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Capítulo 3


Tenho tentando fazer capítulos menores, mas acho que esse é o maior capítulo por enquanto. Até pensei em repartir, mas acabei deixando assim, porque queria ler o final dele. kkkk Eu gosto do final. 

Vai ter sempre capítulos na segunda, mas dois por semana eu não posso garantir sempre, porque, por exemplo agora, eu parei de escrever para mexer no meu livro "Cansei de ser bonita" que eu tô repostando, então tenho medo de ficar muito tempo sem escrever e faltar capítulos. 


Capítulo 3

- Caramba! Como você come! – Iris me olhava surpreendida ao me ver voltando para a mesa com o meu terceiro prato cheio de comida.

- Ué? Mas não é um Buffet livre?

- Sim, mas isso não significa que você precisa comer o Buffet inteiro! Aliás, como você consegue comer tanto assim e ser magra? – ela disse comendo um pedaço de melancia que ainda restava do seu prato. Do único prato de comida que ela se serviu.

- Porque geralmente eu não como tanto assim. – falei já me sentando e logo voltando a comer. – Além disso, eu nunca fui a um Buffet livre antes.

- Fala sério! Você morava onde antes? Na roça?

- Não. – seus comentários podiam me deixar ofendida, mas não deixavam. Pelo contrário, eu achava a Iris divertida. E depois, era bom não estar sozinha. Ela tinha potencial, caso eu ficasse por aqui, de se tornar uma amiga. – Eu morava, por incrível que pareça, numa cidade grande. Mas, tipo, na faculdade eu comia no restaurante universitário, que servia em bandejões, e sem direito a repetições.

- E você não saia com seus amigos para comer?

Eu não queria ter que contar que, depois que a minha mãe morreu, eu e o meu pai ficamos na pior. Quase não tínhamos comida para comer em casa, às vezes eu passava fome, imagina então ter dinheiro para gastar com restaurantes... E o que aconteceu antes dos meus dez anos, disso eu não me lembrava de muita coisa.

Quero dizer, eu me lembrava da minha mãe e da minha irmã. Lembrava de ir ao cinema, do medo que eu sentia de ter meus sapatos roubados. Lembrava da Josi sabendo que eu tinha pavor de aranhas e fazendo questão de me mostrar cada uma que ela achava. Ela era uma irmã bem pentelha, mas fez muita falta depois que partiu. Lembrava dos churrascos que a gente fazia junto com a vizinhança, no pátio grande da nossa casa, antes da gente ter que se mudar para o apartamento que era bem menor. Mas não havia na minha cabeça nenhuma lembrança de restaurantes.

- Eu saia para comer com o meu ex. – expliquei - Mas ele gostava de restaurantes chiques. Nunca fomos a um Buffet livre.

- E, deixa eu adivinhar, ele também fazia questão de escolher os teus pratos no restaurante.

- É... – eu fiquei sem graça, mas confessei mesmo assim – Ele controlava tudo o que eu comia, não só nos restaurantes.

- E agora você está tirando a barriga da miséria. – ela concluiu, com um sorrisinho.

- É.

- E se você continuar comendo tanto, vai ficar com um bundão. – ela brincou, fazendo piada. Eu sabia que era brincadeira, pela expressão do rosto dela. – Mas, quer saber? O bundão é seu, e você é livre para deixá-lo do tamanho que quiser.

- É. – eu disse, achando graça. E continuei comendo – Agora vamos ver o que tem de sobremesa?

- É sério? Você consegue comer mais?

- Claro que sim. Ainda mais se tiver algo de chocolate. – Levantamos e fomos ver o que o Buffet de sobremesa oferecia – Ah, tem pudim! Eu amo pudim! E mousse do chocolate! Eu também amo mousse de chocolate!

Como só tinha direito a um prato por pessoa, eu enchi muito o meu, quase a ponto de transbordar. É, talvez eu estivesse exagerando, mas nem ligava. O gosto da liberdade era bom. E eu ia me dar aquele dia inteiro de folga, livre de pensamentos ruins, até a realidade me atingir.

