Chapter 7
Leighton Murray
O refeitório já estava cheio de alunos, mas por sorte, conseguimos chegar antes que não sobrassem mais mesas para se sentar. Já tinha algum tempo que estávamos ali e ainda não tinha visto Rachel, o que é estranho, já que todas as aulas acabaram com a abertura do refeitório.
Enquanto eu comia, as meninas estavam falando sobre coisas aleatórias ou como a Bela está se sentindo, agora que faz parte da Catullan. De uma forma ou outra, não deixava de dar minha opinião sobre o assunto da roda, mas minha mente estava longe demais para formular mais que três palavras com as meninas.
— Para tudo! - Bela bateu suas mãos na mesa — Aquele ali não é o amigo gostoso da Rachel?
Por curiosidade, mas não por interesse pessoal, acabo olhando para ele, mas o garoto estava sozinho e parecia procurar por alguém, sua respiração ofegante, o olhar irritado e desesperado, como se seu cachorrinho tivesse escapado pelo portão assim que viu uma oportunidade.
Quando menos esperava, o garoto percebeu que estávamos todas olhando para ele e na mesma hora sua expressão se suavizou, retirando aquele teor irritado para dar lugar a um sorriso amigável.
Que sorriso irritante…
— Olá meninas. - revirei os olhos assim que escutei a sua voz — Será que a Rachel passou por aqui?
— Na verdade não. - respondeu Kimberly — Combinamos de comer no refeitório, mas ela não apareceu ainda.
— Mas você começou a fazer a mesma aula que ela, não foi? - perguntou Whitney, apontando para ele — Vi quando você se inscreveu.
— Ah… É, eu estou. - o garoto sorriu forçadamente, como se tivesse ficado preocupado com algo.
— Você não viu para onde ela foi? - perguntou Whitney, recebendo uma resposta negativa vindo do garoto.
— Não, quando acabou a aula ela saiu correndo. - ele deu de ombros, sem dar muita importância — Ela não quis falar comigo, parece que estava passando mal.
— Passando mal? - franzi o cenho, vendo o garoto assentir — E você nem se preocupou em ir atrás dela?
— Como eu disse antes, eu tentei. - ele direcionou o seu olhar para mim — Mas ela não me quis por perto, deve ser coisa de garota ou sei lá.
— Inacreditável… - murmurei para mim mesma, sem acreditar nas palavras dele.
O garoto pareceu ter ouvido, pois me olhou com uma expressão confusa nos olhos, me analisando com o cenho franzido, como se tivesse se sentido ofendido de alguma forma.
— Não liga para a Leighton. - comentou Bela — Nós também não tivemos a sorte de conhecer o lado bom da Leighton de primeira, mas ela é legal.
— Não se preocupe com isso, eu já me acostumei com garotas que se fazem de difíceis. - novamente aquele sorriso — Deixe-me apresentar de forma devida, eu sou Joshua, um velho amigo de Rachel.
— Eu te conheço, minha mãe é amiga da sua mãe. - Whitney comentou.
— Ah sim, a Senadora Chase é uma amiga muito querida da minha mãe. - Joshua falou de forma sorridente — E você Leighton?
— Eu? - questionei confusa com o rumo da conversa se voltando para mim — O que tem eu?
— Murray é um nome familiar. - Joshua tentou puxar assunto.
— Tenho certeza que meu nome é mais comum do que você pensa. - sorri forçadamente, quebrando aquele contato forçado de intimidade.
Pego o meu celular, decidindo ignorar a existência daquele garoto enquanto ele ainda estiver aqui, aproveito para mandar mensagem para Rachel, perguntando se ela precisava de alguma coisa e se estava bem, mas não fui respondida, me deixando desconfiada.
— É seu namorado? - perguntou Joshua, se sentando ao meu lado, me fazendo encará-lo com indignação, apagando a tela do meu celular.
— Escuta, você não tem nada melhor para fazer não? - perguntei de forma séria, sentindo repulsa da proximidade dele, invadindo o meu espaço pessoal dessa forma.
Já irritada, não deixei com que ele me respondesse, me levanto da mesa, ainda com o celular em mãos, dou uma última checada na barra de notificações para ver se tinha alguma coisa, mas claro, não tinha nada.
— Para onde você vai? - perguntou Bela.
— Preciso resolver umas coisas de um projeto que meu professor passou. - respondi, ajustando a alça da minha bolsa ao meu corpo.
— De matemática? - escuto Bela perguntar.
— Sabe como é, número, fórmulas… Coisas chatas. - falei, tomando distância da mesa e me despedindo das meninas com uma aceno, ignorando Joshua.
