11 - O RETORNO
❝Existe um destino que não será alterado. Ainda que o sofrimento lhe castigue a alma, a esperança jamais a deixará ruir❞.
—𝕱𝖗𝖆𝖌𝖒𝖊𝖓𝖙𝖔𝖘 𝖉𝖔𝖘 𝕽𝖊𝖌𝖎𝖘𝖙𝖗𝖔𝖘 𝕯𝖗𝖚𝖎𝖉𝖆𝖘,
533 ɗ. Ƈ
Quando não passava de uma criança, meu pai costumava dizer que ao nascermos os deuses nos entregam uma missão que devemos completar antes de morrer, caso contrário temos de voltar em outra vida para finalizá-la.
"Escolha bem os caminhos que vai trilhar, pequena Erieanna. Pois, quando percorremos trilhas que nos distanciam da missão que os deuses nos incumbiram, ficamos cada vez mais longe de completá-la." Esse foi o conselho ele me entregou quando tinha apenas dez anos e não passava de uma criança querendo descobri o mundo.
Lembro de ter ficado com medo de andar por qualquer caminho quando estava sozinha e sempre me perguntava se os deuses estavam me observando, para comprovar se eu estava fazendo tudo certo. Aquela era uma época em que eu temia e amava os deuses. Jamais cheguei a cogitar que um dia eles seriam insignificantes ao ponto de nem sequer existirem em minhas razões.
Mas, ainda assim, comecei a refletir sobre todas as escolhas que fiz em minha curta existência mundana. Sabia que toda vez que tomava decisão, um novo caminho e suas consequências se abria a minha frente. Assim sendo, pode-se dizer que eu estava segura sobre o fato de que ter mandado Thorn embora, fora uma decisão sábia. Todavia, com o passar dos dias, peguei-me pensando em como tudo teria sucedido se ele estivesse ficado comigo.
Carreguei essa dúvida em minha cabeça até o quarto dia de Yule, pois foi nesse dia que Thorn voltou a me procurar, e, dessa forma, desestruturou, mais uma vez - o meu mundo.
— Erieanna! — O dia mal acabará de começar, quando escutei Thorn me chamando com urgência.
— Erieanna! — Sua voz alterada pelo álcool mesclou com as frenéticas batidas em minha porta.
Apressadamente, sai da cama, coloquei meu casaco de pele e fui ao seu encontro.
—O que você quer aqui? Lembro que fui muito clara quando te pedi para ir embora e nunca mais voltar. — bradei, furiosa, assim que abri a porta.
—Senti sua falta. —Exibiu um singelo sorriso. Ele parecia tão inofensivo naquele momento.
— Thorn, vá embora! — pedi impaciente.
Fingindo não ter me ouvido, ele levou as mãos em minha direção e segurou uma mecha dos meus cabelos negros entre seus dedos.
— Você consegue ser linda até quando está furiosa. — Sorriu novamente.
Tirei sua mão de meu cabelo e proferi em tom autoritário:
— Você não deveria estar aqui.
— Eu não tenho para onde ir, Erieanna. — Lamentou com uma carga de drama desnecessária.
— Isso já não é problema meu. — rebati, cruzando os braços abaixo do peito.
— Vai me deixar aqui fora e passando frio a ponto de quase morrer? — Soltou um soluço verídico.
Fiquei calada o encarando, enquanto ele apertava os braços ao seu redor, tremendo de forma exagerada.
— Prometo que ficarei quieto. — Lançou-me um olhar de súplica.
— Não faça promessas que não pode cumprir. No seu estado normal você já fala muito, bêbado então deve ser terrivelmente pior. — Acusei-o torcendo os lábios.
— Culpado, confesso. — Esboçou um sorriso travesso. — Mas, por favor, deixe-me entrar. Estou congelando aqui fora, mulher. — Lançou-me um olhar de piedade.
Soltei um pesado suspiro à medida em que revirei os olhos.
— Tudo bem, entre! — Afastei-me da porta abrindo espaço para que ele pudesse passar por ela.