Por exemplo, no dia seguinte, pretendia ligar para o meu trabalho. Tinha esperança de que a minha chefe, que era exigente, mas que era mãe de uma grande amiga e colega de trabalho, me deixasse continuar trabalhando à distância. Eu só precisaria de um computador. E, talvez, de alguém que pudesse enviar o meu para cá, caso eu ficasse. O meu computador ainda estava no meu antigo endereço, no local que eu costumava partilhar com o Jonatas.

- Eu vou querer sagu. – a Iris falou, enchendo o pote metálico dela com o doce roxo - Sei que um monte de gente não gosta, mas eu amo.

- Eu não gosto muito. – Falei. Então voltamos para a mesa e comemos em silêncio por alguns minutos. – Sabe onde vende biquínis aqui perto? Depois que eu conversar com a tua tia, quero ir para o mar.

Sim, aquele restaurante tinha vista para o mar. E o mar, de longe, era lindo: uma mescla de tons de azul, verde e branco. Imenso, e um pouco assustador. E, ficando ou não na cidade, eu não ia perder a chance de tomar um banho.

- Sei, sim. Tem várias lojas. A gente pode até encontrar um biquíni bem lindo, que tape o teu bundão. Ou não. Pode usar um fio dental para ostentar na frente das bundinhas pequenas, como a minha. Porque eu não engordo na bunda, a minha genética não permite, fica tudo na barriga, ou no seios, mas acho lindo um bundão.

- Eu não tenho bundão. – comentei, rindo. – E queria ter seios.

- Ainda não tem bundão. Mas continua comendo desse jeito para ver. – ela afirmou e sorriu. – Aliás, posso te perguntar uma coisa?

E ela fez uma expressão séria, o que eu estranhei. Não era uma coisa que combinasse com a Iris, a seriedade. Pelo menos, não com a garota que eu tinha conhecido, embora isso fizesse menos de uma hora.

- Uma coisa? – aquilo me fez pensar. Já que parecia sério, talvez não fosse algo que eu quisesse responder. Acabei dando de ombros. Não tinha nada a perder e, talvez, eu nem ficasse por ali mesmo. Qual o problema de falar sobre a minha vida para alguém que, provavelmente, eu nunca mais veria? Por isso, eu acabei dizendo – Pode, claro.

Até porque, se eu não quisesse responder, eu não precisava.

- Bom... – ela começou a tamborilar as unhas pintadas com uma francesinha branca no tampo da mesa. E continuou a falar, meio sem jeito - Como uma pessoa como você, que parece ser legal, e que é bonita, aceitou ter um relacionamento como esse? Não poder comer o que quer, não mandar nos seus próprios cabelos, isso me parece, sei lá, tão abusivo...Como você aceitou isso? Eu só... não entendo, sabe?

A seriedade dela, que parecia triste por mim, me fez refletir.

- Como eu aceitei...? – parei para pensar. Porque antes de embarcar naquele ônibus eu nunca tinha, de fato, me dado conta de como era o meu relacionamento com o Jonatas. Porque ele não se desenhou assim do dia para a noite, foi apenas acontecendo, sem que eu percebesse. – Imagine uma aranha construindo sua teia. Eu detesto aranhas, então não sei se elas fazem uma teia rápido ou devagar, nem nunca quis saber. Mas me imagino em uma teia de aranha com o Jonatas. A minha foi construída devagar, fio a fio, sem que eu percebesse. E eu fiquei envolvida, totalmente presa nela, só que como foi devagar, não vi isso acontecer. E depois, estava tão enrolada nela, que foi como se a teia me cegasse.

- Ah... – ela disse, enquanto colocava a última colher do seu sagu na boca – E você enxerga isso agora?

