Capítulo Sete
— Por que não pegamos o seu carro? Estaríamos seguros dentro dele e seria bem mais fácil de achar Jungkook e Jimin. — sugiro. Nam concorda lentamente. — O que estamos esperando então? — pergunto.
— Acho que você deveria ficar. — Taehyung diz enquanto mexe no zíper da jaqueta.
— Ficar? Eu? Sozinha? Por quê? — o medo deixa minha voz aguda.
— Só por enquanto. Ouça Lia, precisamos chegar rápido no carro e pode ser perigoso, só estou dizendo que seria melhor você ficar aqui. — começo a agitar a cabeça negativamente. Nam me olha por alguns segundos parecendo decidido a concordar com Taehyung.
— Não vamos deixar você aqui, Cal, se é isso que te assusta. — o tom de Namjoon é tenso, mas ainda assim, calmo.
— Eu vou com vocês. E se o assassino voltar?— Nam balança a cabeça em negativa.
— Acho que ele não vai voltar, Cal. Seja racional, ele acha que estamos lá fora, então é lá fora que ele vai nos procurar, enquanto isso você pode se esconder aqui dentro. Eu juro, eu vou voltar pra você. — lágrimas covardes escorrem do meu rosto. Namjoon me abraça.
— Fique com a faca por perto, — instrui Tae também me abraçando. Sinto suas mãos apertarem minha cintura de forma quase dolorosa, mas imagino que eu o esteja apertando com a mesma intensidade. — só saia dessa cabana quando a gente buzinar, ok? — limpo as lágrimas dos meus olhos.
— Vocês prometem que vão voltar? — pergunto com a voz falha.
— Claro que vamos. — diz Namjoon acariciando minha bochecha.
— Tudo bem. — dou um passo para trás. — Por favor, se cuidem! — eles assentem e saem da cabana. Fecho a porta por onde eles acabaram de passar e empurro o sofá numa tentativa de barrar a passagem.
Antes que eu consiga o empurrar completamente, ouço o barulho de passos na cozinha. Pego a faca de volta no chão e me escondo atrás do sofá. Tento respirar o mais baixo possível. Minha mão segura o cabo da faca com tanta força que meus dedos ficam brancos.
— Alguém aí? — o nó no meu peito se desfaz, levanto e vejo Jungkook próximo da escada.
— Kookie... — é tudo que consigo dizer antes de abraçá-lo com força. Ele acaricia meus cabelos e fica em silêncio por um momento, suas mãos fazendo círculos lentos pelas minhas costas.
— O que aconteceu com você? Saímos que nem loucos te procurando! Isso é sangue? Você está machucada? Quem fez isso? Eu vou... — aperto o braço dele interrompendo suas perguntas.
— Escute, eu estou bem, mas tem um assassino por aí, alguém matou o Hoseok, precisamos sair daqui. Tae e Nam foram pegar o carro, quando eles chegarem poderemos procurar Jimin e sair desse inferno. — Jungkook tem os olhos arregalados. Ele agita a cabeça tentando clarear os pensamentos.
— Você disse que Taehyung e Namjoon foram pegar o carro? Então eles estão juntos? Há quanto tempo eles saíram?
— Claro que estão juntos! — respiro fundo. — Eles saíram pouco tempo antes de você chegar. — digo olhando para a porta que ainda não fechei.
— Eu vou atrás deles. — arregalo os olhos.
— Por que? Você não me ouviu? Temos que ficar aqui...
— Escute, — ele agarra meus ombros com força. — eu vou voltar, mas preciso sair agora, antes que aconteça alguma coisa com os dois. Onde está o Jimin?
— Eu não sei. — sussurro.
A expressão de Jungkook se fecha, ele olha rapidamente ao redor, como se Jimin fosse sair de uma das paredes.
— Tome cuidado com ele, ok? — ergo uma sobrancelha.
— O quê? Por quê? — mas Jungkook já está se afastando de mim sem responder minha pergunta.
— Quando eu voltar vai ficar tudo bem, vamos estar juntos, não vou deixar nada acontecer com você, eu prometo. Não saia daí! — ele fecha a porta da cozinha com um baque. A cabana fica escura, tendo apenas a luz da cozinha acesa. De repente, imagino Hoseok levantando do chão e descendo as escadas, seus olhos apagados fixos em mim, o sangue agora totalmente coagulado.