— Leighton, mas você nem terminou de comer! - escutei Kimberly falar, mas eu já estava longe o suficiente para fingir não ter escutado.
Em passos apressados, eu já estava no corredor da universidade, indo na direção dos dormitórios, onde eu poderia suspeitar que Rachel estaria lá depois de sair da aula, mas antes de sair do prédio, escuto algumas garotas fofocando sobre algo, chamando minha atenção.
— Garota estranha… - uma delas comentou.
— Você viu a forma como ela entrou no banheiro? - a outra respondeu em deboche.
Então elas começaram a rir, se distanciando e andando em uma direção oposta. Eu não sabia de qual garota elas estavam falando, mas algo dentro de mim precisava verificar a identidade daquela garota. Me direcionei para o banheiro mais próximo de onde eu estava e entrei.
Antes de entrar no banheiro, coloquei minha cabeça para dentro, verificando se tinha mais alguém lá dentro ou se aquela garota ainda estava lá. O banheiro estava vazio e todas as portas dos compartimentos estavam fechadas, dificultando minha visão.
Resolvo entrar no banheiro para verificar. Me aproximei dos compartimentos, abrindo um por um, verificando se todos realmente estavam vazios, quando cheguei na metade deles, ouvi um barulho no último deles, como se alguém estivesse prestes a vomitar.
Rapidamente corri até esse compartimento e pus minha mão na porta, tentei empurrá-la, mas estava fechada.
— Rachel? - perguntei, um pouco incerta.
Não houve resposta, mas sim uma respiração pesada, de alguém que estava respirando fundo. Em seguida, ouvi o trinco se mexendo enquanto a porta estava sendo destrancada. Dei um passo para trás quando a porta foi aberta, dando espaço para a pessoa sair de lá, mas me surpreendi quando vi ela agachada, ao lado do vaso sanitário.
— Como sabia que eu estava aqui? - perguntou Rachel, com sua cabeça direcionada para cima, encarando meu rosto, sua voz estava embargada e seu rosto tinham regiões mais avermelhadas que o normal.
— Aquele seu amigo disse que você não estava bem. - expliquei, me aproximando dela — Então eu…
— Meu amigo... - Rachel forçou um sorriso.
Aquele sorriso forçado rapidamente se desfez quando ela fechou os olhos e se ajoelhou no chão, buscando colocar sua cabeça próxima ao vaso sanitário, no qual ela tentou vomitar, mas nada saiu, era apenas uma ânsia.
Vendo aquilo, percebi que suas mãos tremiam, por mais que tentasse disfarçar, escondendo-as onde eu não poderia ver, mas sua tremedeira se tornou notável quando ela usou uma de suas mãos para tapar os olhos, voltando a se sentar no chão.
Então eu ouço seu primeiro fungado.
Resolvo me abaixar, ficando na mesma altura que ela, no qual me coloquei de joelhos ao seu lado. Ergo a minha mão e começo a fazer carinho em seu cabelo, ajeitando os fios desalinhados e os pondo no lugar.
— Eu realmente não queria que ninguém me visse assim. - tentou explicar, apesar do entalo em sua garganta — Mas é tão difícil respirar que…
— Você não está mais sozinha. - falei, suavizando minha voz.
Aproveitei nossa proximidade para puxar o seu corpo para mais perto do meu, onde pude apoiar sua cabeça no meu ombro e iniciar um abraço, enquanto continuava fazendo carinho em seus cabelos.
— Não tem mais ninguém nos corredores. - comentei assim que olho para o relógio em meu pulso — As aulas já começaram, o que acha de aproveitarmos para ir pro dormitório?
Rachel concordou apenas com o movimento de sua cabeça. Me levanto devagar e após me colocar de pé, coloco minha mão próxima da garota.
— Eu estou aqui com você, vamos? - pergunto, mantendo minha mão ali, para que ela segurasse e eu a ajudasse a levantar.
Rachel intercalou o olhar entre minha mão e meu rosto, então comecei a sorrir para ela, tentando transparecer que ela poderia se sentir segura em sair dali. Ainda não sei porque ela está assim, mas só de pensar que alguém possa ter feito algum mal a ela, meu sangue começa a ferver, independente de quem seja, vou garantir que ela deseje nunca ter nascido.
Quando a mão dela toca a minha, consigo ajudá-la a levantar do banheiro, sua mão estava fria, mas não estava tão trêmula, me fazendo acreditar que ela tenha se acalmado um pouco.
Já de pé, não hesito em continuar de mãos dadas com ela enquanto saímos do banheiro. Como tinha previsto, não tinha ninguém nos corredores, apenas eu e ela.
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