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Capítulo 1

Começando as postagens. Então vai ter capítulos em todas as segundas-feiras, e quando eu estiver mais adiantada na história provavelmente haverá algum capítulo extra durante a semana.

Ah, podem marcar erros se encontrarem, me ajuda na revisão. ;)

Capítulo 1

Quando eu cheguei na rodoviária com apenas a roupa do corpo e a minha bolsa decidi meio a esmo qual rumo tomar. Eu precisava ir embora, precisava me arriscar. Precisava encontrar em mim uma coragem que sempre me faltou. Tinha que me virar sozinha, e eu faria isso. Até porque a raiva que eu sentia do Jonatas me estimulava a fazer isso.

Então escolhi um ônibus que saia às 19 horas e chegava ao destino de madrugada. Eu iria para um lugar quente e com praia. E a minha escolha se baseou não apenas em um "vou para bem longe" e "acho que é um bom lugar para um recomeço, mas também em um "eu nunca vi o mar". Era um pouco patético admitir isso na minha idade, eu sei. Sempre sonhei com o mar, mas nunca pude conhecê-lo.

Na época da minha mãe não fomos para a praia porque faltou oportunidade. Depois de sua morte porque o meu pai não tinha nem ânimo, nem dinheiro, para a viagem. Anos mais tarde eu ainda não conhecia o mar , dessa vez porque o Jonatas não gostava de praia e nunca queria perder o tempo preciso dele. Ele era ambicioso, sempre querendo mais da vida, sempre querendo crescer e ganhar dinheiro. E um fim de semana na praia não se enquadrava nos planos dele. Eu tive que me adaptar a isso. Às vontades do meu pai, e depois às do Jonatas. Até porque não era como se eu tivesse escolha.

Mas agora eu tinha escolha. Eu já era formada, não era mais tão ingênua, e podia arrumar um emprego e me sustentar. Só não tinha considerado nos meus planos chegar no meio da madrugada, ficar numa parada de ônibus distante da civilização, e não em uma rodoviária com um mínimo de movimento, e ainda estar sem sapatos.

Alguém roubou meus sapatos enquanto eu dormia, tal como nos meus pesadelos infantis. Meus sapatos eram caros, ao contrário dos que eu usava quando criança quando ia ao cinema, porque o Jonatas tinha um bom salário agora e gostava de ostentar e de me dar presentes. Ele me fazia vestir roupas de marcas, mesmo eu não fazendo nenhuma questão disso.

Aliás, pensando bem, ele me fazia fazer um monte de coisas que eu não fazia questão. Mas eu não queria mais pensar nisso agora. Não queria pensar no meu ex, nem no meu passado. Eu tinha que me concentrar no que eu faria dali para frente.

E isso incluía percorrer uma longa estrada durante a noite, que estava deserta às três da manhã, de pés descalços, ou esperar sentada no banco de cimento duro e gelado da parada de ônibus até amanhecer. Depois disso, talvez, encontrar alguma loja aberta que vendesse chinelos de dedos, pelo menos, para ir a algum lugar. E eu escolhi a segunda opção.

Mas os barulhos da noite faziam com que eu encolhesse os ombros, e faziam eu perceber ainda mais o frio que a falta de mangas da minha regata verde trazia. O terreno baldio à minha frente era repleto de um cricrilar, talvez de grilos, e eu podia até ouvir o uivo de uma coruja pairando perto de mim. E esses sons, tão incomuns na cidade grande onde eu morava, me deixavam um pouco assustada e faziam com que eu ficasse com as pernas sobre o banco duro e protegesse meus pés descalços e as minhas panturrilhas descobertas pela saia preta em uma espécie de abraço.

Eu estava encolhida, mesmo não querendo estar, porque eu não queria sentir medo. Mas eu sentia. Eu estava no lugar mais oculto, nas sombras, temendo que alguém não tão gentil, não tão bem-intencionado, me encontrasse. Até porque eu sabia que o jeito como o Jonatas fazia eu me arrumar me deixava não apenas bonita, mas sensual também. Eu estava acostumada a rejeitar cantadas, mas ali, sozinha, não sabia se teria sucesso.

Até que o que eu mais temia aconteceu. Um carro me encontrou e parou na minha frente. Só que era um carro de polícia. E eu não sabia se isso era bom ou ruim, nunca tinha conhecido um policial antes. Só via eles pela televisão.