Meu corpo treme e eu olho na direção da escada quase esperando encontrá-lo olhando pra mim, mas não há nada lá.
Meu nervosismo começa a aumentar, aguço meus ouvidos a fim de ouvir qualquer mínimo barulho.
***
Não sei por quanto tempo fiquei parada perto da porta, a faca firme na minha mão. Então o silêncio foi preenchido por passadas do lado de fora. Seria Jungkook? Talvez Namjoon e Taehyung tivessem convencido ele a voltar e esperar aqui comigo. Ainda assim, me escondo nas sombras da sala, aperto a faca mais uma vez na mão e prendo a respiração ao ouvir o som da porta abrir lentamente.
Espero que quem quer que seja se pronuncie, mas não há nenhuma palavra vinda de quem entrou. Mordo o lábio com força sentindo o gosto do meu próprio sangue. Tento me encostar ainda mais na parede.
Os passos param, me pergunto o que ele está fazendo.
— Merda. — ouço o xingamento baixinho, mas é o suficiente para que eu reconheça a voz de Jimin.
Estou pronta para sair do meu esconderijo quando lembro do que Jungkook disse, quando me pediu para ter cuidado com Jimin. Ele sumiu a noite toda, teria sido ele que... não, Jimin não mataria ninguém. Ainda assim... foi o que eu disse a noite toda, mas ainda assim há alguém aqui que matou Hoseok, que pode estar atrás de Nam e Tae, que já pode tê-los... não, pare de pensar nisso!
— Jimin? — dou um passo para o lado deixando que ele me veja.
— Lily? É você? Graças a deus você está bem! — fecho o espaço enquanto o abraço com força. Ele descansa o queixo no topo da minha cabeça. Seu calor reconfortando meu corpo gelado. Ele sussurra algo baixinho, penso que ele está falando alguma coisa, mas então entendo o que ele diz. Só o meu apelido, Lily, repetido seguidas vezes.
Faço um resumo do que aconteceu nas últimas horas, Jimin fica pálido e anda na cozinha de um lado para o outro, as mãos nunca deixam o taco de basebol.
— Hoseok está morto? — diz ele assim que conto o destino do nosso amigo. Seus olhos se arregalam e eu vejo o brilho das lágrimas.
— Eu sinto muito, Minie. — ele balança a cabeça e olha para a escada, quase como se estivesse com medo de subir. — Não havia nada que eu pudesse fazer.
— Lily, eu não posso subir lá. — a voz dele fica baixa. — Eu não vou conseguir...
— Está tudo bem, — o envolvo em um abraço, o corpo dele parece amolecer sobre os meus braços. — não precisa subir, eu sinto muito, Jimin.
— Escute, eu preciso te contar algo. — Jimin segura minha mão. — Lembra quando perguntou por que eu me afastei de Jungkook?
— Jimin, não temos tempo pra isso...
— Não! — ele fala tão alto que eu me obrigo a ficar em silêncio. — Escute, há dois verões passados eu me interessei por uma garota, eu te falei dela...
— Mônica, eu sei. Mas ela faleceu, você me contou isso também. — olho ao redor esperando alguém surgir das sombras.
— Eu sei. Lily, eu não te contei, mas eu fui o primeiro que chegou na casa dela. Fui eu que liguei pra polícia quando a vi morta. O que eu quero dizer é que... lembra do colar de anjo que o Jungkook vivia usando? — assinto rapidamente, o nó no meu estômago aumentando. — Eu o achei na casa dela. Não fazia sentido, ele nunca havia sequer falado com ela...
— Jimin, eu não estou entendendo. — sussurro.
— Jungkook havia me pedido em namoro alguns meses antes, mas eu nunca senti nada por nenhum homem, então o rejeitei. — Jimin engole em seco, os olhos arregalados com as lembranças. — Eu escondi o colar do Jungkook e o confrontei quando fui liberado da delegacia. Jungkook negou que aquele era o colar dele, dizendo que o dele estava guardado em casa. Lily, Jungkook não estava usando o colar naquele momento, e ele nunca, nunca havia deixado de usar o colar. Eu o pressionei sobre o mesmo assunto, então ele se afastou de mim, dizendo que estava magoado por eu pensar que ele tinha algo a ver com o assassinato da Mônica.