- Eu enxergo o quanto ser livre é bom. É uma sensação estranha... Eu deveria estar me sentindo triste, sei disso. Porque estou num local desconhecido, não tenho mais família, mas o que estou sentindo é.. um sabor de liberdade. E ele é bom.

- Sério? – ela acabou sorrindo – Então tomara que você fique aqui no verão. Porque você não faz ideia do quanto a liberdade pode ser boa por aqui, ainda mais no verão. E eu posso te ajudar com isso, se você quiser.

- É, seria legal.

- Então? Vamos conversar com a tia? Tomara que você fique.

E a menção da palavra "tia" quase fez o meu estômago revirar. Não por eu ter comido muito, como eu de fato fiz, mas por eu ter associado o "tia" a "tio". E isso me fazer pensar no policial gato. O que era uma merda.

Merda. Merda. Merda. De novo.

Se ele fosse casado, eu deveria parar de ter esses pensamentos, mesmo que involuntários, com ele.

- E depois de eu conversar com a tua tia, preciso procurar um hotel para mim.

- Se você quiser perder o teu tempo... Já disse, está tudo lotado.

- Mas e como eu vou tomar banho? – perguntei, fazendo uma careta.

- Sei lá... lava os cabelos na pia e compra uma bacia para lavar o resto.

- Tá bom. – eu concordei. Porque não era o ideal, mas até que a ideia não era tão ruim.

Como estava calor, a água sem aquecimento da pia seria o suficiente. Teria que ser. Além disso, era um custo pequeno pela minha liberdade. E seria bom não esbanjar em hotel. Eu tinha um pouco de dinheiro guardado, eu trabalhava há três anos numa editora de forma remunerada, antes fiz um estágio voluntário, mas meu dinheiro não iria durar para sempre.

Eu não sabia se teria ou não um emprego ainda na editora, mas deixaria para telefonar depois. De qualquer forma, seria bom ganhar um extra na tal pizzaria. Afinal, eu não poderia ficar naquele quartinho mini para sempre, e um lugar mais decente custaria dinheiro. Então uma bacia e uma pia teriam que bastar.

Eu estava saindo do mar, eram recém 16 horas, e estava reaplicando o protetor solar, quando a Iris me encontrou. Tínhamos combinado esse encontro, logo que a gente se despediu e eu sai para a minha "entrevista de emprego". Não que fosse de fato um emprego, eu não teria carteira assinada, seria mais "um bico". E eu não ganharia muito, mas havia as promessas de gorjetas, que era melhor do que nada.

Depois bati perna pela cidade, onde encontrei algumas lojinhas baratas. Comprei um chinelo de dedos, uma sapatilha que servia tanto para o dia quanto para a noite e para trabalhar na pizzaria. Comprei um biquíni e dois vestidinhos leves e uma canga que eu vim usando amarrada na cintura, mas que agora estava estendida sobre areia. Comprei uma bolsa barata de tecido, que eu poderia levar para a praia, e algumas roupas mais íntimas, como uma camisola e calcinha.

Depois passei no supermercado e comprei artigos para o meu banho, tal como uma bacia, uma toalha, um sabonete decente e um xampu com condicionador. Além disso, comprei umas garrafinhas de água mineral e algumas bolachas, salgadas e doces. Não era muita coisa, mas era o mínimo para eu começar. E para não morrer de fome à noite.

Passei no quarto e lavei as calcinhas, a nova e a que eu trouxe, já que eu a substitui pelo biquíni. Teria que me virar com apenas duas calcinhas, porque não podia sair fazendo compras de forma desenfreada. Depois, talvez, eu pedisse para a Bruna, a minha melhor amiga e colega da editora, mandar algumas das minhas coisas para cá. Porque não pretendia dar meu endereço para o Jonatas. Não pretendia nem mesmo falar com ele.