O policial estacionou o carro e eu sabia que ele tinha me visto. Ele desceu, eu pude ouvir o som da porta batendo, e os sons dos seus passos se dirigindo à minha direção quando eu me recusei a olhar. Meu sexto sentido me alertou que podia não ser uma boa abordagem. Até porque o policial era um homem, de um porte alto, como eu pude ver assim que ele desceu e antes de eu virar o rosto, e um pouco amedrontar naquele uniforme escuro.

- O que você está fazendo ai? - ele me perguntou, e seu tom não era dos mais gentis. Pelo contrário, ele foi bem seco. O que me deixou mais intimidada.

Eu afinal levantei o meu rosto e o observei. Ele era bonito, apesar de ser bastante sério. Tinha cabelos escuros e olhos claros e parecia ter um corpo malhado embaixo daquele uniforme. Mas parecia um cara de poucos sorrisos. Não sei explicar... Eu as vezes era boa em analisar as pessoas, e ele me parecia um cara solitário.

Como eu não respondi, estava um pouco ocupada analisando o cara, ele continuou, cruzando os braços sobre o peito e me encarando:

- Seja lá o que você está fazendo, mas prostituição é proibida nessa cidade. E se esse for o caso eu terei que prendê-la.

- Ah. - ele me pegou tão de surpresa, que não pude dizer mais do que isso.

Sério que ele queria me prender? Por estar sentada em um banco? Isso era crime por aqui? Talvez eu tivesse escolhido mal a cidade. E talvez eu devesse ir embora e recomeçar em outro lugar. Mas só depois de ver o mar, é claro. Não teria os únicos sapatos que eu trouxe roubados à toa.

- Então, o que você está fazendo aqui? - ele repetiu, e dessa vez soou mais impaciente.

- Estou esperando o sol nascer. - foi o que eu disse.

Porque era verdade. E porque ele estava me perturbando, me olhando daquele jeito. Quando eu me sentia coagida, só conseguia dar respostas curtas e sinceras.

- Por quê? - ele não parecia convencido pela minha resposta. O que era estranho.

Se eu fosse prostituta não estaria escondida e sim, provavelmente, me mostrando. Para as corujas e os grilos, eu acho, porque não havia ninguém ali além daquele policial. Então, se eu fosse prostituta seria bastante burra pela minha escolha de ponto. E me ofendia muito mais ser chamada de burra.

- Eu fui a única a descer nessa parada, e roubaram os meus sapatos no ônibus. - acabei explicando.

- Você tem onde ficar? - ele me observava e parecia mais gentil dessa vez.

Como se fosse crime eu ser prostituta... Ao meu ver, acho que cada mulher é livre para fazer com o seu corpo o que quiser... Não que eu tenha sido livre um dia para fazer isso, mas eu gostaria de ter tido essa liberdade, a de escolher. Só que nessa cidade ser prostituta era crime, aparentemente.

É, acho que eu ia só ver o mar e ir embora. O que mais devia ser proibido?

- Não. - acabei dizendo - Eu esperava encontrar um hotel.

- A essa hora?

- Não. - eu disse e não pude evitar um sorrisinho. Apesar de tudo, tinha um pouco de graça, não tinha? - Por isso, estou esperando o sol nascer.

Como ele não sorriu de volta, o meu sorriso logo morreu. Ele era lindo assim, todo sério. Agora que ele estava mais perto eu podia ver isso com clareza. E, se ele sorrisse, provavelmente seria arrasador.

Mas ele não sorria, e estava me observando agora enquanto eu também olhava para ele. Não tinha como eu não olhar. Algo nele capturava meus olhos. E ele parecia estar pensando em alguma coisa. Alguma coisa que eu não conseguia decifrar. Até que ele falou:

- Quer uma carona até a cidade?

- Se eu quero uma carona? - eu repeti a pergunta, para ganhar tempo e pensar.

- Sim, até a cidade. Não acho que seja seguro você ficar ai sozinha, nunca se sabe quem poderá passar por aqui.

- Ah. - fiquei pensando. - É, acho que sim. Mas se os hotéis estão fechados, para onde você vai me levar?

