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Prólogo

Milhões de estrelas no céu, brilhantes e iluminadas, como a pura felicidade. Havia algo que as-incomodava? Sim, talvez as nuvens? Era uma hipótese, afinal, algumas vezes vi nuvens taparem a lua por alguns minutos.
Como é ser alguém tão idiota? Podem perguntar a grande e sábia Emily, que tem anos de profissão e currículo perfeito, é só passar um garoto bonito que está feito toda a merda, é paixão, é amor, é tudo exceto verdade.
A minha primeira tentativa frustrada fora no ensino fundamental, onde tentei aprender todos os esportes possíveis (que tinham no colégio) para ficar o mais perto do crush, não lembro seu nome, mas sei que ele caiu na armadilha, era o que eu pensava, dava-me um abraço ao me ver, ia me socorrer nos acidentes e tal. No final ele chegou de mãos dadas com uma morena formosa e apresentou-me sua... namorada.
Há anos em que crusho garotos e nenhum me serve, ou eu não sirvo para nenhum... Jasmine perguntou se eu não era uma lésbica escondida, e não, tenho certeza que não, não sinto atração por garotas. Mas Jas sim. Nesse mesmo dia, ela assumiu e eu fiquei feliz por seu ato, afinal, ela estava indo atrás de sua felicidade.
E eu estou atrás da minha, aqui deitada na cama, com cinco barras de chocolate, comendo-os sem medo, também, não engordo, acho que é uma doença... Mas continuando, uma ruiva na bad comendo chocolate com pitadas de lágrimas, mas quanta audácia.
Os olhos verdes que fitam-me através da tela de vidro, os cabelos negros molhados que grudam em sua testa, o rosto em perfeita simetria, o corpo sarado e molhado naquela selfie dentro do banheiro de sua casa... Se desejo matasse, eu já estaria morta. E naquele momento eu desejava estar naquele banheiro.
Levanto-me da cama e jogo o celular no colchão, minha boca está melada com chocolate e minhas madeixas ruivas estão presos numa trança, apenas minha franja cai sobre a testa... quero estar arrumada.
Caminho pelo chão frio até a janela e minha decepção está refletida no vidro... decepção de mim mesma por não estar nos braços do Derek. Olho novamente para as estrelas e penso como seria observar as coisas lá de cima, deve ser bem legal debochar das idiotas que crusham pessoas impossíveis de se conquistar... igualmente a mim.

O pijama de unicórnios rosas que quase me matei de trabalhar para comprar e as pantufas brancas me acalentam, afinal, pelo menos eles gostam de mim.
Vamos ser sinceros agora? Eu sou bonita! Pelo menos é o que me dizem, não sou uma nerd de fanfics, não sou uma coitada swan, sou apenas eu, o que significa uma garota obcecada em achar o amor de sua vida que não tenha um defeito sequer e é um vampiro que luta para não beber meu sangue... interessante, faria altas chantagens.

Abraço-me e continuo com minha auto-flagelo mental, chicoteando-me com verdades, a mentira pode ser ruim, mas não dói tanto quanto a verdade e dizer "Eu sou solteira." Para o homem de trinta anos que apareceu no meu privado que disse estar interessado em mim doeu o dobro, mas a cura foi dizer que ele não tinha vergonha e ameaçar chamar a polícia se ele não colocasse créditos em meu número até as duas horas da manhã... Era uma e meia da manhã.

No final deu tudo certo, ele pediu desculpas e a notificação chegou. Foi divertido? Foi. Mas e agora? Não tenho um companheiro para abraçar ao assistir filmes de terror, ninguém para dar-me bombons no dia dos namorados e conclusão, meu namorado é comida e ilusão.

Olho para o céu escuro, abaixo dele, árvores predominam a região e minha casa é a mais solitária de toda a cidade... Acho uma coincidência ter uma floresta próxima, pois é bem comum na ficção, floresta, floresta e floresta, não pode faltar floresta.
Muito bem, estou seguindo roteiro e teremos uma nova temporada de "A grande idiota Emily" disponível em qualquer lugar exceto o netflix.