Coloquei meu novo biquíni, que era todo preto, a canga que era colorida e estampada com fitas do Senhor do Bonfim, os meus novos chinelos azuis e fui para a praia. Ainda bem que os meus óculos de sol estavam na bolsa que eu trouxe comigo, porque seria caro comprar um novo.

Foi legal esse momento íntimo, meu e do mar, pois a praia estava calma e não havia muita gente. Só eu e duas garças brancas um pouco mais adiante, tentando pescar. Algumas poucas pessoas caminhavam pela praia, mas logo se afastavam de mim. Conforme a dona da pizzaria me contou o movimento iniciaria amanhã, e aumentaria na sexta-feira, antes do Réveillon, quando os veranistas começariam a aparecer. Em poucos dias isso aqui estaria lotado, conforme eu soube, e assim ficaria até o início de março.

Então, se eu quisesse, e se eu fosse bem no treinamento hoje à noite, quando a pizzaria ainda teria pouca gente, provavelmente eu teria esse trabalho garantido por pouco mais de dois meses. O que seria legal.

Tive a certeza de que eu queria ficar aqui, nessa cidade, quando coloquei meus pés na água. Eu podia ter tido medo do mar, mas não tive.

Era uma sensação estranha... Aquele lugar, o mar, era como se eu fizesse parte daquilo, embora não fizesse muito sentido. Coloquei meus pés na água, ainda na beirinha, e me senti bem. A água estava morna, beirando ao frio, e em um primeiro momento eu me senti arrepiada. Mas, depois, essa sensação passou, e eu me acostumei à temperatura. Então ousei dar uns passos para dentro. Parei com a água na altura dos joelhos e não entrei mais.

As ondas estavam agitadas, respingando a água salgada, que batia nos meus joelhos e subia ao meu rosto. Eu sabia o quanto a água, do mar e dos rios, podia ser traiçoeira. Era preciso respeitar a correnteza, ou o repuxo, no caso do mar. Aquele não era um bom dia para banho, mas em breve seria. Quando houvesse mais gente na praia, e fosse mais seguro, eu pretendia tomar um banho de verdade, e talvez até mergulhar. Porque eu seria corajosa, mas não arriscaria a minha vida. A minha coragem seria do tipo inteligente. Meu lema era ter coragem sempre, desde que isso não envolvesse algum potencial dano.

Logo eu saí da água, fiquei uns quinze minutos por ali, caminhando dentro do mar até que me cansei, e então a Iris apareceu.

- Olá, estranha! – ela falou ao me ver. Ela usava um chapéu grande e branco sobre a cabeça, para se proteger do sol. Com o horário de verão, que estava em vigor, o horário solar era, na verdade, de quinze horas. Um sol que teoricamente devíamos evitar.

Então ela estendeu uma canga também, ao lado da minha, e sentou comigo. Ficamos matando o tempo conversando. Inclusive sobre o livro que ela trazia em sua bolsa de praia, que eu já tinha lido. Porque livros eram a minha paixão, e eu inclusive trabalhava com eles.

Eu aprendi a amá-los, os livros, por causa do meu pai. Quando ele me levava para trabalhar com ele, eu sempre tinha um livro a mão e ele assim não me incomodava para estudar. Então comecei a usar essa tática em casa também, de ler livros de literatura ao invés de estudar. Meu pai dizia que livros deixavam as pessoas inteligentes, então eu pegava vários deles na biblioteca. Ler era uma espécie de descanso para mim. Acho que isso me ajudou, o fato de eu gostar de ler e de ter lido muito, a entrar em uma universidade federal logo depois de terminar o colégio. Porque seria impossível para mim pagar uma particular.

A Iris ficou feliz que a gente iria trabalhar juntas, e estava fazendo muitos planos, das coisas que a gente podia fazer naquele verão.

- Na sexta-feira, depois do trabalho na pizzaria, você vai ter que ir comigo ao bar do tio Matias!

- Quantos tios você tem? – eu brinquei. Porque ela já tinha se referido a várias pessoas como "tio" ou "tia".