Porque a ideia dele me levar até a delegacia e me oferecer um café, me deixando por ali até o sol nascer, não era das mais agradáveis. Só que talvez fosse mais seguro, e mais quente, do que ficar nesse banco e depois ter que caminhar sem sapatos.

- Estou com a chave de uma amiga comigo, e ela tem um quarto vago, separado do resto da casa. Se quiser, você pode ficar lá. Pelo menos até o sol nascer.

Fiquei olhando para ele e pensando. Era arriscado ficar ali, naquele banco, mais algumas horas, no meio da madrugada? Era sim. Era arriscado entrar em um carro sozinha com um desconhecido? Era também. Mas ele era policial, e isso me fez confiar nele. Pelo menos o suficiente para aceitar sua oferta.

- Ah, isso seria muito bom. Obrigada.

Ele me levou até a cidade em silêncio. Não parecia ser um cara de muitas palavras, e eu também não estava a fim de conversar. Percorremos um longo caminho de estrada de chão batido, o que me fez agradecer mentalmente por ter aceitado a carona. E, além disso, eu nunca andei em um carro da polícia antes. E seria bem legal se ele ligasse as sirenes. Mas eu não iria pedir isso, é claro que não.

Na verdade, eu não tinha feito muitas coisas na minha vida, se eu fosse admitir. E agora a minha vida estava parecida com aquela estrada... Um longo caminho a percorrer, sem saber bem para onde eu estava indo.

Pensando nisso, eu abracei a mim mesma, colocando meus braços ao redor do meu peito. Gesto que não passou despercebido por aquele homem, mas ele continuou sem dizer nada. Quero dizer, ele até disse algo alguns minutos depois, mas nada a ver com o meu gesto.

Ele perguntou:

- Você está com fome? - e sua voz, bem diferente da primeira frase dirigida a mim, foi bem gentil.

Antes eu estava com medo e com frio, então tinha ignorando outras coisas, tipo a fome.

- É, estou.

- Tenho pirulitos no porta-luvas, se quiser.

- Ah. - foi a minha resposta, antes de eu confirmar com a cabeça que eu queria.

Porque... pirulitos? Que tipo de homem carrega pirulitos no porta-luvas do seu carro? E não um só, aparentemente, mas um saco cheio deles, como eu percebi quando ele disse para eu pegar um.

Na época que eu fiquei sozinha com o meu pai a gente não tinha dinheiro para nada supérfluo, como qualquer tipo de doce. E na época que eu passei a morar com o Jonatas ele não me deixava comer nada calórico porque queria que eu tivesse um corpo perfeito.

Então... pirulitos? Tinham o gosto de liberdade. Mesmo que eles fossem cheio de corantes e pintassem a minha língua de verde. Sempre ouvi falar que verde era a cor da esperança, mas talvez fosse a cor da liberdade também.

Logo depois de eu terminar com o doce chegamos até o nosso destino. A cidade dormia naquela noite de terça-feira. Havia poucas luzes acesas, então não pude ver bem onde eu tinha me enfiado. Mas algo no nome da cidade, Nova Itapeva, tinha me levado até ali. O nome para mim também soava como liberdade, tal como o pirulito. Embora eu desconhecesse o motivo.

O policial desceu do carro e circulou a porta para chegar até o meu lado, porta que eu já abria, colocando meus pés descalços em cima da borda branca da calçada. Era daquelas calçadas feitas com pedras cinzas recortadas aleatoriamente e encaixadas com cimento. E ela estava gelada.

Ou talvez a minha falta de mangas e de sapatos me trouxessem essa sensação, a de frio. Já que o cara que caminhava agora na minha frente parecia perfeitamente à vontade com sua ausência de mangas e com seus braços musculosos de fora.

Sei que eu não devia estar reparando em coisas como essa, como os músculos do policial que ameaçou me prender há poucos minutos. Mas os músculos dele não era algo que eu podia ignorar, mesmo na luz pouca da lua.

Ao invés disso, eu devia estar pensando em coisas como "onde eu vou morar?" e "com o que eu vou trabalhar?" Afinal, eu tinha abandonado o meu trabalho no meio do expediente. Sai para almoçar e simplesmente não voltei mais. Eu ainda poderia trabalhar à distância, se eu conseguisse um computador, mas duvido que a minha chefe perdoaria o meu sumiço e a minha falta de notícias.