Thorn exibiu um largo sorriso antes de adentrar em minha casa. Sem que eu pudesse prever suas ações, ele rapidamente, segurou meu rosto em suas mãos e o beijou.
— Merda, Thorn! Quanto foi que bebeu?! — Uma expressão de repulsa surgiu em minha face, ao sentir fedor de álcool exalando de sua boca.
— Muito! — Riu — Tive que beber muito para esquecer o quanto sua frieza partiu meu coração. — Piscou os olhos fazendo uma encenação exagerada.
— Não quero falar sobre isso, apenas vá para o quarto e durma. — Apontei o dedo em direção ao meu aposento.
Ele levou o indicador aos lábios de modo a entender que ficaria quieto e partiu meio cambaleante até o destino indicado.
— Senti falta dessa cama. — confessou, em meio aos soluços, após se jogar desajeitadamente sobre o móvel.
Percebi que ainda estava de botas, pensei em pedir para que ele as retirasse, mas sei que seria uma tarefa impossível de ser realizada levando em consideração seu patético estado de embriaguez.
— Por que você é tão ruim, Coração de Gelo? — questionou com a voz abafada pelas peles de animais que encobriram boa parte de seu rosto.
Não o respondi, pois notei que ele já pegava no sono e mal me ouviria. Não demorou muito para que ficasse em silêncio e um ronco baixo começou a sair de sua boca.
Aproveitei que o viking parecia estar em sono profundo e cobri suas pernas que escaparam dos mantos de pele.
— Thorn, Thorn, Thorn... O que farei com você? — sussurrei, admirando sua bela face.
Deixei o quarto e evitei pensar na presença de Thorn sob meu teto mais uma vez. Tinha um curto período de descanso até que tivesse de lidar com aquela situação. Decidi, portanto, ocupá-lo andando pelos arredores, já fazia um tempo que não apreciava a natureza e meu corpo sentia falta daquele contato mais íntimo.
Coloquei meu vestido mais quente, minhas botas, assim como meu casaco de pele e parti rumo a manhã gelada das terras nórdicas.
Enquanto caminhava, o vento congelante tocou minha pele provocando uma ardência na ponta do meu nariz. Porém, era capaz de suportar qualquer tortura quando sentia a magia da natureza ao meu entorno.
O dia estava cinzento e uma densa camada de neve cobria o chão em que eu pisava. Não pensei no frio, apenas continuei a andar até chegar à beira do rio congelado.
Fiquei um bom tempo olhando contemplativa para outra margem do rio, pensando se algum dia seria capaz de fugir daquela terra, até que escutei a voz que jamais, nem que se passassem mil anos, eu me esqueceria:
— Erieanna! — A voz de Cernunnos sussurrou bem próximo ao meu ouvido, por um curto momento quase acreditei que o deus estava ali, junto de mim. — Até que enfim te encontrei. — ele proferiu, aliviado.
Os pelos de meu braço e nuca arrepiaram. Instantaneamente senti meu cabelo começar a flutuar por conta da força mística que me cercava. Procurei ao meu redor pelo dono da voz, mas estava completamente sozinha naquela floresta.
— Onde você está? Por que não consigo ver nada a sua volta além de escuridão? — Cernunnos questionou em um desespero evidente.
— Estou presa nas terras dos escandinavos. Sou prisioneira do líder do clã Feniryr. — respondi, apressada, temendo que a conexão fosse interrompida.
Mal concluí minha frase e escutei um zunido ensurdecedor em meu ouvido. Então a voz de Cernunnos começou a falhar até desaparecer por completo.
— Ele nunca te encontrará. Nunca! — afirmou a voz antiga e profunda de uma mulher. Logo tudo ficou em completo silêncio, como se nada daquilo tivesse relamente acontecido.
Até cheguei a pensar que tal situação não passou de uma ilusão da minha mente desesperada por liberdade. No entanto, as pedras que estavam flutuando ao meu redor, chocaram-se contra o chão e foi o suficiente para comprovar que aquilo de fato aconteceu.