- Ah, é só maneira de falar. Eu cresci aqui, e as pessoas que eu conheço desde criança eu chamo de tio e tia. É uma mania minha.

- Você cresceu aqui?

- É, mas a gente se mudou quando eu tinha quinze anos, e vendemos a casa. O que eu achei um saco, tava super a fim de um carinha na escola, e daí quando ele finalmente começa a reparar em mim... bum! O que acontece? A gente se muda! Mas até que isso foi bom. Porque eu era meio bobinha na época, e podia acabar namorando firme. E eu? Namorar? Cruzes! O cara tem que ser muito bom!

- Bom em que sentido? – achei graça.

- Em todos. Não precisa ser lindo de morrer, mas tem que dar liga, sabe? Rolar aquele "tchã''. E não pode ser machista, nem tentar mandar em mim. Nada do tipo. Ele não precisa ser rico, mas eu preciso admirar o que ele faz profissionalmente. Acho que eu preciso respeitar um cara para amá-lo. E ele tem que me respeitar também. Mas como nunca conheci ninguém assim, nunca rolou de eu me apaixonar. Entende?

- Hum rum. Acho que sim... Olha, um carrinho de picolé! Vamos comprar um? – eu disse, logo me levantando.

- Mas, Ane, você acabou de comer um espiga de milho, com um montão de manteiga! Eu, tipo, tô cheia até agora! – ela falou, já me seguindo. – Olha o bundão. Esse seu biquíni preto não vai servir por muito tempo, se continuar assim comilona. Aliás, por que preto? Amo cores! Acho que você ia chamar mais atenção dos gatos com um biquíni como o meu, bem colorido.

Eu cheguei ao carrinho de picolé, que circulava na beira da praia, apesar do pouco movimento, e pedi um de brigadeiro. Daquele com casquinha de chocolate e com granulado em volta.

- Hmmm... Muito bom – eu disse ao dar a primeira mordida. A liberdade era mesmo deliciosa. E só depois de engolir esse primeiro pedaço eu respondi a Iris – O biquíni preto era o mais barato. E eu não quero mesmo chamar a atenção dos gatos, tô curtindo muito a minha liberdade.

- Mas isso não impede, Ane. Você pode ser livre e dar uns pegas nos gatos. É muito libertador. Você não faz ideia!

- Não faço mesmo. – eu disse, sorrindo bastante. Um pouco pelas coisas que ela falava, que eram engraçadas, um pouco pelo prazer do chocolate derretendo na minha boca – Eu estou com o Jonatas desde os meus 19 anos.

- Sério? Mas isso é tempo demais! – a boca dela se escancarou em surpresa – Então você precisa ficar com outro cara, tipo, para ontem!

- Não, eu não... – e o "quero" que eu iria acrescentar ao "não" morreu dentro da minha boca, ao mesmo tempo em que eu deixei meu picolé delicioso, e saboroso, cair no chão. E via o saboroso, e delicioso, se aproximando e... – Oh, meu Deus!

Ele vinha correndo com um shorts preto, sem camisa, e o sol estava refletindo no peito dele. Era um espetáculo. O sol, e ele correndo, sem camisa, cada vez mais perto, e eu cada vez mais de boca aberta, sem conseguir deixar de olhar. Meus olhos seguiram aquele corpo conforme ele passava na minha frente. Ele acenou para a gente, para a Iris e acho que para mim também, só que eu não consegui responder. Estava congelada. E embasbacada.

Porque ele sem camisa era tão gostoso! Mais gostoso ainda do que com a camisa, do que na noite em que ele me deu carona. Mesmo que eu soubesse disso antes, que ele era gostoso, era surpreendente ver o quanto ele ficava bem sem camisa. E sem sapatos. Com as pernas e as coxas de fora, correndo na areia.

Ele era sarado. Parecia saído de uma página de revista com photoshop. Só que ele era real, e sem photoshop. Porque ele não precisava.