Falta algo. Sinto que falta algo.

Awn, lembrei, meus fones. Corro para a cama, pego o celular e ligo ao fone, saiu da galeria de fotos do Scott, e entro na playlist "Bad intense" aperto o play e o ritual começa. Primeiro uma dor aguda no peito, você respira fundo, solta em sincronia com a música e memoriza o rosto do crush, pensa o quanto ele está longe e a quantidade de chances que você tem com ele, pronto, você estará chorando olhando para as estrelas.
Obs. Olhando borrões.

A música acaba e uma alegre entra, mas você quer sofrer então repete a antiga. Abro a janela e sento na sacada, o celular na mão e a visão borrada... Mas que bela combinação, celular, borrão e sacada.

Olho para baixo e vejo a quantos metros de altura estou, estremeço, volto para dentro e contento-me apenas em observar lá dentro. Segura e protegida, ninguém sai ferida.

Ariana grande aproveita a deixa e entra com break free, meus pés movem-se com controle próprio e meu corpo já está na batida, e meu coração parece que recuperou, sussurro a letra para mim mesma, imaginando que tivesse um namorado obsessivo que me prende e eu desejo a liberdade... que história linda e horrível ao mesmo tempo, não quero um namorado obsessivo.

Estou louca para ter um namorado novamente. Mas não ao extremo.

Olho novamente para o horizonte e vejo as constelações, e então, um dos pontos brilhantes afasta-se do grupinho, e vem em direção ao chão, observo cada centímetro - pela minha visão - em que a estrela se aproxima, e sinto um grande frio na barriga... será o fim do mundo?

E então ela cai, e um ruído como o de duas bombas quando se chocam - nem sei se é possível, mas o som é o mesmo - me fazem arregalar os olhos.
Poucos segundos após o som, um raio de luz bem forte brilha no meio da floresta. Porque floresta? Não sei, mas não gosto de clichês, e se eu encontrar um lobo alpha, ou um vampiro faminto... vou morrer feliz. Pois poderei provar que eles existem, mas eu vou estar morta... então volto como uma fantasma e provo que fantasmas também existem.

"Vou até lá?" "Não vou até lá?" "É perigoso sair á essa hora da madrugada!" "Posso conhecer meu verdadeiro príncipe, Edward cullen!" Perguntas voam e passeiam pelo meu cérebro e a confusão é enorme, então finalmente decidi.

- Eu irei lá! - digo a mim mesma, pois não há ninguém comigo... auto-flagelo novamente.

Fui ao armário e peguei um casaco e um cachecol, estava frio lá fora e não queria me resfriar - sou uma garota precavida-. Em silêncio, tento abrir a porta do meu quarto, mas mesmo com o cuidado que tomei em não fazer barulho, ela rangiu e eu senti uma vontade imensa de chuta-la. Resmungo em pensamento, xingando-a com palavrões de todas as línguas existentes.
Olho para os dois lados e não há ninguém, Trevor deve estar num show com seu namorado e Tiffany, sonhando com personagens infantis. Também há Luana, que já está casada e mora em nova york com o marido, ela deu sorte de encontrar um homem que, além de bonito, é rico.
Desci as escadas com todo cuidado, piso degrau em degrau, e então, piso numa das bolinhas de borracha de Tifanny e caiu de bumbum na escada, tapo minha boca com as mãos e prendo a respiração, espero alguns minutos e quando tenho certeza que não há um ser acordado, continuo com o projeto escape.
Atravesso o caminho da sala e chego a porta, "finalmente!" Grito em pensamento. Agora chega a parte mais difícil, adentrar a "Dark Florest", esse é o apelido carinhoso que dei a ela... fofinho não?

O vento gélido faz meu corpo estremecer, e se eu não estivesse com meu casaco, cachecol, pantufas e pijama de unicórnio, já estaria congelada. Chego a entrada e respiro fundo, "nada de mal vai acontecer" e então penso nas piores situações.

