- Está reclamando da minha pontaria, Evans?

- Estou constatando um fato, Hemmings, você é péssimo.

Abri um meio sorriso e me inclinei para ela, até estarmos bem perto.

- Eu tenho uma ótima pontaria para certas coisas. Quer ver?

- Hum, não obrigado. – ela estava quase vesga tentando manter o foco em mim. Ah, menina, você é tão fácil de intimidar.

Ela ficou de pé de repente e
caminhou até o lixo para recolher as bolinhas de papel e jogá-las lá dentro. Depois voltou, ficando na ponta dos pés, como se procurasse alguém. Peguei seu pulso e comecei a puxá-la pelo meio das pessoas.

- O que você está fazendo?

- Detesto que critiquem minha pontaria.

- Você precisa aprender a aceitar críticas, um terapeuta ajudaria.

- Você vai me ajudar dizendo: “Nossa, que boa pontaria você tem” ou “Eu nunca vi uma pontaria como a sua”.

- Eu não quero ver a sua... pontaria.

- É claro que quer, é um show. E, no fim, ainda terá alguém para levar para a sua cama.

A garota parou e, quando a olhei, estava fervendo.

- Não seja depravado, eu estou com seu irmão.

- Será alguém que te fará dormir melhor.

Evans abriu a boca em um perfeito O. Sua mão disparou em minha direção, mas eu a agarrei, segurei seu pulso e a puxei até a barraca de tiro ao alvo logo a frente. A garota olhou para mim, depois para a barraca e de novo para mim, com a expressão mais engraçada que eu já havia visto.

- Você estava falando dos bichos de pelúcia.

- Isso mesmo. Vou provar minha pontaria acertando aquelas latas e ganhar um deles pra você ter companhia na hora de dormir. De quem achava que eu estava falando, Evans?

Eu bem sabia o que ela estava pensando, e sabia que ela iria corar com a insinuação. Ela corou.

- Eu realmente não sabia sobre o que você estava falando.

Paguei ao dono da barraca e peguei a espingarda de chumbo. Não era a primeira vez que eu atirava, Ashton e eu havíamos caçado quando Rivers nos mandou para a Pensilvânia, e eu já havia disputado em alguns jogos como aquele. Mirei a lata vermelha, que estava no meio da fileira de baixo da pirâmide e disparei. Acertei em cheio, derrubando-a e fazendo as latas de cima caírem também. Apenas uma ficou em pé.

- Você tem dois tiros e uma lata. – Evans falou perto do meu ouvido, com um tom de conspiração.

- Acha que vou errar os dois tiros?

- Pode acontecer. Aquela pirâmide era grande, essa lata sozinha é pequena. – deu de ombros.

- Eu posso acertar aquela lata com um único tiro, mas o que eu faria com o outro?

Toquei com a ponta da espingarda em seu ombro. Evans a afastou com um tapa.

- Não brinque com isso.

Coloquei o olho em posição, apontando pra ela e sorri.

- Bang bang, Evans.

- Pare com isso!

Virei a mira para a barraca e atirei na parede com o desenho de um alvo preto e branco nos fundos.

- Bem no centro. – comemorei.

- Você é maluco. – ela reclamou.

- Ei garoto, atire nas latas! – o dono da barraca gritou.

- Sim, senhor. – mirei na latinha solitária e a levei ao chão. – Ela vai querer o dragãozinho. – falei, olhando os prêmios.

- Ela vai querer o ursinho. – Evans revidou, com as mãos na cintura. Ergui uma sobrancelha.

- Ursos são clichês.

- Eu gosto de ursos.

- Dragões cospem fogo e voam. Ursos apenas dormem por meses.

Evans ergueu suas sobrancelhas também e bateu o pé. Ela bateu o pé para mim! Revirei os olhos e mandei o cara pegar o maldito urso.

Ben nos encontrou um minuto mais tarde, quando Evans ainda examinava seu urso sem graça.

- O que é isso? – o garoto perguntou olhando o bicho.

Ela pareceu acabar de perceber que o presente era uma má ideia, cheguei a pensar que ela o devolveria.

- Luke acertou as latinhas e ganhou isso. – ela deu de ombros.

- Não sabia que colecionava bichos de pelúcia, Luke. – ele gracejou.

- Não coleciono, por isso dei pra sua namorada. – devolvi com um sorriso aberto. Evans pulou entre nós dois.

- Então, o que vamos fazer agora?

- Quando voltava do banheiro eu vi que estão tirando fotos em benefício de uma ONG para crianças carentes. Podemos ajudar.

- É uma ótima ideia!

Os dois olharam para mim.

- Ou podemos ir na montanha russa. – propus.

- É para a caridade. – Evans repetiu.

Meu único projeto de caridade sou eu mesmo.

- Ou podemos ir no barco viking.

Os dois me encaravam. Desisti.

- Ok, tudo bem.

Havia uma grande faixa anunciando o propósito das fotografias, com o nome da ONG e tudo mais. A equipe era formada por um fotógrafo velho, uma senhora que ajudava as pessoas a se posicionarem no banco e uma outra que concertava os cabelos bagunçados e as caras de “acabei de vomitar” dos clientes. Entramos na fila e arrastamos nossos pés até chegar nossa vez. Evans era a primeira entre nós.

- A mocinha não tem um acompanhante? Os casais recebem pulseiras do amor solidário. – o fotógrafo falou.