Esperei meus pensamentos se ordenarem e só retornei para casa quando notei minha mente mais clara e lucida. Não queria levantar suspeitas do meu convidado, ainda não confiava nele.
Durante toda a tarde não fui capaz de esquecer o evento ocorrido pela manhã. Ficava me perguntando se Cernunnos estava realmente me procurando, e o mais importante, quem era a mulher que o impedia de me encontrar? Foi um longo tempo elaborando possíveis respostas para minhas intermináveis dúvidas, até que Thorn despertou e por algum tempo dissipou da minha mente a situação que tanto me assombrava.
— Olá, Coração de Gelo. — o viking me cumprimentou, sentando-se à mesa.
— Achei que nunca mais acordaria. — expressei em tom neutro, evitando a olhá-lo.
— Não vai ser tão fácil se livrar de mim. Precisa de muito mais que algumas canecas de cerveja para me matar. — Sorriu — Se bem que desejaria estar morto para não ter de sentir meu estômago se revirar dentro de mim. — Fez uma careta desgostosa.
— Posso providenciar sua morte se assim desejar. — sugeri um tanto provocativa.
— Sei que pode! Se existe alguém no mundo que pode me matar, essa pessoa é você. — replicou, ele, daquela vez em tom sério.
Cravei meu olhar nos seu devido ao fato de ficara intrigada com sua afirmação.
— Fico feliz em saber que não sou superestimada. — Tentei provocá-lo. — Tome, beba isso. — Entreguei-lhe uma caneca contendo o chá de algumas ervas.
Thorn olhou para a bebida e depois me lançou um olhar carregado de desconfiança.
— Não é veneno, trata-se de uma poção de ervas que fiz para melhorar seu estômago. — expliquei, tranquilizando-o
Ele refletiu por alguns minutos, mas tomou coragem de levar o chá aos lábios.
— Argh! Isso é horrível. — Jogou a caneca para longe exibindo uma careta de nojo.
— Você está se recuperando de uma noite de bebedeira, se ingerir água, ela terá um gosto ruim. — esclareci impaciente.
Maldito beberrão!
— Nunca mais beberei. — murmurou lamentando.
— Eis aqui a maior mentira dos homens. — Revirei os olhos.
Thorn debruçou sobre a mesa e permaneceu assim até que eu terminasse de picar os legumes para a sopa que estava fazendo.
— Levante-se. — Sacudi seus ombros.
Rapidamente ele colocou-se em alerta, como se estivesse preparado para qualquer ataque. Quase ri de seu estado patético.
— Você precisa de um banho. Está com um fedor horrível! — exclamei com repulsa.
Thorn concordou e nada falou ao me seguir até a banheira. Para não perder tempo, tratei logo de esquentar a água com auxílio da magia.
— Leve o tempo que precisar com seu banho. A sopa demorará a ficar pronta.
Antes de eu lhe conceder privacidade, Thorn como sempre estava pronto para me provocar, agilmente ficou nu a minha frente.
— Sim, senhora! — Abriu um sorriso travesso, satisfeito com suas ações indecentes.
— Sabe que posso esfriar essa água na mesma rapidez que a esquentei, não é? — Não pude evitar que um sorriso sarcástico se formasse em meus lábios. — Se eu fosse você, entraria nessa banheira antes que eu mude de ideia e tenha de tomar um banho gelado.
Instantaneamente o sorriso despareceu de sua face, e para confirmar que me temia, ele entrou de imediato na banheira aquecida.
Retornei à cozinha carregando um sorriso vitorioso. Por mais que recusasse admitir, eu gostava de provocá-lo.
***
O tempo sempre passava rapidamente quando Thorn estava comigo. As vezes tinha a impressão de que compartilhávamos a mesma roda do tempo. O que seria impossível, pois ambos éramos de mundos completamente distintos. Contudo, como se o destinjo quisesse provar que eu estava ligeiramente confusa, o homem saiu do banho tão logo que a sopa ficou pronta.
Conforme esperado, o viking tomou seu lugar a mesa e eu lhe entreguei sua refeição. Decidi me sentar na cadeira a sua frente e ambos começamos a nos alimentar em silêncio.