— Dias depois eu o vi usando o colar, era o mesmo que eu tinha na minha casa, aquele que eu encontrei na casa da Mônica. Então eu fiquei mal, Jungkook aparentemente não era o culpado, eu não sabia o que pensar. Tentei fazer as pazes com ele, mas Jungkook nunca quis, então as coisas ficaram estranhas. A gente apenas se aturava no mesmo cômodo, porque a verdade é que eu ainda desconfiava dele. Jungkook poderia ter simplesmente comprado um colar igual naquele meio tempo.
— Lily, talvez eu esteja cometendo um erro terrível ao pensar nisso, mas... — Jimin olha rapidamente pra porta. — hoje à noite, a gente assumiu que ficaria com você, céus, nós demos até nota pra você! O que eu quero dizer é que Jungkook parecia interessado em você, não só hoje, ele parecia querer algo já tem alguns meses.
— O que ele fez da última vez que gostou de alguém? Ele matou a pessoa que eu gostava, ele acabou com o seu oponente. — eu já estava balançando a cabeça em negativa, eu não podia acreditar em Jimin. — Hoseok queria alguma coisa com você, ele te deu dez, Lily, e foi o primeiro a morrer. — as lágrimas escorriam dos meus olhos enquanto eu tentava contradizer Jimin.
— Jungkook está matando os concorrentes, Lily. — uma dor fina atingiu minha mão. Ao olhar para baixo, percebi que eu apertava a parte afiada da faca contra minha palma, o sangue quente escorria pelos meus dedos e pingava no chão. — Preciso achá-lo, preciso pará-lo.
— Ele disse pra mim não confiar em você. — engulo em seco, os olhos de Jimin ficam ainda mais tristes. — Você sumiu a noite toda! — grito.
— Lily, — Jimin acaricia minha bochecha. — eu estava te procurando. Jungkook também ficou a noite toda fora, você perguntou onde ele esteve? — meu queixo treme com força. Eu não perguntei.
— Ele subiu? Ele foi ver o Hobi? — minha cabeça fica tonta quando repasso a última conversa que tive com Jungkook.
"Você disse que Taehyung e Namjoon foram pegar o carro? Então eles estão juntos? Há quanto tempo eles saíram?".
Ele não reagiu quando eu disse que Hoseok estava morto. Mas talvez ele não tenha ouvido... talvez ele não tenha conseguido se expressar...
Ou talvez ele já soubesse, porque ele o matou. Grita uma vozinha na minha cabeça.
Aquilo fazia sentido, fazia um horrível e doloroso sentido.
— Jungkook pareceu preocupado com Namjoon e Taehyung, achei que ele estivesse com medo por eles, — passo a língua pelos meus lábios secos. — ele deve estar com medo porque os meninos estão em dois, além do mais, se eles pegarem o carro poderemos sair daqui, coisa que ele odiaria. — completo, minha voz soando distante, como se não fosse minha.
— Preciso ir atrás dele. — diz Jimin já caminhando até a porta. Eu o acompanho.
— Ele vai matar você! — sussurro. — Que chances você tem?
— O elemento surpresa, ele não sabe onde estou, posso tentar pegá-lo sem que ele me veja. — balanço a cabeça em negativa, minha mente cansada demais para pensar em retrucar.
— Lily, — Jimin segura meu rosto em concha, suas pequenas mãos quentes contra minha pele. — vou tirar você daqui. — os lábios macios dele se encontram com os meus. Jimin tem gosto de grama e brisa noturna, o beijo leve se torna feroz e desesperado, ele se afasta ofegante. — quero que venha comigo.
— Achei que fosse me pedir pra ficar. — sorrio amarga e aperto a faca com força, por mais que eu não tenha certeza se teria coragem de machucar Jungkook.
— Quero que venha comigo e... — ele respira fundo. — entre no meu carro. — Jimin coloca as chaves na minha mão.
— Você não pode estar me pedindo pra deixar vocês aqui! — digo incrédula.
— Com sorte eu e os garotos entraremos logo depois, só quero que fique segura. — ele diz já me puxando na direção da porta.
Penso em retrucar alguma coisa, mas as palavras parecem sumir do meu alcance. Sendo assim, deixo Jimin me puxar para a noite.
***
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