Só que no momento que eu percebi que tinha desperdiçado anos da minha vida com um cara que não merecia, eu meio que surtei. Sai daquela casa para nunca mais voltar. E o nome dessa cidade suscitou algo bom em mim. Sempre fui uma pessoa bastante racional, mas alguma coisa inexplicável me fez chegar até aqui.

- Você pode passar a noite aqui. - o cara que ainda estava na minha frente, só que agora tinha parado de andar, falou.

E eu estava tão distraída com meus próprios pensamentos que não tinha percebido isso, quase esbarrando nele. Quero dizer, não quase. Eu esbarrei mesmo. Pelo menos bati meu ombro no dele de forma desajeitada. E isso meio que doeu, porque o ombro dele era duro. E não de uma maneira desagradável. Embora eu não devesse estar pensando nisso também.

Eu olhei para dentro quando ele acendeu a luz e logo percebi que era um lugar muito pequeno. Menor do que o banheiro da casa em um condomínio fechado que o Jonatas comprou há dois anos, e que me levou para morar com ele. Tinha uma cama num canto, coberta por uma colcha verde desbotada e com uma almofada caramelo que poderia servir como travesseiro. Havia também uma porta branca fechada perto dos pés da cama.

- O que tem lá? - eu perguntei olhando para a porta dos fundos com receio. Nunca ficaria tranquila em um lugar desconhecido que possuía duas aberturas. Alguém podia entrar pela porta da frente, e alguém podia entrar pela porta de trás. Eu não relaxaria em um lugar assim.

- É um lavabo. - ele disse

- Posso ver? - perguntei antes de me mover. O que eu encontraria lá me faria ficar ou não.

O policial se adiantou, entrou no quarto antes de mim e com poucas passadas (poucas mesmo, o lugar era minúsculo) ele chegou até a porta e a abriu. E era realmente um banheiro. Com um vaso sanitário e uma pia, ambos brancos, e muito pequeno. E não havia mais nada lá, com exceção de uma barra usada de sabonete com aparência de velha. Nem mesmo uma toalha ou um espelho.

Não que eu fizesse questão de ver a minha aparência agora, depois de ter passado horas em um ônibus, e ter chorado um pouco também. Primeiro de raiva do Jonatas, depois por medo do meu futuro. Chorei nas primeiras horas da viagem, depois prometi a mim mesmo que não derramaria mais nenhuma lágrima pelo canalha.

Com o policial dentro do quarto comigo, o lugar parecia menor ainda. Mas, pelo menos, a porta levava a um lavabo. Quero dizer, não havia nenhuma outra abertura além da porta da frente e isso me deixava um pouco mais tranquila.

- Você pode ficar aqui, eu te deixo a chave. E você pode dormir um pouco, se quiser. - ele sugeriu, ficando com as chaves suspensas entre nós dois. Oferecendo-a para mim.

Eu ainda estava em dúvidas. Era tão difícil encontrar alguém gentil, sem querer nada em troca. Quero dizer, o Jonatas me ofereceu o apartamento dele e um abrigo quando o meu pai morreu, ele era meu amigo. Mas me pediu muito em troca. Algo que foi acontecendo aos poucos, sem que eu percebesse.

Mas esse cara, será que ele queria algo de mim também? Por isso, eu hesitei antes de pegar as chaves.

- Ou você pode sentar em um banco da rua, se preferir. - ele disse, e soava impaciente agora. Já que a chave permanecia suspensa e eu não tinha me movido - Olha, é tarde, eu estou cansado. Minha ronda está terminando e eu quero voltar para a casa. Você vai querer ficar aqui, ou não?

Ao invés de responder, eu afinal peguei a chave. Em seguida, perguntei:

- Você nunca sorri?

Porque eu era assim. Nervosa, eu tinha essa tendência de falar sem pensar. E falar a verdade. Algo que o Jonatas detestava, porque ele dizia que às vezes eu o constrangia. O babaca.

- Não. - o policial respondeu. Sem sorrir. - Feche a porta e use essa tranca que há por dentro. Assim, ninguém será capaz de importuná-la.

- Tá bom. - eu sorri. Porque com as duas portas fechadas sabia que conseguiria descansar. Que era exatamente o que eu precisava - Obrigada.

Assim que ele foi embora, eu me joguei na cama. Ignorei a fome, a sede, e logo adormeci.


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