Apesar de ter passado um tempo considerável, não fui capaz de desconectar minhas lembranças da situação que se passou pela manhã. Por mais que tentasse, não me saia da cabeça a possibilidade de que alguém estava a minha procura. Foi inevitável barrar a esperança que de mansinho começou a se instalar em todo o meu ser. Devo ter ficado um bom tempo com uma cara de paisagem, pois só voltei a realidade quando Thorn balançou a mão na frente de meu rosto numa tentativa de despertar minha atenção.
— Erieanna, acorda! — pediu em meio a um sorriso.
— Desculpe, o que estava dizendo? — indaguei tomada pela confusão.
— Estava falando que sua sopa não é tão boa quanto a minha! — Tentou em vão provocar-me.
Revirei os olhos. Nunca fui muito boa em lidar com provocações descabidas.
— Ao contrário de você, tenho preocupações mais urgentes do que aprender a fazer uma boa sopa. Sou uma prisioneira, manter-me viva é minha única e exclusiva preocupação. — contrapus, contrariada.
— Você é capaz de sentir algo além de raiva? — Thorn questionou impaciente.
— Acredite, compartilhamos da mesma dúvida. Às vezes chego a pensar que seu povo destruiu toda minha capacidade de ter empatia. Não posso me dar ao luxo de se preocupar com outra pessoa, quando preciso, dia após dia, lutar para sobreviver. — Dei de ombros e voltei a tomar a sopa em silêncio.
Ninguém falou mais nada. Talvez o viking inconveniente estivesse refletindo sobre todos os pré-conceitos em relação a minha pessoa.
Ao terminarmos a refeição, os tambores de mais uma noite de celebração do Yule começaram a soar ao longe, indicando o início de mais uma noite de celebração.
Ainda sem proferir qualquer palavra, levantei-me da mesa e parti rumo ao meu quarto. Eu estava exausta, e quanto mais cedo fosse dormir, mais rápido aquele dia chegaria ao fim.
A cama ainda carregava a bagunça do sono de Thorn quando me deitei embaixo das cobertas quentes. Não tardou muito para que ele aparecesse em meu aposento.
— Posso me deitar contigo? — Notei indicio de insegurança em sua voz.
— Sim. — respondi, com indiferença. Não estava no clima de travar uma discussão desnecessária com ele; ao menos não naquela noite.
Em silêncio, o viking tomou o lugar ao meu lado.
— Por que está sendo boa comigo, Coração de Gelo? — questionou depois de algum tempo.
— Não é bondade. Trata-se apenas de bom senso. Se eu te ajudar a ficar melhor, mais rápido poderá ir embora. — expliquei cansada.
Naquele ponto da noite, os tambores da festa tornaram-se mais altos. Do meu quarto éramos capazes de escutar a empolgação dos vikings em mais uma noite do Yule.
— Você deveria estar comemorando junto ao seu povo. — sugeri com indiferença.
— Prefiro estar aqui com você. Mesmo que me deteste, e ainda que pense em me matar, nada é tão empolgante do que passar a noite ao seu lado. — Soltou um pequeno riso que ecoou pelo cômodo.
Aquele homem realmente não era capaz de levar nada a sério.
— Boa noite, Thorn. — resmunguei, virando-me de costas para ele.
— Boa noite, Coração de Gelo.
Tentei dormir, no entanto, meus pensamentos não me deixaram em paz. Virei de um lado para o outro da cama e nenhuma posição pareceu confortável o bastante para me fazer pegar no sono.
— Tem espinhos no seu lado da cama? —Thorn questionou descontraído.
— Argh! Não consigo dormir! — praguejei, impaciente.
O viking movimentou-se sob as cobertas e percebi que virou o corpo de modo a me olhar.
— Quer conversar? Você parece preocupada. — sua voz branda demonstrou que estava sendo gentil.
Não o respondi de imediato, mas depois soltei um longo suspiro e virei-me para olhá-lo, embora a escuridão cobrisse seu rosto.
— Thorn... — Comecei. — Você acredita que deuses realmente existam?
