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Capítulo 3 - Entre a teimosia e a arrogância ♬

     Se eu fosse descrever um lugar favorito no mundo, ainda seria o campo. Nada me traz mais paz do que a quietude que se instala em cada palmo de terra. As frutas e legumes são mais frescos, colhidos do pé, sem os produtos enlatados, sem tantos agrotóxicos e conservantes. Eu sou bicho do mato, caipira mesmo, gosto das coisas mais simples, algumas tradicionais, mesmo que com um pouco de dureza aceite certas modernidades. Mas, não, eu odeio tecnologias, não estou falando sobre me meter na vida alheia, vidas que não me pertencem, o que acontece bastante entre os homens daqui.

     Não sou muito chegado em luxos, ostentação, essas coisas de filho de rico. Tendo um teto pra descansar, mesa farta, a viola, um carro pra trabalhar, boas companhias, uma mulher e os meus filhos, já tô com a vida feita. Não sou um homem de títulos, mas sempre gostei de estudar e ler, mesmo que alguns peões falassem que isso era coisa de mulher. Bobagem, repreendia sempre o Fonseca, "Esses tontos não sabem o que dizem. O conhecimento é a única arma que você não precisa apertar o gatilho para usar."

     Eu costumava acreditar nisso, sempre acreditei, mas os estudos morando num lugar tão remoto começa a deixar de ser uma realidade e passa a ser um mero sonho. Um sonho de um cara que tem condições para estudar, papai pagando, custeando tudo. O que não era o meu caso. Cresci no mato, cresci vendo gente tomar os meus direitos, dos meus pais. Aprendi a ler um pouco tarde diferente dos meus colegas da escola, o primário bem precário que me formou. Para José da Silva, meu falecido pai, eu só tinha que aprender a cuidar de bicho e deixar mulher "prenha".

     Ele cresceu na ignorância e eu sempre tentei sair dela. Era um ciclo, nosso ciclo. O meu pai era o melhor funcionário do Fonseca, o mais legal, mais dedicado, mandava e desmandava nas terras dele. Tinham uma cumplicidade única entre os dois, até que o meu pai e se foi e Fonseca assumiu o lugar dele. Fonseca me ensinou tudo. A cuidar de bicho, a seduzir mulher, a beber com moderação, até a me vestir. A filha dele, na época, não andava com os funcionários, eu nem a conhecia bem, a mãe ocupava cada segundo da vida da filha com todas as atividades existentes na cidade. Eu a invejava, por ter o direito de estudar, eu a invejei quando ela foi embora, mesmo que eu também tenha passado um período longe por anos, só para estudar mais sobre as plantações e o gado.

Porém, não importa para onde eu fosse, algo nessa terra ainda me chamava e eu sempre atendia.

     Desde que Laura retornou, as coisas estavam diferentes pela fazenda, os funcionários falavam dela pelas costas, achavam que ela era só um rostinho bonito em uma mulher vazia. Não entendiam o motivo dela ter partido, afinal, seus pais eram a única família que ela tinha e os patrões eram ótimos. Mas uma coisa que eu aprendi durante esses anos, observando as pessoas e suas relações, é que ninguém é o que nos mostra. Ela teve motivos para ir e motivos não tão bons para voltar. Parecia ser uma mulher interessante, diferente das mulheres do campo, com uma bagagem diferente. Poderia ter muito a nos ensinar, mas nem todo mundo está aberto a esses aprendizados.

Eu iria tentar, só não sei até onde isso daria certo. Não gosto muito de receber ordens, nem quando tentam me ensinar o meu trabalho. Eu estava em casa e Laura estava de volta ao lar, isso muda um pouco as coisas e até mesmo a nossa hierarquia, mas o nosso trabalho junto precisa ser bem executado, ou isso não vai dar certo.

      Porém, Fernando Soares retornou para estragar os meus planos. Nos conhecemos há anos e mantemos nosso ódio recíproco durante todos esses anos, desde quando ele quis comprar a fazenda e os funcionários, alguns anos atrás. Ele realmente quis dar um preço para todos que aqui habitavam, como se o dinheiro dele pudesse comprar qualquer coisa. Ele estava longe de ser uma boa pessoa. É odiado por todos que não caem nas graças do dinheiro dele. O filho do atual prefeito, aquele que acha que pode mandar na cidade. No momento em que Fernando insinua que tinha um relacionamento com a Laura, as coisas mudam um pouco de tom. É isso que me faz voltar à realidade.

É sério? Com esse cara? Talvez eles sejam iguais e se merecem...

— Não temos um relacionamento, não temos nada... — Laura se ofende, aproximando-se do mimadinho. O típico cara que tem tudo que quer. — Acabou há alguns anos, não finja que esqueceu.

— Qual, Laura! Já fizemos isso tantas vezes... — Fernando faz uma cena na frente de todos, é como se ninguém estivesse aqui. Ele mexe em seu cabelo curto e escuro, do mesmo tom de seus olhos e da barba mediana em seu queixo. — Eu vou recuperar o nosso amor e comprar essa fazenda, é sério, eu mudei de verdade.

— Vá embora, Fernando... — Laura diz baixo, controlando cada ameaça contida em sua voz. Eles têm um assunto inacabado, isso é óbvio agora. — Vá, antes que eu chame a polícia.

— Polícia... — desdenha, dando um largo sorriso. As leis em terras tão remotas quanto as nossas só favorecem um tipo de gente e Fernando sabia bem disso.

— Você ouviu, ou será que terei que repetir? — intervenho, mantendo a pose de durão, sem abaixar a cabeça para o rico metido. — A propriedade não está à venda.

— Hum, veremos — responde, em seguida indo para a caminhonete. Ele se deu por vencido, mas não iria desistir facilmente.

— Fernando vai ser um problema... — Laura resmunga quando os funcionários de forma discreta retornam aos seus afazeres, enquanto nós dois observamos o carro levantar poeira ao longe na estrada. — Eu vou precisar da sua ajuda para me livrar desse cara.

— Não se preocupe, eu cuido disso... — suspiro fundo e observo os olhos verdes e cintilantes quase implorarem pela minha empatia. — Sossega, não vou deixar esse cara estragar a sua vida.

Ela não sabia, mas eu estava fazendo uma promessa, ainda ter a menor ideia do quanto isso custaria... 


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