- Ben, venha comigo! Veja, as fotos de casal são um pouco mais caras, mas o valor doado também aumenta.

- Tudo bem. – Ben concordou.

- Segura ele pra mim. - Evans me entregou o ursinho amassado e os dois foram para o banco. A mulher arrumou os dois para estarem lado a lado, com as mãos dadas e olhando para a câmera. O flash apareceu e sumiu, então era a minha vez.

- E você, jovem, por que não encontra uma moça para posar com você? – o velho fotógrafo falou, mostrando um sorriso com dentes falsos.

- Eu tenho charme suficiente para posar sozinho. – falei.

- Mas é para a caridade, Luke. – Evans insistiu. – Onde está sua amiga?

- Quer mesmo que alguém me acompanhe? – agarrei a mão dela e a puxei para o banco sem esperar por resposta.

- O que você está fazendo? – ela perguntou, parecendo mais cansada de ser arrastada por mim do que zangada.

- Arranjando uma acompanhante.

- Mas não eu!

- Por que não? É para a caridade. – usei suas palavras.

Evans lançou um olhar para Ben, que tentava esconder seu desconforto. Sua cara me fez sorrir ainda mais.

- Aquele outro rapaz... – a mulher do posicionamento perguntou para ela, parecendo confusa.

- É meu namorado.

- Então, este é seu, hum, irmão? Primo?

- Luke é irmão de Ben.

- Eu realmente não sei o que fazer com vocês. – a mulher admitiu.

Passei um braço pelos ombros de Evans, mas ela me afastou.

- Vamos apenas ficar lado a lado, sim? – falou para a mulher.

- Ah, não, Bob está com problemas na máquina outra vez. Vou resolver. Apenas permaneçam na pose. – e ela saiu.

Evans notou o urso em minhas mãos e o pegou.

- Espero que eles não cobrem uma foto tripla. – falei.

- Eu acho que ela não existe.

- Quem?

- A sua amiga.

- Por que acha isso?

- Ela não apareceu, você não ligou, não recebeu nenhuma mensagem. – Evans olhou para mim.

- Touché.

- Não conhece nenhuma garota na cidade?

- Eu conheço você.

- Alguma garota que esteja livre.

- Você está presa, Evans?

Ela acariciou as orelhas do urso.

- Eu poderia ter chamado uma colega da escola.

- Colega? Quer manter suas amigas longe de mim?

- Minha amiga está louca por você. Se quiser, eu ligo agora mesmo. Vocês podem ir na Barca do Amor.

Passei a mão pelo queixo, como se estivesse analisando uma proposta importante.

- Como ela é?

Evans abriu um sorriso largo, fazendo surgir uma covinha que eu não havia notado antes.

- Uma palavra: purpurina.

Ela começou a rir, provavelmente da careta que eu fiz. Eu bem poderia ter respondido sua piada com outra, mas estava encantado com seu riso de menina e, de repente, estava rindo também, o tipo de riso que faz a barriga doer. O flash disparou, nos fazendo pular e rir ainda mais. Ben apareceu com as fotografias e uma cara não muito feliz. Recebi minha cópia da foto com Evans e sorri ao nos ver gargalhando, ela com o urso amassado nas mãos.

- Acho melhor irmos para casa. – Ben falou em um tom baixo.

- Ah, Ben, está tão divertido. – Evans reclamou, passando os braços pela cintura dele. Foi minha vez de fazer uma cara não muito feliz. Por que diabos eles precisavam estar sempre tão juntos?

- Eu não estou me sentindo muito bem, Jay. Não é nada importante, mas acho que foi o hambúrguer.

- Tudo bem. – o sorriso continuou nos lábios de Evans, sem perceber o humor do garoto.

Voltamos para o carro em silêncio. Ben foi direto para o banco do motorista e eu lhe entreguei as chaves quando sentei no carona. O carro já estava ligado e pronto para partir quando Evans pulou para fora e pediu que esperássemos. Ela correu até desaparecer entre as pessoas.

- O que foi aquilo? – o garoto perguntou, virando para me olhar de frente. Era a primeira vez que eu o via realmente bravo.

- Acho que ela precisou ir ao banheiro. – dei de ombros.

- Não estou falando disso.

Ergui as sobrancelhas ao entender.

- O que foi? Estávamos apenas rindo.

Ben me encarou por todo um minuto.

- Só fica longe dela, tá legal?

- Qual o problema, cara?

- Você está o tempo todo fazendo piada, eu não sou idiota, Luke.

- Está com medo que a sua garota goste das minhas piadas?

- Eu não quero que você a machuque.

- Eu nunca a machucaria. – a verdade em minhas palavras me surpreendeu. Eu nunca machucaria aquela garota mesmo.

- Não estou falando disso.

- Então?

Ben mudou o foco para além do parabrisa.

- Julia teve uma vida difícil, ela não pode se apegar com quem vai embora. Não seja amigo dela.

- Você está falando para mim sobre ter uma vida difícil? – cuspi de volta. Quem esse merdinha acha que é para falar sobre vida difícil?

- Você não entende.

A porta se abriu e Evans pulou para dentro. Minha raiva simplesmente evaporou ao ver que ela segurava o dragão de pelúcia. Foda-se, Ben. Sorri discretamente e relaxei no banco.

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