O silencio predominou entre nós. Achei que ele iria ignorar minha pergunta, mas por fim respondeu:
— Bem, não esperava ouvir esse questionamento logo agora, tão tarde da noite. — Mordeu os lábios evidenciando que estava numa posição desconfortável, porém prosseguiu: — Para minha família, os deuses são reais. Portanto, em respeito a eles tenho que responder que sim, os deuses existem. — Certificou com precisão. — Mas me diga, Coração de Gelo, por qual razão a existência dos deuses está te incomodando?
Por muitas razões, inclusive a promessa da liberdade. Pensei, mas decidi manter aquela resposta em segredo.
— Se eles de fato existem, qual motivo os levaria a ajudar qualquer pessoa? — continuei com meus questionamentos.
Thorn soltou um pesado suspiro antes de responder:
— Eu não sei, Erieanna... deuses são egoístas, só fazem algo motivados por seus próprios desejos. Tenho certeza que apenas ajudariam algum mortal, se essa pessoa representar alguém importância para eles. — Deu de ombros. — Pelo menos é isso que eu acho. — concluiu, de modo evasivo.
— Tenho razões para acreditar que está errado. Creio que os deuses não importam com qualquer mortal, pois eles deuses não se importam com ninguém além de si mesmos. — Não fui capaz de esconder o rancor em minha voz.
— Não pode julgá-los, se de fato não os conhece. — Thorn retrucou zangado.
Soltei um riso irônico antes de revidar seu comentário:
— Queria ver se não os julgaria, se eles tivessem te ignorado quando mais precisou! Espero que nunca chegue de fato a precisar de deus algum, Thorn. Espero que nunca tenha suas preces ignoradas, pois não há dor maior no mundo do que saber que foi esquecida por aqueles que um dia venerou. — Dito aquilo, virei-me novamente de costas para ele. A conversa havia chegado ao fim.
O silêncio voltou a prevalecer no quarto. Pode-se ouvir apenas o som de nossas respirações mesclando-se com o som dos tambores que retumbavam lá fora.
— Sinto muito por você, Coração de Gelo. Sinto que tenha passado por isso. — Thorn sussurrou após um tempo.
— Não sinta. Eu já superei.
Aquilo era uma grande mentira, porém o viking não precisava saber o quanto ainda me ressentia com os deuses.
Voltamos a ficar calados. Aquela situação havia se tornado demasiada estranha para ambos. Talvez tudo tivesse se tornado estranho entre nós.
— Thorn, precisa partir amanhã. Ragad virá a minha procura e sua presença aqui tornará tudo um caos. — Avisei esperando que ele me ouvisse ao menos daquela vez.
— Tem medo de Ragad? — Notei a incredulidade em suas palavras.
— Claro que não! — exclamei exasperada. — Só acho que não há nada mais irritante do que ver homens brigando por mim, quando não me importo com nenhum dos dois.
— Sua sinceridade é comovente. — ironizou, aborrecido.
— E mesmo com toda minha antipatia, você continua aqui, implorado por qualquer sorriso meu. — Soltei uma frase maldosa que tinha o único objetivo de por aquela conversa por encerrada.
— Boa noite, Erieanna. — seu tom de voz permeado de irritação evidenciou que nossa conversa estava, definitivamente, encerrada.
Quanto a mim, pouco me importei em como ele se sentia. Até poderia levar em consideração seus sentimentos, se tivesse dito que me ajudaria a fugir do seu povo. Porém, como essa não era sua intenção, somente esperava que fosse embora e não mais voltasse.
De fato cheguei a pensar que perdera a capacidade de nitrir sentimentos. Era melhor daquela forma, antes ser só razão do que ter um coração mole e ser massacrada por minhas fraquezas. Não precisava sentir nada, quando minha preocupação era a de que sobreviver em meio aos meus inimigos.
Eu ainda estava viva. Ainda respirava. E só deixaria de lutar quando não restasse uma única batida em meu coração e um último suspiro saísse de meus lábios. Até lá, eu sobreviveria em meio ao caos.
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