O primeiro passo é sempre o pior, então calafrios me deixam desesperada. Os troncos retorcidos junto aos galhos secos, dão um toque bem emo e lembro-me de Elisabeth, uma antiga amiga minha que era emo e comia pizza no cemitério... nada a dizer, mas prefiro meu quarto mesmo.
O caminho é escuro, iluminado apenas pela luz da lua e o estrelado, e bem longe, vejo uma luz, e sei de onde vem... do troço que caiu do céu.
Esfrego minhas mãos e continuo a andar, não passa muito tempo e a luz torna-se mais forte, e mais forte, a ponto de me cegar "aonde é o botão de desliga?" Pergunto-me.

Até que enfim, chego ao lugar certo, em meio á uma encruzilhada está o ser iluminado, é redondo e grande, como um ovo, e brilha feito estrela... não me julguem.

- Olá? - pergunto, cerro os olhos pois a luz é muito forte - O que é você?

De repente, o que o "ovo" abre-se em dois e vejo que, na realidade, eram asas e entre elas, um garoto está cabisbaixo, ele tem cabelos castanhos e sei corpo é másculo, ele usava uma camisa e uma calça branca que, deixou-me babando

- Hello? Ola? - tento dizer em outras línguas e então ele levanta o rosto, quando aqueles olhos dourados encaram-me, sinto que vou desmaiar... mais um para lista dos crushs impossíveis

- Olá. - Ele responde e sua voz grave e ao mesmo tempo, suave, faz minhas pernas tornarem-se bambus - você é a escolhida?

Franzi o cenho, olho para os dois lados e, aponto para mim

- Eu? - pergunto confusa - Escolhida? Afinal quem é você e o que você é?

- Meu nome é Belriel, Anjo do amor. - disse fazendo me arrepiar novamente, estremeço - Está com frio?

Sinto as bochechas queimarem feito labaredas e ele fita-me por mais alguns minutos

- Você não parece uma Escolhida. - diz ele sorrateiro, reviro os olhos - e nem tem modos como uma.

- Olha só, eu só vim aqui pra ver o que tinha acontecido. - falo indiferente - pensei que fosse uma estrela cadente...

-Estrelas cadentes são minhas parêntes. - diz enquanto as duas grandes asas iluminadas batem atrás dele, como refletores

- Primeiro, dá para parar? - resmungo cerrando os olhos, ele assentiu e as asas fecharam-se, e desapareceram por completo - o que é uma "Escolhida"?

- Todos os anos, eu desço e passo trinta dias com a escolhida, tal terá seus desejos realizados por mim... - Ele limpou o ombro a poeira - quantos anos você tem?

Franzi o cenho atônita e, desconfiada, respondi

- Quinze... - Ele ajeita seus cabelos castanhos - porque?

- então você tem direito a quinze desejos.

Respiro fundo, isso é um sonho? Um pesadelo? O que ele está fazendo? Ele é o que? Uma estrela cadente ou um cupido?

- E se eu fizer aniversário amanhã? - perguntei curiosa - terei...

- Dezesseis desejos? - perguntou em deboche - só em filme garotinha.

Permanecemos o resto do tempo, em silêncio, ele me fitava e eu o-fitava, então de repente

-Olha, pode me fazer um favor?

Assenti desconfiada ( sim, sou muito desconfiada)

- Pode virar-se para lá? - perguntou fazendo um sorriso de súplica - estou apertado.

Rangi entredentes, não sei porque eu vim aqui! Bem que dizem "Curiosidade matou o gato" e hoje ela me matou. Virei-me para trás e ouvi o som das folhas secas sendo molhadas... eca!

Então ele respirou fundo e quando terminou, fechou o zíper ( Eu ouvi gente! Não pensem besteiras!) E então me virei, ele estava sorridente, feliz depois do desfecho agonizante que passei em presenciar tal fazendo xixi. Ele pôs as mãos dentro dos bolsos e perguntou

- Então? Vamos para sua casa?

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