Fiquei parada, sentindo o meu picolé derretendo em cima de um dos meus pés, enquanto olhava aquelas costas saindo da minha vista.

E então a risada, alta, da Iris, me chamou de volta à realidade.

- Meu Deus! – ela exclamou, sem conseguir parar de rir. Chegou a curvar seu corpo magro no biquíni colorido para frente de tanto rir – Você tinha que ver a sua cara! Dizendo que não quer homem, e então babando pelo tio! Foi muito engraçado!

Ela ria, mas eu não pude acompanhá-la nas risadas. Porque agora que o policial gato tinha saído do meu campo de visão eu estava me sentindo constrangida.

- É... – falei e afinal me mexi, livrando o meu pé do doce que derretia, e falando em uma voz fininha – Talvez não seja uma boa ideia trabalhar na pizzaria...

Ela me olhou como se eu fosse louca, e parou de rir. Embora secasse as lágrimas, de risada, que haviam chegado em seus olhos castanhos.

- Por quê? – ela disse, com uma voz engraçada, do tipo de quem está se recuperando de um ataque de riso – O que isso tem a ver?

- Ué? Ele não é casado com a tua tia, a dona da pizzaria?

- Não! – ela de novo riu, mas de forma mais contida agora – Claro que não! O tio Samuel é irmão do tio Enrique, que é casado com a tia Neide, que é a dona da pizzaria. O tio Samuel é solteiro, e é bem mais novo do que o irmão, ele foi temporão, sabe? O tio Samuel tinha só dez anos quando eu nasci. E o tio Matias, aquele que eu estava te falando agora, o do bar, ele é um dos melhores amigos do tio Samuel. Então o tio Samuel vai estar certo lá. Não sei se ele vai estar na sexta, porque às vezes ele trabalha na sexta, mas ele vai em todos os sábados, com certeza. Mas pode ser que a gente encontre ele lá amanhã também. E então, como eu estava dizendo... topa sair amanhã depois do trabalho?

- Ele sempre corre na praia? – eu perguntei. Já pensando em vir no dia seguinte, e no dia seguinte... Porque eu não queria um relacionamento, nem um homem na minha vida, mas isso não me impedia de querer olhar.

- Sim, ele precisa se manter em forma para o trabalho dele. Acho que corre sim, para ficar em forma caso ele tiver que perseguir alguém, ou essas coisas... Mas, se eu não me engano, ele corre mais cedo, acho que não conseguiu correr antes hoje. Sei lá... E ele nunca para de correr para conversar, com ninguém, como você viu. Porque ele leva o exercício dele muito a sério, como ele leva o trabalho... Aliás, como ele leva tudo a sério. Pensando bem, amiga, você está lascada. Porque se quiser dar uns pegas do tio Samuel, ele não é de se pegar com ninguém não. Pelo menos, eu nunca vi.

- Eu também não sou.

- Bom, mas se você gosta de olhar, e quiser olhar mais de perto, a gente pode sair sexta-feira. Ele vai estar com mais roupas no bar, mas eu posso ir conversar com ele, ele é família, e você pode estar comigo, né? Quero dizer, pode ver mais de perto... – ela tinha uma expressão marota, e bastante sorridente.

- É? – Acho que a expressão dela me contagiou, sei lá. Porque eu, que não era nada de sair à noite, acabei dizendo – Tá bom.

- Show! Sei que você quase não trouxe roupas, então a gente passa lá em casa e eu te empresto algo para que você fique bem gata. Vai ser legal ver você tentando dar uns pegas no tio. – ela riu.

Sabia que eu não iria tentar nada... Quero dizer, não era do meu estilo dar em cima de um cara. Mas também não era do meu estilo derrubar um picolé no pé e babar por alguém.

Mas preferi não argumentar. Seria perda de tempo, já que ela parecia empolgada demais com a ideia.

- Tá bom. – eu acabei concordando, de novo.

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